1 FACULDADE DE PARÁ DE MINAS - FAPAM Curso de Pedagogia Mariana Barcelos Vasconcelos O adoecimento do profissional docente Pará de Minas 20/Outubro/2014 2 Mariana Barcelos Vasconcelos O adoecimento do profissional docente Monografia apresentada á Coordenação do Curso de graduação em Pedagogia da Faculdade de Pará de Minas - FAPAM, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Pedagogia. Orientador: Professor Jesse Saturnino Junior. Pará de Minas 20/Outubro/2014 3 Mariana Barcelos Vasconcelos O adoecimento do profissional docente Monografia apresentada á Coordenação do Curso de graduação em Pedagogia da Faculdade de Pará de Minas - FAPAM, como requisito parcial para a conclusão do Curso de Pedagogia. Aprovada em ______ / ______ /______ ___________________________________________________ (título e nome do professor orientador) ___________________________________________________ (título e nome do professor examinador) ___________________________________________________ (título e nome do professor examinador) 4 . Dedico este trabalho aos meus pais Andrade e Ana Maria, que me incentivaram a busca do conhecimento. A todos aqueles que acreditaram no meu sonho, pois muitos obstáculos foram impostos para mim durante esses últimos anos, mas graças a vocês e principalmente a DEUS eu não fraquejei. Obrigado por tudo família, namorado, professores, amigos e colegas. 5 Agradeço em primeiro lugar a Deus que iluminou o meu caminho durante esta caminhada. Agradeço ao meu professor e orientador Jessé, pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão desta monografia. 6 Seria uma atitude muito ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que permitissem às classes dominadas perceberem as injustiças sociais de forma crítica. Paulo Freire 7 RESUMO Este trabalho teve como objetivo abordar o tema adoecimento dos profissionais docentes e trouxe uma reflexão sobre o trabalho do docente. O enfoque principal era o estudo das relações entre o ambiente de trabalho do docente e as reais condições onde ele se desenvolve, a possibilidade de seu adoecimento físico e mental. Para tanto, foi feita pesquisas bibliográficas a respeito do tema, e a compreensão dos efeitos do trabalho docente para a sua saúde, primeiramente, estudei o conceito histórico do trabalho, e os efeitos do modo de produção capitalista sobre a saúde dos trabalhadores, para melhor entendimento expliquei o conceito de saúde/doença, que esta relacionada diretamente com o trabalho do profissional docente, na execução de suas atividades rotineiras. Palavra – chave: Trabalho. Saúde/doença. Adoecimento. Profissional docente. 8 SUMÁRIO 1. Introdução ....................................................................................................... 8 2. Conceito de trabalho ....................................................................................... 9 3. Conceito de doença....................................................................................... 13 4. Atividades do professor ................................................................................. 17 5. Longas jornadas da profissão docente .......................................................... 21 6. Adoecimento do professor ............................................................................. 26 6.1. Como a Lei trata essa situação ................................................................ 30 6.2. As formas de tratar de prevenir – Que fazer para mudar ............................... 31 7. Conclusão ..................................................................................................... 33 8. Referências ................................................................................................... 34 8 1 - INTRODUÇÃO Tendo em vista a atual crise da educação brasileira, e o cenário da profissão docente e seus problemas relacionados ao trabalho, motivei-me para a realização da presente pesquisa. Diante da agravante crise da educação, é possível identificar um forte apelo para a melhoria das condições de trabalho dos profissionais docentes, que vem sofrendo grandes criticas sobre seu papel na sociedade atual. Aliado a esse fato há uma constante desvalorização dos profissionais desta área, com baixos salários, precárias condições de trabalho, falta de respeito, e, as más condições de ambiente de trabalho, etc. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo um breve estudo acerca das condições de trabalho e da saúde dos profissionais da educação, e como isso interfere na qualidade da educação. A busca para identificar as condições de trabalho e as relações com o sofrimento/adoecimento dos docentes, tendo em vista a perda de sua autonomia dentro e fora de sala de aula. A intenção do trabalho é verificar as possíveis causas e consequências do adoecimento dos docentes, como parte de uma complexidade de fatores intrínsecos a vida profissional escolar. 9 2 - CONCEITO DE TRABALHO A origem da palavra trabalho vem de um verbo do latim vulgar tripaliare, ou trepaliare. Esta ação consistia no ato de castigar e/ou torturar alguém, comumente o escravo, com no tripalium, objeto de tortura desenvolvido na Antiga Roma, que consistia em uma espécie de tripé, formado por três estacas cravadas no chão a forma de uma pirâmide, no qual eram executados os suplícios dos escravos. Na expansão colonizadora do império romano, a língua latina do colonizador, se misturou com línguas dos povos dominados dando origem ao chamado latim vulgar. Tripaliare transformou-se, ao longo do tempo, na península ibérica na palavra trabalho, em português, e trabajo em espanhol. No pensamento judaico-cristão, baseado nas escrituras do antigo testamento, consideradas sagradas por muitos, a noção de trabalho aparece como um castigo de Deus, dado ao homem por ter pecado, ao desobedecer A Deus e comido do fruto proibido. [...] o castigo da serpente e rastejar e comer pó pela eternidade. Da mulher parir com dor. Do homem, garantir o seu sustento como o suor do próprio rosto (Gênesis 3, 14 – 19, p. 16). A expressão “suor do próprio rosto” é interpretada por muitos estudiosos como uma representação do ato de trabalhar, visto que na descrição do paraíso, nas escrituras do antigo testamento, tudo estava ao alcance da mão do homem. Após a sua exposição do paraíso, coube ao homem garantir o seu próprio sustento. Trabalhar. Assim, o ato de trabalhar, para suprir necessidades, seria um castigo divino. Ao longo da história, em quase todas as sociedades que existiram, e as que existem atualmente, trabalhar nunca foi uma atividade plenamente democrática. Sempre houve critérios naturais e/ou sociais, para diferenciar os indivíduos no acesso e execução do trabalho. O pensador alemão do século XIX, Karl Marx definiu a forma de organização socioeconômica de modo de produção. Para este autor, o primeiro modo de produção, desenvolvido na pré-história, o homem ainda não produzia seu próprio 10 alimento, apenas caçava, coletava e colhia o que a natureza oferecia. Nesta forma de organização, havia uma divisão sexual do trabalho, cabendo ao homem, principalmente a caça e, as mulheres, principalmente as atividades de colheita e coleta. As sociedades adotavam modos de produção escravistas, feudal e capitalistas, o trabalho se tornar alienado, conforme expressão dos teóricos marxistas. Assim, segundo o referido autor surgiram as divisões sociais: castas, estamentos e classes sociais. Todas as sociedades, portanto, criaram critérios para justificar que uma parcela da população trabalhasse e outra não. Sendo o trabalho, para a compreensão sociológica contemporânea, uma atividade física que transforma a natureza de algo, produzindo assim a riqueza, essa riqueza acaba ficando concentrada entre aqueles que não trabalham. Cabendo, aos reais produtores dessa riqueza, os trabalhadores, sempre, a menor parte desta riqueza, na forma do salário. Na formação da sociedade brasileira, considerando como marco histórico o início da colonização portuguesa, o trabalho foi uma atividade atribuída aos considerados e classificados como inferiores, primeiramente os índios e depois os africanos traficados para o Brasil. O critério que os classificavam como inferiores, era, principalmente, o fato de não serem cristãos. Foi desenvolvido todo um arcabouço teórico, com argumentos religiosos e pseudocientíficos, para justificar a exploração dos nativos indígenas e dos africanos, enquanto escravo, no Brasil. O desenvolvimento do capitalismo na Inglaterra apresentou ao mundo um novo modo de produção: o modo de produção capitalista. A revolução industrial inglesa, que começou a se desenvolver em meados do século XVII e teve sua consolidação no início do século XIX, criou uma forma de trabalhar em que há uma acentuada divisão social do trabalho, visando uma produção em larga escala, voltada unicamente para o mercado capitalista. Esta nova organização econômica, social e política possibilitaram o surgimento da sociedade capitalista burguesa e o desenvolvimento da ciência, enquanto forma de explicar e desenvolver esta nova sociedade, afastando o homem das explicações teológicas e metafísicas. Esta nova forma de organizar o mundo trabalho, que não visa necessidades pessoais, mais necessidades de um mercado impessoal, exige um aumento 11 constante da produção de mercadorias. Essa nova orientação capitalista para o trabalho solucionou algumas demandas da sociedade e também trouxe novos problemas para a sociedade e para os indivíduos isoladamente. Ao exigir uma produtividade cada vez maior, em uma atividade cada vez mais repetitiva, o trabalhador passa a desenvolver mais doenças relacionadas com a sua atividade. As longas jornadas de trabalho no inicio do capitalismo, a tecnologia rudimentar, a falta de condições sanitárias adequadas, a alimentação precarizada, criou uma nova situação de saúde-doença para a sociedade e, especialmente, para o trabalhador. O verdadeiro produtor da riqueza capitalista vivia uma situação de trabalho imensamente adoecente e mortal. No livro “a loucura do trabalho”, o autor cita que – são tantos os riscos que envolviam os trabalhadores que “viver para o operário era não morrer” (DEJOURS, 1992, p.14). O blog coletivo, Revolução Industrial, disponível na internet descreve sobre esse período inicial do capitalismo o seguinte: Com a revolução industrial, as cidades cresceram assustadoramente e ao mesmo tempo desordenadamente com precários serviços sanitários e moradias ruins que facilitavam a proliferação de doenças. Dentro das fábricas não era diferente, péssima condição sanitária do local influenciou diretamente para boa parte das doenças na época de manifestarem e virarem epidemias. O ambiente das fábricas era sujo, escuro e perigoso, as máquinas eram desprotegidas e ocasionavam frequentes acidentes de trabalho, muitas vezes mutilando os trabalhadores. As doenças mais comuns da época eram a tuberculose, cólera, tifo, a varíola e as doenças sexualmente transmissíveis (DST’s). A tuberculose cresceu no início da revolução industrial, quando o desenvolvimento da produção fabril nas cidades obrigava os trabalhadores a morarem aglomerados e as condições de trabalho eram insalubres e desgastantes (2014). Como o objetivo deste texto e falar sobre a doença, ou adoecimento pelo trabalho, achamos pertinente destacar que nos primeiros tempos do capitalismo, houve um aumento significativo no número de doentes e mortos, como consequência direta da nova forma de trabalhar. Não havia por parte dos governantes e da classe industrial burguesa ações políticas, voltadas para a saúde do trabalhador. Coube aos próprios trabalhadores, através da luta sindical e política conseguiram melhorias nas condições de trabalho e de vida. Com todos os avanços que houve, e foram muitos, o trabalho contemporâneo ainda adoece e mata os trabalhadores. 12 Sendo o trabalho, antes de tudo, um elemento inevitável da vida social, meio pelo qual a natureza humana se realiza, pois é através do trabalho que o homem produz a sua vida material e satisfaz suas necessidades sociais básicas e secundárias, ainda é pertinente discutir a doença, enquanto consequência desta atividade. 13 3 - CONCEITO DE DOENÇA Para falarmos sobre doenças, especificamente as doenças que decorrem das atividades laborais, é preciso termos uma conceituação cientifica mais clara sobre o termo, que supere visões de senso comum. Para isso precisamos entender a evolução sócio-histórica do conceito de doença. Algumas civilizações viam as doenças como decorrentes de causas externas, associados à natureza do mundo espiritual. Sendo a saúde, principalmente, uma recompensa pelo bom comportamento moral do indivíduo; a não violação de crenças e regras culturais e religiosas. Nesta época pensava-se que a doença era causada unicamente por fatores externos, quase sempre espirituais. A partir da cultura clássica grega o conceito de doença-saúde foi evoluindo. Os gregos buscavam uma explicação racional para os acontecimentos. O conceito de doença-saúde tem uma associação entre a filosofia e a medicina. O pai da medicina ocidental, Hipócrates, identificou a saúde como fruto do equilíbrio dos humores (os humores são quatro: sangue, fleuma, bile amarela e bile negra. Supunha-se que a saúde de uma pessoa dependia de uma mistura correta desses quatro humores em seu corpo), (Lourenço e Danczuk Et al: 2006, p. 22), sendo a doença, por oposição, resultado do desequilíbrio dos mesmos. Ele via o homem como um elemento organizado e entendia a doença como uma desorganização desse estado e a saúde, enquanto decorrente do seu equilíbrio total. Durante a Idade Média, a concepção grega de doença-saúde, será incorporada com adaptações, a uma nova visão de mundo: a teológico-cristão, referindo-a principalmente com as práticas religiosas determinadas pela igreja Cristã. A saúde era vista como reflexo de uma religiosidade vivenciada intensamente pelo individuo na sociedade, enquanto a doença era vista como resultado de uma vida de pecado. Em meados dos séculos XVII e XVIII a medicina começa a se afastar dos dogmas religiosos, que viam a doença-saúde, somente como causadas por elementos espirituais do paradigma cristão, e avançou, direcionando sua atuação para o corpo e para a doença na busca de um resultado empírico do estado biológico normal. Surgiu a necessidade de descobrir a origem verdadeira dos causadores de doenças e estados biológicos anormais. 14 Já no século XIX com a consolidação da Revolução Industrial capitalista, um novo modo de trabalhar foi plenamente estabelecido. Esta nova situação de produção de riqueza, através do trabalho humano, ocorreu paralelo a um aumento nas incidências de doenças causadas pelas condições precárias que os trabalhadores enfrentavam em seu local de trabalho, criando um ambiente de labor responsável por causar doenças. Então surge a necessidade, e posteriormente o conceito de medicina social e saúde coletiva. A saúde passa a ter “valor” dentro da sociedade capitalista, sendo vista como uma forma comercial e como fonte de poder e de fortalecimento das riquezas. Segundo Canguilhem citado pelos autores Lourenço e Danczuk Et al: (2006): [...] saúde implica poder adoecer e sair do estado patológico. Em outras palavras, a saúde é entendida por referência a possibilidade de enfrentar situações novas, pela margem de tolerância ou segurança que cada um possui para enfrentar e superar as infidelidades do meio. (LOURENÇO e DANCZUK Et al: 2006, p. 25). Cada vez mais a relação doença-saúde torna-se interligada, uma vez que a saúde seria a capacidade de superar a doença, enquanto um estado anormal. O entendimento, portanto, de saúde não pode ser visto somente através da descrição biológica. É preciso que seja considerada, em sua relação histórica, a influência social e cultural em que o indivíduo esta inserido. Doenças seriam manifestações patológicas que interferem na qualidade de vida, reduzindo capacidades. Segundo a autora Paula Louredo do site Brasil Escola, a palavra doença vem do latim dolentia, significa “sentir ou causar dor, afligir-se, amargura-se, padecimento”. São definidos vários conceitos, como: Conceito médico: é um distúrbio das funções de um órgão, e esta associada a sinais e sintomas específicos. Podendo ser causada por fatores externos ou internos. Conceito social: ser "doente" implica um determinado papel social que provoca em outras pessoas compaixão, atenção, apoio; além disso, certos tipos de comportamento geralmente indesejáveis são aceitos (resmungar, não participar de atividades sociais, isolamento, preconceito…). Conceito antropológico: doença é uma forma de experiência humana como a felicidade, tristeza, luto, morte. (LOUREDO, 2012). Para tantos usos e significados diferentes para o que é doença, é necessário definir científicamente o terno. O conceito de doença no saber médico, segundo Paula Louredo é uma manifestação patológica que se apresenta no organismo, levando o indivíduo a apresentar diversos sintomas, tanto físicos, emocionais e 15 mentais, localizado de dentro do indivíduo e a define como fenomeno isolado, com causas biológicas e muitas vezes a ser tratada com medicamentos. Ainda tentando definir o que é doença-saúde, Anthony Giddens cita que: [...] doença é vista como um desarranjo no corpo humano, que o afasta de seu estado “normal”. Para restaurar o corpo á saúde, a causa da doença deve ser isolada e tratada. (GIDDENS, 2012, p. 284). A doença não influencia e não atinge somente o individuo, mas todas as pessoas que estão em contato direto, e não possui apenas consequências biológicas, mas sociais, que muitas vezes provocam mudanças no sistema social. E o que causa as doenças, nos tempos atuais? Hoje são vistos vários fatores que influenciam para o processo do adoecimento, entre os diversos fatores podemos destacar: fatores biológicos - como a predisposição genética e os processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal em geral, o funcionamento do organismo e o metabolismo, etc.; fatores psicológicos - como preferências, expectativas e medos, reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções, etc.; fatores socioculturais - como a presença de outras pessoas, expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, de amigos, modelos de papéis sociais, etc. (LOUREDO, 2012). As doenças biológicas apresentam distúrbios das funções de um ou mais órgãos, podendo ser causada por fatores externos, ou por um problema de mau funcionamento interno do um orgão. Já as doenças psicológicas costumam não apresentar manifestações físicas aparentes. Chamadas de distúrbios, disfunções, transtornos ou pertubações, muitas doenças psicológicas são conhecidas e atribuídas ao estilo de vida, da cultura e da sociedade em que o indivíduo vive. Os fatores socioculturais são determinantes sociais que podem aumentar ou diminuir os riscos de contrair tais doenças, proveniente das condições sociais e ambientais. A forma de trabalhar, pode ser uma destas condições. Novas concepções sobre o conceito de saúde foram surgindo, ao longo da nossa história recente, e novos modos de entender a relação com as doenças e os doentes também se desenvolveram. Em 1986, discussões ocorridas na Conferência mundial e regional de saúde, propostas pela Carta de Ottawa, apresenta os seguintes pré-requisitos fundamentais para a saúde: “paz, habitação, educação, 16 alimentação, renda, ecossistema estável, recursos sustentáveis, justiça social e equidade”. A saúde, então, não é construída de forma isolada, mas associada a todas as questões para o desenvolvimento do ser humano. Não é somente uma questão biológica. É, também, uma questão social, cultural e política. Compreende-se, portanto, que a saúde é caracterizada por questões físicas, biológicas, psicológicas, sociais, culturais e políticas que estando em equilíbrio nos seres humanos possibilita a plena execução de atividades diversas. A ausência de equilíbrio entre estes fatores provocaria a doença. Com base em algumas definições históricas para a relação doença-saúde, citadas acima, torna-se inevitável perceber que saúde não é somente uma questão biofísica, portanto vai além. A saúde é o resultado de um processo de produção social e sofre influências das condições de vida vigentes, bem como a sua antítese: a doença. Existe uma conceituação, ou conceituações, para o que entendemos por doença, típica das ciências médicas e biológicas. Mas não é possível separar a doença da realidade social. A doença, para além de atributos médicos e biológicos contém elementos socais. O trabalho, ou as formas de executar o trabalho, é um destes elementos sociais que contribui para o desenvolvimento de doenças. Quando pensamos sobre o trabalho do docente, ou simplesmente do professor, vemos que o caso de afastamento por motivos de adoecimento destes profisisonais é alto. Torna-se, portanto, pertinente analisar as atividades de trabalho do professor e as condições do seu ambiente de trabalho, tentando relacioná-las com as situações de saúde e doença. 17 4 - ATIVIDADES DO PROFESSOR Atualmente os professores são alvos constantes de duras críticas, quando se discute a situação da educação. A profissão vive a deterioração das suas condições de trabalho, como amplamente disseminado na mídia e na sociedade em geral, acarretando vários manifestos pelo direito e respeito dos docentes. Histórias antigas e mais recentes nos mostram o papel do docente na sociedade, o quão é importante e como este profissional tem sido tratado. Para Neves e Silva (2006) os docentes vêm sentindo o mal-estar profissional e vêm evidenciando sinais de sofrimento, sufocamento, estresse, esgotamento, ansiedade, depressão e fadiga no trabalho, causado pelos fatores que potencializa o sofrimento como as relações hierárquicas, a longa e exaustiva jornada de trabalho, a dificuldade de operar o controle de turma, o crescente rebaixamento salarial, a desqualificação e desvalorização social do seu trabalho. A primeira inferência para se analisar a rotina do trabalho docente é vê-la como território de duas naturezas distintas e complementares. Uma decorrente de condições relativamente independente, que trata de examinar a rotina das práticas cotidianas dos professores nas escolas e especialmente dentro das salas de aulas, e a outra, inversa às condições determinadas, sendo a rotina tratada como restrição social imposta de fora para dentro das salas de aulas, independente de qualquer imposição ou vontade do professor. Segundo Smith, citado por Giaponesi e Salles, (2008): [...] a organização da rotina faz parte de uma nova ordem econômica, na qual os seres humanos fazem parte, e pode ser autodestrutiva, pois perdem o controle sobre seus próprios esforços e morrem vítimas do empobrecimento de seus trabalhos, espiritualmente de diferentes formas, como brutos, ignorantes ou estúpidos. (GIAPONESI e SALLES, 2008). Os processos educativos, didáticos e pedagógicos desenvolvidos pelo professor, em sala de aula, requerem uma importante dose de inovação e de rotinização. Nesta relação dialética, a inovação tende a sucumbir diante da rotina. O professor, ao longo de sua carreira profissional vai, portanto, embrutecendo, e esse embrutecimento o faz adoecer. 18 Segundo Marx, citado por Giaponesi e Salles, (2008), “um trabalhador que, sua vida inteira, executa uma única operação transforma todo o seu corpo em órgão automático”. O trabalhador torna-se um ser humano alienado e fragmentado pelo trabalho repetitivo, que muitas das vezes faz durante anos, ou até mesmo durante sua vida toda, não conseguindo escapar de um empobrecimento tanto físico, quanto psicológico e cultural. Diante de uma situação contraditória da sociedade capitalista, que defende a liberdade individual e a criatividade, em contra medida, eleva-se a uniformização e padronização da produção do trabalho humano a níveis ilimitados e inacreditáveis, conduzindo para a própria destruição, do indivíduo enquanto ser humano livre, criativo e trabalhador. No setor da educação as particularizações impostas ao trabalho docente têm um caráter frágil. Esse caráter frágil decorre, entre outros fatores do fato que os professores têm uma jornada de trabalho que não começa nem termina na escola. Ocorre na escola, mais se inicia e tem continuidade fora dela. O rebaixamento salarial sofrido pela categoria faz com que, em sua grande maioria, trabalhem em mais de uma escola. Isso potencializa o esforço e o desgaste inerente à profissão. Esse desgaste não é só físico, mais também afetar o psicológico do docente. Exigese, como uma característica importante da profissão, que os professores tenham que “conhecer e ver o mundo” dos seus alunos do ponto de vista deles, para ter um bom relacionamento. Que o professor exerça uma alteridade, sempre. Quanto mais “turmas” houver, mas esforço é exigido, no sentido de um envolvimento para além do processo pedagógico. Independente da escola e dos alunos, o professor eles tem que saber lidar com a comunidade escolar. Saber ouvir e mediar o conhecimento. Em escola particular ou escola pública, os professores têm as mesmas atribuições e, quase sempre, as mesmas necessidades e condições de trabalho. É plausível pensar que isto fragiliza este profissional, pois ele acaba tendo que lidar com situações de interações sociais diversas, complexas e inéditas, em um ambiente de trabalho pautado por uma rotinização. Esse processo, quase sempre, é desgastante. Essa dinâmica escolar típica tem afetado diretamente na execução da atividade docente, proporcionando um movimento de tensões em sua prática cotidiana. Esse quadro torna-se ainda mais agravado quando ligado a outras dificuldades e barreiras para a efetivação da prática docente, que ocorre fora da sala de aula e da escola: atividades de preparação de aulas e materiais pedagógicos, 19 correção de provas e trabalhos, elaboração de relatórios de aproveitamento dos alunos, preenchimentos de diários de classe, físico ou virtual, avaliação e seleção de livros e outros materiais didáticos, etc. Dentre as dificuldades e pressões vivenciadas como favoráveis de tensão existentes no trabalho dos docentes, chamam atenção para as seguintes condições: [...] sobrecarga de trabalho, ausência de material e recursos didáticos (condições de trabalho), clientela assistida (superlotação), não reconhecimento da parte do aluno e da comunidade, desvalorização do docente (MARIANO e MUNIZ, 2006, p.81). a) Sobrecarga de trabalho: caracterizada por uma jornada intensa, que causa grande esforço e cansaço na consonância de horários, comprometendo com a qualidade do trabalho. Quase sempre uma jornada escolar dupla. b) Ausência de material e de recursos didáticos e pedagógicos: a ausência de materiais impossibilita à execução das atividades docentes, exigindo deste profissional a criação de alternativas para suprir a falta dos materiais. c) Clientela assistida: falta de disciplina é um dos fatores mais incômodos na atividade, pois torna as aulas cansativas e estressantes. Comumente a falta de disciplina esta evoluindo para situação de violência, contra o professor. Outro fator é a superlotação da sala de aula, que interfere na mediação do conhecimento, compromete a metodologia aplica pelo docente e acaba por propiciar mais situações de indisciplina. d) Não reconhecimento do aluno: não há reconhecimento do esforço do docente nem pelos alunos, pais e muitas vezes pelos superiores. A falta de atenção ás aulas, do desrespeito ao docente em sala de aula, e da falta de retorno positivo no desempenho das atividades. e) Desvalorização do docente: as políticas atuais não contemplam as necessidades reais do universo docente, a falta de incentivo por parte do governo e investimentos para a qualificação do ensino. Os baixos salários refletem a ausência de valorização e reconhecimento do trabalho docente. Os baixos salários além de não atenderem as reais necessidades dos docentes, trazem insatisfação, dissabores e uma sobrecarga de jornada. 20 O processo de rotinização no trabalho do professor é decisivo a determinação das ações pedagógicas, bem como a disponibilização do tempo que os professores têm para desenvolver a ação. Essa característica é parte integrante na forma de desenvolver o trabalho na sociedade capitalista. A estrutura da jornada do trabalho docente é uniforme e repetitiva, não importando o tempo ou a experiência do profissional. A organização do tempo de trabalho é constante e remete a um tempo social e o tempo de cumprir suas tarefas como professor. Esse quadro obriga relações formalizadas e repletas de tensões, colaborações, conflitos e reajustes, caracterizados pelos conteúdos propostos na escola. Essas obrigações controlam as ações dos professores no cotidiano escolar, padronizando suas atividades, automatizando sua forma de realizar o trabalho sem pensar, impedindo que os professores parem, reflitam e revejam suas atividades. O processo de rotinização determina as ações pedagógicas, e também limita o tempo de reflexão dos professores sobre suas práticas. Consequentemente, tanto a repetição como a redução da rotina tem levado um empobrecimento da prática docente, sua desqualificação e o adoecimento deste profissional. Este processo de desqualificação e mais a perda do sentido do trabalho docente, ocorre, pois o papel do docente diante das funções que a escola assume, vai além das suas formações. Muitas vezes, este profissional é obrigado a desempenhar outras funções como; agente público, assistente social, enfermeiro, psicólogo, entre outras, contribuindo para a perda de identidade profissional, verificando-se que ás vezes ensinar não é o mais importante, isso tudo provoca uma insegurança no professor, decorrente da decadência da sua atividade. Numa sociedade onde o trabalho é um elemento determinante na formação da identidade pessoal, quanto este trabalho decai, a identidade do individuo fica comprometida. 21 5 - LONGAS JORNADAS DA PROFISSÃO DOCENTE A partir da década de 90, na reforma do sistema educacional brasileiro, a autonomia escolar aparece como instrumento de descentralização, que, no entanto, passam a ser avaliados por processos externos padronizados, com base nos currículos universais. Os princípios que orientou essas reformas foram à promoção da igualdade social, que buscava a redução da desigualdade social, esperando que a educação, enquanto um direito social estendido a todos, pudesse promover mobilidade social dos indivíduos, capacitando-os para o trabalho formal. As escolas passaram a se organizar por maiores demandas de atendimento, as mudanças promovidas resultaram na proximidade dos sistemas educativos com os aspectos físicos e organizacionais da escola, de maneira que o professor passa a ser responsabilizado por cobrir lacunas existentes na instituição, auxiliando as relações de responsabilidades da gestão escolar. A democratização do acesso à escola dá-se ao custo da padronização do ensino. Um cenário marcado pela economia de gastos e restrição de recursos públicos, e teve efeitos diretos sobre as condições de trabalho e a remuneração dos docentes, pondo em risco, ainda mais, a qualidade da educação e a saúde do docente. Efeitos negativos desse novo sistema educacional, sobre a saúde dos docentes decorrem de fatores diversos como a nivelação da educação, a desregulação, a redefinição de tarefas, a avaliação externa, a redução de prestígio profissional, a redução, ou não aumento, de salário, a pressão para a realização de metas, entre outros. Torna-se plausível pensar que o desprezo que uma sociedade possa ter pela educação, enquanto um processo social que prepara as novas gerações para a vida social, pode gerar desordem. Nos discursos políticos dos governantes, e dos postulantes a cargos no governo, a educação está em primeiro lugar. Todos reconhecem a importância do professor e a necessidade de melhorar a educação, em todos os seus aspectos. Na ação concreta os políticos a negligenciam, deixandoa sempre para o último caso. E atribuem os problemas da educação, quase sempre, a uma suposta incapacidade do professor. Individualizam um problema institucional. 22 Segundo Cury, "a crise da educação não se deve apenas à desvalorização do professor, mas também à falência do processo de aprendizagem. O sistema educacional é obsessivo-compulsivo." (CURY, 2004, p. 140). É preciso rediscutir todo o processo educacional. O papel e atribuição de todos os agentes envolvidos. Intervenções pontuais e desconectadas do todo, só adia um colapso iminente. O trabalho docente envolve tanto os sujeitos nas suas complexas dimensões da vida, quanto em condições específicas que envolvem atividades realizadas no ambiente escolar. É uma atividade que não se restringi apenas à transmissão do conhecimento dentro de sala de aula, mas engloba um conjunto de tarefas que são realizadas paralelamente a essa atividade. As relações dos docentes estabelecida na escola vão além da regência de classe. Os docentes estão envolvidos em uma teia de relações com outras pessoas, alunos, pais, colegas professores, funcionários e a comunidade escolar como um todo. Tendo desse modo, uma carga de trabalho redobrada, tendo em vista a pressão sofrida, pois é necessário investir mais tempo não apenas para o desenvolvimento de planos de aulas, mas também para elaborar e garantir um dispositivo para trocas de informações com a comunidade escolar, pais e demais órgãos do sistema educacional. Com isso o docente se estressa com o processo de aumento do trabalho, tendo sua saúde fragilizada, torna-se mais susceptível ao adoecimento. O aumento das demandas impostas ao professor provoca a destituição do trabalho não só em termos de qualidade e quantidade da atividade, mas também da qualidade do bem e do serviço produzido. Relacionado com a falta de tempo, os docentes limitam suas atividade em dimensões centrais, que seriam manter o controle da turma e responder aos dispositivos burocráticos externos a sala de aula. O sofrimento/adoecimento do trabalho docente pode estar ligado a conflitos entre a vontade de fazer bem o seu trabalho e a pressão de certas regras impostas, quase sempre regras elaboradas externamente, que os pressionam a aumentar a sua produtividade e executar, primordialmente, atividades que se distanciam do alvo pedagógico, como manter somente a disciplina na sala de aula. O meio ambiente de trabalho dos docentes acaba por torna-se um causador de risco a saúde do 23 profissional, comprometendo a qualidade do ensino e os rumos da idealizados da educação. O Direito do trabalho produz leis que determina a jornada de trabalho. No entanto, o mundo real do trabalho, estabelece práticas sociais de jornada que muitas vezes podem exceder a carga horária permitida por lei. O trabalho é considerado excessivo, quando sua duração coloca em risco a saúde e a segurança do trabalhador. A Organização Internacional do Trabalho – OIT, entidade de caráter tripartite – empregador, empregado e estado, em [1976?] estabeleceu direitos e normas relativas ás condições de trabalho. Em meados da década de 30, do século passado, o Estado Brasileiro passava por reformas e regulamentações sobre a duração da jornada de trabalho. Destacaram-se a definição sobre a duração da jornada de trabalho: a duração de oito horas diárias e 48 horas semanais, e a possibilidade de execução de duas horas extras ao dia, quando necessário. Segundo a atual Lei 11.738/2008 - inciso 4º do artigo 2º, que trata sobre jornada de trabalho do professor, e a define com duração de no máximo oito horas diárias, e 40 horas semanais, sendo que o 2/3 da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os estudantes, e 1/3 com atividades extraclasses (com isso muitas destas atividades inerentes ao ensino são realizadas no período extraclasse pelos docentes em casa em seu horário de descanso). A jornada de trabalho de 40 horas semanais deve ser composta da seguinte forma, segundo a Lei supracitada, no sistema de ensino: Duração total da jornada de trabalho: 40 horas semanais. Horas com alunos: 26 horas semanais. Horas para atividades extraclasses: 14 horas semanais. Pode-se perceber que os docentes, estão entre os trabalhadores que possuem uma situação, em relação à jornada de trabalho, atípica. Quase sempre desempenham jornadas excessivas, pois seu tempo de trabalho inclui atividades extraescolares, difíceis de serem registradas e reconhecidas pela sociedade e pelos governantes. Existe uma luta política permanente, dos organismos que representam os professores, para que se criem mecanismos e formas de reconhecer e recompensar este trabalho extraescolar. Pouco se avançou nessa direção. O trabalho do docente, não se resume em só entrar em uma sala de aula e transmitir conteúdos, previamente determinados e avaliar a apreensão dos mesmos. 24 Este profissional tem como principais atividades a preparação e aplicações de avaliações sejam elas escritas ou orais, sanar dúvidas dos seus alunos e pais, prepara com antecedência o conteúdo das aulas que serão ministradas, elaborar e garantir um dispositivo para trocas de informações com a comunidade escolar e demais órgãos do sistema educacional, organizar as atividades realizadas, criar materiais pedagógicos, saber expor de maneira clara, objetiva e adequada os conteúdos das matérias a cada grupo, avaliar a capacidade do aluno em absorver o que foi exposto, corrigir de forma democrática e dar notas as provas e trabalhos, preencher diários, tabular notas, elaborar relatórios. Estas atividades são corriqueiras na profissão docente, e altamente estressantes. A execução das atividades, aulas ministradas dos docentes podem ser repetitivas, mais a forma de executá-las que as torna interessantes, afastando da monotonia, já as atividades burocráticas como, preencher diários de classe, o registro de frequência, avaliações, etc, são atividades rotineiras e desinteressantes. O trabalho do docente é composto de várias atividades que não podem ser divididos entre vários professores como é o caso na linha de montagem, este é um trabalho que é inicia e termina pelo mesmo trabalhador, principalmente nas séries iniciais do ensino fundamental. O trabalho docente não se reduz apenas ao desenvolvimento em sala de aula, mais também fora de sala, exigido o mínimo pela LDB de 800 horas anuais, 200 dias letivos e 4 horas de aulas diárias. O docente em seu tempo livre tem como demanda: pesquisar, estudar, planejar, preparar, analisar, discutir o projeto pedagógico com os colegas, atender aos pais e alunos e investir na formação continuada, para que possam sempre estar atualizados e qualificados para o mercado de trabalho, e para o desenvolvimento do processo de ensino/aprendizagem de qualidade, sendo assim, produzindo longas jornadas de trabalho dentro e fora da escola. O sistema precisa de resultados positivos para manter apenas números, exigindo dos professores uma cobrança por resultados, sendo o principal indicador deste resultado o índice de aprovação dos alunos. Para que este índice seja positivo de desenvolve os programas de recuperação paralela, em que a cada resultado negativo do aluno, caberá ao professor elaborar novos recursos e novas avaliações, até que o resultado negativo, torne-se positivo. 25 Mesmo não sendo uma atividade que produza algo palpável como uma linha de produção fabril, a pressão pela produtividade tornou-se semelhante. O índice de adoecimento, também. 26 6 - ADOECIMENTO DO PROFESSOR A profissão docente é composta de fatores que comprometem a saúde física e mental, causando-lhes sofrimento e desgastes. Segundo o autor Costa e Germano: [...] as doenças que apresentam o maior número de solicitações de afastamento na profissão docente são: transtornos metais e comportamentais (18,99%), doenças do aparelho respiratório (15,98%), sintomas encontrados em exames clínicos (11,62%), doenças do sistema osteomuscular (11,33%) e doenças do aparelho circulatório (8,13%). (COSTA e GERMANO, 2007, p.4). Segunda a pesquisa feito pelo autor supracitado, um dos grandes causadores de afastamentos na profissão docente são os problemas psicológicos. O ritmo penoso, as longas jornadas de trabalho, a tensão no ambiente escolar, a concentração de atividades, as indisciplinas e dificuldades de aprendizagem dos alunos, têm sido apontados como uma das fontes geradoras de doenças para os docentes. A Jornada excessiva de trabalho do professor esta diretamente relacionada com sintomas psicológicos e físicos que vão de tensão, nervosismo, irritabilidade, cansaço incomum e dificuldades de concentração, para situações diversas como dores de cabeça, rigidez na nuca e ombros, olhos ardidos entre outros sintomas. Que se ampliam em diversos problemas relacionados à saúde, expressos como malestar geral, como falta de ar, pressão baixa, tonturas, cansaços, esgotamento físico e mental, problemas nas cordas vocais, problemas respiratórios, alergias, rinite, perturbações do sono (insônia e sono que não é reparador), perturbações de caráter digestivo, formas de alimentação inadequadas (podendo implicar a médio e em longo prazo em deficiências nutritivas), “estresse”, aumento nos níveis de ansiedade, frustrações, angústia, depressão, obesidade, irritabilidade e a Síndrome de Burnout – “Síndrome do Esgotamento Profissional", que segundo a Psiquiatria se caracteriza pelo estresse crônico, desânimo e desmotivação no trabalho, entre outros sintomas. É a famosa expressão “sensação de estar acabado”, e seus reflexos são agressividade e o descontrole emocional. A síndrome de Burnout é uma resposta do organismo ao estresse laboral crônica e prolongada. 27 O estresse vinculado ao trabalho, chamado de estresse ocupacional, referese à falta de capacidade do trabalhador de se (re) adaptar às demandas existentes no trabalho e àquelas que ele próprio percebe. (FRANÇA e FERRARI, 2012). Segundo o autor Codo (2002, p. 238), citado por Webber e Lima (2011) fala que a Síndrome de Burnout é: A síndrome é entendida como um conceito multidimensional que envolve três componentes: 1. Exaustão emocional: situação em que os trabalhadores sentem que não podem dar mais de si mesmos a nível afetivo. Percebem esgotada a energia e os recursos emocionais, devido ao contato diário com os problemas; 2. Despersonalização: desenvolvimento de sentimentos e atitudes negativas e de cinismo ás pessoas destinatárias do trabalho (usuários clientes) – endurecimento afetivo, coisificação da relação; 3. Falta de envolvimento pessoal no trabalho – tendência de uma “evolução negativa” no trabalho, afetando a habilidade para realização do trabalho e atendimento, ou contato com as pessoas usuárias do trabalho, bem como com a organização. (WEBBER E LIMA, 2011, p. 730). A síndrome de Burnout é mais grave que o estresse e está relacionado diretamente com a situação de trabalho. Apesar de o Instituto Nacional de Seguro Social – INSS citado por Webber e Lima (2011), não definir a síndrome de Burnout como doença profissional, é notório, em sua conceituação, que é uma doença decorrente da atividade profissional. As doenças mais comuns entre os docentes, segundo Webber e Lima (2011), são: Estresse – esgotamento pessoal que interfere na vida do individuo e não na sua relação com o trabalho. O organismo cansado do tempo a que esteve exposto sucumbe, gerando danos especialmente aos órgãos digestivos e sistema cardiocirculatório. O estresse causa sensação de medo, tensão, derrota, raiva, cansaço, falta de iniciativa e ansiedade. Geralmente é fruto da pressão por alcance de metas ditadas pela mercantilização do ensino. Depressão – o professor perde o interesse pela sua pessoa, e até da higiene e cuidados pessoais, apresentando sentimentos de culpa com ideias de suicidas, dificuldades de concentração, alteração no sono e no apetite, além de perda do interesse sexual. 28 Insônia – se desenvolve em períodos de estresse da vida, geralmente em mulheres, idosos. Pode levar a outras doenças como alcoolismo (o insone bebe para dormir). Ansiedade – é um sinal de alerta, que adverte sobre perigos iminentes e incapacita o individuo a tomar medidas para enfrentar ameaças. A resposta aos estímulos ambientais. É um sentimento desagradável, vago, acompanhado de sensações físicas como vazio (ou frio) no estômago (ou na espinha), opressão no peito, palpitações, transpiração, dor de cabeça, ou falta de ar, várias outras, e pode evoluir para transtornos de pânico. Difere-se do medo, pois este é a resposta a uma ameaça conhecida, definida; a ansiedade é uma resposta a uma ameaça desconhecida, vaga. Pânico – é uma defesa malsucedida contra a ansiedade. Apresenta: dispneia, vertigem, palpitação, tremores, sudoreses, náuseas, desconforto abdominal, despersonalização, desrealização, ondas de calor, frio, dor, desconforto no peito, medo de morrer e enlouquecer. Além das doenças acima citada, também podemos falar sobre as lesões provenientes dos esforços repetitivos do trabalho docente. As lesões por esforce repetitivo (LER) e distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), são doenças resultantes do trabalho repetitivo. Fatores como o ambiente físico, os equipamentos, a forma de trabalho e o meio de trabalho, incluindo fatores psicológicos, emocionais e sociais, estão relacionados aos surgimentos dessas doenças. O trabalho repetitivo obriga o indivíduo a um esforço além da sua capacidade, causando problemas de saúde. Algumas manifestações dessas doenças são: dor crônica, incapacidade para atividades sociais e profissionais, depressão, angústia, e comportamentos de hostilidade. Outra doença, muito comum na classe docente é doença das cordas vocais. A voz do professor, um importante instrumento de trabalho, pode ser danificada pelo tempo e pelo uso inadequado, que sem os cuidados especiais, poderá desenvolver rouquidão, pigarreamento e afonia. As condições ambientais, a rotina de vida e trabalho podem apresentar fatores estressantes e fatores de risco que podem interferir na qualidade da saúde vocal. 29 O ambiente de trabalho do professor é penoso e desgastante e repleto de fatores estressantes. O professor está em contato direto com riscos ergonômicos, físicos e biológicos, além de outros fatores provenientes do trabalho como salários baixos, acúmulo de tarefas, a desestruturação das instituições basilares da sociedade e a diluição dos valores éticos e morais da nossa sociedade de consumo. O adoecimento do profissional da educação ocorre durante todo o ano letivo, mais tem uma tendência de aumento na proximidade do final do ano. Segundo as autoras Monteiro, Dalagasperina e Quadros (2012) que “fizeram um comparativo de outras profissões com a da categoria dos professores, e os docentes apresentaram índices mais elevados de estresse”. Segundo os autores Costa e Germano (2007): [...] apresenta dados da APEOESP (2006), no Brasil observam-se um grande número de professores readaptados (afastados temporária ou permanentemente para as atividades administrativas), sendo afetados por uma ou algumas doenças da área da psiquiatria, neurologia, otorrinolaringologia, reumatologia ou mesmo professores que se mantém em sucessivas licenças de saúde por razões diversas. (COSTA e GERMANO, 2007, p.2). No final do ano letivo, as pressões internas e externas, sobre o trabalho do professor aumentam, pois os alunos que não tem rendimentos satisfatórios, os pais, a direção da escola e o próprio governo pressionam para que o professor consiga resultados positivos, mesmo com todas as adversidades, além de todas as tarefas de encerramento do ano letivo. 30 6.1 - Como a Lei trata essa situação A lei trabalhista trata a situação do docente como uma atividade penosa, que causa desgaste no organismo, de ordem física ou psicológica, em razão da repetição de movimentos, pressões e tensões psicológicas que afetam emocionalmente o trabalhador. Segundo os autores Webber e Lima, a legislação brasileira classifica os docentes como: O Decreto 53.831/64 enquadrou a função de professor como penoso. O artigo 2º do dispositivo diz que “para os efeitos da concessão da aposentadoria especial, serão considerados serviços insalubres, perigosos ou penosos [...]”. (WEBBER e LIMA, 2011, p. 725). Os referidos autores ainda destacam que: [...] a Organização Internacional do Trabalho – OIT, em 1983, apontou os professores “como sendo a segunda categoria profissional, em nível mundial, a portar doenças de caráter ocupacional, incluindo desde reações a giz, distúrbios vocais, gastrite e até esquizofrenia”. (WEBBER e LIMA, 2011, p. 727). A atividade do professor é reconhecidamente, portanto, uma atividade de risco. Os riscos profissionais são divididos em: Riscos de acidentes – são aqueles relativos às condições ambientais do processo operacional. Riscos ambientais – são aqueles causados por agentes físicos, químicos ou biológicos que, presentes nos ambientes de trabalho, são capazes de causar danos á saúde do trabalhador. Riscos ergonômicos – são aqueles relacionados com fatores fisiológicos e psicológicos inerentes á execução das atividades profissionais. Estes fatores podem produzir alterações no organismo e estado emocional dos trabalhadores, comprometendo a saúde, segurança e produtividade. (WEBBER e LIMA, 2011, p. 728). A tipologia dos riscos profissionais definidos por Webber e Lima, são todos, partes integrantes da atividade docente. Corrobora a classificação da atividade enquanto uma atividade de risco. Se algumas outras profissões de risco são reconhecidas pela sociedade como tal, a atividade do professor, quase sempre, não é vista nem como trabalho. Comumente ouvimos as pessoas perguntarem: “Você não trabalha? Só dá aula”. 31 6. 2 - As formas de tratar de prevenir – Que fazer para mudar. O contexto atual, em que se encontra o professor e a sua atividade docente reflete processos de desvalorizações contínuas, ao longo do tempo. Pensar em construir uma nova realidade, deve começar por um processo efetivo de revalorização da profissão, pelo estado, pelos governos, pelos pais, pelos alunos e pelos próprios professores. Torna-se necessário, transformações de valores sociais, culturais e éticos, para a forma como compreendemos o mundo, e o professor como um sujeito social, capital na construção desse mundo social em que estamos inseridos. Rever as atribuições da profissão, visando reduzir a sobrecarga de tarefas a serem executadas na escola e fora do ambiente escolar. Se este profissional adoece, consequência da atividade que executa, a sociedade tem que pensar formar de investir na promoção da saúde do mesmo. Resgatar o status positivo da profissão e melhorar as condições de trabalho é só uma parte do processo. O princípio da preservação deve estar presente no direito laboral do professor, novos enfoques. Não devemos esquecer, ainda, as normas de segurança e de saúde do trabalho, instrumentos fundamentais para adoção de práticas melhores e mais saudáveis no meio ambiente do trabalho. Uma forma que poderia prevenir a questão saúde/doença dos profissionais docentes, após a cultura da valorização e reconhecimento dos mesmos, seria o desenvolvimento de ações diversas que visasse sempre à promoção da saúde e prevenção de doenças. Redimensionar e reestruturar a atenção á saúde do professor/trabalhador, visando interpretar mais precocemente os possíveis sinais de adoecimento da classe docente. Manter sempre linhas de ações que assegurem uma política de valorização do trabalhador, englobando todas as dimensões e idiossincrasias da atividade, certamente, produzirá melhoras na saúde do professor. É necessário criação de leis, que sejam efetivamente cumpridas, para amparar juridicamente docentes, que façam valer os direitos existentes e defendidos por quase todos. É preciso sensibilização dos governantes e da sociedade, para a categoria docente. Para se ter saúde, e principalmente saúde no trabalho, não basta apenas praticar atividades físicas, tomar precauções ou tomar medicamentos, é 32 mais que isso, pois saúde envolve o exercício de direitos e uma identidade de atribuição positiva, que refletirá em condições dignas para o exercício do labor. 33 7 – CONCLUSÃO Perante o desenvolvimento do trabalho, ora apresentado, pude observar que as mudanças sofridas no processo de trabalho, ao longo do tempo, produziram mudanças no trabalho do docente, e que estas mudanças, estão afetando diretamente, e indiretamente, na vida do trabalhador causando males a sua saúde. Mesmo sendo uma pesquisa parcial, pois o tempo não me permitiu maior aprofundamento, observa-se que a profissão docente não está a desfrutar de prestígios sociais e econômicos, podendo-se até dizer que é uma profissão que está em crise, pois a imagem social e a condição econômica do professor vêm sofrendo crescente desprestígio e deterioração. O cotidiano do professor e as condições de trabalho a eles fornecidas têm sido citados como grandes causadores do adoecimento, por pesquisadores do mundo trabalho e da questão educacional. Este estudo pretendeu abrir espaço para uma análise mais aprofundada, a partir de uma pesquisa bibliográfica em relação entre a atividade de docência e a doença. Para tal empreitada, busquei fazer um breve levantamento sobre os conceitos de trabalho, saúde e doença, para relacioná-los com condições de trabalho e qualidade de vida dos professores. Uma pesquisa de campo seria de grande valia, mas devido ao tempo não disponível, não me foi possível executar este recurso metodológico. Espero que em estudos adiante, possa realizá-la. De forma geral, pode-se perceber que a docência sofre com situações estressantes em seu ambiente de trabalho. A rotina de trabalho, com altas exigências do mercado de trabalho educacional, com o cumprimento de regras e normas muitas vezes leva a situações de sofrimentos, causando-lhe alguns distúrbios psíquicos e físicos. Que se acumulam ao longo do tempo escolar, provocando afastamento do profissional do ambiente escolar, por motivo de doença. Mesmo, já havendo uma legislação, que normatiza o trabalho do profissional docente, muito ainda precisa ser feito, para que possamos alterar a realidade, hoje encontrada entre os membros desta categoria profissional, tão importante para a construção e manutenção da sociedade e da vida social. A ação dos governantes e a cultura da sociedade, em relação à educação e seus profissionais terão que mudar. 34 8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AS consequências da Revolução Industrial. Disponível em: <http://revolucaoindustrial2f.blogspot.com.br/2008/09/as-conseqncias-da-revoluoindustrial.html> Acesso em: 14/08/2014. ASSUNÇÃO, Ada Ávila.; OLIVEIRA, Dalila A. 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