COMUNICAÇÃO, FAMÍLIA E CRISTIANISMO
Carlos Oliveira
Jornalista, Cientista Político e Músico da Igreja
Como são construídas as peças publicitárias?
Em primeiro lugar, são feitas pesquisas de usos, costumes, gostos e
preferências, condições sociais como renda, educação, religião, etc.
Depois, com esses dados em mãos, é contratada uma agência de
publicidade.
Na agência, há alguns profissionais que vão conduzir o que chamam de
Campanha.
Destaco aqui o Atendimento, aquele que tenta interpretar os desejos da
empresa e passar para o Criação, como o nome diz, vai criar a peça
publicitária.
Por fim, o Mídia, aquele responsável por apontar os veículos onde a peça
será divulgada.
Como são produzidas as notícias?
Há uma máxima no jornalismo que é a seguinte “good news is
bad news”. Então, para começar, é bom entendermos isso.
Notícia boa é notícia ruim.
Cada jornal impresso, TV, rádio, portal de internet, enfim, que
produz conteúdo jornalístico possui uma diretriz chamada
“Linha Editorial”.
Todo chefe de redação, editor, repórter, comentarista, colunista,
etc, devem seguir essa diretriz.
Exemplo: não se podem produzir reportagens que falem bem
de greves, bem da Venezuela, de Cuba ou outros países tidos
como socialistas.
Por que as notícias e a publicidade são assim?
É notório o interesse na dominação das pessoas, limitar o pensamento
crítico, impor visões de mundo, escolha política, de consumo,
comportamento, religião, etc.
“O Imperialismo Cultural envolve a universalização das experiências e
cultura de um grupo dominante e estabelece suas normas... como
consequência, os produtos culturais dominantes da sociedade, isto é,
aqueles mais amplamente disseminados, que expressam experiência,
valores, metas e realização daqueles grupos”
Iris Marion Young, no livro “Justice and the politics of difference”. Princeton Universty Press,
1990, capítulo 2, página 59.
Alguns exemplos práticos nas notícias
Cobertura dos índices de assassinatos de homossexuais:
Recentemente boa parte da imprensa brasileira divulgou que o Brasil
é o país onde mais se matam homossexuais.
A ideia que tentaram passar é a de que isso é fruto da homofobia, da
intolerância.
Pois bem, só que nenhuma reportagem mostrou que a maioria
dessas mortes se deve à disputa por espaço de prostituição entre
eles mesmos, ou por causa do tráfico e dívidas com traficantes.
Aspectos da publicidade
O mundo é perfeito, não existe má distribuição de renda, todo mundo
pode comprar o carrão, a roupa mais cara. Para ela, tudo é acessível
a todos.
Observem as propagandas de cervejas no Brasil. Mostram todos
alegres, felizes, os rapazes com as moças mais bonitas, enfim.
Na realidade, quais são as consequências da bebida alcóolica?
Morte, cadeira de rodas, fraldão, destruição de lares, brigas,
acidentes, doenças, gastos desnecessários. Enfim.
Este exemplo, é só para observamos que a publicidade, o marketing,
se movem no mundo dos sentimentos, da emoção. Querem atacar a
cada um de nós nas nossas fragilidades. Por isso é que fazem
pesquisas de comportamento social.
Quem é o grande alvo de tudo isso?
AS CRIANÇAS E OS ADOLESCENTES
O Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, encomendou uma
pesquisa para o Datafolha para medir a percepção dos pais com
filhos entre 3 e 11 anos completos sobre alguns aspectos das
propagandas direcionadas às crianças.
A pesquisa mostrou que Sete em cada Dez pais entrevistados são
influenciados pelos filhos na hora da compra.
Sabe por que?
A maior parte dos filmes, desenhos animados, novelas,
séries de TV, portais de internet, games, redes sociais,
etc, produz conteúdos capazes de chamar a atenção
desse público.
Recente estudo divulgado nos Estados Unidos mostra,
por exemplo, que a maioria dos adolescentes alcoólatras
se disseram influenciados a beber por meio dos filmes.
E o pior, você sabia que já há um canal de TV exclusivo
para bebês? Querem começar a dominação e alienação
bem cedo.
A Fox anunciou para a América Latina uma série de produtos
relacionados aos programas exibidos no Baby TV, canal que transmite
programação dedicada a bebês e crianças de até 3 anos de idade (Esse
canal está disponível nos EUA). Serão lançados DVDs, brinquedos,
revistas e livros para os países que já fizeram uma parceria com o canal
(Argentina, Uruguai e Chile).
A Associação Americana de Pediatria publicou na versão on-line da
revista científica "Pediatrics”, um relatório recomendando que crianças
de até 2 anos não assistam à televisão para evitar impactos negativos
no desenvolvimento da fala e da coordenação motora. Segundo a
associação, muitos programas e canais anunciados para os pais como
sendo educativos não têm conteúdo compreensível para crianças
pequenas.
Apesar da contraposição dos dados revelados pela pesquisa, o Baby TV
é difundido como uma canal que pode ser “consumido” por bebês sem
qualquer dano ao desenvolvimento infantil.
Os bens culturais e a moda
O teatro, o cinema, a música e demais expressões artísticas,
resultado de grandes talentos dados por Deus, têm sido usados
para afastar cada vez mais as pessoas do Reino dos Céus.
O foco sãos os mais jovens, mas onde estiver um coração vazio e
desatento, a tragédia será armada.
Normalmente, as lideranças dos movimentos artísticos seculares
possuem visão de mundo pautada pela devassidão, pelo
relativismo, promiscuidade, pelo “tudo pode se você se sente bem”.
Isso é replicado na maneira de vestir, falar, andar, agir, enfim. E
muita gente recebe essas coisas sem refletir na razão pela qual está
optando por isso.
“Uma das CONSEQUÊNCIAS dos meios eletrônicos, e em
particular da TV, é uma aceleração do desenvolvimento,
principalmente mental. Infelizmente, muitas pessoas acham
que essa aceleração é desejável, quando ela é, na verdade,
altamente prejudicial. O problema geral da aceleração precoce
deve-se ao fato de que o ser humano é um todo. Qualquer
desenvolvimento unilateral significa a produção de um
desequilíbrio. Em educação, há idade para tudo”.
Professor titular aposentado do Departamento de Ciência da
Computação, do Instituto de Matemática e Estatística da USP,
Valdemar Setzer.
QUEM DEVE EDUCAR?
A Bíblia recomenda aos pais que “ensinem os filhos no caminho que devem
andar, para quando adultos não se desviem dele.”
Mas a astúcia do inimigo é tamanha. Ele sabe aproveitar oportunidades.
Até o Telégrafo (primeiro grande meio de comunicação), os pais e a
escola eram os únicos responsáveis pela formação dos filhos. Eles
detinham o controle e a liberação das informações sobre as coisas
da vida, no momento em que consideravam adequado.
Mas, como diz, Neil Postman, no livro o Desaparecimento da
Infância, 'o telégrafo iniciou o processo de extorquir do lar e da
escola controle da informação' (1999, p. 86)." Essa foi, vamos
chamar assim, a etapa inicial do processo de manipulação mais
massiva.
Como os pais devem fazer isso (Parte 1)?
A principal atitude é estarem sempre presentes, conquistar o respeito por meio dos
bons exemplos e não pelo medo. Aliás, quem tem medo não respeita.
Há uma extrema necessidade de pais e mães ampliarem o diálogo, o tempo que
passam com os filhos.
Pais servos de Cristo Jesus não podem fazer que seus filhos tenham medo deles.
Por medo, os filhos mentem, não confiam nos pais, preferem contar seus segredos
a alguém de fora de casa.
Essa situação é realidade em nosso meio. Há relatos de crianças e adolescentes
que tremem de medo, principalmente do Pai.
Buscar maior proximidade da Família como um todo com os ensinamentos
Bíblicos. Eliminar tudo que for supérfluo e que tome o tempo de convivência.
Como os pais devem fazer isso (Parte 2)?
Não mentir para os filhos para se livrar deles ou fugir de uma
situação considerada “indigesta”. Se for um assunto complexo
demais, tente buscar uma maneira adequada de responder, de
acordo com a idade da criança. Principalmente, peça
discernimento ao Espírito Santo.
Incentive os filhos a lerem a Bíblia. Mostre a eles que a nossa vida
aqui é um tempo muito curto diante da eternidade.
Todos precisam ter o temor do Senhor no coração e entender que
tudo que temos vem de Deus, até as coisas manipuladas pelos
homens. Afinal, a matéria-prima de tudo é obra do Supremo
Onipotente.
E se não ligarmos pra isso, o que acontece?
Em primeiro lugar, do ponto de vista material, como destaca Neil
Postman, quem deixar os filhos à vontade diante das mensagens
avassaladoras da mídia estará oferecendo o pior caminho possível a
eles. Serão massa de manobra na escola, no trabalho, na política, na
vida. Possivelmente, nunca serão líderes, mas sim liderados.
Agora, os pais que monitorarem, colocarem regras claras, nada de “não
pode e pronto”, formarão filhos críticos, capazes de tomar decisões
certeiras diante de problemas complexos, não cooptáveis, ou seja, nunca
serão “maria-vai-com-as-outras”.
Criança é criança. Tudo para elas deve ser no tempo certo, na idade
certa e na medida correta. Quem adultiza ou deixa a mídia adultizar,
pode estar mandando os filhos para o inferno.
Resultados da exposição descontrolada aos Media
“Excesso de peso e obesidade; riscos de doenças; problemas de atenção
e hiperatividade; agressividade e comportamento antissocial; medo e
depressão; intimidação a colegas (bullying); indução de atitude
machista; dessensibilização dos sentimentos; indução de mentalidade de
que o mundo é violento e violência não gera castigo; prejuízo para a
leitura; diminuição do rendimento escolar; prejuízo para a cognição;
confusão de fantasia com realidade; isolamento social; problemas de
relacionamento; aceleração do desenvolvimento; prejuízo para a
criatividade; autismo; vício; indução ao consumismo; condicionamento e
não informação; paralisia mental; indução de mentalidade de
competição; destruição da vida familiar; falta de ritmo e sono saudável;
massificação; indução de impulsividade e negatividade; indução de
admiração pelas máquinas; e indução de mentalidade materialista.
Todos esses pontos estão justificados, com citações de pesquisas
científicas que os comprovam”
Professor e Pesquisador da USP, Valdemar Setzer.
Para refletir (Parte 1)
“As evidências do desaparecimento da infância vêm de várias maneiras e
de diversas fontes. Há, por exemplo, a evidência fornecida pelos próprios
meios de comunicação, pois eles não só promovem a desmontagem da
infância valendo-se da forma do contexto que lhes são peculiares mas
também refletem esse declínio em seu conteúdos...
Há evidência do tipo 'pesado', cifras sobre alcoolismo, uso de drogas,
atividade sexual, criminalidade, etc, que implica uma declinante distinção
entre infância e idade adulta”.
Neil Postman, p.134.
Para refletir (Parte 2)
Se os teus filhos guardarem a minha aliança, e os meus testemunhos,
que eu lhes hei de ensinar, também os seus filhos se assentarão
perpetuamente no teu trono.
Salmos 132:12
Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com
toda a modéstia
1 Timóteo 3:4
Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando
envelhecer não se desviará dele.
Provérbios 22:6
BIBLIOGRAFIA
POSTMAN, Neil. O desaparecimento da Infância. Rio de Janeiro: Graphia,
1999.
YOUNG, Iris Marion. Justice and the politcs of difference. Princeton:
Princeton University Press, 1990.
SETZER, Valdermar. Criança sem TV, games e Internet. Disponível em
http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/crianca_sem_tv_gam
es_e_internet
www.bibliaonline.com.br
www.alana.org.br
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