Uma breve reflexão sobre a aplicação do método indutivo A Indução No Conhecimento Científico E Noutros conhecimentos... J.P. Marques de Sá 1 A Indução no Conhecimento Científico Desde crianças que aprendemos... Aprendendo com... J.P. Marques de Sá 2 A Indução no Conhecimento Científico com as observações do mundo que nos rodeia. as observações ! J.P. Marques de Sá 3 A Indução no Conhecimento Científico Temos como certo que Os “objectos-causas materiais” existem Os “efeitos dos objectos” existem É possível aprender a partir deles (leis da natureza) J.P. Marques de Sá 4 A Indução no Conhecimento Científico Para tal inferimos ou induzimos leis a partir de observações e assunções Indução Observações (medições dos objectos) + Assunções (classes de relações) J.P. Marques de Sá Leis 5 A Indução no Conhecimento Científico Aprender significa Generalizar surgindo aqui alguns perigos... para qualquer ser ou máquina inteligente J.P. Marques de Sá 6 A Indução no Conhecimento Científico Estes extraterrestres observam, num museu, artefactos da Terra. J.P. Marques de Sá 7 A Indução no Conhecimento Científico A inferência que fazem, fruto da sua aprendizagem, é, contudo, errada. J.P. Marques de Sá 8 A Indução no Conhecimento Científico Problema da amostragem Problema do modelo Problema da classe de funções Problema da suficiência de dados J.P. Marques de Sá 9 A Indução no Conhecimento Científico Lei da natureza Causas (Objectos) Efeitos (Fenómenos) x y Existe uma relação entre y e x: y depende de x Consideremos, então, a existência de uma lei funcional relacionando causas e efeitos: y = f(x) J.P. Marques de Sá (y = f(x)) 10 A Indução no Conhecimento Científico Assunção: Classe de funções f y Efeitos Efeitos y Causas x Causas x As assunções indutivas dizem respeito à classe de funções que admitimos entre causas e efeitos: lineares (à esquerda), hiperbólicas (à direita), etc. J.P. Marques de Sá 11 A Indução no Conhecimento Científico A aprendizagem terá de basear-se numa amostra de casos em que cada par é Causas aleatório, (Objectos) independente e obtido nas mesmas condições Sem estas condições não tem sentido falar em aprendizagem/gen eralização Lei da natureza y x Efeitos (Fenómenos) Amostragem Número finito de pares (x, y) obtidos aleatoriamente Qualquer par da amostra {(x1,y1), (x2,y2) ... (xn,yn)} é obtido nas mesmas condições. J.P. Marques de Sá 12 A Indução no Conhecimento Científico Este é o maior problema na aplicação da indução em áreas do conhecimento como os estudos histórico-sociais onde geralmente não é possível assegurar a independência e homogeneidade dos casos da amostra. A figura mostra algumas observações do número de promessas não cumpridas versus o comprimento do nariz de governantes. Promessas não cumpridas y Comprimento do nariz x Pretende-se descobrir se há razões para aceitar o "efeito Pinóquio" J.P. Marques de Sá 13 A Indução no Conhecimento Científico Uma escola de analistas sociais diz que sim e que o efeito é linear Promessas não cumpridas y Comprimento do nariz J.P. Marques de Sá x 14 A Indução no Conhecimento Científico Outra escola diz que o efeito é de facto parabólico Promessas não cumpridas y Comprimento do nariz J.P. Marques de Sá x 15 A Indução no Conhecimento Científico Finalmente outra descobre um comportamento cíclico. É evidente que, não se tratando de amostras válidas, cada analista vê aquilo que quer ver: as suas assunções Promessas não cumpridas y Comprimento do nariz J.P. Marques de Sá x 16 A Indução no Conhecimento Científico Lei da natureza Causas (Objectos) y x Efeitos (Fenómenos) Amostragem ruído ruído Medições (Observações) Efectivamente nunca temos acesso aos verdadeiros valores das causas e efeitos. São sempre obtidos através de medições com ruído x J.P. Marques de Sá Medições (Observações) y Lei: y = f(x) 17 A Indução no Conhecimento Científico y Assunção: A relação é linear Efeitos f(x) Causas J.P. Marques de Sá Estipulada uma dada assunção procuramos uma função particular com a capacidade de generalização x 18 A Indução no Conhecimento Científico y 1.À medida que obtemos novas amostras a recta vai sofrendo ajustes e espera-se que generalize melhor para todos os casos possíveis. Efeitos f(x) Causas J.P. Marques de Sá x 19 A Indução no Conhecimento Científico y Erro médio: f(x) Efeitos O ajuste-aprendizagem procura minimizar uma dada medida dos desvios para todos os pontos. Por exemplo, o desvio médio Causas J.P. Marques de Sá x 20 A Indução no Conhecimento Científico Erro médio de ajuste Para que se possa falar em aprendizagem é preciso que sejam satisfeitas certas condições de convergência do erro de ajuste Erro mínimo nº de casos J.P. Marques de Sá 21 A Indução no Conhecimento Científico Não explicável por rectas (expressividade = 3) Esta só tem lugar quando uma certa medida matemática de expressividade da classe de funções é finita. Esta medida mede a capacidade das funções de passarem por várias configurações de pontos. A expressividade da classe das rectas é pequena. Não consegue “explicar” os pontos a amarelo. Efeitos y Causas J.P. Marques de Sá x 22 A Indução no Conhecimento Científico Usando uma classe de funções que explica tudo! (expressividade = ) Existem classes de funções com expressividade infinita: p.ex., a classe de todas as funções possíveis: conseguem explicar todos os dados Efeitos y Causas J.P. Marques de Sá x 23 A Indução no Conhecimento Científico Existe algum método formal de distinguir as induções (teorias) legítimas das falsas? Princípio de falsificabilidade de K. Popper: É possível apresentar pares de observações que falsificam (não explicáveis) pela indução. Expressividade finita da classe de funções Obtém-se, assim, uma fundamentação matemática do princípio da falsificabilidade de Popper que fornece uma condição necessária para distinguir induções legítimas de ilegítimas J.P. Marques de Sá 24 A Indução no Conhecimento Científico A Astronomia: Usa medições Aplica modelos (classes de funções) Infere (induz) das observações A Astrologia: Usa medições Aplica modelos (classes de funções) Infere (induz) das observações Mas... a Astrologia não é falsificável. Usa classes de funções capazes de explicar tudo. J.P. Marques de Sá 25 A Indução no Conhecimento Científico Nas induções legítimas coloca-se a questão da sua utilidade. Será que estamos a usar variáveis suficientes para obter uma indução útil? A cavalo dado não se olha os dentes E ao comprado? J.P. Marques de Sá 26 A Indução no Conhecimento Científico Amostra: 80 cavalos adultos de idade conhecida (e em condições de vida idênticas) Dados-efeito: medição da erosão do esmalte dos incisivos formados aos 2,5 anos Um grupo de cientistas estudou o desgaste do esmalte em dentes de cavalos, por forma a verificar se uma indução empírica e popularmente usada era útil ou não. Para tal... J.P. Marques de Sá 27 anos A Indução no Conhecimento Científico Verificou-se que até 6 anos o erro médio da indução é razoavelmente baixo; a indução é útil Idade estimada pelos dentes 9 ½ ano 6 3 Idade real 3 J.P. Marques de Sá 6 9 12 anos 28 anos A Indução no Conhecimento Científico Idade estimada pelos dentes 9 6 anos 3 Idade real 3 J.P. Marques de Sá 6 9 12 anos O que não acontece para idades superiores. Nestes casos a indução empiricamente sugerida não ajuda. 29 A Indução no Conhecimento Científico Encontrar tipos de observações simples e acessíveis por forma a obter induções úteis pode não ser tarefa fácil... J.P. Marques de Sá 30 A Indução no Conhecimento Científico FIM J.P. Marques de Sá 31