II Congreso Internacional
sobre profesorado
principiante e inserción
profesional a la docencia
El acompañamiento a los docentes noveles:
prácticas y concepciones
Buenos Aires, del 24 al 26 de febrero de 2010
II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia
Eje temático: Práticas de acompanhamento aos docentes principiantes
Relato de experiência
A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICA DOCENTE
Gisela Faitanin
[email protected]
Márcia Cristina Alves dos Santos
[email protected]
Universidade Federal Fluminense – COLUNI / UFF
Palavras chave: formação; reflexão; prática docente; cotidiano; escola
Resumo
O presente trabalho busca ampliar novos caminhos sobre a prática docente
apoiado na perspectiva da complexidade de Edgar Morin e nos estudos de Célia
Linhares, Rodolfo Ferreira, Fernando Hernandez, Iduina Mont´Alverne Chaves sobre
formação de professores, dentre outros. Refletindo sobre os processos de seleção e
atuação dos docentes que ingressam no Ensino Fundamental, é possível verificar a
contradição presente no processo, pois apesar de alguns dominarem os conhecimentos
teóricos condizentes com sua formação, ao chegarem à sala de aula não refletem
criticamente sobre a sua prática, revelando ausência de habilidades para lidar com os
conflitos, com as dificuldades de aprendizagem de alguns alunos, com a falta de parceria
das famílias, enfim, com a realidade do cotidiano escolar. Alguns questionamentos
dirigem a nossa reflexão: Que políticas públicas se voltam para a formação dos
professores de ensino fundamental na atualidade? Que conhecimentos teórico-práticos
fazem parte dos currículos dos cursos de formação inicial dos professores? Quais os
principais entraves de uma prática teoricamente fundamentada que se manifeste
adequada para a complexidade da educação dos dias de hoje? Nesse trabalho,
apresentaremos e discutiremos algumas lacunas da formação dos professores,
especialmente oriundos dos cursos de Pedagogia, que se manifestam na prática dos
professores de uma escola pública de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, Brasil.
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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICA DOCENTE
Introdução
A formação inicial de professores apresenta sérios problemas. A graduação em
pedagogia, na maioria das vezes, mostra-se distante do trabalho cotidiano das escolas.
Os novos professores se sentem perdidos no desempenho de suas atividades escolares.
Tudo verdade. Mas há outros caminhos a percorrer, com pistas para mudanças nesse
quadro. Andy Hargreaves no seu livro Os professores em tempo de mudança: o Trabalho
e a Cultura dos professores na Idade Pós- Moderna (1998) afirma que normalmente as
estratégias políticas e administrativas que procuram desencadear a mudança educativa,
compreendem mal ou anulam os próprios desejos de mudança dos professores.
Acrescenta, ainda, que no desejo encontramos a criatividade e a espontaneidade que
ligam os professores emocional e sensualmente (no sentido literal de sentir) aos seus
alunos, aos seus colegas e ao seu trabalho. Chaves (2007, p15), afirma, também, que
existem cada vez mais dados que mostram que muitos professores e alunos já possuem
uma experiência rica de cooperação e de colaboração informal e espontânea nas vidas
escolares.
Neste caso, o conhecimento da cultura dos professores é fundamental para saber
como lidar com eles, para socializar vivências construtivas e criativas. É o que
acreditamos. É o que buscamos fazer no Colégio Universitário Geraldo Reis junto aos
professores. Em outras palavras, buscar compreender as suas ações docentes a partir
das suas próprias narrativas e da discussão coletiva que acontecem no espaço semanal
dedicado ao planejamento no colégio. É disto que trataremos nesse comunicação.
Para iluminar nosso trabalho buscamos apoio nos fundamentos teóricometodológicos da complexidade de Edgar Morin e nos estudos de Iduina Chaves, Célia
Linhares, Fernando Hernandez, dentro outros, sobre a formação de professores, tanto
inicial quanto continuada. A complexidade nos mostra a relação e os movimentos em
rede como fundamentais para a organização do trabalho pedagógico na escola. Os textos
sobre formação de professores atentam para uma perspectiva da razão e da
sensibilidade (Chaves, 2000)
O Colégio Universitário Geraldo Reis - vivências
A experiência vivida no Colégio Universitário Geraldo Reis trouxe a oportunidade
de percebermos quão frágil está a formação do professor nos cursos de graduação.
Observando os processos de seleção de docentes para atuarem no Ensino Fundamental
ficou patente que os candidatos, na sua maioria, dominam os conhecimentos teóricos
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condizentes com sua formação, porém, ao chegarem à sala de aula, se defrontam com
conflitos, com as dificuldades de aprendizagem de alguns alunos, com a falta de parceria
das famílias, enfim, com a realidade do cotidiano da escola de hoje, para os quais não
conseguem enfrentar com tranquilidade e competência prático-teórica.
Certa vez uma professora, recém chegada ao colégio, formada em Pedagogia
numa Universidade Pública do Rio de Janeiro, nos falou que o magistério sempre foi o
seu sonho, mas que a realidade da sala de aula havia se tornado um pesadelo para ela.
Chorava no pátio demonstrando uma atitude de total incompetência para lidar com as
crianças que estavam sob a sua regência. Ficou tão apavorada que não aceitou a nossa
proposta de um acompanhamento mais próximo e saiu da escola. Perdeu o emprego e a
possibilidade de se tornar, de ir se formando com a nossa ajuda, com a proximidade e o
acompanhamento de professores mais experientes. Essa atitude de uma professora em
começo de carreira nos mostrou as fragilidades da formação inicial do docente nos
cursos de graduação. Nos alertou para a formação em serviço. Nos mostrou que os
cursos de pedagogia não estão formando professores com possibilidades de assumir a
função de mestre. Constatação que
nos marcou e que nos fez buscar formas de
organizarmos uma formação continuada na própria escola. Uma ação urgente que está
trazendo bons resultados para a ação dos professores na escola.
Agora nos perguntamos. Será que a formação acadêmica dos professores,
embora de qualidade, está adequada à situação real da escola pública brasileira? Será
que os professores formadores, das universidades conhecem o cotidiano das escolas
púbicas? Pensamos que não. Estas, são questões que merecem estudos e pesquisas e
porque não dizer mudanças radicais no processo da formação inicial, especialmente nos
cursos de pedagogia. Elas merecem destaque pela necessidade de buscarmos um olhar
mais atento à formação do professor que vai atuar nas escolas públicas de ensino
fundamental. Formação que merece estar relacionada ao contexto sócio político de uma
realidade fortemente tensionada por visões diversas e complexas sobre os saberes e
ações necessários à formação dos profissionais da educação.
Este breve estudo pretende contribuir para a compreensão da relação entre o
ensino acadêmico realizado por graduados em Pedagogia e o conhecimento da prática
do cotidiano escolar.
No Colégio Universitário Geraldo Reis, assumimos um olhar bem atento às
dificuldades que percebemos na relação teoria e prática. Um colégio que por pertencer
à Universidade Federal Fluminense assume um compromisso de acompanhar a trajetória
de jovens licenciandos, nas suas práticas docentes supervisionadas. Uma dinâmica que
traz possibilidades de uma relaçã mais estreita entre a formação inicial e a continuada.
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Esta pesquisa pauta-se nos encontros semanais com os professores da escola,
no espaço /tempo dedicado
ao planejamento e à reflexão sobre as questões do
cotidiano, vivenciadas por cada um dos professores nas suas salas de aula. Nestes
encontros abrimos espaço para trocas de experiência entre os colegas que vivem as
alegrias e as angústias da escola publica. No dizer deles: não há apoio de grande parte
das famílias, há alunos com déficit de atenção, há alunos que enfrentam os limites da
disciplina, desafiam a autoridade do professor, enfim, situações que envolvem a realidade
da escola contemporânea brasileira.
Nosso objetivo no colégio não é apenas constatar os entraves e as dificuldades de
professores e alunos. Mas, buscarmos formas de auxiliarmos a ambos, professores e
consequentemente os estudantes, na construção de uma formação mais crítica, mais
construtiva, mais criativa, mais inclusiva, mais ética e mais humana. É o que estamos
fazendo nos encontros semanais com os professores. Já podemos dizer, com alegria,
que estamos conseguindo um trabalho de equipe nessa direção.
Uma vez uma professora do grupo contou que dois alunos brigaram em sala. Ela
propôs uma tarefa de produção textual para tentar envolver os alunos numa atividade
mais criativa. Para realizar a tarefa cada aluno deveria contar como foi o passeio de
ônibus pelo pontos turísticos de Niterói, que havia acontecido no dia anterior. Todos
estavam muito empolgados e felizes para contar o que tinham vivenciado. Porém,como
um aluno não havia participado do passeio como ele faria o texto? Mesmo sabendo disso
a professora pediu que escrevesse o texto e daí um conflito surgiu. O menino que não foi
ao passeio, ficou com raiva porque um colega reforçou o fato dele não ter ido e foi agredilo. Na hora, a professora separou a briga e foi conversar com eles para entender o que
tinha se passado e então se deu conta do equívoco que havia cometido. Graças a este
relato podemos refletir sobre o planejamento, o quanto devemos organizar as atividades
que atendam todos os alunos. Nesse caso, os demais professores concluíram que se
havia um aluno que não participou do “material” da escrita, a professora deveria ter
pensado numa estratégia que não excluísse tal criança. Por que a professora não sugeriu
que um colega contasse para ele como havia sido o passeio e em seguida solicitasse que
ele escrevesse sobre as impressões do colega? Esta seria uma forma de escrita da
história contada pelo outro, das suas impressões sobre uma situação, e resolveria o
impasse.
Surgiu também uma discussão sobre o que fazer nas situações de conflito, como
brigas entre alunos. Uma das professoras disse que era muito difícil para ela e que a
solução seria suspender o aluno agressor. E quando um aluno está sempre tentando
agredir outros colegas? Algumas professoras apoiaram a ideia de suspensão sempre
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que acontecesse casos desta natureza. Outras disseram que deveríamos conversar com
os pais. Daí veio a pergunta: E se continuassem mesmo depois de conversarmos com os
pais? Um silêncio se instalou na sala. Depois começamos a buscar os caminhos
possíveis para acolher o aluno, para integrá-lo, já que está com dificuldades de
relacionamento. Outra sugestão foi reforçarmos
a parceria com os pais e com o
acompanhamento do setor de psicologia da escola. E para finalizar, chegamos ao
consenso de que deveríamos trabalhar em parceria com os vários setores da escola
buscando juntos, a solução e os encaminhamentos para a socialização e a formação das
nossas crianças. Uma nova dinâmica se instalou na escola, para nossa felicidade e
alegria no trabalho cotidiano.
Entendemos que com a exposição e a discussão das situações reais de sala de
aula podemos entender o processo de ensino aprendizagem de maneira muito mais real
e construtiva, pois estas envolvem não só o conteúdo programático, mas principalmente,
a integração e a necessidade
um planejamento flexível que envolva o trabalho
pedagógico na sua totalidade.
É nesse movimento coletivo de acolhimento que integra diálogo entre os
conhecimentos e os setores diversos da escola, que buscamos uma ação efetiva para
vencermos os obstáculos. É o nosso entendimento de escola como um sistema sócio
cultural, constituído por grupos com uma vivência real. (CHAVES, 2006, p 11) e que
busca um trabalho pautado nas relações. É nessa dinâmica dialógica e relacional que o
Colégio Universitário Geraldo Reis tem buscado se movimentar. É assim que temos
conseguido ir construindo uma escola que acreditamos formar cidadãos mais críticos,
mais humanos e mais felizes.
Referências bibliográficas
•
FERREIRA, R. (2002) Entre o sagrado e o profano: o lugar social do professor.
Rio de Janeiro: Quartet, 3 ed.
•
HERNÁNDEZ, Fernando (fev/abr 1998) Formação Docente: o desafio da
qualificação cotidiana. A importância de Saber que os docentes aprendem. Pátio
Revista Pedagógica, nº 4- Porto Alegre: Artes Médicas.
•
LINHARES, Célia. LEAL, Maria Cristina (2002). Formação de professores, uma
crítica à razão e a política hegemônicas. Rio de Janeiro: DP&A.
•
MORIN, E. (2000) Os sete saberes necessários a educação do futuro. São Paulo:
Cortez; Brasília, DF: UNESCO.
•
MORIN, E. (1999) A inteligência da complexidade. São Paulo: Edição Petrópolis.
•
MORIN, E. (2008) Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
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•
MONT ‘ALVERNE CHAVES, Iduina.(2001). o Curso de Pedagogia em destaque:
desafio deste final de século, Imagens e lembranças de um curso de pedagogia.
Cadernos de Ensaios e Pesquisas da UFF- Niterói- RJ. nº 4, Niterói, CES.
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