A Gestão do Regime Terapêutico por Pessoas
com Doença Mental,
na Perspetiva do Cuidador Principal
RODRIGUES, Mª do Céu, Enfermeira Especialista Saúde Mental e Psiquiatria, Hospital do Espírito Santo E.P.E.- Évora;
MARQUES, Mª de Fátima, Professora Adjunta, Universidade de Évora, Escola Superior de Enfermagem de Sº João de Deus.
INTRODUÇÃO
Este trabalho resulta de um diagnóstico de
situação, realizado na Unidade de
Internamento de Psiquiatria do HES,
E.P.E., Évora.
A pertinência da gestão do regime
terapêutico, assenta no facto de que se a
pessoa tiver capacidade, ferramentas e
autonomia para a fazer, estará a ser
promovida a adesão terapêutica.
Optámos por conhecer a perspetiva dos
cuidadores principais, uma vez que os
doentes apresentam frequentemente falta
de crítica e não-aceitação da sua doença
mental e o diagnóstico de situação
decorreu num período de crise que levou
ao internamento.
OBJETIVOS
-Conhecer a perspetiva do cuidador
principal, relativamente à forma como o seu
familiar com doença mental faz a gestão do
regime terapêutico no domicílio;
-Contribuir para a definição de estratégias
direcionadas aos utentes e cuidadores
principais, para a melhoria da Gestão do
Regime Terapêutico.
METODOLOGIA
Definimos critérios de pertença para os
cuidadores e para os utentes;
-serem cuidadores principais de um utente
com doença mental;
-os
cuidadores
aceitarem
participar
voluntariamente no trabalho;
-utentes com um ou mais internamentos
anteriores em Unidade de Psiquiatria;
- Utentes com regime terapêutico instituído
no domicílio.
O recrutamento dos cuidadores principais
foi feito pessoalmente, na Unidade de
Internamento do DPSM do HESE E.P.E.
onde o familiar estava internado, ou por
contacto telefónico.
A recolha da informação foi feita através de
entrevista estruturada aos cuidadores
principais, com recurso à gravação áudio,
tendo em conta os procedimentos éticos.
Foram realizadas sete entrevistas, tendose posteriormente procedido à análise de
conteúdo.
RESULTADOS
Foram entrevistados sete cuidadores, seis
mulheres e um homem, com idades que
variavam entre os 28 e os 77 anos de
idade.
Relativamente aos doentes, 4 eram do
sexo masculino e 3 do sexo feminino, com
uma média de idades de 57 anos.
Da análise dos dados, o denominador comum é a incapacidade dos familiares
doentes para gerirem o seu regime terapêutico no domicílio, referindo eles
como principal factor não existir perceção e aceitação da verdade de terem
uma perturbação psiquiátrica.
Conhecimento dos Cuidadores sobre os Dados Clínicos dos Familiares
Diagnóstico
Evolução
Regime
Nº de
Doença
Terapêutico
Reinternamentos
Prescrito
Esquizofrenia
36 Anos
36 Anos
CP2
Psicose
42 Anos
42 Anos
4
CP3
Depressão
7 Anos
7 Anos
3
CP4
Esquizofrenia
30 Anos
30 Anos
3
CP1
Paranóide
20
CP5
Não sabe
6 Anos
6 Anos
CP6
Esquizofrenia
17 Anos
17 Anos
1
1
CP7
Doença Crónica
22 Anos
22Anos
“Quase
todos
os
anos”
Perspetiva em relação à perceção da doença:
 5 cuidadores afirmam que os seus familiares não reconhecem que têm uma
doença mental.
 4 utentes não reconhecem os sintomas da doença.
 Perante o surgir dos sintomas, apenas dois doentes pedem ajuda à família.
 1º Recurso terapêutico na crise para 6 cuidadores: medicação, médico,
serviço de urgência.
 Só 2 cuidadores dizem ter recebido orientação dos técnicos de saúde sob a
forma de agir na crise.
Perspetiva em relação à gestão do regime terapêutico:
 3 doentes ingerem medicação sem supervisão.
 5 doentes têm conhecimento de efeitos secundários dos medicamentos.
 Perante os mesmos, 3 deles recorrem ao médico assistente.
 Nenhum doente segue na íntegra as orientações dos técnicos de saúde ( os
cuidadores dão maior ênfase à medicação e consultas médicas).
São os cuidadores que assumem de forma mais ou menos ativa, essa função.
Ao tentar fazê-lo, alguns sentem maior dificuldade devido à falta de
conhecimentos em relação à problemática de saúde do seu familiar.
ESTRATÉGIAS A IMPLEMENTAR
Intervenções direcionadas aos cuidadores com os objetivos de :
 Melhorar os conhecimentos e compreensão da doença;
 Explicar o regime terapêutico proposto ao familiar;
 Orientar e capacitar para a utilização dos recursos disponíveis em situação
de crise.
Intervenções direccionadas aos doentes com os objectivos de :
 Melhorar os conhecimentos e compreensão da doença;
 Promover a adesão ao regime terapêutico;
 Orientar e capacitar para a utilização dos recursos disponíveis.
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