II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia El acompañamiento a los docentes noveles: prácticas y concepciones Buenos Aires, del 24 al 26 de febrero de 2010 II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia Eixo 4: Investigaciones y experiencias de iniciación a la docencia. Particularidades de los diferentes ámbitos de inserción REPORTES DE INVESTIGACIÓN ENSINANDO PARA APRENDER, APRENDENDO PARA ENSINAR: EXPERIÊNCIAS DE FORMAÇÃO INICIAL PARA A DOCÊNCIA ENTRE UNIVERSIDADE E ESCOLA PÚBLICA RODRIGUES, Adria Maria Ribeiro; DOMINGUES, Isa Mara Colombo Scarlati; ROCHA, Simone Albuquerque. [email protected]; [email protected]; [email protected] Secretaria de Estado de Educação do Estado de Mato Grosso – SEDUC; Universidade Federal de Goiás – UFG/UFSCar; Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT/PUC-SP Palavras-chave: Estágio supervisionado. Literatura infantil. Reflexão docente. Tema Gerador. Palavras-chave: Reflexões sobre ensinar e aprender. Formação inicial de professores. Literatura infantil. Tema gerador. O estudo apresenta os resultados de uma experiência de formação inicial de professores do Curso de Pedagogia proposta entre a universidade e a escola pública em Mato Grosso/Brasil, utilizando como metodologia o Tema Gerador, que tem seu aporte teórico em Paulo Freire. Nessa proposta freiriana, a comunidade é mobilizadora do currículo. Assim sendo, a solicitação da escola de que se desenvolvesse conjuntamente com as professoras em formação inicial o projeto de literatura infantil foi atendido pela universidade envolvendo a graduação e da pós-graduação. O estudo destaca a contribuição do trabalho para o processo de reflexão na e sobre a ação por parte dos professores em formação, evidenciando com muita ênfase que enquanto aprendem ensinam e enquanto ensinam, aprendem com a escola pública, locus da prática profissional docente. Os processos reflexivos foram percebidos, inclusive na mudança de atitude que foi refletida na formação de novos hábitos familiares dos iniciantes sobre a leitura e literatura infantil. O estudo que ora apresentamos, de abordagem qualitativa, traz um recorte das reflexões de três futuras professoras em formação inicial na universidade federal de Mato Grosso e indica que a ação colaborativa entre universidade e escola, quando tem a comunidade como princípio mobilizador das atividades de ensino, provoca reflexões que são fundantes para a mudança de comportamentos, construção aprendizagens e desenvolvimento profissional da docência. RODRIGUES, Adria Maria Ribeiro DOMINGUES, Isa Mara Colombo Scarlati ROCHA, Simone Albuquerque 2 II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia ENSINANDO PARA APRENDER, APRENDENDO PARA ENSINAR: EXPERIÊNCIAS DE FORMAÇÃO INICIAL PARA A DOCÊNCIA ENTRE UNIVERSIDADE E ESCOLA PÚBLICA Cresci brincando no chão entre formigas. De uma infância livre e sem comparamentos. Porque a gente fala a partir de ser criança, a gente faz comunhão: de um lado o orvalho e sua aranha, de uma tarde e suas garças, de um pássaro e sua árvore. Então eu trago das minhas raízes crianceiras a visão comungante e oblíqua das coisas. Eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina. É um paradoxo que ajuda a poesia e eu falo sem pudor. Eu tenho que essa visão oblíqua vem de eu ter sido criança em algum lugar perdido onde havia transfusão da natureza e comunhão com ela. Era o menino e os bichinhos. Era o menino e o sol. O menino e o rio. Era o menino e as árvores. (BARROS, 2003, p. 3). As palavras do poeta fazem alusão à sua infância vivida em Mato Grosso, sua vida de criança curiosa de conhecimento, leitora do mundo, cheia de sonhos, de molecagens, de poesia... A infância retratada por Manoel de Barros nos instiga a pensar sobre a criança que freqüenta a escola pública brasileira. Teria ela espaços para levar seu olhar oblíquo, suas raízes crianceiras e fazer comunhões entre as aprendizagens escolares e a vida? Sabemos da necessidade de se construir uma escola que proponha práticas libertadoras, possibilitadoras de autonomia, que busque eliminar as barreiras à aprendizagem. Nessa perspectiva demos início ao projeto de estágio supervisionado como experiência inicial da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Rondonópolis (UFMT/CUR) em escolas públicas no município de Rondonópolis. Essa experiência se deu em função da necessidade de se manter uma reflexão permanente sobre os estágios, que permitisse a aprendizagem profissional da docência, enquanto aproximação significativa das teorias estudadas no interior das disciplinas cursadas e suas relações com a realidade pedagógica do trabalho educativo, e foi coordenada por um grupo de professores da UFMT, do Departamento de Educação do Campus Universitário de Rondonópolis. O estágio, como componente curricular do curso de Pedagogia, estava sendo anteriormente desenvolvido em escolas pontuais, sem que um projeto integrador lhes conduzisse. Assim, houve a necessidade de desenvolver um projeto integrador em RODRIGUES, Adria Maria Ribeiro DOMINGUES, Isa Mara Colombo Scarlati ROCHA, Simone Albuquerque 3 II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia escolas públicas, no sentido de aproximar escola, universidade e comunidade para a formação profissional dos licenciandos e para estabelecer vínculos mais profundos entre a teoria e a prática. O projeto de estágio supervisionado como experiência inicial da Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Rondonópolis (UFMT/CUR) em escolas públicas no município de Rondonópolis com o Tema Gerador, que se desenvolveu durante dois anos e em que a comunidade escolar apontou a necessidade de incentivar a leitura junto as crianças sendo desenvolvido um projeto pelos estagiários. Com abordagem qualitativa de intervenção-ação colaborativa, a pesquisa traz como questões investigativas: como um projeto de leitura e literatura infantil pode promover o movimento de ensinar para aprender e de aprender para ensinar com experiências de aprendizagens iniciais para a docência junto as licenciandas? O presente trabalho possibilitou discutirmos sobre as contribuições do letramento literário, que se deu no espaço da biblioteca escolar, por meio das práticas das estagiárias que mediaram as leituras das crianças, objetivando a formação de sujeitosleitores a partir do estágio supervisionado. Procurava-se com este novo modelo de estágio verificar se a proposta de trabalhar articulada com a comunidade consistia em profícuas condições de aprender a ensinar e ensinar para aprender. Como a proposta de estágio era freiriana e tinha, portanto, como atitude primeira ouvir a comunidade e trazer suas necessidades para serem trabalhadas na/pela escola, ouviu-se o pedido dos pais e da escola para o desenvolvimento de ações que melhorassem e estimulassem a leitura junto às crianças. O subprojeto, então foi criado na primeira escola e foi intitulado “Ler para promover a Paz”. Entendemos como sujeito-leitor aquele que ao ler atribui significações ao texto, estabelecendo diálogo com sua própria vivência. O letramento literário tem uma relevante contribuição na constituição de leitores de mundo, já que, ao entrar em contato com outras realidades, o leitor adquire novas experiências, podendo refletir sobre sua práxis de vida, perceber sua realidade de outra maneira (GRIJÓ, 2006, p. 95). Desenvolver a competência de leitura dos alunos tem sido uma grande preocupação da escola brasileira, à medida que a falta de domínio dessa habilidade condena as pessoas ao fracasso. Lajolo (2001) comenta que a escola não pode contentar-se com uma leitura mecânica e desestimulante, mas precisa comprometer-se RODRIGUES, Adria Maria Ribeiro DOMINGUES, Isa Mara Colombo Scarlati ROCHA, Simone Albuquerque 4 II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia com uma leitura abrangente, crítica e inventiva. Só assim estará ensinando seus alunos a usar a leitura e os livros para viver melhor. Neste sentido iniciamos um trabalho de mediação entre as estagiárias, as professoras e as crianças dessas escolas e a obra literária, de modo que pudessem viver o processo interlocutivo com o texto, alargando seus processos de compreensão do mundo, por entendermos, que só se desenvolve o prazer pela leitura a partir de uma aproximação afetuosa e significativa com os livros. Compreendendo a importância desse trabalho e analisando a realidade da escola em relação aos nossos questionamentos, surgiu a idéia de criar uma biblioteca escolar, cuja função seria a de proporcionar um ambiente de letramento literário. Zibermam (1985) comenta que o espaço da biblioteca escolar constitui-se em um ambiente originalmente destinado a privilegiar a leitura, mas que nem sempre preenche, de modo satisfatório, a tarefa e o status que, por natureza, lhe cabe, sendo muitas vezes marginalizadas pelos sistemas escolares. Para construir e desenvolver um projeto de literatura as estagiárias precisavam ser ou tornar-se leitoras. Isso fez com que pensássemos em um espaço de formação dentro da escola-campo, possibilitador de momentos prazerosos de leitura, reafirmando a necessidade de a literatura permear todo e qualquer processo de aprendizagem. Diante disso foi necessário promover uma aproximação das estagiárias com diferentes obras literárias proporcionando a elas contemplar o gênero literário, vivenciar ambientes de letramento e situações em que a leitura, nas suas diversas formas, estivesse presente e propiciar ainda momentos de discussão e reflexão de referencias teóricos que evidenciam a importância do trabalho com a leitura. Neste contexto, a criação do espaço da biblioteca escolar, desarticulada totalmente até aquele momento, aconteceu em diferentes etapas, por meio de ações desenvolvidas pelo grupo de estagiárias responsáveis por esse trabalho. Essas diferentes ações se deram desde a formação realizada por meio de encontros semanais de estudo, até as ações desenvolvidas por elas diretamente com as crianças. Nessa direção, as ações desse projeto de pesquisa tiveram início com a organização do espaço da biblioteca, num ambiente agradável de leitura composto de diferentes espaços, objetos e recursos: tapetes, murais, fantoches, bonecos de alguns personagens do sítio, TV/som etc. O acervo foi organizado com os livros disponíveis na escola, mas que estavam guardados em armários fechados com demais recursos materiais, também, disponíveis em outros ambientes. O dia da apresentação da biblioteca para as crianças aconteceu em clima de muita festa, alegria e magia. Ao chegar à sala de leitura as crianças, organizadas por RODRIGUES, Adria Maria Ribeiro DOMINGUES, Isa Mara Colombo Scarlati ROCHA, Simone Albuquerque 5 II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia turma, foram recebidas pela Emília e pelo Visconde de Sabugosa, representados pelas estagiárias. Elas contaram histórias, falaram sobre o espaço da biblioteca e os cuidados com os livros, cantaram e dançaram com as crianças que se envolveram lindamente. Durante as semanas subseqüentes, além das crianças terem a oportunidade de manusear os livros existentes no acervo, outras ações foram planejadas e implantadas: leitura de obras literárias, contação de histórias, leitura e recital de poesias, apresentação dos autores e das obras, empréstimos de livros entre outras ações que envolveram as crianças. Para as ações desenvolvidas as estagiárias organizavam um acolhimento às crianças iniciando, na maioria das vezes, com um relaxamento ao som de música clássica. Com a intenção de observar, a partir dessas práticas de leitura, a construção de laços afetivos das crianças com os livros e todo o espaço que envolvia a leitura, solicitamos a realização de alguns registros: o planejamento e a execução de ações; o diário reflexivo; as observações e fotos das crianças interagindo no espaço de letramento literário; os registros de empréstimos de livros as crianças; as correspondências enviadas pelas crianças e pais em relação às ações desenvolvidas; as leituras realizadas por elas etc. Todos esses registros foram organizados, ao final do projeto, num relatório que juntamente com alguns depoimentos constituíram-se dados para a pesquisa. Na segunda experiência participamos na escola CAIC do subprojeto: “Letramento literário nos anos iniciais do Ensino Fundamental”, cujo objetivo também era garantir a formação teórica metodológica das estagiárias do curso de Pedagogia, de modo que contribuíssem para a construção de crianças leitoras da instituição contemplada. Nosso primeiro passo, assim como na primeira escola campo, foi organizar o espaço de letramento literário na biblioteca, que já existia nesta instituição, porém era muito pouco utilizada pelas crianças da escola. O intento era possibilitar às crianças um clima de informalidade, de descontração, imprescindíveis para estimular práticas prazerosas de leitura. A cada planejamento de como ensinar a leitura para as crianças seguia-se uma ação de como aprender a ser uma leitora crítica, a utilizar a leitura como prazer, informação, crescimento, entre outras dimensões de aprendizagens significativas da docência enquanto aprendem a ensinar. Na sala de leitura, que ficava na biblioteca escolar, havia tapetes, almofadas, murais com figuras de contos de fadas, estantes coloridas com muitos livros, lápis de cor, fantoches e folhas para uso das crianças Nesta escola obedecemos aos mesmos procedimentos para a sensibilização das crianças. O mascotinho, desta vez, foi a Bruxinha Atrapalhada, personagem de Eva Furnari (1999), que encantou a garotada. Antes de levarmos as crianças para a sala de leitura fizemos alguns momentos de RODRIGUES, Adria Maria Ribeiro DOMINGUES, Isa Mara Colombo Scarlati ROCHA, Simone Albuquerque 6 II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia sensibilização, nos quais a Bruxinha entrava nas salas de aula, se apresentava, conversava com as crianças, fazia mágicas atrapalhadas, que nunca funcionavam. As aparições das personagens se deram no decorrer da semana e a inauguração da sala de leitura, no espaço da biblioteca, se deu com o encontro entre as personagens. No dia do encontro Gregório conheceu a Bruxinha, ficaram amigos e ainda conheceu as outras bruxinhas, amigas dela, interpretadas também pelo grupo de estagiárias, que declamaram lindos poemas de Roseana Murray (1997), da obra “Receitas de Olhar,” dramatizadas num cenário encantador, onde os poemas eram recitados no ritmo em que as bruxinhas mexiam as receitas no caldeirão mágico. O nosso envolvimento, como pesquisadoras, se dava por meio da orientação, acompanhamento e envolvimento com o projeto de letramento literário junto as estagiárias e, assim sendo, teríamos maiores condições para observar como é que ensinando literatura elas aprendiam e incorporavam ao seu cotidiano. Para o desenvolvimento da proposta, em ambas escolas, sentimos a necessidade de criar algumas metodologias de leitura e selecionar textos com os quais a criança pudesse estabelecer interações afetivas. No desenvolvimento do projeto de estágio a leitura de obras literárias foi proporcionada à criança sempre como uma leitura descompromissada, feita pelo simples prazer, sem a preocupação com notas ou qualquer tipo de cobrança que promovesse atmosferas controladoras e levassem a criança ao desprazer e à desleitura, prática tradicional que ainda presenciamos no contexto escolar contemporâneo. Tais aprendizagens refletiam na forma de ensinar literatura nas estagiárias. Nesse sentido entendemos que o papel das estagiárias era o de mediar as práticas de leitura do leitor em construção, tendo sempre a clareza que suas leituras jamais poderiam substituir a leitura do aluno, mas acrescentar-se a ela, para que houvesse uma troca, uma soma de várias leituras, de vários olhares, pois sabemos que a polissemia caracteriza o texto literário, possibilitando que as lacunas sejam preenchidas pelo leitor. O leitor que queríamos formar não era o leitor obediente, que preenchesse fichas ou que reproduzisse os enunciados, mas o leitor, capaz de construir sentidos outros e dialogar com autor. Trabalhar no sentido de construir leitores críticos, sensíveis e criativos não é tarefa fácil. Sobre essa questão Lajolo (2006) comenta que transformar alunos em leitores tem sido uma tarefa histórica da escola brasileira e, para sua realização, são discutidas as muitas maneiras de se construir processos de mediação que possam tornar os alunos “a fim de ler”, e mais ainda, que os formem sujeitos, que antes de tudo reconheçam na literatura um patrimônio cultural da humanidade, à qual deve ser dado RODRIGUES, Adria Maria Ribeiro DOMINGUES, Isa Mara Colombo Scarlati ROCHA, Simone Albuquerque 7 II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia acesso por direito, e, principalmente, que esses sujeitos possam viver a experiência estética que sua leitura proporciona. Essas reflexões sobre a leitura nos conduzem, também, a lançar um olhar sobre a dificuldade, sobretudo dos professores e das acadêmicas de perceber-se como leitores, possibilitando aos mesmos atarem ou reatarem os laços com a leitura, como fonte de prazer, e como parte importante do desenvolvimento da cidadania, como também, repensar as concepções de leitura presentes na escola e as condições que a mesma vem sendo oferecida. No relato de uma das estagiárias participante de um dos subprojetos deixa claro seu movimento de busca, no sentido da ressignificação da prática, através do processo pedagógico de reflexão: Então comentei com a minha colega e parceira de estágio da insatisfação, até mesmo a falta de motivação em lê-los para as crianças, pois a partir daí achava “sem graça”. Nesse momento ficamos assustadas, pois ela também me revelou a mesma angústia. Após conversarmos com a nossa orientadora, a qual tirou o grande “fardo” das nossas costas [...] Para nossa grande alegria a professora orientadora teve a honra de nos contar que tudo aquilo é normal e prazeroso ao mesmo tempo, pois nós duas tínhamos aumentado o nosso nível de leitura de obras literárias, mas jamais os clássicos deixaram de ser importantes, apenas descobrimos novos autores. E assim já lemos vários livros, eu principalmente que sentia sono quando fazia leitura mais densa, hoje leio dois ou três livros nos finais de semana” (E.V.1). É possível perceber na fala da futura professora que não só constitui-se leitora como também passou a sentir-se responsável pela formação leitora de seus filhos, alunos e até de colegas. “E toda noite leio um antes de dormir [...] Agora todos nós, digo, meus filhos e eu, fomos apresentados a eles e estamos lendo todos. São lindos. Com isso, em meu local de trabalho [...] todos os livros de literatura infantil foram desempacotados, criei o cantinho literário, as crianças adoraram, não querem nem sair de lá, passam horas folheando os livros e pedem para eu ler para RODRIGUES, Adria Maria Ribeiro DOMINGUES, Isa Mara Colombo Scarlati ROCHA, Simone Albuquerque 8 II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia elas. Ainda não consegui atrair atenção das minhas colegas de trabalho, mas sei que as crianças são minhas aliadas para conscientizá-las da importância da leitura de obras infantis no recinto escolar” (E.V.1). Isto se faz presente também na fala das estagiárias: “Eu digo que está sendo maravilhoso, porque a partir desse projeto de literatura que eu vivenciei na escola eu pude levar pra casa. Como? Comprando livros pra meu filho. Depois que terminou o estágio fui mais que depressa na livraria e comprei. Eu queria um livrinho que ele pudesse pegar, de pano, mas como não tinha eu comprei uns livrinhos de papel mesmo, pequenos. Eu leio as histórias e ele fica olhando as figuras presta atenção, acha engraçado. Pra mim isto está sendo maravilhoso. E até pra meu marido está sendo maravilhoso, ele passou a ver a literatura de outro jeito, pra ele também foi uma aprendizagem” (E.M.E.2). Através desse relato percebemos o que o espaço escolar pode constituir-se num espaço privilegiado de formação pessoal e profissional, desenvolvimento profissional da docência, comprometido com a educação pública, enquanto ato político, democrático e construtivo, quando possibilitador de reflexões. Com base na teoria de Schön (1997), que propõe os conceitos de reflexão-naação, reflexão-sobre-a-ação e reflexão-sobre-a-reflexão-na-ação, podemos dizer que o projeto de estágio se constituiu num espaço de reflexão e formação, num momento de confrontamento dos referenciais teóricos com a complexidade do cotidiano escolar, suscitando nas estagiárias conflitos, que conduziram e possibilitaram às mesmas, aprenderem enquanto ensinam e ao ensinarem, obterem aprendizagens significativas. Podemos evidenciar esta afirmação mediante um comentário da estagiária. Sinceramente, eu pensava que literatura infantil fosse apenas uma ação de colocar as crianças pra ler, mas que não dava tanto sentido, que não tinha nenhum sentido na vida delas. Depois da formação, através do projeto de pesquisa eu pude perceber o lado RODRIGUES, Adria Maria Ribeiro DOMINGUES, Isa Mara Colombo Scarlati ROCHA, Simone Albuquerque 9 II Congreso Internacional sobre profesorado principiante e inserción profesional a la docencia belo, o lado maravilhoso que tem a literatura para o desenvolvimento das crianças e do professor (M.E.E.2). Esses movimentos reflexivos foram possíveis, por meio da formação continuada das estagiárias, espaço de discussões e reflexões das teorias e das ações vivenciadas nas práticas de letramento literário, uma vez por semana, durante todo o decorrer do projeto. Esse processo de prática reflexiva, que acontece a partir do momento que a relação teórica e pratica é problematizada, propiciou a formação das estagiárias como leitoras e aconteceu permeado pela literatura infantil e outros bens culturais como a música, filmes, obras de arte, etc, sendo além de prazerosas, possibilitadoras da aprendizagem e do desenvolvimento profissional da docência. REFERÊNCIAS Barros, Manuel de (2003): Fazedores de Amanhecer (Coleção Literatura em Minha Casa). São Paulo: Salamandra. Freire, Paulo (1982): A Importância do Ato de Ler. São Paulo: Autores Associados/Cortez. Furnari, Eva (1999): A Bruxinha e o Gregório. São Paulo: Ática. Lajolo, Marisa (1991): Leitura-literatura: mais do que uma rima, menos do que uma solução. In Zilberman & Silva (Org.). Leitura: perspectivas interdisciplinares. São Paulo: Ática. Murray, Roseana (1997): Receitas de Olhar (Coleção Falas Poéticas). São Paulo: FTD. Schön, Donald A. (1997): Formar professores como profissionais reflexivos (2 ed.), in Nóvoa, Antônio (Org). Os Professores e a sua Formação. Lisboa/Portugal: Publicações Dom Quixote Ltda. Solé, Isabel (1998): Estratégias de Leitura (6. ed). Porto Alegre: ArtMed. Walty, Ivete Lara Cargos (2006): Literatura e Escola: anti-lições (2. ed. Coleção Literatura e Educação), in Martins, Aracy A. E., Brandão, Eliana Maria B., Machado, Maria Zélia V. (Org.). Escolarização da Leitura Literária. O jogo do livro infantil e juvenil. Belo Horizonte: Autêntica. Ziberman, Regina et al (1985): Literatura em Crise na Escola: as alternativas do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto. RODRIGUES, Adria Maria Ribeiro DOMINGUES, Isa Mara Colombo Scarlati ROCHA, Simone Albuquerque 10