› R E C U R S O S H U MAN O S E GES T Ã O › Agosto 11 › Ano 3 › Nº32 › 3,90€ (Cont.) Fundação Luís Figo A força e a capacidade de mobilização do futebol ao serviço de crianças e jovens necessitados › Entrevista Rui de Brito Henriques › Reportagem Histórias inspiradoras de empreendedorismo › Coaching Luzia Wittmann › Especial Outsourcing › Ver e Vencer Miguel Poisson › Ensaio O imposto invisível da desconfiança › Patrick de Maeseneire A visão do líder da Adecco › Legislação Contratação a tempo parcial › Escolhas João Alberto Catalão › Viagem México ÍNDICE 30 Editorial Zoom RH Tecnologia Rumos/ Múltiplos Olhares Perspectiva Patrick de Maeseneire Flash Interview Tiago Cardoso Formação «Escola do Futuro» Ver e Vencer Miguel Poisson Aniversários Meta4, SP Coaching, Primeira Opinião Sofia Calheiros Responsabilidade Social (tema de capa) Fundação Luís Figo Dupla Expressão Manuela Cruz/ Artur Fernandes Em Directo Rui de Brito Henriques Crónica Relações Laborais Contratação a tempo parcial, por Cláudia Mendes Torres Reportagem Histórias de empreendedorismo Crónica Formação As soluções de formação na criação de vantagens competitivas, por Sara Sousa Brito 54 02 30 04 12 18 Especial Outsourcing 38 Crónica RH e Novas Tecnologias 40 Ensaio 10 42 44 20 52 Uma mudança na gestão das pessoas, por Tomé Gil (Des)confiança em Portugal Crónica Saúde e Segurança no Trabalho O mundo não é perfeito, e nós também não, por José Manuel Viegas Espaço RH Em Síntese/ Opinião Luís Bento Personal Branding Maria Duarte Bello Livros/ Sites/ Coaching Luzia Wittmann/ Legislação Visto de Fora Manuel González Oubel (Espanha) Denize Athayde Dutra (Brasil) 22 54 As Minhas Escolhas 24 56 Lifestyle 28 64 56 João Alberto Catalão Viagem México/ Automóvel Volkswagen Passat Variant Sugestão Evidência Sta. Catarina Leitura/ Música/ Artes Plásticas/ Teatro/ Montra Crónica Woman aGOSTO 11 12 1 EDITORIAL Nº32 – Agosto 11 Redacção Irina Pedro, Mário Sul de Andrade Colaboradores Artur Fernandes, Carlos Antunes, Denize Athayde Dutra, Humberto Silva, Jorge Araújo, Luís Bento, Manuel González Oubel, Manuela Cruz, Mário Ceitil (nesta edição) Ana Teresa Ribeiro, Carla Oliveira, Cláudia Mendes Torres, José Manuel Viegas, Luís Melo, Luzia Wittmann, Maria Duarte Bello, Paulo Finuras, Sara Sousa Brito, Sofia Calheiros, Tomé Gil Projecto Gráfico e Paginação Design e Forma, [email protected] Fotografia Ana Leonor Martins, Fernando Piçarra ([email protected]), Fotolia, João Andrés, Vítor Gordo – Syncview Directora Comercial e de Marketing Sónia Maia 961 219 531, [email protected] Assinaturas [email protected] Impressão Peres – SocTip, SA E.N. 10, KM 108,3 2135-114 Samora Correia Distribuição VASP, MLP – Media Logistics Park – Quinta do Grajal Venda Seca 2739 – 511 Agualva Cacém Nº de Registo na ERC: 125537 Nº de Depósito Legal: 286.699/08 Tiragem: 15.000 exemplares aGOSTO 11 Periodicidade: Mensal 2 Propriedade e Edição Just Media, Lda Rua de São José, Nº 149/159, 1º Dto. 1150-322 Lisboa Tel. 210 939 695 www.human.pt Nenhuma parte desta publicação, incluindo textos e fotografias, pode ser reproduzida, por quaisquer meios, sem prévia autorização da Just Media. Inesquecível Não paramos em Agosto. Por isso aqui está mais uma edição da «human», na qual regressa a nossa secção de responsabilidade social, e logo como tema de capa. É o caso da Fundação Luís Figo que apresentamos, contado pelo próprio Luís Figo e pela directora-geral, Sara Souto. Uma fundação que através da força e da capacidade de mobilização do futebol tem vindo a apoiar muitos jovens necessitados, num exemplo de responsabilidade social digno de aplausos. Tão grandes como aqueles que o antigo jogador ouvia quando encantava os adeptos pelos estádios um pouco por todo o mundo. Figo, inesquecível para tantos jovens que vêem agora no projecto um apoio fundamental para as suas vidas, como é inesquecível para mim (e para tanta gente, tenho a certeza) pelas proezas nos relvados. Imagens que sei que hão-de permanecer na minha memória, como a da corrida de Eindhoven que acabou com o remate inesperado que virou o jogo contra a selecção inglesa no «Euro 2000» ou a de um golo contra a Dinamarca, em Portugal, depois de passar pelo meio de dois defesas e meter a bola por cima do famoso guarda-redes Peter Schmeichel. Ou até a de um golo pelo Sporting, o meu clube, um golo no estádio do Porto, ainda o Estádio das Antas. Lembro-me de estar na bancada numa zona de adeptos portistas que não se cansavam de gritar, com o meu clube a perder por um a zero e sem saber bem o que fazer, e de repente, sem se perceber como, uma corrida solitária de Figo que deu para empatar o jogo. E tantas outras imagens, na selecção e no Sporting, mas também no Barcelona, no Real Madrid, até no Inter de Milão, já no final da carreira. Esta edição, é claro, tem outros destaques, além do projecto de responsabilidade social de Luís Figo. Refiro alguns: um trabalho com histórias de empreendedorismo português, © Fernando Piçarra Director António Manuel Venda 961 219 532, [email protected] Editora Executiva Ana Leonor Martins 969 691 975, [email protected] António Manuel Venda Director [email protected] uma entrevista com um dos responsáveis por um grupo empresarial de recursos humanos (também português) que para o ano vai completar um quarto de século, um especial sobre ‘outsourcing’ (em que abordamos diversas vertentes, recursos humanos, tecnologias de informação, processos) e até uma reflexão sobre a confiança (ou desconfiança) no nosso país, algo que o autor associa à ideia de um «imposto invisível», num tempo em que os impostos, como se sabe, são cada vez mais visíveis e resultam, como se tornou hábito nos últimos anos, da incapacidade de quem na política faz promessas depois as cumprir ao chegar ao poder. Um mentiroso é um mentiroso, independentemente da situação do seu país. PUB ZOOM RH Tecnologia MÚLTIPLOS OLHARES Novos serviços e soluções Rumos A situação económica do país está a condicionar as opções de férias dos portugueses? aGOSTO 11 4 Nota: o simulador da Rumos pode ser acedido em http://www.rumos.pt/services Ana Teresa Ribeiro, Customer & Channel Services Manager da Sage Portugal «Creio que sim, não numa perspectiva restritiva, mas na alteração dos padrões de comportamento, do lado da procura e da oferta. Não é ignorável a redução do poder de compra e a incerteza face ao futuro, que naturalmente fará refrear algum ímpeto consumista e grandes gastos em férias. Tal não tem necessariamente que ser igual a recolhimento e ausência de gozo de férias; refiro-me ao sentimento e não à questão legal. Nunca como hoje houve tantas ofertas de férias a baixo custo, nas agências, nos hotéis ou nos negócios ‘web’ suportados em descontos. E os municípios por todo o país apresentam uma dinâmica interessante na promoção de iniciativas para a população local e os visitantes. Acredito que a criatividade e a imaginação dos portugueses lhes permitirá desfrutar deste período revigorante em férias ou em trabalho.» Luís Melo Partner da Dale Carnegie Training «Penso que sim. Na realidade, até Março ainda assistimos a um aumento marginal do rendimento disponível das famílias (0,7%) e, em paralelo, verificou-se uma desaceleração do consumo, embora ainda em crescimento, e um aumento da poupança para quase 10%. Associado à actual situação, há um estado de incerteza que leva a que o rendimento seja canalizado para a poupança, com reflexo na compra de férias – um comportamento racional do consumidor, no sentido de aumentar a segurança. Salvo em situações de maior dificuldade real, como de desemprego, acredito que as pessoas não deixarão de fazer férias fora de suas residências; contudo, parece-me que assistiremos a cortes. As famílias irão menos vezes jantar fora, reduzirão o período de férias, optarão por destinos mais em conta, opções de alojamento mais baratas, etc.» © Vivafit © FP Foram anunciados pela Rumos Professional Services novos serviços de suporte ao cliente, assim como novas soluções de ‘datacenter’ para melhorar a capacidade de resposta e eficiência da rede de tecnologias de informação (TI) dos seus clientes. Para isso, a empresa tem estado a apostar em ‘cloud computing’, uma das mais importantes tendências tecnológicas dos últimos tempos, que pode ser definida como um modelo no qual a computação (processamento, armazenamento e ‘software’) pode estar num qualquer lugar da rede, sendo acedida remotamente, via Internet. Neste âmbito, a Rumos disponibiliza vários serviços; por exemplo, entre outros: ‘housing’, que proporciona o alojamento de servidores e/ ou outras tecnologias num ‘datacenter’ Rumos; ‘wisestorage’, que disponibiliza soluções de ‘storage’, com arquitectura totalmente redundante e escalável, com um total controlo de custos; monitoria remota, com o intuito de facilitar a gestão da infra-estrutura do cliente; e ‘hosting’, que disponibiliza servidores virtuais dedicados, de alto desempenho, configuráveis de acordo com todo o tipo de necessidades do cliente. Com esta oferta de serviços de suporte ao cliente, a Rumos pretende assegurar o equilíbrio dos factores de competitividade e rentabilidade, recorrendo a um modelo operacional baseado em centros de custos reduzidos por áreas de intervenção que garantam competências de gestão de projectos para uma melhor organização interna dos clientes. Para adaptarem estas soluções aos seus negócios, os clientes podem também simular custos dos serviços na ‘cloud’ no simulador da Rumos. Segundo os responsáveis da Rumos, o objectivo é «propor aos clientes ofertas à medida de cada um, já que a empresa dispõe de técnicos especializados e preparados para monitorizar continuamente, e gerir remotamente, problemas que possam surgir, diminuindo significativamente o tempo de falha nos seus sistemas». © Sage Texto: MSA Carla Oliveira Directora de Negócio no Vivafit em Espanha «A situação económica actual de Portugal, associada à recessão mundial e à conjuntura dos países europeus, sobretudo a da Grécia, condiciona as opções de férias das famílias portuguesas em duas vertentes: por um lado, cada vez o rendimento disponível para férias é mais baixo, o que leva muitas famílias a optarem por não sair de férias, ou seja, a ficar em casa e aproveitar as férias na sua zona de residência, seja a fazer praia, seja em passeios e actividades pouco dispendiosas; por outro lado, os mais abonados, e mais conscientes, estão a optar por destinos nacionais, regiões diferentes daquelas onde vivem, como o Algarve, a Madeira, os Açores ou o Gerês. Assim também evitam a saída de verbas para outros destinos, ajudando a economia nacional.» ZOOM RH Perspectiva Patrick de Maeseneire, CEO do Grupo Adecco «Maior flexibilidade não é uma ameaça para nós.» © Adecco Patrick de Maeseneire é desde Junho de 2009 o ‘chief executive officer’ (CEO) do Grupo Adecco, onde já tinha assumido posições de liderança entre 1998 e 2002. Formado em «Engenharia» na Solvay Business School of Brussels University e em «Marketing» pela Ghent University, este belga agraciado em 2007 no seu país com o título de barão pelo rei Albert II fez ainda estudos de gestão na London Business School e no INSEAD (Fontainebleau, França). Entre 1980 e 1997 exerceu diversas funções como executivo na Sun International e na Apple e também funções seniores na Wang e na Arthur Andersen. No período em que esteve fora da Adecco (de Junho de 2002 a Maio de 2009), foi CEO da empresa Barry Callebaut, a maior fabricante de chocolates do mundo. Baseado na Suíça, Patrick de Maeseneire viaja frequentemente, acompanhando a actividade global do Grupo Adecco. Recentemente esteve em Portugal, tendo feito uma intervenção durante um almoço para executivos de topo de várias empresas clientes da Adecco. Durante essa intervenção, Patrick de Maeseneire assinalou que a fiscalidade no nosso país dificulta a vida dos investidores, tendo depois destacado, já em entrevista à «human», que no entanto existe cá uma vantagem, o facto de o sistema de educação ser muito bom. «As pessoas são bem formadas e encontra-se níveis de excelência por todo o lado», referiu, para depois acrescentar: «Portugal pode ter um papel importante na cena europeia e mundial, através da força da educação e do conhecimento. O problema é que se a economia não descola as boas pessoas vão embora, para onde há mais oportunidades.» Sobre os bons resultados da Adecco em Portugal, Patrick de Maeseneire referiu: «Tivemos um crescimento muito bom. Portugal tem tido um bom desempenho nas exportações e Na opinião de Patrick de Maeseneire, «as empresas têm vindo a mudar a sua filosofia e já só produzem quando as encomendas são concretizadas». Isto leva a que se tenha de «lidar com a questão da flexibilidade». algumas empresas exportadoras são importantes clientes da Adecco, resultando daí boa parte do crescimento. Temos uma boa experiência na equipa de ‘management’ aqui, desde há muito tempo. Ainda há trabalho a fazer, como em qualquer organização. Tivemos um crescimento rápido, crescemos quatro vezes mais depressa do que o número um e duas vezes mais depressa do que o número três. Somos o número dois e temos uma excelente equipa.» Mesmo com a economia portuguesa em recessão, a Adecco tem crescido. Patrick de Maeseneire falou de algo que à partida parece contraditório. E explicou: «Apesar de não haver crescimento económico, nós continuamos a crescer e a razão é a postura dos nossos clientes. Têm actividade adicional, mais exportações, produção que não é consumida em Portugal, e somos nós que cobrimos essa actividade adicional, com trabalho flexível, temporário. Os clientes não querem nesta altura recrutar porque não estão certos sobre o que vai acontecer na economia no prazo de uma ano, ou seis meses. Há incerteza. As empresas têm vindo a mudar a sua filosofia e já só produzem quando as encomendas são concretizadas. Isto leva a que se tenha de lidar com a questão da flexibilidade. Por exemplo, uma empresa precisa em média de 100 pessoas e numa determinada época do ano precisa de 120, ou 130. Se contratar sempre 130 perderá na maioria dos meses, terá pessoas a mais. Então em vez de 100 pessoas prefere ter 90 ou 85, e as restantes ficam a cargo da Acecco. Para os candidatos é bom, podem estar dois ou três meses na empresa, ter emprego, conseguir experiência, podem contribuir para o sistema e aprender. E nós no Grupo Adecco temos estatísticas que mostram que 60 por cento das pessoas com um trabalho flexível depois de dois anos passam a ter um trabalho fixo. Porque os empregadores querem quem tenha trabalhado noutras empresas, pessoas com experiência, que possam fazer um bom trabalho. Contratam essas pessoas.» E se Portugal mudar a legislação no sentido da flexibilidade? Para a Adecco é uma oportunidade, disse Patrick de Maeseneire. «A maior flexibilidade de leis está nos Estados Unidos e no Reino Unido, e nós temos grandes negócios aí. Haver maior flexibilidade e as empresas recrutarem e despedirem mais facilmente não é uma ameaça para nós. Pelo contrário. As empresas continuarão a perguntar-nos quem são as melhores pessoas. Nós não somos uma base de dados. Todas as pessoas que colocamos são entrevistadas, sabemos se se adequam ao trabalho em causa, se estão motivadas, se se adequam à cultura de cada empresa para onde irão trabalhar. Tudo isto é um valor acrescentado que proporcionamos aos nossos clientes.» aGOSTO 11 Texto: António Manuel Venda 5 ZOOM RH Flash Interview Tiago Cardoso, director executivo da Blanes «Oferecemos uma área de acção transversal.» © João Andrés «Enquanto director da Blanes, tenho a oportunidade de desenvolver competências ao nível da gestão de recursos nos mais diversos sectores da actividade», refere Tiago Cardoso. Texto: António Manuel Venda A Blanes é uma empresa com uma acção transversal nos serviços que presta na área de recursos humanos. Tiago Cardoso assinala que «a sua evolução tem sido bastante positiva e o seu crescimento notório». Como empresa de recursos humanos, que serviços oferece a Blanes e como procura distinguir-se? A Blanes é constituída por profissionais das diversas áreas deste ramo da gestão. Tal situação, por si só, faz a diferença, pois estamos aptos para realizar qualquer externalização de serviços no âmbito da gestão de recursos humanos. Oferecemos uma área de acção transversal. Os nossos serviços englobam gestão administrativa e assessoria de recursos humanos, formação, recrutamento e selecção, trabalho temporário e auditorias ao próprio departamento de recursos humanos, tanto na vertente administrativa como de desenvolvimento, e são serviços desenhados à medida das necessidades dos clientes. aGOSTO 11 Como adequam a estratégia para cada área de negócio à estratégia global da empresa? Existe um gestor de unidade de negócio por cada área de serviços; embora sinergicamente ligadas entre si, cada uma delas é independente. Como tal, cada gestor tem o papel de desenvolver a respectiva área e esse desenvolvimento tem como base a estratégia global da empresa que tem como objectivo um crescimento exponencial em todo o território nacional. 6 Que mudanças aconteceram na empresa com a abertura de uma delegação no norte? Em primeiro lugar, o alargamento da nossa zona de acção. A equipa também cresceu, o que acabou por trazer um maior amadurecimento. E, não menos, importante que estas duas questões, refiro a oportunidade de trabalhar novos sectores de actividade, como a indústria têxtil, o retalho automóvel e o sector alimentar, entre outros cujas empresas se situam na zona norte. O que é que esteve na base da aposta nesta nova delegação? Neste momento, a nossa carteira de clientes é constituída por 70% de empresas internacionais e a nossa ideia passou sempre por uma maior penetração no mercado nacional. O facto de termos uma delegação no Porto dá-nos essa oportunidade. A Blanes, enquanto empresa de serviços transversais na área de gestão de recursos humanos, é única; a presença no Porto permite-nos chegar a um mercado que até então nos estava vedado, pela própria distância. Que especificidades confere à Blanes o facto de estar integrada num grupo empresarial? A Blanes faz parte de um grupo de empresas que actua ao nível do ‘outsourcing’ de gestão, sendo uma delas na área da gestão documental – a Seines – e outra na área da gestão financeira e contabilística – Audite. Isto permite que as sinergias entre as empresas sejam uma mais-valia tanto a nível comercial – crescimento da carteira de clientes – como a nível das competências a desenvolver pelas próprias equipas. No último caso, saliento a relação entre a Audite e a Blanes, pois a gestão de recursos humanos, nomeadamente a gestão administrativa, implica um domínio de outras áreas do saber como a financeira e a contabilística. Como vê, em termos da sua carreira, a experiência que tem vindo a ter na gestão da Blanes? Ao contrário do que acontece normalmente com os profissionais da área da consultoria, o meu percurso profissional foi feito em primeiro lugar nas empresas. Ou seja, antes de ser consultor exerci funções de técnico e de director de recursos humanos, o que me permite compreender e muitas vezes adivinhar as necessidades sentidas pelos responsáveis ou directores de recursos humanos das empresas clientes. Enquanto director da Blanes, tenho a oportunidade de experimentar as tarefas de uma gestão mais alargada, bem como desenvolver competências ao nível da gestão de recursos nos mais diversos sectores da actividade. Saliento também que o projecto Blanes dá-me um retorno muito positivo, pois encabeço-o desde 2005 e a sua evolução tem sido bastante positiva e o seu crescimento notório. ZOOM RH formação Organização e processos na escola do futuro Texto: Ana Leonor Martins Nota: o segundo ‘workshop’ do projecto «Escola do Futuro» vai realizar-se já em Setembro, estando em debate os conteúdos programáticos e as metodologias de aprendizagem nas escolas. Católica acredita que existem encargos desnecessários no Ministério da Educação, que poderia ter menos cerca de três mil pessoas sem que isso afectasse os serviços assegurados. Defende que o desafio é passar a decisão para a escola, através da criação de estruturas locais de educação, com a definição de estratégias locais e orientação para os resultados. E enunciou oito passos para a mudança, citando Kotter: «crie noção de urgência, defina a equipa líder, desenvolva a visão e a estratégia da mudança, comunique para compreender e persuadir, dê a outros o poder para agir, proporcione vitórias de curto-prazo, não abrande e crie uma nova cultura». O último a intervir foi Félix Bolanos, que tendo por base a sua experiência na direcção do Agrupamento de Escolas da Apelação advogou que «a escola deve ser responsável por tudo o que aí se passa, sem interferências, o que também é uma forma de poder ser responsabilizada». Ressalvou que a escola é autónoma, mas não independente, acrescentando: «O ministério e as câmaras municipais definem os objectivos estratégicos gerais, e as escolas constroem os planos de acção e os projectos educativos para os atingir». Além disso, defendeu que nenhum recurso humano deve iniciar funções numa escola sem validação da própria e também a flexibilização dos currículos e uma actividade inspectiva mais periódica e com definição de planos de intervenção. O ‘workshop’ terminou com um debate moderado por Carlos Sezões, coordenador deste grupo de trabalho da SEDES e ‘partner’ em Portugal da consultora Stanton Chase International. aGOSTO 11 O Grupo de Trabalho de Capital Humano da SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social realizou recentemente o primeiro ‘workshop’ do projecto «Escola do Futuro», centrado nas temáticas da organização e dos processos inerentes à gestão escolar. O evento, de entrada livre, contou com um painel de três oradores, Albino Lopes, professor catedrático do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), Rodrigo Queirós e Melo, professor da Universidade Católica, e Félix Bolanos, director do Agrupamento de Escolas da Apelação. A primeira intervenção foi de Albino Lopes, que falou sobre os modelos de organização escolar, sublinhando que um dos problemas da escola pública portuguesa tem sido o de tentar massificar o ensino com a qualidade desejável e respondendo à actual exigência de qualificação do capital humano, mas sem colocar em causa o modelo organizacional anterior, pensado para a escola de tipo liceal vocacionada para a formação de elites. O professor alertou também para o aumento do controlo externo, a partir do Ministério da Educação, e para a diminuição da influência da comunidade educativa, na medida em que a legislação fez emergir a figura do «gestor por nomeação». Aumenta assim «o risco de o ministério continuar a intervir onde não deve, a gestão técnica, e a não regular o que devia, a gestão política», salientou, criticando «o reforço do controlo das margens de liberdade dos professores». Já Rodrigo Queirós e Melo chamou a atenção para o facto de, quando há problemas no núcleo organizacional, em vez de se recorrer à liderança recorrer-se à tecno-estrutura, que vem de mecanismos externos. Este professor da 7 ZOOM RH Ver e Vencer Miguel Poisson, director-geral da ERA Portugal Sucesso num negócio de pessoas e para pessoas aGOSTO 11 8 Miguel Poisson, director-geral da ERA Portugal desde Janeiro de 2009, entrou na imobiliária em 2007, como consultor de operações. Formado em «Gestão» em 1995 pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto, frequentou no âmbito do «Programa Erasmus» a University College of Swansea, no Reino Unido, tendo iniciado a vida profissional como assistente nas áreas de análise de mercados, ‘marketing’ e informática na Diversey Limited, em Northampton. Com diversas outras formações pós-graduadas em vários países europeus e um MBA Executivo feito em Portugal, na Escola de Gestão do Porto, em colaboração com a London Business School e o Instituto de Empresa de Madrid, teve também experiências profissionais na Cargill, uma multinacional da área alimentar, e na Tabaqueira/ Philip Morris International. Ao fim de quatro anos na ERA, e tendo já chegado ao cargo de director-geral, olha para o seu percurso «com o mesmo espírito positivo, de dedicação e motivação do primeiro dia». Fazendo um contraponto entre esse percurso e o que profissionalmente teve antes, afirma não ter dúvidas de que ele «beneficiou bastante das experiências e aprendizagens vividas nos outros desafios profissionais». Na ERA teve a oportunidade de «conhecer um novo sector de actividade, mas que tem muito em comum com as áreas de ‘supply chain’» em que trabalhou, porque o negócio da imobiliária «tem muito a ver com a gestão de pessoas e de canais de distribuição». Para Miguel Poisson, ser director-geral da ERA é «ser parte integrante de uma equipa e ao mesmo tempo ter a capacidade de protagonizar um papel agregador, em torno dos objectivos da marca, para assim conseguir alcançar as metas pré-definidas». Neste sentido, acrescenta, «sendo a rede ERA composta por 2.200 pessoas, o que na prática se traduz num impacto em 2.200 famílias, fazer parte integrante deste universo é um imenso desafio e uma responsabilidade tão grande quanto motivadora». A oportunidade de liderar a imobiliária no nosso país, explica-a pela sua formação de base e pelo seu percurso profissional. «Este mundo é muito pequeno. Sei que os meus valores, a minha capacidade de trabalho e a orientação para os resultados tiveram influência na decisão. Mas esta questão deveria ser colocada a quem tomou a decisão de me contratar e não a mim.» © ERA Texto: António Manuel Venda Miguel Poisson é desde 2009 director-geral da ERA Portugal, empresa que, conforme assinala, «no ano passado apresentou os melhores resultados de sempre», num «negócio de pessoas e para pessoas». No ano passado, assinala Miguel Poisson, a ERA «apresentou os melhores resultados de sempre, crescendo 30 por cento em número de transacções e 24 por cento em facturação». Vendeu cerca de 12 mil casas e continuou com o seu plano de expansão e recrutamento, abrindo lojas e contratando colaboradores. «Em 2010 foram 602 novos colaboradores», diz Miguel Poisson, «e em 2011 continuamos a recrutar – 400 novos colaboradores – e a abrir lojas – 22 novas lojas no total –, isto para continuarmos a ser líderes da mediação imobiliária em Portugal». O segredo, explica, é «a aposta na prestação de um serviço de qualidade na mediação, que resulta obviamente de um investimento forte, feito ao longo destes 13 anos [fundada em 1972, nos Estados Unidos, a imobiliária chegou a Portugal em 1998], em formação, ‘marketing’, tecnologia e serviços». Miguel Poisson fala de «um negócio de pessoas e para pessoas», em que as pessoas «são o ponto de partida e de chegada». E acrescenta: «Costumamos dizer que o nosso negócio tem algo a ver com casas e muito a ver com pessoas, e esta máxima é a que melhor define a nossa marca e que melhor define o negócio da ERA. Por alguma razão somos a imobiliária em que mais portugueses confiam.» ZOOM RH Aniversários Este ano a Meta4 está a comemorar 20 anos de actividade. Eduardo Quero, que é em Portugal director comercial e de operações da empresa espanhola de ‘software’ de gestão de recursos humanos, salienta o orgulho de se terem tornado «numa empresa de referência no mercado» e conta que «quando se iniciou a actividade, em 1991, a aposta num crescimento faseado e sustentado foi clara». Nos primeiros quatro anos, ou fase ‘start-up’ (1991-1995), a Meta4 empenhou-se na internacionalização, com destaque para os mercados da América do Sul. «A segunda fase ficou marcada pelo crescimento baseado no produto, dotando-o de versatilidade e capacidade de aplicação a vários modelos de governo das organizações», refere o responsável, acrescentando que «nos últimos anos foi iniciada uma política de aquisições que resultou na ampliação do leque de serviços, nomeadamente ao nível de ‘outsourcing’ e «Software as a Service» (SaaS), aposta que pretende dar continuidade ao excelente comportamento da empresa em Portugal e a nível global». No nosso país, a Meta4 está presente desde 1995, tendo três anos mais tarde inaugurado os escritórios de Lisboa. «Temos vindo a receber do mercado respostas muito satisfatórias, que se materializam em mais de 100 clientes, assentando numa evolução também ela faseada e baseada em parcerias e no reforço do canal», faz notar Eduardo Quero. «Este ano foi aberta mais uma frente em termos de oferta BPO [‘business process outsourcing’] para todas as empresas cuja estratégia passa por externalizar os seus processos de recursos humanos.» Para além de destacar a conquista da Securitas Direct como cliente, que representa um universo de seis mil colaboradores para gerir, o responsável revela que estão «a preparar algumas novidades quer em termos de ‘web’ e ferramentas de comunicação, quer de produto». Pretendem ainda reforçar a presença junto das empresas, acreditando que «mesmo nos tempos que correm estas vão reforçar as suas ofertas e os seus serviços de qualidade, apostando na internacionalização e nas pessoas». E estão «atentos a possíveis aquisições em Portugal», revela. SP Coaching: dois anos a crescer Em Julho passado, a SP Coaching celebrou dois anos de existência. Segundo Sandra Pereira, ‘coach’ que lidera a empresa, têm vindo a «crescer de forma sustentada, procurando ir ao encontro das necessidades dos clientes, sempre com a preocupação de assegurar qualidade e credibilidade em todos os seus projectos». Sandra Pereira revela que um dos seus grandes desafios e objectivos é «inovar, trazendo o que de melhor se faz no estrangeiro na área do desenvolvimento pessoal». E acrescenta: «Graças à nossa forma de estar e actuar, conquistámos a confiança e a credibilidade junto do mercado e dos clientes, sendo a empresa já considerada de referência na área», garante. Para assinalar esta data, durante o mês de Julho as inscrições nos cursos da SP Coaching beneficiaram de um desconto de 30% e foi promovido um passatempo intitulado «Dois anos a iluminar caminhos». As duas melhores frases enviadas foram distinguidas com a oferta de duas inscrições para um curso de ‘coaching’. «É desta forma que pretendemos continuar o nosso caminho, encarando as dificuldades como oportunidades, contrariando a instabilidade do mercado com cursos, ferramentas e acções junto de indivíduos e organizações que realmente façam a diferença e possam ser consideradas um investimento de valor acrescentado», salienta Sandra Pereira. «Mesmo em momentos de maior incerteza, continuarão a ser as pessoas a ditar o futuro e o sucesso das organizações.» Textos: ALM aGOSTO 11 Meta4: uma evolução faseada 9 PRIMEIRA OPINIÃO Produtividade… Tudo vale a pena? © Conceito O2 Do intangível ao tangível pelos números Sofia Calheiros Directora Associada da Conceito O2 [email protected] Diz-nos o «Dicionário da Academia de Ciências de Lisboa» que produtividade é a faculdade de gerar, fornecer ou produzir. Faz parte de todos nós, ao longo de todo o ciclo de vida, olharmos para as coisas e pensar em novas utilidades, mais-valias, a dar ao que nos rodeia. Assim que o fazemos, e saltando as etapas que de premeio serão necessárias, alguém entra em ‘modus’ de actividade de produção. Por desafio e por questões intrinsecamente economicistas da raça humana, também faz parte de nós pensar na relação entre o que produzimos e os recursos que utilizamos. A esta relação chamamos produtividade e… Até aqui tudo bem. Mas como aumentar a produtividade? Como conseguir que cada um olhe para o seu trabalho e perceba o que pode fazer para criar mais-valias aqui e agora, já. das chefias. (Responsabilidade) - O sistema de recompensas e reconhecimento deve estar ligado ao bom desempenho (R&R) - Os objectivos deverão ser desafiantes e exequíveis, a qualidade um ‘must’ e a mediocridade não tolerada. (Padrões de Desempenho) - O sentimento de orgulho de pertencer à equipa é fundamental, e tem de ser estimulado no sentido da dedicação, no sentido de todos se entre-ajudarem para conseguirem que os resultados apareçam, se mantenham e cresçam. (Vinculação com a Equipa) A produtividade não melhora por decreto, mas melhora quando o ambiente é estimulante. A responsabilidade de tornar o ambiente estimulante é entre 50 a 70% de quem está ‘in charge’ em cada momento. aGOSTO 11 Tudo vale a pena desde que o alinhamento entre cada um e o seu trabalho seja vitalizante. Tudo vale a pena desde que cada um sinta o seu trabalho como um privilégio e perceba, no final de cada dia, quanto vale o que produziu. 10 Gostava de ver no olhar de cada português a centelha do resultado, mais-valia, a brilhar. Gostava de contribuir para a mudança de atitude face ao trabalho, passar de um «empilhar tijolo» para um «construir catedrais». Mas como conseguir isso? Penso, e os estudos de clima organizacional de forma consistente indicam-no, que se queremos resultados operacionais melhores temos de dar atenção às seis dimensões, responsáveis até 28% pela variância dos mesmos; a saber: - Eliminar procedimentos, regras, políticas desnecessárias. Sem ‘red tape’ a mais à volta da pessoa, estimulando e acolhendo as novas ideias. (Flexibilidade) - Cada pessoa deverá ter uma noção exacta de quanto contribui para o resultado global da sua organização, e o que é esperado de si em cada momento. (Clareza) - Cada pessoa deverá poder executar o seu trabalho, ao seu nível, com autonomia, sem ter que pedir constantemente a aprovação Diagnosticar o clima organizacional que se vive na sua empresa, ou na direcção, no departamento ou na secção é fundamental para fazer crescer a produtividade. Ser corajoso e fazê-lo é o que se espera de cada chefia, ser corajoso e contratar quem ajude a mudar a atitude, a cultura actual no sentido de que o ‘push back’ seja uma realidade, é o que pode fazer a diferença já. Produtividade … Tudo vale a pena? Tudo vale a pena desde que o alinhamento entre cada um e o seu trabalho seja vitalizante. Tudo vale a pena desde que cada um sinta o seu trabalho como um privilégio e perceba, no final de cada dia, quanto vale o que produziu. Os números ajudam a perceber isso; atribuir um valor ao que se faz é fundamental e requer um olhar sério. Transformar a intangibilidade do que fazemos num número é um dos primeiros passos a dar… Um passo de gigante. Medir o clima é um destes momentos. PUB Responsabilidade Social – Tema de Capa Fundação Luís Figo Para alavancar a felicidade Colocar a força e a capacidade de mobilização de massas do futebol ao serviço das crianças e dos jovens mais necessitados. Foi com este objectivo que Luís Figo criou e deu o nome a uma fundação – a Fundação Luís Figo – que procura «alavancar a felicidade» daqueles que são o futuro, ajudando-os a ter melhores condições de vida, para dela poderem usufruir em pleno. aGOSTO 11 Texto: Ana Leonor Martins Fotos: Fernando Piçarra 12 Constituída em Março de 2003, a Fundação Luís Figo é uma instituição de direito privado, com autonomia financeira e sem fins lucrativos, criada pelo futebolista de reconhecido mérito a nível mundial Luís Figo. É o próprio quem a ela preside, sendo que a direcção-geral está a cargo de Sara Souto, que esclarece que «a fundação tem vindo a orientar esforços, energias e recursos para projectos e actividades dedicados às crianças e aos jovens mais desfavorecidos, que possuem doenças graves ou que se encontram em risco de exclusão social, actuando no sentido de criar oportunidades que lhes permitam a afirmação de uma cidadania que ninguém lhes pode negar. Presta apoio a todos os níveis, social ou económico, tentando sempre ter a melhoria da qualidade de vida destas crianças e desses jovens como prioridade, apesar de em alguns casos se tratar, infelizmente, de assegurar pura e simplesmente a sua sobrevivência», partilha. A actuação da Fundação Luís Figo centra-se em quatro eixos: saúde, educação, desporto e esperança. «Na área da saúde – explica Sara Souto – actuamos com outras entidades, apoiando a Operação Nariz Vermelho, que leva alegria às crianças hospitalizadas, visitando cerca de 30 mil crianças por ano. Fizemo-lo primeiro com a adopção de um dos doutores palhaços e, mais recentemente, garanti- «Enquanto figura pública com possibilidade de ajudar, é óbvio que o Luís não pode olhar com indiferença para algumas injustiças que sente que devem ser combatidas», explica Sara Souto, directora-geral da fundação. aGOSTO 11 Responsabilidade Social 13 aGOSTO 11 14 © FLF © FLF © FLF © FLF © FLF Responsabilidade Social – Tema de Capa mos que todas as crianças internadas no Hospital Amadora Sintra serão visitadas por estes profissionais.» Estão também a apoiar o projecto «A postos para a escola», desenvolvido pela Entrajuda e que consiste na realização de rastreios oftálmicos, auditivos e dentários às crianças em idade pré-escolar, em instituições de solidariedade social na área da Grande Lisboa. Ainda este ano, vão também criar oportunidades para crianças com dificuldades sensoriais e motoras terem o acompanhamento de que necessitam, com a ajuda dos profissionais da Equipa Móvel de Desenvolvimento Infantil e Intervenção Precoce, que garantem a terapia necessária a estas crianças, quer em casa, quer na escola. E desde 2007 que integram a rede de parceiros que constituem a Stop TB Partnership na luta contra a tuberculose, tendo Luís Figo sido convidado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para ser «Embaixador da Luta contra a Tuberculose». Contribuem ainda para as campanhas de sensibilização da Associação Portuguesa contra a Leucemia. No que respeita à educação, Sara Souto destaca o projecto a que se estão a dedicar actualmente e que está a ser desenvolvido em conjunto com o Ministério da Educação. «Visa apoiar o ‘Programa TEIP’ [Territórios Educativos de Intervenção Prioritária] e surge da necessidade de promoção do sucesso, prevenção do abandono e melhoria do clima escolar, para crianças e jovens em risco de exclusão escolar e/ ou social. A fundação implementou o seu projecto-piloto na Escola da Bela Vista, em Setúbal, com grande impacto em termos de resultados, e esperamos alargar a outras escolas esta participação», revela. A Fundação Luís Figo associou-se também ao Alto Comissariado da Saúde, para apoiar a Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI) na sua campanha de prevenção de afogamentos infantis, «contribuindo activamente para a sensibilização tão necessária para que as mortes infantis por afogamento sejam cada vez menos uma realidade», sublinha a directora-geral. «Fizemo-lo porque este ano, e pela primeira vez, esta campanha integra crianças com necessidades especiais, alertando para a necessidade de redobrar a vigilância nestes casos.» No eixo do desporto, realizou-se em Junho passado a oitava edição do jogo AllStars. Foi em Viena, a convite do FK Áustria, que comemora o seu centenário e quis, juntamente com a Fundação Luís Figo, juntar estrelas do futebol, actuais e já retiradas, neste jogo de solidariedade. Sara Souto faz notar «a importância que este jogo tem vindo a assumir ao longo de todas as suas edições, pois as receitas têm sido usadas para implementar os mais diversos projectos». Com os fundos gerados – exemplifica –, «já apoiámos a Unicef, a Fundação Laureus e a Casa Responsabilidade Social Ronald McDonald, ajudámos na construção da Casa das Cores, uma casa de acolhimento para crianças desfavorecidas do Movimento ao Serviço da Vida, e estamos actualmente a contribuir para a construção do primeiro Centro de Acolhimento Temporário para crianças refugiadas, um projecto do Conselho Português para os Refugiados». Luís Figo Pelo direito a um futuro melhor Como lhe surgiu a ideia de criar a Fundação Luís Figo e com que objectivos o fez? A ideia nasceu há oito anos, altura em que eu estava em plena actividade profissional, com a grande exposição mediática que isso me trouxe. Foi quando pensei em aliar e aproveitar essa minha mediatização para contribuir para melhorar as condições de vida dos mais jovens, aproveitando o facto de a figura de um jogador de futebol profissional ser vista como um exemplo para muitos. A constituição da minha fundação, em Março de 2003, foi o concretizar dessa consciência de responsabilidade social e cidadania, levando à prática este projecto que tem como objectivo o apoio a crianças e jovens desfavorecidos ou com necessidades especiais. O que levou à escolha das crianças como centro da vossa intervenção? A nossa escolha recaiu sobre as crianças e os jovens, porque são o futuro. Por muitos se encontrarem em risco de exclusão social ou privados do seu pleno direito à vida, por motivo de doenças graves ou por situações socioeconómicas desfavorecidas, é a eles que a nossa intervenção se dirige. É com o objectivo de os ajudar a ter melhores condições de vida, maior integração social e melhores bases para poderem ser homens e mulheres mais fortes e felizes que temos vindo a desenvolver o nosso trabalho. O que mudou entre o miúdo que Luís Figo foi até ao que as crianças agora são? A sociedade mudou muito nestes últimos anos e as tecnologias fizeram alterar os hábitos dos mais jovens. Na minha infância e na adolescência brincava-se e jogava-se muito à bola na rua; julgo que hoje a realidade é outra. Em muitos casos, os jogos são virtuais, mas isso não quer dizer que eles não tenham o mesmo gosto e o mesmo interesse pelo futebol e pelo desporto em geral. Mas todos sabemos que a conjuntura actual não é fácil e que por isso, se por um lado se criou um mundo cheio de coisas novas e de novas oportunidades, por outro há dificuldades e obstáculos acrescidos. Educar, formar e orientar as crianças e os jovens de hoje não é tarefa fácil, cabe a cada um de nós, e aos que têm na sociedade um maior peso, pela sua exposição mediática, colaborar e ajudar para que todos, e particularmente os mais desfavorecidos, tenham direito a um futuro melhor. Como vê o seu papel junto destes jovens? Os atletas profissionais são vistos muitas vezes como um exemplo para muitos jovens e o futebol é sem dúvida um mobilizador universal de massas. Por isso, no meu caso concreto, a constituição da fundação foi tentar levar à prática essa consciência de responsabilidade social acrescida, procurando assim contribuir para a melhoria das condições de vida dos que mais precisam. Não estando em Portugal, calculo que não consiga acompanhar tão de perto como gostaria as actividades da fundação. Como faz essa gestão? Apesar da distância física, pois vivo em Madrid, hoje as tecnologias permitem acompanhar todos os assuntos bem de perto. Assim, mesmo não estando fisicamente, estou disponível e ao corrente de tudo o que se passa. E a gestão diária e operacional, ‘in loco’, é feita por uma equipa da minha confiança. aGOSTO 11 Dar esperança Falta referir o eixo esperança, que engloba muitos projectos, nomeadamente a Campanha Nacional de Oferta de Presentes, que a Fundação Luís Figo realiza anualmente, desde a sua criação, no Natal e no Dia da Criança. Este ano prevê distribuir um total de cerca de cinco mil brinquedos por hospitais, instituições e escolas situadas em zonas carenciadas, de norte a sul do país. «Tentamos tornar mágicas estas duas épocas, convidando crianças de diversas instituições a passarem um dia com o Luís Figo», conta Sara Souto. «Já o fizemos no Jardim Zoológico de Lisboa, na KidZania, no Zoomarine e nos circos de Natal que temos organizado anualmente. É muito gratificante ver a felicidade estampada no rosto de uma criança, por vezes momentos únicos de felicidade, mas são pontuais e não melhoram o seu futuro; melhoram aquele momento específico das suas vidas, o que obviamente também é bom, só que não chega», ressalva. «Mas queremos que sejam dias diferentes e cheios de alegria.» Também neste âmbito, a fundação vai, pelo segundo ano, promover campos de férias inclusivos juntamente com o Banco de Informação de Pais para Pais (BIPP), apoiando as crianças com necessidades especiais, portadoras de deficiência e/ ou carenciadas, permitindo-lhes frequentá-los a custo zero. O objectivo é desenvolver actividades que promovam a inclusão de todas as crianças em contextos regulares. Outra iniciativa é o «Projecto para Uma Vida Melhor», destinado a dar apoio individual e melhorar as condições de vida de crianças e jovens que, por motivo de doença ou outras limitações, têm a sua vida condicionada. Ofereceram, por exemplo, uma cama eléctrica a um rapaz de 10 anos com paralisia por espinha bífida e uma cadeira de rodas a uma adolescente paraplégica que vive num contexto socioeconómico difícil. Sara Souto destaca ainda o apadrinhamento de três crianças órfãs, integrado numa missão da associação Um Pequeno Gesto. «Garantimos que recebem alimentação, educação, vestuário e as condições de higiene e saúde mínimas, e também um tecto, ao construirmos uma habitação equipada com o que necessitam para terem uma vida digna, em Moçambique», partilha. «É com imensa emoção que recebemos cartas, fotografias e até a visita em Lisboa do padre que as acompanha.» Apesar de sublinhar que é essencial trabalhar to- 15 Responsabilidade Social – Tema de Capa Apesar de sublinhar que é essencial trabalhar todas as áreas de actuação, a directora-geral da Fundação Luís Figo afirma sem hesitar que onde há maior necessidade de intervenção é na saúde e na educação. aGOSTO 11 das estas áreas de actuação, a directora-geral da Fundação Luís Figo afirma sem hesitar que onde há maior necessidade de intervenção é na saúde e na educação. «É essencial e básico garantir as condições mínimas para que as crianças possam viver com dignidade. Depois, há que dar-lhes as ferramentas, através da educação, para que possam elas próprias, no futuro, garantir a sua sobrevivência. Sempre ouvi os meus pais dizerem que o importante não é dar o peixe, mas sim ensinar a pescar, e é isso que tento que se faça na fundação», sublinha. 16 Uma referência para os jovens Obviamente que para que tudo isto seja possível é preciso dinheiro. Sara Souto recorda que, no arranque da Fundação Luís Figo, foram essenciais os apoios dos seus mecenas, a Coca-Cola, o BPN e a Galp. Mas actualmente já não têm parceiros permanentes. «Para cada projecto e cada iniciativa, a fundação procura os parceiros adequados para a sua implementação», diz, revelando que o jogo AllStars é a iniciativa que permite a maior angariação anu- al de fundos. «A força que o futebol solidário tem enquanto meio de mobilização, sensibilização e comunicação é enorme, em virtude da grande notoriedade que assume, principalmente pela mediatização que acontece em torno deste espectáculo desportivo em que os ídolos do futebol marcam golos pela solidariedade.» Acrescenta ainda que o Luís Figo contribui não só com o seu envolvimento pessoal, mas também financeiramente. Por outro lado, «todos reconhecemos ao Luís o seu espírito vencedor, o carácter e o carisma», enaltece. «Essa dimensão, aliada à notoriedade e à fama que o mundo do futebol proporciona, permitem que a sua presença seja ‘per si’ uma referência para os jovens que têm que lutar para poderem ir mais longe, à semelhança do que o próprio Luís tem feito ao longo da sua vida.» Reconhece que o facto de a fundação ter o nome de uma grande figura na sua própria designação pode abrir portas, mas ressalva que também dá a Luís Figo uma responsabilidade acrescida. «O que o Luís quis ao criar a sua fundação foi ter um meio para alavancar a felicidade de muitas crianças e jovens que, às vezes, apenas precisam de um apoio e de uma mão amiga», realça a directora-geral. «Enquanto figura pública com possibilidade de ajudar, é óbvio que não pode olhar com indiferença para algumas injustiças que sente que devem ser combatidas, tentando desta forma dar o seu contributo. A sua notoriedade e sua credibilidade como um símbolo de Portugal ajudam a que olhem para ele e o oiçam, tornando mais fácil a divulgação da nossa missão.» Não obstante, Sara Souto admite que a difícil conjuntura económico-financeira que o país atravessa se traduz numa retracção nos apoios que recebem. «A crise não permite às empresas afectarem verbas para apoiar acções de solidariedade social com a mesma disponibilidade com que o faziam no passado, pois por vezes é a sua própria sustentabilidade financeira que tem que ser assegurada. Estamos todos num compasso de espera. Por outro lado – continua –, as consequências da crise na vida das famílias sensibilizam os gestores das empresas, tornando-os mais atentos a esta realidade, pois a população carenciada, num momento de crise, mais carenciada fica e, em algumas situações, os apoios não podem ser negados. Nós esforçamo-nos por angariar fundos, para os encaminhar para quem deles mais necessita. E, por vezes, com pouco pode fazer-se muito por quem nada, ou quase nada, tem.» A Fundação Luís Figo, nas palavras da sua directora-geral, «é grande em termos de actuação e muito pequena em termos dos actuantes», ou seja, da estrutura organizacional. «Esforçamo-nos por ser não só eficientes mas também eficazes no planeamento, na organização e no controlo dos projectos desenvolvidos e a desenvolver pela fundação», faz Responsabilidade Social Comunhão de objectivos Em termos de estrutura, a fundação tem um Conselho de Administração, presidido por Luís Figo e composto por Madalena Torres, Alberto da Ponte, Carlos Queiroz e Pedro Tavares. Existe ainda um Conselho Fiscal, mas toda a gestão diária operacional é assegurada por uma Direcção onde trabalham apenas duas pessoas. «No entanto, em algumas iniciativas, temos contado com a ajuda de jovens voluntários, que têm sido fundamentais para tornar possível toda a logística necessária, por exemplo no Dia da Criança e nos circos de Natal, para receber as crianças e as instituições, encaminhá-las e oferecer-lhes pequenas lembranças.» Sara Souto surge na direcção-geral da Fundação Luís Figo através do convite de um dos actuais ad- ministradores. «A missão da fundação e os objectivos a que se propõe cruzam-se com o facto de eu gostar de fazer algo pelos outros, herança que recebi dos meus pais, e com o facto de ter disponibilidade para o fazer e por acreditar que é possível ajudar quem precisa», partilha. «A comunhão destes objectivos e a forma como encaramos a vida é, sem dúvida, aquilo que une todos os que colaboram com a fundação. Foi o desafio certo na altura certa.» Licenciada em «Gestão de Empresas» e mestre em «Marketing Estratégico», foi precisamente na área de ‘marketing’ que iniciou a sua carreira. Mas porque sentiu que os seus filhos precisavam de «uma mãe mais presente», dedicou-se à docência, na vertente de publicidade, comunicação e ‘marketing’. Ao longo destes anos, nunca deixou de colaborar em projectos empresariais ligados à gestão, ao ‘marketing’ e à comunicação, até ter aceite o desafio da Fundação Luís Figo, em Maio de 2008. E é neste projecto que está agora totalmente empenhada, movida pela vontade de ajudar as crianças e os jovens que mais precisam. aGOSTO 11 notar. «Procuramos parceiros que nos auxiliem no desenvolvimento e na implementação desses projectos e gerimos os recursos humanos e financeiros, internos e externos, apoiando actualmente projectos nacionais e também além fronteiras.» 17 © Paulo Marques DUPLA EXPRESSÃO 18 20 técnicas de auto-motivação aGOSTO 11 Manuela Cruz Administradora da Célula 2000 [email protected] Num ensinamento, Buda discorre sobre quatro tipos de cavalos: o excelente, o bom, o mau e o péssimo. Segundo refere, o excelente cavalo põe-se em marcha antes mesmo de sentir o comando, basta ver a sua sombra ou ouvir o cavaleiro; o bom cavalo põe-se em marcha com um leve toque na garupa; o mau só se põe em marcha quando é fustigado; e o péssimo só quando sente a dor nos próprios ossos. Sem querer comparar nenhum leitor com estes fantásticos animais, peço que se pergunte a si próprio de que precisa para passar à acção. Perceber uma sombra? Um simples toque? O toque do chicote? Ou uma dor profunda? Parece-me que Portugal esperou demais. Teve de sentir uma dor profunda para passar à acção. Por isso temos cá a ‘troika’, sentimos as exigências/ limitações do Banco Central Europeu e a pressão de outros países como a Alemanha. Foi necessário sermos classificados como lixo para acordarmos? Diz o ditado que «antes tarde que nunca». Porém, agora, não podemos baixar os braços. Está na hora de, cada um de nós, agir, não esperando por motivações externas: a palavra chave é auto-motivação. Auto-motivação é a capacidade de alguém se motivar a si mesmo, para encontrar uma razão e a força necessária para fazer alguma coisa, sem a necessidade de ser influenciado a fazê-lo por outra pessoa. Trabalhando de uma forma consistente, sem desistir. Deixo-vos as minhas 20 técnicas de auto-motivação: 1. Faça uma lista de sonhos e objectivos a atingir. 2. Comprometa-se emocionalmente com as suas metas e os seus objetivos. 3. Desenhe um plano com as actividades a desenvolver e os recursos necessários e identifique uma data para cada uma das tarefas. Cumpra-as religiosamente. 4. Aprenda com as suas falhas. Cada erro é uma oportunidade de aprendizagem. 5. Aprenda com os projectos frustrados. Analise quais os objectivos que não foram definidos correctamente e que minaram o seu projecto, refaça-os com maior atenção e persiga-os com obstinação. 6. Faça uma rigorosa gestão do tempo e atribua graus de importância às suas actividades, começando sempre pelas urgentes. 7. Focalize-se na actividade que tem a desenvolver. Elimine todo o tipo de distrações (por exemplo, desligue o msn quando está a trabalhar). 8. Seja optimista e, sobretudo, entusiasta. Vai encontrar obstáculos mas poderá ultrapassá-los com maior ou menor dificuldade desde que se empenhe. 9. Desenvolva a sua capacidade de resiliência (a capacidade de ultrapassar as dificuldades, conseguindo adaptar-se e evoluindo positivamente perante a situação). 10. Supere a ansiedade. O medo de falhar e a ansiedade podem causar procrastinações. Uma forma de superar a ansiedade é enfrentar os seus medos, avaliar as razões que fazem sentir medo e dar pequenos passos para superá-las, confrontando-se com eles. 11. Atribua a cada dia uma missão específica. Se tiver uma missão bem presente, vai com certeza concluí-la até ao fim do dia. 12. Valorize cada sucesso que obtém. De cada vez que atingir um objectivo, ofereça-se a si próprio um presente. Faça um lanche especial, delicie-se com um gelado ou faça uma massagem. Cada um de nós merece ser recompensado e estas recompensas potenciam também a nossa capacidade de auto- motivação. 13. Crie desafios. O nosso entusiasmo e o nosso incentivo aumentam se tivermos metas desafiadoras e objectivos que nos permitam crescer ainda mais. 14. Seja flexível e adapte-se à mudança. Muitas vezes temos de «reajustar as velas se o vento mudar de direcção» e isso é sinónimo de inteligência. 15. Seja persistente. Ajuste as velas, mas não desista. 16. Divirta-se. Trabalhe com alegria e promova a boa disposição. Ao sentir-se bem com o que faz, sentir-se-á muito melhor consigo. Escolha sempre ver o copo meio cheio. 17. Crie ou aumente a sua rede de contactos. Mantenha relações constantes, troque informações, converse com outros profissionais dentro e fora de sua empresa, participe em grupos sociais, dê as suas opiniões a outros grupos e escute as deles. 18. Cuide da sua imagem e preserve a sua auto-estima. O tamanho do nosso sucesso está diretamente relacionado como a nossa imagem e o nosso bem-estar pessoal. 19. Mantenha a sua saúde física e mental. 20. Acredite em si, sempre. A auto-motivação é um dos pontos determinantes para o sucesso ou o fracasso. O profissional com uma motivação elevada trabalha com mais entusiasmo, obtém melhores resultados, ganha confiança em si mesmo e, consequentemente, tem mais possibilidades de atingir os seus objectivos. Alcançando as nossas metas, voltamos a motivar-nos e trabalhamos ainda com mais entusiasmo, começando tudo outra vez. A partir desse momento, entramos num agradável ciclo vicioso de sucessos. Experimente, vai ver que não custa nada… Das «largas auto-estradas» restam ruínas cheias do metal retorcido do que foram automóveis. É evidente que havia muitos, quando o petróleo abundava. Hoje restam as carcaças. A alimentação dos quase 900 mil portugueses chega-nos por ar, transportada por aviões alemães, fruto da caridade desse povo que nos governa, como a toda a Europa. Nas aulas de alemão que somos obrigados a ter desde os três anos de idade aprende-se que cada povo tem o destino que merece. O nosso foi definido há muitos anos na Conferência de Berlim: caixote do lixo da Europa. Mas em troca não nos faltaria nada. Espanha ficou como local de férias. Ainda houve alguns movimentos reaccionários, rapidamente abafados, que queriam que Portugal também ficasse com essa vertente, mas dava muito trabalho ter que servir os nórdicos. A grande vantagem de ser o caixote do lixo é que não temos que fazer nada. É só receber o lixo e em troca chegam os aviões com comida. Sobre isso o meu avô não faz comentários. Diz apenas que sempre fomos assim: preguiçosos e à espera de que nos sustentassem. Nisso não me custa acreditar. Agora que Portugal já foi um país com orgulho e glória, essa é que me custa engolir… Mas também o velhote já está um bocado senil. Artur Fernandes Advogado e Consultor de Recursos Humanos [email protected] aGOSTO 11 O avô conta com frequência que em Portugal já se viveram anos de ouro. Olho à minha volta, para o que é hoje a nossa vida, e custa-me a acreditar. Conta ele que no fim do século passado Portugal foi um país independente onde as pessoas eram proprietárias de apartamentos de luxo situados onde hoje se acumula o lixo que os países europeus mandam para cá. Olho pela janela do armazém onde vivemos cerca de 100 famílias, na maioria constituídas por velhos como o meu avô. Na minha frente grandes máquinas de lagartas arrumam toneladas de detritos, abrindo espaço para outras toneladas que enormes batelões vindos dos países do norte esperam para despejar. Hoje Portugal é sinónimo de «caixote do lixo» da Europa. Por isso custa acreditar que este país mal-cheiroso e doente já tenha tido orgulho e glória. Mas o meu avô diz que se lembra disso . Ouço-o incrédulo dizer que a esperança média de vida era de mais de 70 anos, quando hoje os odores nauseabundos dos detritos holandeses não permitem que se viva mais de 50. Conta que largas auto-estradas ligavam um interior verdejante e com qualidade de vida ao litoral onde o mar era azul. Dou-lhe o desconto da idade. O interior é inóspito, deserto e perigoso e o litoral é banhado por uma lama pestilenta onde só os loucos suicidas arriscam entrar. Tempos difíceis/ anos de ouro A grande vantagem de ser o caixote do lixo é que não temos que fazer nada. É só receber o lixo e em troca chegam os aviões com comida. © Vítor Gordo DUPLA EXPRESSÃO 19 Entrevista Rui de Brito Henriques Estabilidade e coerência num grupo empresarial quase com 25 anos Accionista e administrador de um grupo português com forte implementação no mercado de recursos humanos, Rui de Brito Henriques fala com orgulho de um percurso empresarial que irá cumprir 25 anos em 2012. «Estabilidade» e «coerência» são as primeiras palavras que utiliza para caracterizá-lo. Texto: António Manuel Venda Foto: Vítor Gordo aGOSTO 11 Ao fim de 24 anos do Grupo RHmais, o que destacaria de forma a fazer um balanço sucinto deste percurso? Estabilidade e coerência seriam os dois conceitos-chave que utilizaria se me pedisse um resumo de apenas uma linha… Mas como disponho de um pouco mais, desenvolvo os mesmos, acrescentando a manutenção de uma actividade ininterrupta nos cerca de 8.800 dias de existência, sem a mais pequena disrupção, nem sobressalto empresarial ou laboral, cumprindo escrupulosamente todos os meses e sem qualquer atraso as obrigações fiscais e laborais, mantendo em simultâneo as características de grande grupo nacional vocacionado para as soluções em gestão de recursos humanos e com um crescente reconhecimento do mercado. 20 Que contraponto faz entre a evolução do grupo e a evolução do país, sabendo-se que Portugal já não é o mesmo da década de 1980, assim como o grupo não será necessariamente igual? Verificou-se, de facto, uma enorme evolução no portfólio de serviços e no ‘business frame’ do grupo ao longo destas mais de duas décadas. No início, a actividade centrava-se em torno das oportunidades decorrentes da nossa entrada na então denominada Comunidade Económica Europeia (CEE): essencialmente, formação e serviços técnicos de apoio às entidades gestoras de fundos comunitários – auditorias e sistemas de controlo. Com o tempo, o grupo foi agregando competências e estruturas nos domínios dos diversos serviços de psicologia, trabalho temporário, sistemas de organização e informação, desenvolvimento e comercialização de ‘software’ de gestão de recursos humanos, consultoria estratégica e da qualidade e, por fim, de gestão operacional de ‘contact centers’, o actual ‘core’ da RHmais. Em termos de dimensão de grupo, teremos evoluído de 30 para 3.000 colabo- radores e para uma facturação que ultrapassará os 40 milhões de euros. Num negócio em que actuam algumas multinacionais, como vê a presença numa posição de destaque de um grupo empresarial português como o Grupo RHmais? Em primeiro lugar, arriscaria dizer que se deve, igualmente, ao facto de sermos das três ou quatro empresas mais antigas a operar no mercado, mantendo sempre elevados padrões de inovação e qualidade na nossa relação com os clientes. Não lutamos para ter a mais elevada quota de mercado. Lutamos diariamente connosco próprios para sermos um grupo que presta um serviço único, de forma a sermos líderes de mercado na criação de conforto aos nossos clientes: fiabilidade, rigor, dedicação, partilha dos seus valores. Não é para isso que estão cá as multinacionais… Temos também vindo a defender que, face às novas condições económicas do país, na sequência do Rui de Brito Henriques, 56 anos e pai de seis filhos, é licenciado em «Engenharia Electrotécnica – Electrónica e Telecomunicações» pelo Instituto Superior Técnico (1978). Empresário, formador e consultor em recursos humanos, é accionista e administrador da ‘holding’ do Grupo RHmais, a RHmais – Investimentos e Consultoria, e administrador-delegado da RHmais – Organização e Gestão de Recursos Humanos. É também gerente da Multitempo – Empresa de Trabalho Temporário. Integra a Direcção da Associação Nacional das Empresas de Recursos Humanos (ANERH), como vice-presidente. Entrevista O que é que tem levado o grupo a dar muita atenção ao mercado das pequenas e médias empresas (PME)? Até meados da década de 1990 estávamos completamente orientados para o serviço às grandes empresas e instituições do país, que representavam mais de 90% da nossa carteira de clientes: EDP, Portucel, Petrogal, CP, DGCI, Portucel, Banca, etc. Então, através do estabelecimento de parcerias estratégicas com algumas das principais associações empresariais, a RHmais teve o privilégio de apoiar – em intervenções de consultoria e formação de duração semestral a anual, e até ao momento – 866 PME de norte a sul do continente e nas regiões autónomas, particularmente a da Madeira. Conhecemos este tecido empresarial como ninguém, em áreas como a internacionalização, a qualidade, os sistemas de gestão – recursos humanos, informação, financeira, comercial, etc. Por quê este reposicionamento? Sentido de utilidade, volume de vendas e planeamento de projecto e de recursos a médio e longo prazo. Complementarmente, e a par de grandes clientes empresariais, na área do trabalho temporário do grupo – a Multitempo – dedicamo-nos igualmente a um universo de dezenas de PME. Qual a sua visão das diversas áreas de negócio do grupo e como perspectiva o seu futuro? Genericamente, o Grupo RHmais presta serviços num contexto vulgarmente conhecido como ‘outsourcing’ de processos de negócio, a par da sua especialização na área do trabalho temporário. A uma e outra reconhecemos um futuro longo, tendo em conta que é dos sectores que mais emprego tem gerado e as mais recentes tendências enunciadas para o emagrecimento do Estado e a flexibilização do mercado de trabalho. Concentrar-nos-emos nos sectores que melhor irão «surfar a próxima onda»: exportador, telecomunicações, automóvel, agroalimentar, etc. Nos serviços mais específicos de formação, recrutamento e selecção e consultoria, antevemos um período de alguma retracção em consonância com a evolução económica do país. Somos, contudo, um grupo que pensa de forma positiva e que acredita que tem, igualmente, um papel a desempenhar para ultrapassar esta crise, nomeadamente pela forma intensa como criamos emprego em muitas regiões do país e em vários sectores de actividade. O grupo irá actuar noutras áreas, dentro do seu negócio ligado à gestão das pessoas? O Grupo RHmais já dispõe de um vasto leque de serviços, materializado em marcas registadas que cobrem, eu diria que na totalidade, as necessidades que o mercado tem deste tipo de parceiros: «Outsourcingmais»; «Contactmais»; «Formaçãomais»; «E-Learningmais»; «Qualidademais»; «Clientemais» (cliente-mistério); «Selecçãomais»; «Comérciomais» (formação e consultoria para o comércio); «Rugbymais« (‘outdoor’), Multitempo Trabalho Temporário, Multitempo Serviços, etc. A nossa estratégia passa por aprofundar e melhorar os nossos serviços actuais, como por exemplo o ‘upgrade’ que estamos a fazer na nossa plataforma de ‘e-learning’, bem como a nossa comunicação com o mercado. «Faço aquilo de que realmente gosto, liderar equipas, planear, organizar, estabelecer relações comerciais e pessoais fortes, duradouras e de vantagens recíprocas.» Como vêem o espaço lusófono em termos de oportunidades de negócio para as vossas empresas? Em processos de parceria com clientes presentes nos países lusófonos, fomos desenvolvendo alguns projectos desde o início da empresa. Consideramos que este universo constitui um espaço de oportunidades de negócio, pela partilha da língua comum – o nosso negócio é baseado neste ‘shared value’ –, mas não o abordaremos proactivamente. Os 25 anos do Grupo RHmais, em Maio do próximo ano, vão ser comemorados de forma especial? Naturalmente que sim. É um marco com um enorme simbolismo. Iremos querer partilhar emotivamente este momento com os clientes, os colaboradores e, de uma forma geral, com todos os nossos ‘stakeholders’. Em termos da sua carreira, quase um quarto de século de ligação a um projecto como este o que é que significa? Tenho praticamente 34 anos de percurso profissional e quase todo ele ligado a este sector de actividade e dos quais 20 anos nesta empresa, na qual comecei por ser director de formação. O segredo para esta longevidade? A sorte. A sorte de ter trabalhado com os melhores colaboradores do mundo, de ter partilhado o meu próprio crescimento pessoal com colegas de excelência e de, na fase mais recente de administrador e accionista, fazer parte de um colectivo de ‘shareholders’ com uma visão partilhada sobre o presente e o futuro do grupo. Fazer aquilo de que realmente gosto, ou seja, liderar equipas, planear, organizar, estabelecer relações comerciais e pessoais fortes, duradouras e de vantagens recíprocas, sentir-me feliz com a felicidade dos outros e com os resultados que se atingem, partilhar os momentos de frustração e dar a volta por cima, em equipa, em colectivo, reforçando cada vez mais a empresa e a percepção que o mercado tem, são as condições essenciais para ajudar a manter vivo o projecto e para me manter, pessoal e profissionalmente activo. aGOSTO 11 «Memorando de Entendimento» estabelecido pelo Estado Português e com as instituições financeiras europeias e mundiais credoras, ainda que sem recurso a medidas proteccionistas desadequadas e mesmo impossíveis no contexto da União Europeia, as empresas e as instituições que compram o tipo de serviços que prestamos deveriam agir como cada consumidor individualmente o deverá fazer: sempre que possível comprar nacional, como opção prática de estimular a economia portuguesa e reter no nosso país os activos financeiros, capitais, dividendos e consequências fiscais decorrentes, de que tanto precisamos. Operam no mercado português empresas nacionais com consistência financeira e ‘foot-print’ de qualidade igual ou superior ao de muitas multinacionais ou empresas de capital estrangeiro, pelo que não será difícil esta opção ser tomada por parte das empresas compradoras. 21 CRÓNICA RELAÇÕES LABORAIS Contratação a tempo parcial © João Andrés Todos podem ganhar aGOSTO 11 Cláudia Mendes Torres; Associada da Teixeira de Freitas, Rodrigues e Associados, Sociedade de Advogados; [email protected] 22 A contratação a tempo parcial permite satisfazer os interesses dos trabalhadores, de política de emprego e das empresas, desde que utilizada sem o intuito de intimidar a evolução na carreira ou pôr em causa a segurança no emprego. As novas formas de organizar o tempo de trabalho têm vindo a introduzir modernos conceitos como o de ‘flexitime’ e horários deslizantes ou em plataformas que permitem adequar os tempos de trabalho em função das necessidades e dos interesses do trabalhador e da empresa. Porém, a actualidade das organizações evidencia o contínuo recurso à figura do trabalho a tempo parcial. A contratação a tempo parcial permite satisfazer os interesses dos trabalhadores, de política de emprego e das empresas, desde que utilizada sem o intuito de intimidar a evolução na carreira ou pôr em causa a segurança no emprego. Esta forma de contratação satisfaz os interesses dos trabalhadores, conferindo-lhes a oportunidade de ajustar a actividade profissional às necessidades da sua vida pessoal e familiar. Permite ainda que se dediquem a outras actividades profissionais, aumentando a sua fonte de rendimento em tempos de instabilidade. E não se pode olvidar os reflexos que a correcta gestão do tempo de trabalho tem ao nível do desempenho, da saúde e da qualidade de vida dos trabalhadores. Relativamente à política de emprego, a contratação a tempo parcial permite reduzir a taxa de desemprego, repartindo o emprego disponível. Embora sem consensos, é defensável que esta prática sirva para potenciar o consumo, contribuindo para revigorar a economia. Quanto às empresas, a contratação a tempo parcial permite uma maior optimização dos recursos, adaptando a jornada de trabalho às necessidades produtivas. Neste âmbito, é afastada a possibilidade de os sindicatos e as associações de empregadores porem em causa o trabalho a tempo parcial, prevendo-se que esta forma contratual possa ser ajustada a todo o tempo, por escrito e em conformidade com as formalidades legais, não podendo ser objecto de restrições por instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho (IRCT). Atenta a sua relevância e a sua contemporaneidade, o trabalho a tempo parcial encontra-se regulado no Código do Traba- lho – CT (Lei 07/2009, de 12 de Fevereiro). Resulta do CT que as condições de trabalho em geral dos trabalhadores a tempo parcial devem ser equivalentes às dos trabalhadores a tempo completo. Qualquer tratamento diferenciado carece de justificação objectiva. Actualmente, para que se esteja perante uma situação de contratação a tempo parcial é necessário que o trabalho a tempo parcial corresponda a um período normal de trabalho semanal inferior ao praticado a tempo completo em situação comparável. Saliente-se que o actual regime jurídico suprimiu o limite máximo de redução de 25% em relação ao tempo completo em situação comparável para que existisse trabalho a tempo parcial. Assim, salienta-se que o facto de um trabalhador ter um período normal de trabalho inferior a outro não significa que tenha celebrado um contrato de trabalho a tempo parcial, pois o CT não obriga a que numa empresa todos os trabalhadores tenham de prestar oito horas de trabalho diárias. Salvo estipulação em contrário, o trabalho a tempo parcial pode ser prestado em todos ou em alguns dias da semana, por mês ou por ano. Contudo, não poderá ser prejudicado o descanso semanal, e o número de dias de trabalho deverá ser fixado por acordo. Note-se que o acordo de prestação de trabalho a tempo parcial, devidamente datado e com as assinaturas reconhecidas notarialmente, não pode cessar por arrependimento do trabalhador. Relativamente à modificação do período de trabalho, a passagem de trabalho a tempo completo para tempo parcial por período determinado confere ao trabalhador, decorrido este, o direito a retomar a sua prestação a tempo completo. Numa altura em que a utilização racional dos recursos constitui orientação predominante, importa desenvolver planos, políticas e acções que satisfaçam as necessidades organizacionais. Sem descurar as características do efectivo para o sucesso empresarial. PUB Reportagem – Empreendedorismo aGOSTO 11 Histórias inspiradoras 24 Uma mercearia de produtos tradicionais portugueses ‘gourmet’, uma empresa que procura democratizar o cultivo dos cogumelos e uma plataforma ‘on-line’ que permite aos pais acompanhar o dia-a-dia dos seus filhos na escola. O que estas três histórias têm em comum é a materialização de um sonho; são histórias inspiradoras de quem não se acomodou à realidade. Texto: Ana Leonor Martins Literalmente a partir de um sonho, foi assim que surgiu a Marmelada à Fatia, uma mercearia de produtos tradicionais portugueses ‘gourmet’. O sonho foi de Ricardo Neves, que assim que acordou o partilhou com a sua mulher, Salomé Santos. «Nesse mesmo dia, quando íamos levar os nossos filhos à escola, reparámos que não existia nada do género no Bairro da Encarnação [em Lisboa], onde tínhamos nascido e crescido. Isso, aliado ao gosto da Salomé pela gastronomia e também ao facto de estar a atravessar uma fase menos boa a nível profissional, foi o passo decisivo para avançarmos com a ideia», conta Ricardo. «Há já muito que falávamos em ter um negócio próprio na área da restauração, pelo gosto que tenho em cozinhar para os outros, mas quando pensávamos o que isso comportava financeiramente desistí- Reportagem Foi literalmente a partir de um sonho que surgiu a Marmelada à Fatia, uma mercearia de produtos tradicionais portugueses ‘gourmet’, de Ricardo Neves e da sua mulher, Salomé Santos. © Marmelada à Fatia www.marmeladaafatia.com/), principalmente nas redes sociais, «que estão cada vez mais na moda», diz. Já a Ricardo, «comercial desde sempre», profissão que mantém, cabe-lhe tratar de toda a logística no exterior da loja. E é para lá que vai quando sai do seu emprego, ficando até ao fecho da loja, às 22 horas. Aos sábados está lá todo o dia e, apesar de não ser escanção nem enólogo, faz aconselhamento de vinhos, queijos e enchidos. Este ano, a Marmelada à Fatia entrou nos festivais de Verão, tendo estado presente no «Optimus Alive!». Em relação ao futuro, e «porque as despesas são muitas», os mentores do projecto desejam apenas conseguir manter o sonho. O fascinante mundo dos cogumelos O que levou Rui Coelho a apostar num negócio por conta própria aos 31 anos foi principalmente a motivação de poder trabalhar em áreas ligadas à sua formação de base, a engenharia biotecnológica. «Em termos de oferta de trabalho, apesar de poder seguir muitas vias, como por exemplo a indústria alimentar ou a farmacêutica, as poucas oportunidades que existiam na altura não eram muito aliciantes e por vezes até colidiam com os meus princípios», partilha. E por isso, quando percebeu que existia uma grande procura de informação sobre o tema cogumelos, quer silvestres, quer de cultura», surgiu a ideia de criar a Quadrante Natural – Micologia e Ambiente. Foi em Abril de 2009 que, com a ajuda de mais dois sócios, Paulo Andrade e Marta Ferreira, decidiu embarcar nesta aventura. O empreendedor conta que chegaram à conclusão de que, excepto alguma informação que havia na Internet e em alguns livros publicados no estrangeiro, não havia quase informação acessível ao público sobre o estudo dos cogumelos. Actualmente – continua –, «nem os cursos superiores de ciências biológicas e afins têm cadeiras onde incluam aprofundadamente a macromicologia; decidimos então valorizar a nossa experiência com cogumelos e aprofundar os nossos conhecimentos aGOSTO 11 amos», acrescenta Salomé. «O Ricardo ter sonhado a mercearia foi o empurrão que faltava. Continuávamos e estar envolvidos com a gastronomia mas sem o peso financeiro que comporta abrir um restaurante.» O sonho tornou-se realidade em 2009 e Ricardo Neves partilha que, «incrivelmente, num ano de crise, passar à prática foi bem mais fácil» do que julgavam. «Principalmente a nível financeiro foi relativamente rápido e fácil, pois ao contrário da maioria das pessoas que pensam abrir um negócio nós não recorremos a nenhum fundo comunitário ou programa do género, fomos directos à fonte, ou seja, ao banco», conta. «A maior dificuldade foi mesmo conseguirmos tempo para irmos directamente aos produtores para escolhermos o que queríamos ter na loja.» A Marmelada à Fatia começou por ser só uma mercearia, mas depois foram sendo adicionados mais serviços, nomeadamente «a cafetaria onde servimos um café de excelência da Nespresso e os exclusivos pastéis de nata de chocolate, da Magia Dourada em Estremoz», esclarece Salomé. E acrescenta: «Temos também o nosso evento mensal, ‘A Noite das Tibornas’, que consiste em recriar uma tradição portuguesa que acontece normalmente na altura da safra da azeitona, que é servir uma fatia de pão torrado com azeite. Nós adicionámos mais alguns produtos, sempre nacionais, e, claro, sempre regados com um bom vinho tinto. Temos também as provas de vinhos sempre que um produtor lança um novo vinho ou que recupera algum já esquecido pelo cliente final.» Na mercearia propriamente dita, encontra-se iguarias desde pão cozido em forno de lenha a doces regionais, passando por queijos curados e frescos, especiarias, cafés, chás, chocolates, azeites simples e aromatizados, vinagres, vinhos, licores, compotas e tantas coisas mais que trazem à memória lembranças de outros tempos. É precisamente das «lembranças de outros tempos» que surgiu o nome Marmelada à Fatia. «Faz-me recordar os tempos de miúda, quando ia com a minha avó à mercearia comprar exactamente marmelada à fatia, entre outras coisas, claro», conta Salomé. Para Ricardo, o que mais fascina neste negócio é, «claramente, lidar com o público, poder aconselhar algum produto ou contar a história por detrás dele, do fornecedor, porque muitos têm muita história», salienta. «A recompensa disso mesmo é as pessoas voltarem e ficarem agradadas com o produto que nós aconselhámos», acrescenta Salomé. Um dos principais objectivos da Marmelada à Fatia foi precisamente «tentar recuperar a vida e o comércio tradicional no Bairro da Encarnação, fazer com que a nova geração que vive no bairro onde estamos, e que é a nossa geração, saia à rua e venha desfrutar do bairro, tomar um bom copo de vinho com os amigos e conversar», completa o empreendedor. O negócio tem sido gerido por Salomé, que trabalhou muitos anos na área de formação, mas ficou desempregada por extinção do posto de trabalho. É por isso ela quem está a tempo inteiro na loja, trata de fornecedores e dinamiza a divulgação da Marmelada à Fatia (http:// 25 © Quadrante Natural Reportagem – Empreendedorismo aGOSTO 11 Rui Coelho, com a ajuda de dois sócios, Paulo Andrade e Marta Ferreira, apostou num negócio por conta própria em áreas ligadas à sua formação de base, a engenharia biotecnológica, o que levou à criação da Quadrante Natural. 26 para divulgá-los sob a forma de ‘workshops’ e cursos práticos». A actividade da Quadrante Natural assenta essencialmente na realização de acções de formação em diversas áreas ligadas às ciências da natureza em geral. «No entanto, cada vez mais temos tido uma crescente procura de produtos para a actividade de produção de cogumelos, principalmente ‘semente de cogumelo’, para auxiliar os novos produtores que frequentam as nossas acções de formação», esclarece. «Simultaneamente, prestamos serviços de consultoria sobre a produção de cogumelos e o aproveitamento de cogumelos silvestres.» Há várias coisas nos cogumelos que fascinam Rui Coelho, desde logo o facto de serem «seres vivos com características únicas». E esclarece que apesar de algumas pessoas acharem que se trata de um vegetal ou uma planta, na verdade os cogumelos são fungos evoluídos que podem até apresentar características em comum com alguns animais. «São seres que nos surpreendem, pois nunca se sabe exactamente quando e onde vão surgir», faz notar. Antes de terminar o curso, o jovem empreendedor trabalhou durante alguns anos numa área completamente distinta, contabilidade. Mas depois trabalhou em investigação científica no Instituto de Tecnologia Química e Biológica (ITQB), passando ainda pelo associativismo ligado à micologia até à constituição da empresa. Recorda que passar da ideia à prática não levou mais do que dois meses, «uma vez que para iniciar a actividade não foram necessários grandes investimentos». Ainda bateram à porta de várias entidades oficiais para saber se poderiam beneficiar de algum tipo de apoio, mas por uma razão ou por outra foi-lhes sempre recusado. Assim, admite que para a constituição do capital social tiveram que recorrer ao apoio dos familiares. Em termos de actividade, «as principais dificuldades foram, inicialmente, chegar até ao público que sabíamos que potencialmente teria interesse nas acções de formação», revela Rui Coelho. «Apostámos no canal ‘web’, mas não estávamos a conseguir atingir o público-alvo apenas com a nossa recém-criada página na Internet (disponível em http://www.quadrante-natural. pt/). Inicialmente investimos pouco em publicidade e só mais tarde percebemos que as pessoas não chegavam naturalmente ao nosso ‘site’, que é a montra e o local de inscrição nas actividades.» Mas a visibilidade e a procura de clientes tem sido crescente, não só porque investiram em publicidade mas também, e cada vez mais, pelo «passa-palavra» e pela sinergia gerada entre os diferentes temas das actividades. E hoje a Quadrante Natural conta já com oito formadores externos, que colaboram nas formações ligadas às temáticas do ambiente e da natureza, como por exemplo produção de cosméticos, tintas ecológicas, micropropagação de plantas ou poupança de energia em casa. Um dos principais objectivos da Quadrante Natural é «a democratização do cultivo de cogumelos numa vertente de ‘hobby’ ou mesmo de negócio, pois até aqui tinha sido um segredo guardado a sete chaves pelos produtores de cogumelos», sublinha Rui Coelho. «Outro objectivo é contribuir para a desmistificação associada aos cogumelos silvestres, pois quase todos os anos morrem pessoas intoxicadas como resultado da total falta de conhecimento e da utilização de mezinhas falíveis na identificação de cogumelos mortais», alerta. «Os cogumelos silvestres comestíveis podem ser consumidos de uma forma completamente segura desde que se tenha formação na área. É inacreditável que existam mesmo pessoas que testam se os cogumelos são ou não tóxicos dando-os previamente aos gatos.» Quanto ao futuro, o objectivo é «diversificar cada vez mais a oferta formativa na área das ciências naturais, pois há uma crescente procura de actividades que aproximem as pessoas das suas raízes através de um ‘hobby’ e também de pessoas que têm interesse em iniciar ou reforçar uma actividade diferente, ligada à agricultura e ao campo». Para atingir este objectivo, conta Rui Coelho, «estamos permanentemente abertos a propostas de parcerias e de futuros colaboradores que tenham experiência nas suas áreas». Por outro lado, gostariam de «aumentar a capacidade de produção de materiais necessários ao cultivo de cogumelos», sendo que nesta última vertente «perspectiva-se a médio prazo a introdução destes materiais noutros mercados, principalmente no espanhol». Para uma educação mais participada Da experiência como pais e das dificuldades que tinham, com carreiras profissionais intensas, em conseguir acompanhar a evolução dos seus filhos na escola, nasceu a ideia de Pedro Barros e Paulo Mateus, amigos e ex-colegas de faculdade, de criar a Weduc, uma plataforma de comunicação ‘on-line’ (pode ser acedida em http://www.weduc.com/) que permite aos pais acompanhar o dia-a-dia escolar dos seus filhos. «Desde que deixava os meus filhos de manhã cedo na escola até que voltava a estar com eles ao final do dia, aconteciam-lhes muitas coisas e interagiam com muitos educadores que na maioria nem conhecia. Se conseguia estar em contacto ‘on-line’ com amigos e com colegas de todo o mundo, porque não o poderia fazer com os educadores dos meus filhos, que são uma prioridade na minha vida? Da ideia de plataforma de comunicação até uma rede social mais ampla para toda a área educativa foi um salto, pois percebemos que ainda não existia nada no mundo com estas características», recorda Pedro Barros, administrador da Lusoeduc. A vontade em criar algo novo e diferente sempre esteve presente na sua vida, «e quanto mais evoluía na carreira mais vontade tinha de arriscar e seguir o meu caminho», partilha. Formado em gestão, seguiu carreira no mundo do ‘marketing’, o que elevou a sua consciência para a necessidade de comunicação, e passou depois pela área da publicidade, o que lhe estimulou «a visão criativa e disruptiva, acompanhando as tendências de comunicação digital». Já Paulo Mateus seguiu uma carreira financeira, sempre ligado aos sistemas de informação, tendo depois evoluído para uma carreira internacional de consultoria. Apesar de «partir de uma folha em branco» ser sempre difícil, Pedro Barros sublinha que é também «muito estimulante». E conta como passaram da ideia à prática: «Depois de formatar o conceito e de criar um ‘business plan’, precisámos de angariar capital para arrancar com a empresa e começar a produzir a plataforma. Nesta fase zero ainda foi possível conciliar com as anteriores ocupações profissionais, mas assim que passámos a ter a versão beta e foi possível apresentar ao mercado a plataforma, o nível de exigência obrigou a uma dedicação a 100%.» Isto marcou uma nova fase, «a pas- © Lusoeduc Da experiência como pais e das dificuldades que tinham, com carreiras profissionais intensas, em conseguir acompanhar a evolução dos seus filhos na escola, nasceu a ideia da Weduc, de Pedro Barros (na foto) e Paulo Mateus. sagem de empreendedor para empresário», que aconteceu no início de 2010. «Na actividade institucional e comercial fomos afinando os eixos estratégicos, quer do modelo de negócio, quer da abordagem e dos serviços prestados num sector que pouco conhecíamos, de forma a adequar o melhor possível a Weduc às necessidades dos vários agentes educativos e podermos pensar na fase seguinte, de consolidação», salienta. A Weduc «permite a partilha de mensagens, de fotografias, de ficheiros, avaliações, ‘links’ ou até do progresso escolar das crianças, podendo-se interagir com os vários professores da escola, com os educadores das actividades de tempos livres (ATL), centros de desporto, ensino musical, línguas e até mesmo explicadores», esclarece Pedro Barros. Ver as notas curriculares, fotografias das actividades, receber os pedidos de autorização dos passeios, acompanhar o que se passou na natação ou para, em relação aos mais pequenos, saber como comeram e se portaram, são alguns exemplos. «Permite ainda aos professores comunicar e partilhar conteúdos com outros professores, da mesma escola ou de outras, trocando experiências e boas práticas, e os pais também podem comunicar com os outros pais da turma dos seus filhos. Recentemente, os alunos também passaram a ter um papel activo na plataforma.» O empresário revela que «o objectivo é aproveitar o melhor da ‘web’ 2.0 para tornar o processo educativo mais social, para promover um conhecimento colectivo e usá-lo para uma melhor educação, mais participada e integrada, ligando em rede todos os agentes educativos de várias cidades e mesmo de vários países. Todos os parceiros têm uma página de perfil de entidade, que se assemelha a um ‘microsite’, onde podem divulgar os seus serviços e onde os pais podem conhecer as avaliações que os outros pais fazem desses mesmos serviços», explica. «Na plataforma, cada aluno poderá interagir numa rede de educadores que o podem ajudar a desenvolver as suas competências individuais, estimulando o melhor que há em cada um, e podem também estar presentes todas as entidades que sejam relevantes para o universo infantil e escolar, como por exemplo empresas de transporte, museus, editoras ou centros de festas.» Pedro Barros garante que «o reconhecimento da inovação e da mais-valia da plataforma não podia ter sido melhor, quer do lado das escolas, quer do lado dos pais. Temos conseguido trazer muitas escolas para a Weduc, e vamos arrancar neste novo ano lectivo com mais de 10 mil utilizadores, essencialmente da área privada, mas com muitas escolas públicas e associações de pais em fase de preparação», revela. Admite que «o ambiente negativo da crise económica tem abrandado o processo de decisão», mas assinala que estão confiantes e também muito focados na internacionalização, com projectos já a decorrer na Hungria e no Brasil. O objectivo é serem «globais e espalhar o conceito de uma rede social funcional, totalmente dedicada à educação, por muitos mais mercados». aGOSTO 11 Reportagem 27 CRÓNICA © Vítor Gordo FORMAÇÃO aGOSTO 11 Sara Sousa Brito Directora-geral da Global Estratégias [email protected] 28 Quem cria a diferenciação são as pessoas. Seja pela relação que estabelecem com os clientes, pelos ‘inputs’ que introduzem todos os dias, ou simplesmente pela forma como se envolvem. As soluções de formação na criação de vantagens competitivas A retenção de clientes e o aumento do volume de vendas é o foco de qualquer empresa. A questão actual que se coloca é como criar a diferenciação nos produtos e/ ou serviços que se apresentam ao mercado, criando o «sentimento de preferência» por parte dos consumidores. Esta é uma abordagem que pode parecer à primeira vista «marketiniana», mas não é, pois não podemos perder de vista que o foco das empresas é na venda e que todas elas têm objectivos que ambicionam alcançar; e num mercado tão competitivo para a maioria, a grande questão está na diferenciação. Mas como é que as empresas se diferenciam? Quem cria a diferenciação são as pessoas. Seja pela relação que estabelecem com os clientes, pelos ‘inputs’ que introduzem todos os dias, ou simplesmente pela forma como se envolvem, são elas que têm o poder de criar diferenciação dentro de uma empresa e de acrescentar valor às coisas, fazendo com que estas sejam, ou não sejam, vantagens competitivas. São também as pessoas que reflectem aquilo que a empresa é e que determinam a percepção que os clientes têm sobre ela. É por isso que é crucial que cada empresa tenha padrões de actuação; e é por isso que a visão, a missão e os valores são talvez as primeiras informações que qualquer empresa transmite aos seus colaboradores. Os objectivos estratégicos, embora variando em função das oscilações do mercado, representam também a identidade, a vontade e a orientação da empresa. Para que esta atinja os resultados a que se propõe, é necessário que todo o universo de colaboradores tenha conhecimento e esteja alinhado com aqueles que são os desafios. Este alinhamento deve ser feito e renovado ao longo do tempo, em função da estratégia de negócio, e só será bem-sucedido a partir de uma estratégia de formação e desenvolvimento de performance individual e colectiva que tenha como base os objectivos estratégicos. As soluções de formação constituem uma ferramenta ideal para este alinhamento, pois são desenvolvidas a partir da estratégia de negócio. Da estratégia de negócio, cada empresa define os seus KPIs (‘key performance indicators’) e é a partir destes indicadores-chave que se desenvolve a estratégia de desenvolvimento do capital humano. Desta forma, a solução está desenhada para alcançar os objectivos estratégicos que visam atingir resultados globais e não apenas suprir necessidades individuais, havendo assim um retorno efectivo do investimento. É a diferença entre estes indicadores e as necessidades diagnosticadas que será o foco da solução de formação. Para superar este ‘gap’, as ferramentas poderão ser variadas e dependerão muito das pessoas e dos grupos envolvidos. A utilização de ‘pre-assessements’ é essencial para a escolha do ‘design’ da solução e a arquitectura pedagógica utilizada deve ser a mais eficaz; isso implica recorrer aos mais variados métodos pedagógicos. O recurso às tecnologias da informação e da comunicação (TIC) poderá ser muito eficaz e apelativo, pois é cada vez mais inato o uso de plataformas de comunicação e de aprendizagem colaborativa, bem como a criação e a adesão a comunidades de prática e de aprendizagem. Estas CRÓNICA reforço do compromisso, que de outra forma não surgiriam. O recurso à tecnologia, combinado com as dinâmicas de grupo adequadas e com acções individuais devidamente seleccionadas, envolve os colaboradores que se sentem parte integrante da empresa, já que são eles que constroem o conhecimento que para ela é canalizado. É esta atitude que, colectivamente, prepara as empresas para os desafios que actualmente se colocam e para os desafios futuros. Para que uma empresa atinja os resultados a que se propõe, é necessário que todo o universo de colaboradores tenha conhecimento e esteja alinhado com aqueles que são os desafios. aGOSTO 11 ferramentas, quando parte integrante da solução, fomentam os mecanismos de aprendizagem informal e estimulam a auto-formação, potenciando a transferência das aprendizagens para o posto de trabalho. Hoje em dia, sabe-se que estas práticas melhoraram de uma forma mais sistemática e contínua a comunicação interna entre as pessoas e isso traduz-se numa melhoria efectiva dos processos e, sobretudo, resulta em ideias inovadoras que nascem naturalmente deste envolvimento recíproco com a empresa e de um 29 Especial Outsourcing Perspectivas sobre a actividade © Tonis Pan – Fotolia.com Recursos humanos, tecnologias de informação e processos. Especialistas de diversas empresas de ‘outsourcing’ falam da actividade no nosso país nestas três áreas. aGOSTO 11 Texto: Mário Sul de Andrade 30 Segundo dados da Associação Portugal Outsourcing, que recentemente organizou em Lisboa a terceira edição da sua «Conferência Internacional», a criação de um ‘cluster’ de ‘outsourcing’ em Portugal permitiria ganhos de produtividade anuais para a economia nacional superiores a 1.500 milhões de euros. A associação estima ainda que poderão ser criados vários milhares de empregos líquidos nos próximos anos, e também que poderão ser alcançados valores muito significativos em termos de exportações. Para alcançar estas metas, a associação – que representa apenas empresas de cariz tecnológico e de processos – aponta a importância de garantir que Portugal se torna mais atractivo em termos de carga fiscal e mais flexível em termos de mercado de trabalho, garantindo ao mesmo tempo a agilização do sistema judicial. Simultaneamente, considera fundamental assegurar uma continuidade da aposta em ciência, tecnologia e inovação, bem como na formação e na atracção de recursos qualificados. Para o presente trabalho, procurámos saber como os especialistas de instituições ligadas a ‘outsourcing’ vêem a actividade em Portugal e também a importância que tem e poderá vir a ter em termos de emprego. O trabalho divide-se em três partes, uma sobre ‘outsourcing’ de recursos humanos, outra sobre ‘outsourcing’ de tecnologias de informação (TI) e finalmente uma terceira sobre ‘outsourcing’ de processos. Outsourcing de recursos humanos «As dificuldades que Portugal enfrenta levam as empresas a procurar novas soluções em algumas das actividades mais débeis da sua organização. O recurso à externalização, não sendo a única, pode ser uma das opções a considerar.» A opinião é de Jorge Silva, director nacional de ‘outsourcing’ da Adecco Portugal, que cada vez mais assiste a «um aumento da procura deste tipo de soluções por parte dos clientes, seja na sua componente de recursos humanos, seja no ‘outsourcing’ de processos». Para este especialista, «a externalização apenas dos recursos humanos tem vindo a ser uma plataforma cada vez mais procurada para a iniciação de muitas empresas neste tipo de soluções, não por desconhecimento da verdadeira finalidade mas como uma primeira opção adicional». Jorge Silva assinala ainda que «a externalização de equipas para gestão e coordenação por um parceiro experiente traz maior ‘know-how’ na gestão destes recursos» e que «a capacidade de envolvimento e coordenação por uma empresa especialista gera maior motivação e produtividade nos recursos e aumento de confiança da empresa que externaliza», sendo que «esta confiança traduzir-se-á seguramente em maior investimento onde outrora imperaria a incerteza». Miguel Albuquerque, ‘manager’ da Manpower Portugal, realça que «nos últimos anos o nosso país tem passado por um conjunto de situações económicas que levam os empregadores a procurar novas soluções para as suas Especial Miguel Albuquerque, ‘manager’ da Manpower Portugal Elisabete Roxo, directora da Egor Outsourcing aGOSTO 11 Jorge Silva, director nacional de ‘outsourcing’ da Adecco Portugal © Grupo Egor O caso das PME Já Daniel Sacadura Cabral, director-geral da Intelac RH, vê o ‘outsourcing’ de recursos humanos como tendo «excelentes perspectivas de se instalar no tecido empresarial © Fernando Piçarra Negócio em crescimento A directora da Egor Outsourcing (Grupo Egor), Elisabete Roxo, refere que «o negócio do ‘outsourcing’ cresce cada vez mais em Portugal e em todo o mundo desenvolvido, uma vez que se tem provado que através deste regime as empresas têm recursos qualificados que executam os mais diversos processos com elevada qualidade e em quantidade». Ou seja, «cada vez mais as empresas reconhecem que os serviços executados em regime de ‘outsourcing’ apresentam custos mais favoráveis e a maioria das vezes maior qualidade», e «muitas vezes as empresas conseguem ultrapassar a rigidez da legislação laboral passando os serviços para este regime e ainda conseguem responsabilizar os colaboradores pelos resultados qualitativos e quantitativos». Para Elisabete Roxo, o papel das empresas de ‘outsourcing’ é «fundamental» também em termos de oportunidades de trabalho, porque «no contexto actual são as que têm a maior empregabilidade, com diversos projectos a decorrer e permanentemente a alocar recursos». Também a directora coordenadora de ‘outsourcing’ da RHmais, Maria Emília Azevedo, fala do «crescimento do negócio do ‘outsourcing’», que afirma ter sido exponencial nos últimos anos, sendo a sua importância «muito relevante em sectores tradicionais e actividades emergentes – financeiro, comunicações, saúde, TI, ‘contact centers’, serviços de processamento de negócio (transversal) e até na Administração Pública e nos sectores primário e secundário». O crescimento trouxe «mais eficácia, mais qualidade, mais produtividade e menos custos fixos para as organizações e permitiu que estas se concentrem nos processos nucleares do seu negócio». Porém, adverte a especialista, «este crescimento não foi acompanhado por legislação pertinente», sendo que «a ausência de legislação específica enquadradora destas relações, quer no que respeita às empresas, quer em relação aos trabalhadores, conduz a alguma indefinição quanto à natureza das relações laborais com as duas empresas envolvidas: a cliente e a contratante». das pequenas e médias empresas (PME)», pois «por razões de dimensão e decorrente da necessidade das PME se concentrarem na respectiva área de negócio a manutenção de um departamento de recursos humanos próprio é bastante mais onerosa e menos eficiente do que a subcontratação externa de uma ou mais vertentes desta área, podendo ir de um simples processamento salarial até colaborações mais elaboradas nos domínios da avaliação de performance e da formação profissional.» Daniel Sacadura Cabral nota que «a disponibilidade das PME em recorrer a estes serviços vem crescendo na proporção da credibilidade e do conhecimento das vantagens e da redução dos custos que proporcionam», acrescentando ainda: «Tratando-se de um serviço transversal a todo o tecido empresarial, as empresas de ‘outsourcing’ são agentes bastante activos em termos de emprego e têm vindo a recrutar com elevada exigência um crescente número de profissionais competentes». Sónia Barbosa, directora executiva da Slot Recursos Humanos, também faz notar o caso das PME, referindo que o ‘outsourcing’, «fruto da crescente rentabilidade evidenciada por algumas empresas que recorrem a estes ser- © Manpower empresas» e que «numa altura em que se procura ideias inovadoras, aliadas a uma implementação rápida e eficaz de determinadas estratégias, cada vez mais recorrer a empresas de ‘outsourcing’ é a solução». O especialista diz que «não será de estranhar que, por exemplo, na área dos recursos humanos, algumas empresas já solicitem propostas de recrutamento e a selecção efectiva – para além dos serviços normais de processamento salarial ou gestão contratual – de todos os quadros de uma determinada estrutura». Ou seja, «o cliente solicita a um especialista na área para fazer todo o processo, incluindo a selecção, ficando a seu cargo o desenvolvimento do contrato de trabalho», numa «forma de trabalhar inovadora que faz com que a empresa de ‘outsourcing’ seja parte integrante do negócio, deixando de ser um mero prestador de serviços». 31 Especial – Outsourcing © Vítor Gordo © João Andrés viços, tem vindo a crescer de forma significativa ao longo do tempo e por esse motivo deve ser encarado como uma forma de potenciar o emprego e não o desemprego». A responsável fala de «benefícios enormes», sendo que «acaba por ser uma solução bastante interessante para algumas PME que face ao período economicamente difícil que atravessamos decidem externalizar determinados serviços, evitando por isso aumentar os custos e minimizando verticalmente os riscos, por transferirem parte para o ‘outsourcer’». A responsável acredita que «externalizar algumas áreas ou departamentos para aumentar a produtividade e a competitividade é o principal impulsionador do crescimento das empresas» e aponta mesmo algumas razões: «a redução global de custos, libertar-se da gestão de activos dos seus serviços ou departamentos para focar-se cada vez mais na gestão de negócio e melhorar significativamente a qualidade do serviço prestado». 32 Sónia Barbosa, directora executiva da Slot Recursos Humanos © Vítor Gordo Daniel Sacadura Cabral, director-geral da Intelac Recursos Humanos © João Andrés aGOSTO 11 Maria Emília Azevedo, directora coordenadora de ‘outsourcing’ da RHmais Carla Marques, directora comercial da tempo-team, do Grupo Randstad Oportunidades profissionais A directora comercial da tempo-team, do Grupo Randstad, Carla Marques, defende que «o ‘outsourcing’ cria emprego, na sua maioria para pessoas muito jovens, com um perfil dinâmico e criativo, qualidades que se traduzem numa vantagem para as empresas, especialmente para aquelas que se focalizam na inovação constante como estratégia de negócio». Isto porque «os jovens de hoje sabem usar diversas ferramentas tecnológicas e aprendem rapidamente, sentem-se mais motivados quando trabalham com estes meios, além da capacidade para lidar com diferentes formas de relacionamento em simultâneo». Carla Marques refere também que «em Portugal há ainda muito trabalho a desenvolver no que respeita às leis laborais, que actuam como um entrave ao desenvolvimento do ‘outsourcing’», e vê como principais desafios «a implementação de legislação laboral e de um código de conduta que regule o sector, de forma a uniformizar a actuação dos diversos ‘players’ existentes no mercado, a profissionalização do sector – a valorização, a credibilidade e a notoriedade –, a formação profissional e a qualificação do serviço oferecido». João Silva, que no Grupo Multipessoal é director-geral da Servicem (trabalho temporário) e da Sourcingm (‘outsourcing’), apesar do «enquadramento económico desfavorável dos últimos anos», assinala que o ‘outsourcing’ «tem obtido um elevado crescimento, tal como uma diversificação das soluções apresentadas, cenário que permitiu criar oportunidades profissionais aos licenciados de áreas com elevadas dificuldades de empregabilidade, como gestão de recursos humanos, psicologia, sociologia, direito, entre outras, resultando na existência de uma elevada escolaridade neste sector». O responsável vê o mercado como «seguindo a evolução transversal à área dos serviços», e explica: «Primeiro ocorreu um processo de industrialização, seguiu-se a segmentação e agora estamos numa fase de customização. A customização do serviço é a melhor prática do sector. O serviço é desenhado em função das necessidades do cliente e não segundo um conceito pré-concebido adaptado ao segmento ou ao tipo de cliente. Porque os clientes procuram um serviço ajustado às suas necessidades, criado de raiz, multifacetado.» Mudança de mentalidades «Com a entrada de mais multinacionais em Portugal e a necessidade de aumento da competitividade interna, o ‘outsourcing’ tem representado um papel cada vez mais fundamental na focalização estratégica e na optimização de processos que muitas empresas procuram alcançar.» Esta perspectiva é de António Carvalho, ‘manager’ da Kelly Services, responsável pelas áreas de trabalho temporário (região sul) e ‘outsourcing’. Na sua opinião, «a externalização de áreas não estratégicas tem permitido um melhor aproveitamento de recursos internos e a criação de multi-parcerias com elevado nível de especialização, para optimizar a geração de ‘outputs’», sendo que «tais factos têm permitido uma mudança de mentalidades, através de uma maior disponibilidade do tecido empresarial para a externalização de áreas não ‘core’ e a criação de novos João Costa, director da AutoVision © João Andrés Rui Quinhones, director-geral da MyJobs, do Grupo Pessoas & Soluções Sandra Delgadinho, assistente de direcção da RAIS, do Grupo NETT aGOSTO 11 António Carvalho, ‘manager’ da Kelly Services – áreas de trabalho temporário (região sul) e ‘outsourcing’ © Grupo NETT © Vítor Gordo Uma opção estratégica João Costa, director da AutoVision, considera que «as empresas nacionais deveriam, idealmente, concentrar-se nas suas competências e nos seus produtos nucleares, procurando elevar os níveis de qualidade», sendo que «o recurso ao ‘outsourcing’ permite seguir esse ideal, reduzindo riscos e custos operacionais, assim como o tempo necessário para ajustar recursos internos às necessidades flutuantes do mercado». Mais… «Permite entregar parcial ou integralmente a um fornecedor especializado a reestruturação e/ ou a manutenção de tarefas e actividades da gestão diária das empresas. E a experiência do fornecedor e o grau de qualificação dos profissionais envolvidos nestes processos permitem transferir competências essenciais para o cliente.» O responsável assinala que «com o aumento do recurso ao ‘outsourcing’ cresce a procura de profissionais qualificados e disponíveis», sendo que «a contratação através de ‘outsourcing’ é uma excelente oportunidade para reunir equipas de profissionais especializados para novos projectos com complexidade acrescida, mas também para reintegrar no mercado de trabalho profissionais indiferenciados através da prestação de serviços não nucleares às empresas». Nesta mesma linha vai a opinião de Sandra Delgadinho, assistente de direcção da RAIS (Grupo NETT), que entende que «o negócio ‘human resources outsourcing’ tem vindo gradualmente a assumir um lugar de destaque como uma opção estratégica para as empresas portuguesas». A especialista justifica esta ideia referindo o seguinte: «Os clientes confiam-nos a externalização da gestão dos seus recursos humanos, destacando-se o ‘payroll’, os processos de recrutamento e selecção, a gestão da formação, a avaliação de desempenho, os planos de remuneração e incentivos, entre outros. As vantagens são claras, os gestores podem João Silva, director-geral da Servicem e da Sourcingm – Grupo Multipessoal © AutoVision postos de trabalho cada vez mais qualificados». O director-geral da MyJobs, do Grupo Pessoas & Soluções, Rui Quinhones, assinala que «um dos factores que nos últimos anos tem caracterizado esta vertente da actividade de ‘outsourcing’ é o crescimento dos níveis de complexidade dos projectos, do negócio e dos seus resultados, e consequentemente dos modelos de gestão das empresas do sector». Faz mesmo questão de referir que «o ‘outsourcing’ de recursos humanos, visto durante anos como uma mera actividade de ‘body-shopping’, possui hoje desafios muito próximos das actividades de consultoria e processos, incorporando modelos económicos e plataformas de parceria cada vez mais assentes numa lógica de partilha de riscos e benefícios». Rui Quinhones faz ainda notar que «a Associação Portugal Outsourcing – que representa apenas empresas de cariz tecnológico e de processos – estima que em 2011 trabalhem no sector mais de 29 mil profissionais e que em 2015 se atinja os 43 mil», advertindo que «contudo, quando introduzimos nestas projecções os dados referentes ao ‘outsourcing’ de recursos humanos, se estima que actualmente trabalhem no sector mais de 100 mil profissionais, sendo expectável que o número supere os 200 mil dentro de quatro anos». © Vítor Gordo Especial 33 Especial – Outsourcing facilmente aceder a um apoio especializado, direccionado às suas necessidades imediatas, melhorar serviços de recrutamento e selecção, maximizando a disponibilidade dos seus recursos, num mercado onde a forte competição, a qualidade e o tempo de resposta atingem padrões de elevada exigência, com custos operacionais fixos controlados. Os profissionais alocados a este serviço promovem as melhores práticas, atendendo à sua experiência multi-sectorial, em conjunto com um apoio jurídico constante.» Outsourcing de TI 34 Nuno Fernandes, da área de PreSales & Marketing da Meta4 © Fernando Piçarra © João Andrés aGOSTO 11 «Fazer mais por e com menos é um dos desígnios de muitas empresas neste momento.» Quem o afirma é Nuno Fernandes, da área de PreSales & Marketing da Meta4, para quem «todos os profissionais se devem unir em torno de objectivos essenciais, deixando de lado o acessório por forma a ajudarem a respectiva empresa a manter-se fiel aos seus princípios». Ou seja, «basta ter em mente o essencial e o foco no que é o negócio e o que ele representa para se começar a delegar noutros parceiros determinadas áreas e processos», que «representam encargos, acarretam uma responsabilidade física e financeira e convidam as empresas a reflectirem e a libertarem-se do ónus das tecnologias em modelo ‘in-house’». Outra questão tem a ver com a importância do negócio de ‘outsourcing’ de TI em termos de emprego no nosso país, que Nuno Fernandes explica assim: «Todos usamos tecnologias externas no nosso dia-a-dia. A Internet disponibiliza milhares de aplicações que nos facilitam a vida. Isto representa emprego de muitos técnicos e profissionais em termos de manutenção, evolução, operacionalização e gestão. São departamentos exigentes, cuja montagem no que respeita a logística, segurança e apoio sugere pessoas com perfis de consultoria tecnológica, de gestão, de recursos humanos, etc. Muitas empresas, e a Meta4 não é alheia a essa problemática, estão a crescer nesse negócio e a canalizar recursos para dar Filipa Correia Rodrigues, responsável de operações em Portugal da Cezanne Software Ibérica respostas cada vez melhores, em qualidade e rapidez e também em sofisticação e preços.» Evolução tecnológica Filipa Correia Rodrigues, responsável de operações em Portugal da Cezanne Software Ibérica, afirma que «as empresas já começaram a apostar no ‘outsourcing’ como forma de reduzir custos, pelo que a externalização de serviços irá aumentar essencialmente no sector privado», sendo que «o sector público está em fase de reestruturação». Segundo a responsável, «os fornecedores de serviços de externalização são confrontados também com pressões para reduzir preços, mesmo que esta redução não implique alteração do âmbito dos serviços em si, nem sobre a qualidade». Por outro lado, «a oferta de serviços tem evoluído de forma a permitir às pequenas e médias empresas (PME) o seu acesso», sendo que no caso da instituição de Filipa Correia Rodrigues se trata do «CezanneOnDemand». «É a nossa primeira linha de serviços SaaS [‘Software as a Service’] para recursos humanos dirigida apenas a PME», explica, para depois acrescentar que têm observado «um forte crescimento no ‘outsourcing’ de recursos e de infra-estruturas – sob o argumento da evolução tecnológica, como a virtualização ou o ‘cloud computing’». Em relação ao «avanço tecnológico na ‘nuvem’», Filipa Correia Rodrigues refere que «permite flexibilizar as capacidades de dimensionamento dos serviços em ‘outsourcing’ de TI, a um custo menor, mas uma vez que se trata de uma iniciativa emergente no mercado português ainda há um longo caminho pela frente». António Fontinha, administrador e director de ‘marketing’ e qualidade do Grupo Soft, fala do ‘outsourcing’ de TI como «um conceito que abrange desde a cedência de técnicos até à gestão total da própria estrutura física e humana da empresa». No caso do Grupo Soft, trata-se de «‘outsourcing’ aplicacional, um serviço completo, desde a utilização das soluções de ‘software’ – instaladas em servidores do Grupo Soft e acedidas pelo cliente – até à recolha e ao tratamento dos dados do processamento contratado na gestão de recursos humanos, mas também em contabilidade e facturação ou na parte administrativo-financeira». Segundo António Fontinha, «a qualidade do serviço é possível através de profissionais qualificados, cujos conhecimentos, constantemente actualizados ajudam a responder correcta e atempadamente às solicitações dos clientes», sendo que «os níveis de serviço de cada contrato, bem como a especificação dos mesmos, são essenciais para uma boa avaliação do serviço prestado». Profissionais TI O administrador da Galileu, Miguel Teixeira, assinalando que «o ‘outsourcing’ de profissionais é uma realidade cada vez mais procurada pelas empresas», refere que «a tendência no sector das TI é a crescente procura desses profissionais em regime de ‘outsourcing’, por razões de maior flexibilidade para os clientes, pela transformação de custos fixos em variáveis, pelo acesso a profissionais tecnologicamente actualizados e com experiências diversas, Tiago Catarino, ‘business unit manager’ da Rumos João Silva Martins, director-geral da Randstad Technologies entre outras». Para este responsável, «não obstante a paragem da economia, com cancelamento e abrandamento de projectos, a realidade é que o ‘outsourcing’ destes profissionais faz parte da solução e não do problema». Depois, há que considerar «a legislação algo rígida do ponto de vista do mercado laboral, no que respeita a contratação, despedimento, custos associados, entre outros aspectos, e por essa via o recurso ao ‘outsourcing’ é claramente uma vantagem para os clientes». Por outro lado, continua, «a existência de uma oferta de profissionais nesta área em empresas especializadas garante desde logo uma competitividade e um desempenho acima da média», sendo «outra vantagem do ‘outsourcing’ o combate ao desemprego, pois constitui uma porta de entrada para os jovens no mercado de trabalho». Tiago Catarino, ‘business unit manager’ da Rumos, considera que «o mercado de ‘outsourcing’ de TI em Portugal atravessa um momento de transição», ideia que explica as- sim: «A reconhecida excelência em serviços de TI das empresas portuguesas, compostas por profissionais altamente qualificados e excelentes ‘english speaking workers’, oferece características únicas e distintivas na Europa para atrair multinacionais, incentivando o investimento em inovação e desenvolvimento de novas tecnologias no país, com garantias de cumprimento das ‘best practices frameworks’ na gestão e na modernização de infra-estruturas tecnológicas e ‘project management’.» Desta forma, «o crescimento do ‘outsourcing’ de TI em Portugal passa pela transição de modelos de serviços convencionais de ‘time and material’, simplistas na gestão ‘rate per man-hour’, para estilos mais colaborativos, de ‘governance’, partilhados, potenciando relações guiadas para o serviço, mais eficientes e concentradas na flexibilidade, na redução de custos e na qualidade». Tiago Catarino vê o mercado do ‘outsourcing’ de TI como «um organismo vivo, a sofrer uma migração veloz para novos ecossistemas residentes em ‘cloud computing’», daí que «os desafios imediatos em Portugal passem por «criação e disseminação de serviços na ‘cloud’, proporcionar maior mobilidade e flexibilidade aos profissionais de ‘outsourcing’ e às empresas novos modelos de contratação mais ágeis e flexíveis, que permitam aos clientes reduções de custos na aquisição de ‘know-how’, ‘hardware’ e licenças, reflectindo essas reduções nos seus negócios». Finalmente, João Silva Martins, director-geral da Randstad Technologies, deixa uma dúvida. «Os maus tempos que iremos viver economicamente podem ter um efeito positivo ou negativo sobre o ‘outsourcing’ de TI», ou seja, «a recessão pode significar que as soluções de ‘outsourcing’ de TI se tornem mais atractivas pela necessidade de cortar custos gerais e minimizar qualquer impacto negativo sobre a ‘bottom line’», mas «na verdade ainda ninguém sabe quão mau vai ser o cenário, mas de que será mau ninguém duvida». O responsável da empresa do Grupo Randstad continua: «Se for muito mau, as empresas podem retrair-se ao ponto de reduzir o ‘outsourcing’. Seria um resultado normal ao nível por exemplo das empresas de serviços; estas, com menos clientes, logo com mão-de-obra excedente mas valiosa e a reter, aguardando por melhores tempos, necessitariam de redimensionar as operações, decidindo-se por alocar essa mão-de-obra a tarefas que actualmente tenham em ‘outsourcing’». Mais… «No sector das TI em particular, operações que serão reduzidas num momento de recessão tanto podem ser as que estão em regime de ‘outsourcing’ como os próprios processos internos da organização», pois «a recessão leva a que as atenções se concentrem no custo como um factor que despoleta a necessidade do ‘outsourcing’». João Silva Martins refere ainda o facto de termos «profissionais muito qualificados e aptos a transformar organizações, ajudando a inovar, implementando processos de sucesso, aqui ou no estrangeiro», e pessoalmente acredita que «o ‘outsourcing’ é susceptível de beneficiar do actual contexto negativo, absorvendo profissionais que por circunstâncias adversas se encontrem disponíveis no mercado de trabalho», embora admita que «qualquer desfecho é imprevisível». aGOSTO 11 © Randstad Miguel Teixeira, administrador da Galileu © Rumos António Fontinha, administrador e director de ‘marketing’ e qualidade do Grupo Soft © Galileu © Vítor Gordo Especial 35 Especial – Outsourcing aGOSTO 11 36 © Capgemini O ‘outsourcing’ de processos tem Portugal «um enorme potencial de crescimento, no sector privado e também na Administração Pública, onde ainda está tudo por fazer». Esta ideia é defendida por Samuel Tuati, ‘vice-president’ da Capgemini Portugal, para quem «não faz sentido o Estado continuar a reforçar os seus quadros com pessoas para funções de suporte, como a administração de sistemas, a manutenção de aplicações informáticas, o processamento de salários ou o tratamento de facturas, funções que não acrescentam qualquer factor diferenciador, e cuja produtividade depende muitíssimo da utilização de metodologias e ferramentas que o Estado não tem, nem faz sentido comprar ou desenvolver». Já no sector privado, acrescenta, «embora ainda exista bastante espaço de crescimento, verifica-se um importante nível de adopção por este tipo de ‘outsourcing’, e o motivo prende-se com a simplicidade e a rapidez com que aí se toma decisões, em contraposição com a Administração Pública». No que diz respeito à qualificação das pessoas, Samuel Tuati não vê que esteja desenquadrada, «estão é mal geridas», explica. «Como referi, este tipo de trabalho tem que ser gerido com base em metodologias e recorrer à utilização de ferramentas que permitam elevada automatização dos processos em execução, ou teremos um conjunto de pessoas a desenvolverem tarefas de forma avulsa e pouco optimizada.» O responsável avisa que «não se trata de uma crítica a quem o faz desta forma, é sim o resultado da adopção de um modelo desadequado», e dá um exemplo: «O que seria alguém construir um prédio de 10 andares, sem utilizar uma grua e os operários não terem ferramentas?» Para Samuel Tuati, «apesar de aparentemente o modelo ser fácil de compreender, subsiste uma enorme barreira: as pessoas e o que fazer com elas». É aqui, explica, que «a Capgemini apresenta uma solução, a que chama ‘win-win-win (Cliente–Pessoas–Capgemini)’», em que «o modelo proposto passa pela transferência das pessoas, que actualmente desempenham estas funções, para a Capgemini, mantendo as condições, o salário e a antiguidade». Estas pessoas «são integradas numa equipa e numa empresa em que a sua actividade é a actividade principal e não uma função de suporte, ou seja, passam a ter todas as condições para um trabalho produtivo, em termos de metodologias, ferramentas, conhecimento e indicadores, e passam acima de tudo a voltar a ter uma possibilidade de desenvolvimento profissional». Samuel Tuati refere ainda que «basta olhar para países com características semelhantes às nossas e ver a taxa de adopção de ‘business process outsourcing’ (BPO) para perceber o espaço de desenvolvimento que Portugal tem nesta área», dado que «Espanha, França, Reino Unido ou mesmo a Polónia, a República Checa ou a Hungria têm taxas de adopção no mínimo cinco vezes superiores às nossas, e não é difícil encontrar características diferenciadoras em que Portugal apresenta melhores condições do que estes países, como o idioma, em especial o inglês, o acesso a banda larga, as infra-estruturas rodoviárias ou até mesmo a quantidade de licenciados com idades inferiores a 40 anos». © Fernando Piçarra Outsourcing de processos Samuel Tuati, ‘vice-president’ da Capgemini Portugal Pedro Lucas, director de ‘outsourcing’ para Portugal da Avanza Outsourcing Sinais de maturidade Pedro Lucas, director de ‘outsourcing’ para Portugal da Avanza Outsourcing, explica que «cada vez mais o mercado e as empresas que o constituem não terão outra alternativa senão a de concentrarem todos os esforços e recursos na sua actividade principal e entregarem a empresas de ‘outsourcing’ de processos as actividades adjacentes, para flexibilizarem recursos, indexarem custos operacionais à facturação e assim prevenirem decréscimos da actividade». Na sua opinião, «o tecido empresarial começa a dar sinais de maturidade em relação a este assunto, e é em tempos de crise que se observa sectores que sempre mostraram resistência à utilização do ‘outsourcing’, como uma vantagem competitiva e de gestão, a darem os primeiros passos no sentido de perceberem que ao externalizarem processos ou áreas fora do seu ‘core’ não perdem o controlo nem a informação; pelo contrário, podem com o ‘outsourcing’ obter mais e melhor informação, pelo facto de existir uma empresa dedicada e focalizada nesse processo externalizado e que poderá realizar todos os ‘reports’ que o cliente entenda serem necessários, de uma forma muito mais profissional e dedicada». Quanto ao impacto na criação de emprego em Portugal, Pedro Lucas vê o ‘outsourcing’ como «uma ferramenta de gestão, que cria postos de trabalho concretos e que promove a especialização dos trabalhadores envolvidos no processo externalizado ou no serviço prestado, pois só assim é possível criar valor acrescentado ao cliente». Refere que «oferece mais estabilidade ao trabalhador do que o trabalho temporário, por os contratos de trabalho serem na sua grande maioria ‘linkados’ com o de prestação de serviços com o cliente; isto quer dizer que enquanto existir uma parceria entre o cliente e a empresa prestadora do serviço de ‘outsourcing’ o contrato de trabalho perdura, o que faz com que a motivação e a produtividade dos colaboradores estejam interligadas directamente com a qualidade do serviço prestado e a satisfação do cliente». Especial Paula Adrião, responsável pela área de Business Process Outsourcing da Accenture em Portugal Francisco Lopes da Fonseca, administrador executivo da Mind Source finanças, compras e gestão de fornecedores, gestão de recursos humanos, compras e logística e em áreas administrativas de relacionamento com os clientes, como ‘contact centers’ e ‘back offices’ comerciais», para além da disponibilização de «serviços a organizações do mercado português, em vários sectores como seguros ou telecomunicações, e de condições favoráveis à prestação de serviços de ‘outsourcing’ para outros países da Europa». Paula Adrião faz questão de assinalar que «o contexto económico actual tem impulsionado a procura de serviços de BPO, visando reduzir custos, melhorar a qualidade de serviço e novas receitas». E lembra que «há mais de 20 anos que a Accenture presta serviços de BPO, para ajudar os clientes a alcançar um alto desempenho, isto porque as organizações em Portugal procuram novas fontes de inovação, eficiência e vantagens competitivas», sendo que «o ‘outsourcing’ de processos permite atingir esses objectivos». Por sua vez, Francisco Lopes da Fonseca, administrador executivo da Mind Source, considera que «embora com grande distanciamento da média europeia, o ‘outsourcing’ tem vindo a crescer em Portugal, essencialmente nas médias e grandes organizações por se concentrarem no seu ‘core business’ e deixarem aos especialistas os processos não ‘core’». Desta forma, acrescenta, «conseguem diferenciar-se no conhecimento de negócio, onde são competitivas, libertando-se da gestão das necessidades constantes de formação em áreas específicas, e também na motivação dos colaboradores, pois estar nas empresas especializadas leva a uma progressão de carreira sustentada». Enquanto actividade geradora de emprego, o ‘outsourcing’ «já é uma realidade em Portugal, e com enorme potencial», afirma Francisco Lopes da Fonseca. «Várias multinacionais já implementaram cá ou estão a estudar implementar centros ‘near-shore’ para servir os processos das restantes filiais à escala europeia ou até global, pois temos excelentes perfis de técnicos bem preparados pelas nossas universidades, com um ‘value-for-money’ superior aos de conhecidas plataformas ‘off-shore’, como a Índia, e que permitem maior proximidade cultural e linguística», explica. aGOSTO 11 © Vítor Gordo © Mind Source Economias de escala Pedro Lucas faz ainda notar que «multinacionais têm apostado em Portugal para a instalação de centros de serviços partilhados para as várias filiais em diversos países, recorrendo a empresas de ‘outsourcing’ de processos que criam postos de trabalho efectivos com grande índice de especialização». Esta aposta, acrescenta, «deve-se em grande parte aos baixos salários e à capacidade de aprendizagem de idiomas por parte dos portugueses e à grande flexibilidade e à adaptabilidade a novas funções ou novos projectos». A responsável pela área de Business Process Outsourcing da Accenture em Portugal, Paula Adrião, também assinala a importância das economias de escala. Com o objectivo de «obtê-las nas operações e fomentar o desenvolvimento de capacidades em Portugal», refere, «a Accenture centralizou os serviços de ‘outsourcing’ de processos de negócio no Centro de BPO de Lisboa». Aí, explica, consegue-se «reunir as competências da empresa nas áreas de contabilidade e 37 CRÓNICA RH e Novas Tecnologias © Escrita Digital Uma mudança na gestão das pessoas Tomé Gil Director-geral da Escrita Digital [email protected] A gestão de recursos humanos mudou muito nas últimas décadas, em particular nas sociedades que mais bem-estar proporcionam a quem nelas vive e trabalha. Esta mudança ficou a dever-se a uma miríade de factores. Destaco dois: - A alteração do tipo de trabalho – Cada vez mais as tarefas rotineiras e mecânicas estão a ser automatizadas, o que, se nos libertou de tarefas monótonas e geralmente enfadonhas, simultaneamente veio exigir um tipo de trabalho que faz mais apelo às potencialidades únicas dos seres humanos. Hoje, trabalhar implica que decidamos, que tenhamos iniciativa, que mostremos capacidade de «fazer as coisas avançar», que vendamos nunca o foi. Longe vão os tempos em que os departamentos de pessoal tinham como função processar salários e gerir contratos. Hoje, os departamentos de recursos humanos têm como principais funções identificar e ajudar a organização a colocar as pessoas certas em cada lugar, a descobrir e a reter os mais talentosos, a manter todos motivados. E aqui entram as tecnologias de informação (TI). As organizações cresceram e a informação a considerar é múltipla (por exemplo, o grau de cumprimento de objectivos, as competências, as motivações e os interesses individuais, o potencial para o desempenho de outras tarefas, os lugares disponíveis, os objectivos da organização), e só com o au- aGOSTO 11 Como não é possível gerir sem medir e como medir implica quantificar, estamos, sem dúvida, no terreno das tecnologias de informação. 38 (seja os produtos da nossa empresa, seja as nossas ideias, temos de vender). - A informação a que temos acesso – Vivemos rodeados de tecnologia, o que nos obriga a lidar com muito mais informação e a desempenhar mais tarefas, tarefas que exigem que dominemos conhecimentos e saberes diversos, muitas vezes sem termos tido formação adequada ou preparação. E isto sucede com o gestor da empresa, que tem de saber de finanças, motivar pessoas, pensar em novos produtos, vender; acontece com o técnico de reparação de ar condicionado, que tem de ser pedreiro, instalador, saber de electrónica e ainda facturar e cobrar (o que, nos tempos que correm, não é tarefa de somenos). Ora, trabalhar assim exige pessoas bem preparadas, correctamente formadas e motivadas, o que só se consegue se soubermos fazer um «casamento» feliz entre as capacidades, as competências e as motivações das pessoas e o trabalho que temos para oferecer. Identificar os mais competentes entre nós para cada lugar não é tarefa fácil, xílio de ferramentas informáticas é possível recolher e trabalhar toda a informação de que necessitamos (e geramos) de modo a que disponhamos de indicadores (mais ou menos objectivos) que nos permitam informar, aconselhar e decidir. E como não é possível gerir sem medir e como medir implica quantificar, estamos, sem dúvida, no terreno das TI. Na Escrita Digital, acreditamos nas TI e, em particular, acreditamos no seu potencial como ferramenta de apoio à gestão de recursos humanos. Desenvolvemos a nossa linha de produtos «XRP|Recursos Humanos» com base em dois conceitos: o da interacção com as pessoas através do portal (da ‘intranet’) e a tentativa de quantificar os principais indicadores associados à gestão de recursos humanos, utilizando o conceito de competência. Como uma competência pode ser medida, muitas vezes directamente, outras vezes através dos comportamentos que lhe estão associados, conseguimos gerar os indicadores necessários à actual gestão de recursos humanos. PUB Ensaio (Des) confiança em Portugal Um imposto invisível? A confiança está na ordem do dia. Não faltam estudos que apontam para o seu declínio ao nível das instituições democráticas um pouco por todo o mundo.(1) Ao nível da confiança social (ou nos outros) há mesmo sinais de alguma preocupação. Texto: Paulo Finuras 40 © Shutterstock aGOSTO 11 Segundo o sociólogo David Halpern,(2) apenas 34% dos norte-americanos acreditam que se pode confiar nos outros. Na América Latina este número cai para 23% e em África para 18%. A investigação também mostra que há 40 anos, no Reino Unido, 60% da população acreditava que, em termos gerais, se podia confiar nos outros. Este número caiu para 29%. O estudo revela também que nos países escandinavos (Dinamarca, Suécia, Noruega) e na Holanda, 68% e 60% da população respectivamente, acredita que se pode confiar nos outros, o que significa que existem sociedades mais «confiantes» do que outras. A cultura nacional parece influenciar a confiança. As sociedades com valores individualistas são mais confiantes do que as sociedades colectivistas; a correlação entre confiança e as medidas de Geert Hofstede(3) do individualismo são de 0.617 e em Harry Triandis(4) são de 0.570. Outras pesquisas sugerem que este fenómeno parece ser comum às diversas sociedades industriais avançadas em geral.(5) No caso das designadas «democracias avançadas», como Estados Unidos, Inglaterra, França, Suécia e Canadá, a existência de investigação longitudinal permite visualizar a extensão dessa variação. Enquanto na década de 1960 mais de 75% dos cidadãos expressavam confiança nos governos e nas instituições, actualmente só cerca de 25% mantém essa confiança.(6) No caso dos regimes nascidos da chamada «terceira onda de democratização», os baixos níveis de confiança nas instituições são alarmantes. Na maior parte da América Latina, só 20% dos cidadãos têm «muita» ou «alguma» confiança em parlamentos e partidos políticos, e menos de 30% confia em governos, funcionários públicos, polícia ou sistema judiciário.(7) E em Portugal, segundo o World Values Survey (WVS), cerca de 59% das pessoas não confiavam no sistema de justiça.(8) Na minha investigação de 2010, a instituição em que os portugueses confiam menos é o Estado. No quadro de modernidade em que a maioria das sociedades humanas vive, a confiança dos cidadãos nas suas instituições parece ser, em si mesmo, um acto de fé (no funcionamento) dos sistemas abstractos; porque a transição do mundo tradicional para a nossa modernidade produz uma «desinserção» das relações sociais dos contextos locais de interacção, reestruturando-os através de extensões indefinidas de espaço-tempo que também se alterou. As bases da confiança A confiança é um fenómeno social total com implicações que convocam várias disciplinas para a entender. Por um lado, a noção de confiança gera mesmo ambiguidade e confusão e deve-se distinguir entre confiança na intenção e na competência (nem sempre coincidem). Aceitando a complexidade, como ponto fundamental de enquadramento do fenómeno, a literatura sociológica existente oferece-nos um caleidoscópio de visões sobre o tema: o que se vê depende da perspectiva que se toma. A confiança é, entre várias coisas, um crédito e uma expectativa, no sentido de ser algo sobre um futuro possível. Descreve tanto um instinto ou um sentimento como um comportamento e uma atitude de segurança, quer na intenção e/ ou credibilidade de alguém, quer na fia- A confiança funciona como um lubrificante na teia de relações entre actores e agentes sociais e económicos, permitindo que qualquer grupo ou organização funcione com maior eficiência e previsibilidade. A desconfiança e o fosso de expectativas Por exemplo, um dos problemas que leva à contesta- ção social é a falta de explicação clara das alterações do ambiente em que vivemos e que implica alterações, por exemplo, na idade de reforma. Dado que as expectativas dos eleitores era a de confiarem reformar-se numa dada altura e vêem, a meio do jogo, alterarem-se as regras, essa situação leva a uma quebra ou fosso de expectativas entre quem governa e quem é governado, gerando desconfiança nos políticos e nas instituições. Mas não se vê os governantes dirigirem-se à população a explicar de forma clara e cabal o que é que se alterou. Assim, esse facto, entre outros, tende a produzir uma quebra de confiança nas instituições. Construir relações de confiança Já pensou se as pessoas o seguem porque você é o chefe ou porque confiam em si? As evidências e os estudos mostram algumas tendências e alguns padrões nos comportamentos altamente confiáveis. Resumindo os sete comportamentos geradores de confiança, verificamos que os líderes altamente confiáveis têm em comum o seguinte: - falam a verdade, são claros e dizem o que sentem e pensam; - enfrentam, assumem e confrontam a realidade, assumindo os erros e os problemas; - corrigem e reparam os erros e as perdas; - são leais e congruentes (dizem o que fazem e fazem o que dizem); - clarificam e alinham expectativas; - respeitam os compromissos, mantêm e cumprem promessas; - apresentam resultados e evidências do que fazem e do que fizeram. Mas atenção. A confiança não é algo dado, é algo que se conquista e constrói, como a reputação e a credibilidade. E, tal como estas, pode levar muito tempo a construir, e pode num ápice ser destruída. Será este um dos grandes e profundos problemas do nosso país? Paulo Finuras (paulo.finuras@ cegoc.pt), sociólogo, é pós-graduado em «Política Internacional» e tem uma especialização em «Psicologia Intercultural»; é director internacional da CEGOC e escreveu livros e artigos sobre as diferenças culturais e o seu impacto na gestão. (1) Francis Fukuyama, 1995; Ronald Inglehart, 1999 (2) David Halpern, 2010 (3) Geert Hofstede (4) Harry Triandis (5) Robert Putnam, 2000 (6) José Álvaro Moisés, 2005 (7) Marta Lagos, 2000 (8) Paulo Finuras, 2010 aGOSTO 11 bilidade dos sistemas e das garantias simbólicas (como o dinheiro) no que se refere a um dado conjunto de resultados ou acontecimentos em que essa confiança exprime fé, quer na integridade e no comportamento de outrem, quer na correcção dos princípios abstractos (como é o caso do conhecimento técnico). A confiança possui também um valor extrínseco (instrumental), ao aumentar a previsibilidade e ao reduzir os riscos e os custos de transacção, seja nos relacionamentos pessoais, seja nos sociais, seja nos económicos. Isto é particularmente importante quando os riscos são difíceis ou dispendiosos de manipular através de meios formais, como o controlo do governo, um negócio à distância ou um contrato legal. Os meios formais de controlo nunca podem eliminar completamente o risco relacional; por conseguinte, é sempre necessário algum grau de confiança, sem o que a actividade humana e económica paralisa. É tão mau confiança «a mais» (cega) como confiança «a menos» (paralisante). A confiança (ou a falta dela) tem, portanto, um impacto económico e social enorme, porque quando existe funciona como um lubrificante na teia de relações entre actores e agentes sociais e económicos, permitindo que qualquer grupo ou organização funcione com maior eficiência e previsibilidade. Quando não existe, exige mais controlo, redundâncias e procedimentos que funcionam como um imposto que onera e retarda implicitamente qualquer transacção. Isto tem um impacto tremendo não apenas no quotidiano mas também na economia de uma nação. Quanto mais confiança nas instituições e nos outros, mais tendem a baixar os custos de transacção, porque menos mecanismos de controlo são necessários. Indo mais longe, quanto mais confiança, mais crédito, mais rapidez e menos custos. A falta de confiança torna-se num imposto (invisível) que todos pagamos sem disso nos apercebermos. © FP Ensaio 41 CRÓNICA © Fernando Piçarra SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO José Manuel Viegas, Responsável de Segurança Interno – Grupo Bureau Veritas Portugal [email protected] O mundo não é perfeito, e nós também não O mundo não é perfeito, e nós também não. Lido assim, sem mais nem menos, parece uma verdade do senhor de La Palice. E é. E esta verdade também se aplica às nossas organizações: não há organizações perfeitas. No mundo globalizado em que actualmente vivemos, a competição encontra-se no cerne das organizações, obrigando a uma contínua e progressiva necessidade de tomar decisões acertadas que promovam o crescimento sustentado. Gerir uma organização não é fácil, exige sensibilidade, domínio da área de negócio, competência e visão estratégica. As organizações estão e precisam urgentemente de se reestruturar, reinventar e de sofrer transformações de reengenharia para mudarem as suas metas e os seus A segurança e a forma como esta é percebida por cada pessoa no seu local de trabalho, na sua actividade diária, é também um factor contributivo para a motivação e o desempenho. Diversas organizações, independentemente da sua dimensão ou do sector de actividade, têm uma preocupação crescente com a segurança no local de trabalho. Monitorizam e definem padrões para garantir as melhores condições dos seus colaboradores em todos os processos. Neste mundo, como referi, cada vez mais globalizado, em que as fusões e aquisições são constantes, a padronização e a disseminação das informações são ferramentas fundamentais para minimizar eventuais incidentes. Sensibilizar e consciencializar os colaboradores espalhados pelo país ou pelo mundo (no caso das multinacionais) aGOSTO 11 A segurança e a forma como é percebida por cada pessoa no seu local de trabalho é um factor contributivo para a motivação e o desempenho. 42 processos com o objectivo de responder adequadamente aos novos desafios nacionais e, sobretudo, internacionais. Neste contexto de permanente mudança e de crescente competitividade em todas os sectores do mercado, as organizações necessitam de aperfeiçoar os seus métodos de gestão, de se modernizar e racionalizar, de procurar ganhos de produtividade, competitividade e rentabilidade. O fim lucrativo a que se destina a actividade de uma organização e a necessidade de prestar serviços de forma eficiente obriga a um planeamento rigoroso da actividade nas suas múltiplas vertentes. Tudo isto é verdade e tudo isto se faz com pessoas. São as pessoas que, cada vez mais, fazem a riqueza das organizações; e por isso é preciso «cuidar» delas. não é tarefa fácil. Para se ser eficaz, as campanhas precisam de ser constantes, bem estruturadas e envolver todos, independentemente da posição hierárquica. A segurança no trabalho está relacionada com a prevenção de acidentes e com a gestão dos riscos ocupacionais. A sua função pode ser considerada como profilática no sentido da antecipação à ocorrência de acidentes. Por isso, cada vez mais organizações a tratam como algo fundamental. Em todas as organizações, em todos os sectores de actividade ou em qualquer área de negócio, a segurança no trabalho deve estar entre as grandes preocupações dos gestores. São eles os responsáveis legais pela formação, pela informação e pela disseminação da cultura e dos padrões de segurança. Além disso, devem acompa- CRÓNICA prémios para os colaboradores, levam sempre a um resultado muito positivo. É possível criar campanhas e até «competições» periódicas para incentivar a interiorização de boas práticas e de procedimentos de segurança, como o uso de equipamentos de protecção individual ou o da arrumação do espaço de trabalho. Procedimentos correctos, campanhas bens estruturadas, gestores comprometidos e colaboradores envolvidos são a principal receita para evitar o acidente no local de trabalho, precisamente por não sermos perfeitos. Nas acções de segurança no trabalho, as campanhas motivacionais exercem sempre um resultado muito positivo. aGOSTO 11 nhar de perto o dia-a-dia dos seus colaboradores e saber identificar os principais aspectos que necessitam de uma maior atenção. Isto é, o sucesso das campanhas de segurança internas também depende do compromisso e do envolvimento da gestão, quer intermédia, quer de topo. Considerando que o acidente de trabalho pode ser evitado, as campanhas de sensibilização devem combinar comunicação interna, acções de recursos humanos e do Departamento de Segurança no Trabalho. Nas acções de segurança no trabalho, as campanhas motivacionais, inclusive com 43 ESPAÇO RH EM SÍNTESE a ‘designer’ e empreendedora «uma oportunidade». Foi «o impulso que faltava para estimular e trazer cá para fora o desejo que tinha de começar com um projecto criativo, a primeira mão que deu corda ao meu sonho», partilhou. O projecto «Mulher+» tem como entidade consultora a CH Business Consulting e o seu financiamento tem enquadramento no «Eixo 7 – Igualdade do Género» do POHP. 1 Actividade do POPH O gestor do Programa Operacional Potencial Humano (POPH), Rui Fiolhais, apresentou recentemente em Lisboa os principais indicadores de desempenho do programa. O responsável revelou que as candidaturas aprovadas até 31 de Maio abrangem 1.968 mil adultos e 497 mil jovens em acções de dupla certificação, 1.085 mil trabalhadores em formação para a inovação e gestão no sector privado e público, 260 mil bolsas de acção social para estudantes do ensino superior, 144 mil jovens em estágios profissionais e 53 mil formandos para a inclusão social. As intervenções do POPH ficam ainda marcadas pelo apoio a 217 projectos de organizações não governamentais (ONG). 2 Gestão RH na EG&N Estão abertas as inscrições para a décima segunda edição do MBA executivo «Gestão de Recursos Humanos – Os Talentos, as Competências, o Conhecimento», da Escola de Gestão & Negócios (EG&N) da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL). Márcia Trigo (na foto), uma das responsáveis, salienta que se trata do «único MBA executivo em gestão de recursos humanos existente em Portugal, numa parceria com a Associação Portuguesa dos Gestores e Técnicos dos Recursos Humanos (APG), cujos sócios têm condições especiais de inscrição». Começa a 14 de Novembro. 1 Crise e contratação colectiva 2 5 Slot na «Bike Tour» 3 3 Conferência de criatividade e inovação A décima segunda edição da «Conferência Europeia de Criatividade e Inovação» («ECCI XII») vai realizar-se este ano em Portugal, depois de todas as anteriores edições terem tido lugar no Norte da Europa. Será no Algarve, sendo que o programa está estruturado em moldes completamente diferentes das conferências tradicionais; divide-se em vários acontecimentos, distribuídos por diversos pontos, num raio de 30 quilómetros entre os concelhos de Faro e Loulé. Evento a 14, 15 e 16 de Setembro. Mais informações em http://www.eaci.net/eccixii. 4 aGOSTO 11 44 A edição deste ano da «Bike Tour» contou com a colaboração da Slot Recursos Humanos no recrutamento e na contratação de centena e meia de colaboradores. Sónia Barbosa, directora-geral da Slot, referiu que esta colaboração «representa uma enorme confiança no trabalho da empresa». O «World Bike Tour», projecto em fase de globalização, tem nas cidades de Lisboa e do Porto dois dos seus pontos altos. Foi na capital portuguesa que em 2006 tudo começou, com milhares de pessoas a atravessarem a Ponte Vasco da Gama, seguindo o lema «Só com a sua energia!». A edição de Lisboa realizou-se a 26 de Junho e a do Porto a 31 de Julho. Iniciativas Rumos 4 Projecto «Mulher+» «Mimous, dar corda aos sentidos» é o nome da marca de malas e acessórios de moda criada por Daniela Ramos, formanda do projecto «Mulher+», da Rede Nacional de Empreendedorismo Feminino. É mais um caso de sucesso deste projecto que representou para Na tarde de 14 de Setembro, a Associação Portuguesa dos Gestores e Técnicos dos Recursos Humanos (APG) vai organizar em Lisboa a conferência «A Contratação Colectiva no Actual Contexto de Crise». Participação de Margarida Barreto (presidente da APG), José João Nunes Abrantes (professor da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa), Fernando Ribeiro Lopes (Director-geral do Emprego e das Relações de Trabalho) e José da Silva Peneda (presidente do Conselho Económico e Social). A todos os participantes será feita a entrega de documentação, que inclui a oferta do livro «Direito da Contratação Colectiva de Trabalho», de Carlos Perdigão e Carlos Antunes (Edição Petrony, Setembro de 2011). 5 A Rumos, através do Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização (FEG), está a promover um incentivo à reinserção no mercado de trabalho. A empresa ligada às novas tecnologias apoia assim a integração através do desenvolvimento de acções formativas que, além de alargarem os conhecimentos, atribuem certificações. Destaque também para a realização do primeiro encontro da Comunidade Rumos Educação, no Porto, que teve como objectivo promover a confraternização ESPAÇO RH entre as unidades de ensino Rumos, discentes, docentes e não docentes. o que queremos, e em tempos de mudança se calhar pode-se fazer coisas que ontem não eram possíveis». Contudo, «só se pode tirar partido destes tempos se se estiver muito bem alinhado como equipa ou empresa». 6 Oferta formativa da SHL A SHL Portugal editou um ‘flyer’ sobre formação com a inclusão de novos cursos, ‘workshops’ e ‘masterclasses’ e a revisão e a actualização, por vezes profundas, de acções já tradicionais. A formação intra e interempresas é, aliás, uma tradição com mais de 30 anos, mas em constante renovação, na SHL Portugal. Entre os cursos novos destacam-se alguns como «O Essencial da Entrevista», «Planear um Assessment Centre», «Negociação Eficaz», «Definir e Alcançar Objectivos» e «Persuadir e Influenciar». Estas formações foram desenvolvidas e realizadas a pedido de empresas clientes da SHL e para os seus colaboradores. Foram agora colocadas no catálogo de formação interempresas, para o segundo semestre de 2011, «pelas provas que deram e pelo sucesso obtido com a sua realização», refere Jorge Horta Alves (na foto), ‘managing director’ da consultora. 9 Marketing e vendas para farmácias 6 7 Deste o início deste ano que a consultora Ideias & Desafios tem vindo a realizar com bastante sucesso várias acções de formação gratuita, em que os temas abordados são liderança e gestão da equipa e também dinamização comercial. Estas acções são dirigidas a directores técnicos, farmacêuticos adjuntos e proprietários de farmácia. As próximas acções terão lugar em Setembro. «Além de apoiarmos os responsáveis da empresa nas áreas de liderança, ajudamos toda a equipa a estar mais focada e motivada, enfrentando de outra maneira as dificuldades e ajudando a sair da zona de conforto», explica Maria Vieira (na foto), da Ideias & Desafios, para quem «a farmácia tem de criar novas maneiras de servir os utentes». Kelly Services discutiu mobilidade 7 Job center Egor em Aveiro e no Cacém 8 8 O coaching, por Viana Abreu O presidente da APCoaching – Associação Portuguesa de Coaching, Viana Abreu (na foto), que é também director do «Portal do Ser», disse em entrevista ao «Jornal de Notícias – Negócios» que «o ‘coaching’ é uma ferramenta extraordinária» nos tempos que estamos a viver. Viana Abreu referiu que «o ‘coaching’ facilita processos de mudança, de tomada de consciência», e que «hoje, mais do que nunca, vivemos tempos de muita indefinição». Para este especialista em ‘coaching’, «em tempos conturbados existem muitas oportunidades se soubermos 9 aGOSTO 11 O Grupo Egor inaugurou duas lojas de trabalho temporário em Aveiro e no Cacém, «resultado do plano de crescimento estratégico previsto e das condições de incerteza do mercado actual, que precipitam o crescimento do segmento», foi divulgado em comunicado. Em Aveiro o ‘job center’ Egor está localizado no centro da cidade e apresenta uma oferta vocacionada para o ambiente industrial, com posições predominantemente operacionais mas também uma bolsa diversificada em funções de âmbito administrativo e comercial. Já no Cacém, o novo ‘job center’ fica no Bela Vista Office, com um potencial de oferta que parte do simples armazém à multinacional do sector automóvel ou farmacêutico, passando por empresas industriais de alguma dimensão, em funções de âmbito operacional, na área comercial, em contabilidade, secretariado ou ‘back-office’. «A mobilidade do talento e o futuro do trabalho» foi o tema do mais recente «Almoço Executivo RH», da Kelly Services, que teve lugar em Lisboa a 29 de Junho. A empresa liderada em Portugal por Afonso Carvalho reuniu quadros de instituições suas clientes e parceiras no Hotel Tiara Park Atlantic, sendo de destacar a presença de Vitalino Canas, Provedor da Ética Empresarial e do Trabalhador Temporário (PEETT), órgão independente da Associação Portuguesa das Empresas do Sector Privado de Emprego (APESPE) e a que a Kelly Services recentemente aderiu. A oradora convidada deste «Almoço Executivo RH» foi Marta Santos, directora de recursos humanos da Wayfield, uma empresa de ‘trading’ que opera em Portugal desde 1998 e conta com cerca de uma centena de colaboradores. A Wayfield integra um grupo com grande dispersão, destacando-se a forte presença em Angola (desde 1992, com cerca de 2.200 colaboradores, dos quais 280 são expatriados – a maioria de Portugal, mas também do Brasil, da Europa de Leste e da Grécia), com empresas como a Refriango, a Mega, a Reviva e a Luanday. Durante este «Almoço Executivo RH», Sérgio Sousa, director de recursos humanos da Kelly Services, apresentou as principais conclusões do estudo «Kelly Global Workforce Index» no que diz respeito à mobilidade do talento e ao futuro do trabalho. O estudo está disponível na Internet, fazendo parte da sua amostra nove mil portugueses. Sérgio Sousa assinalou que o estudo incidiu em dois domínios: mobilidade do talento, por um lado, e flexibilidade do emprego e ‘stress’ laboral, por outro. A principal conclusão é de que «há um elevado número de pessoas disponíveis para trabalhar fora do seu país de origem». 45 ESPAÇO RH vém durante um período pré-determinado, de forma a garantir a concretização das metas e dos objectivos organizacionais. Os serviços profissionais de ‘interim management’ da outCOme surgiram para responder a necessidades colocadas no contexto actual das organizações. Aposta na formação CEF A Escola Profissional Profitecla anunciou que vai apoiar os jovens que queiram terminar o nono ano de escolaridade, ao fornecer formação CEF (Cursos de Educação e Formação). Esta iniciativa, que pretende contribuir para aumentar o nível de escolaridade, é dirigida a jovens com idade igual ou superior a 15 anos que não tenham terminado a escolaridade mínima obrigatória, e com apetência para adquirir conhecimentos nas áreas comercial e administrativa. Os cursos CEF conferem equivalência ao nono ano, um certificado profissional da União Europeia (de Nível II) e acesso ao ensino secundário. São dois os cursos disponíveis para o ano lectivo de 2011/ 2012 («Assistente Comercial» e «Assistente Administrativo»), acessíveis nos pólos de Barcelos, Braga, Coimbra, Guimarães, Lisboa e Porto. Representam mais de 150 vagas, equivalente a cerca de oito turmas. 12 «IIRH11», em Vila do Conde 10 11 A conferência «IIRH11 – Investigação e Intervenção em Recursos Humanos 2011» vai realizar-se nos próximos dias 27 e 28 de Outubro. Trata-se de uma conferência de âmbito internacional organizada pelo Núcleo de Intervenção e Desenvolvimento em Recursos Humanos (NID_RH), integrado na Escola Superior de Estudos Industriais e de Gestão (ESEIG) do Instituto Politécnico do Porto (IPP), localizada em Vila do Conde. Mais informações: ‘e-mail’ [email protected]. Academia para jovens angolanos Dynamic coaching Chama-se Academia de Liderança e é uma iniciativa do Banco BIC e da PwC. Trata-se de um programa orientado para universitários finalistas angolanos, que residam e estudem em Portugal, no sentido de desenvolver as suas competências de liderança. Surgiu na sequência de um programa de estágios promovido junto da comunidade de estudantes angolanos em Portugal, e as entidades organizadoras pretendem contribuir para a formação de novas gerações de líderes que venham a ter impacto no desenvolvimento económico angolano, reforcem o posicionamento do país a nível global e aprofundem os elos de ligação económicos e sociais com Portugal. A GO4 Consulting vai promover de Agosto a Novembro um programa de certificação em ‘dynamic coaching’, tendo como público-alvo profissionais interessados em desenvolver esta actividade. Na informação disponibilizada refere-se que «o ‘dynamic coaching’ é um processo dinâmico e estruturado, facilitador do desenvolvimento de indivíduos e equipas, que promove a identificação e a concretização dos objectivos dos participantes», sendo que «optimiza o desempenho, o bem-estar e a realização pessoal e profissional, recorrendo às técnicas psico e sóciodramáticas que estimulam a agir de forma consistente com os objectivos, proporcionam o ensaio de novos comportamentos, o desenvolvimento de novos papéis e a descoberta de caminhos alternativos». 12 10 Comportamento organizacional O Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP-UTL) está a organizar a primeira edição do «Congresso Lusófono de Comportamento Organizacional e Gestão». Subordinado ao tema «Organizações e Gestão: o estilo lusófono», vai decorrer em Lisboa, de seis a oito de Outubro deste ano. Mais informações em http://www.wix. com/1clcog/website. aGOSTO 11 11 Interim management 46 A outCOme – Clínica Organizacional está a disponibilizar soluções de ‘interim management’ no âmbito da reestruturação de práticas de gestão de recursos humanos. Neste serviço, a empresa procura colocar à disposição dos clientes um recurso sénior, com o mínimo de 10 anos de experiência profissional, acompanhado por uma estrutura de suporte técnico e de gestão, que inter- 13 Adecco reuniu Mulheres DirActivas 13 «A importância da responsabilidade social na liderança pessoal e profissional da mulher» foi o tema do primeiro encontro das Mulheres DirActivas em Portugal, realizado no início de Julho, no Porto. Com organização da Adecco, tratou-se de um pequeno-almoço de trabalho que teve como oradora Maria da Conceição Zagalo (na foto) e no qual estiveram cerca de 20 mulheres empreendedoras e sensibilizadas para o papel actual da mulher no mundo laboral e interessadas em aplicar as últimas tendências de ‘management’. Esta iniciativa surgiu em Barcelona em 2001, fruto da inquietude de um grupo de mulheres empreendedoras. Já fazem parte da comunidade mais de 650 mulheres. Em Portugal, o ‘lobby’ Mulheres DirActivas vai traduzir-se em encontros quadrimestrais. Textos: MSA ESPAÇO RH OPINIÃO Luís Bento Administrador de Empresas e Docente Universitário [email protected] de imagem e marca) de forma a satisfazerem as necessidades subliminares dos consumidores. Se tudo isto acontecer, então devemos comprar o que é produzido em Portugal, porque Portugal faz bem. Mas se as empresas portuguesas estiverem estranguladas financeiramente e não dispuserem de meios para comprar matérias-primas, se os seus produtos não forem os adequados ao nosso mercado, se a sua tecnologia estiver ultrapassada e precisarem de investir em reequipamento, se não dispuserem de um portfólio de produtos capaz, se não forem competitivas (preço, quantidades e prazos de entrega), então a campanha «Compre o que é nosso!» será mais uma iniciativa de carácter político do que uma iniciativa genuína para desenvolver o nosso tecido produtivo. E a economia portuguesa precisa desesperadamente de crescer. Para construirmos o nosso futuro. aGOSTO 11 É a nova grande campanha: «Compre o que é nosso!» Nosso, português, fabricado e/ ou produzido em Portugal. Aumenta a produção nacional e diminui as importações. Com essa atitude, contribuimos para a superação da crise. Desde que: os produtos fabricados em Portugal incorporem exclusiva ou maioritariamente matérias-primas e/ ou componentes fabricados em Portugal; os produtos portugueses tenham uma relação qualidade/ preço pelo menos idêntica à dos produtos importados; existam empresas portuguesas que assegurem a produção das quantidades necessárias para o abastecimento do mercado nacional; essas empresas tenham uma estrutura de custos (energia, financiamento, transporte, logística) idêntica à das concorrentes internacionais; não sejam violadas as regras da concorrência; as empresas portuguesas tenham a capacidade comercial de trabalhar os produtos e serviços (em termos © VG «Compre o que é nosso!» 47 ESPAÇO RH Gestão e Liderança de Talentos… Para Sair da Crise Um livro que resulta da colaboração dos autores – Patrícia Jardim da Palma, Miguel Pereira Lopes e José Bancaleiro –, desde 2008, na rubrica «Carreiras e Talentos», do semanário «Sol» (suplemento «Confidencial»). O livro divide-se em três capítulos para a organização dos artigos que foram sendo publicados na rubrica – «Gestão de talentos», «Liderança de talentos» e «Talentos para sair da crise» –, sendo que os autores preferiram usar o termo «talentos» em vez da expressão «recursos humanos», na medida em que pretendem tornar as pessoas o grande motor para a saída da crise, não as considerando apenas como mais um recurso a ser gerido nas organizações. José António Saraiva, o director do semanário, destaca no prefácio da obra o «espírito livre» dos autores na escrita dos artigos, sempre avessos a ideias feitas. «Numa área em que é muito vulgar o uso de uma linguagem tecnocrática, desumanizada, em que as pessoas são apenas números em tabelas estatísticas, os autores falam efectivamente de seres humanos», assinala. (RH Editora) Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas O mais bem sucedido livro da história da literatura motivacional. Publicado originalmente em 1937, esgotou sucessivas edições e foi traduzido perto de meia centena de idiomas. Passados quase 75 anos, já vendeu cerca de 15 milhões de exemplares. O autor, o norte-americano Dale Carnegie, filho de agricultores pobres, percebeu desde cedo que o êxito tem pouco a ver com conhecimentos profissionais e que o mundo pertence a quem consegue expressar as suas ideias, assumir lideranças e entusiasmar os outros. Foi com base nesta crença que construiu um verdadeiro império na área da formação, actualmente com presença um pouco por todo o mundo. A Dale Carnegie Training está em 80 países, sendo uma multinacional de referência na qualificação das pessoas. (Lua de Papel) Quando Deus Não Estava a Ver, o Diabo Inventou os Negócios aGOSTO 11 Joachim Rene Zyla, um executivo europeu que é ‘partner’ da consultora Heidrick & Struggles, usa como metáforas os conceitos de Céu e Inferno, Bem e Mal, Deus e o Diabo, para fazer uma reavaliação ética do mundo dos nossos dias. Ao mesmo tempo, procura compreender o papel que podem desempenhar na criação de um mundo de trabalho mais justo, mais equitativo e mais produtivo. «O que lucra o Diabo com este jogo imenso a que damos o nome de meio empresarial?», interroga-se o autor. (Gestão Plus) 48 Portugal na Hora da Verdade, de Álvaro Santos Pereira (Gradiva). O super-ministro da Economia, do Trabalho e de mais algumas coisas explica as suas ideias para «vencer a crise nacional». A Era da Competência, de Glória Rebelo e Paulo Pereira de Almeida (RH Editora). Um novo paradigma para a gestão de recursos humanos e o direito do trabalho, numa nova edição, revista e actualizada. Marketing Ombro a Ombro, de João Pinto e Castro (Texto). Estratégias de ‘marketing’ na era do consumidor activo, conectado e poderoso. Líder do Futuro, de Arthur Diniz (RH Editora). Como a eficácia de um líder depende cada vez mais da capacidade de motivar e inspirar pessoas. Textos: MSA Personal Branding Regra número três, a dupla competência O que se quer dizer com a competência profissional ter dois níveis? Tentando simplificar, pode-se dizer que um deles comporta as competências básicas destinadas às tarefas necessárias a uma função. O outro respeita às ‘soft skills’, podendo resumir-se numa série de atitudes intrapessoais e no relacionamento interpessoal. Nos cargos de chefias inMaria Duarte Bello Directora Geral da MDB – Coatermédias é pacífico que ching e Gestão de Imagem interessam mais as [email protected] tências técnicas, porque o relevante é o saber-fazer. Mas já nos níveis elevados de liderança as qualidades de relacionamento interpessoal ajudam a realçar os profissionais excelentes. Nos erros mais comuns das lideranças jovens destaca-se a incapacidade de adoptar o estilo às mudanças da organização e o de ouvir e aceitar opiniões sobre características que necessitam de ser melhoradas. Quando àqueles erros se juntam a inabilidade em criar relações de confiança e solidariedade, é caso para dizer que temos o caldo entornado. As capacidades técnicas justificam, normalmente, a razão das promoções. Mas qual será a explicação para, a partir do momento em que estão em lugares de liderança, se tornarem déspotas, insensíveis e intolerantes? Parece ser o «princípio de Peter» a funcionar: os promovidos alcançam o seu nível de incompetência. O novo chefe, promovido fruto dos seus conhecimentos especializados, vê-se num outro patamar onde a maioria das acções se relacionam com a liderança e não com a competência técnica. Um preconceito muito difundido é o de que se alguém possui um conhecimento especializado também é necessariamente capaz de liderar. Mas nem sempre é assim. Pode até ser talentoso, intelectualmente brilhante, mas será um líder fraco se não conseguir inspirar confiança, criar laços, motivação e cooperação. Outro aspecto a considerar é que a curiosidade é fundamental para se evoluir profissionalmente. Lidar com as críticas e os erros é talvez o mais difícil de encarar, mas é importante para se conseguir ultrapassar um nível mediano. A competência especializada é essencial. Mas só as qualidades como o equilíbrio emocional, a maturidade, a integridade e a eficiência nas relações com os outros permitirão atingir a excelência. É a conjugação destas que permite alcançar a dupla competência. © MDB LIVROS ESPAÇO RH SITES Bravemind com novo ‘site’ A consultora de recursos humanos Bravemind apresentou um novo ‘site’ (disponível em http://www.bravemind.pt/), da responsabilidade da Research&Design, uma agência de ‘marketing’ digital do Grupo ActualSales. A nova pla- taforma, que foi criada para responder à necessidade de candidatos e empregadores, inclui um sistema completo de consulta e gestão de candidatos e oportunidades, sendo que os utilizadores poderão aceder a oportunidades de emprego, efectuar candidaturas, submeter o ‘curriculum vitae’ (CV) ou subscrever o serviço «Job Alert» para receber alertas de oportunidades de acordo com o perfil. Projecto português ‘on-line’ Chama-se «Lolbids.com», está em actividade há pouco mais de seis meses e é o primeiro ‘site’ totalmente português a actuar na área de leilões ‘on-line’. Vocacionado para pessoas com idades compreendidas entre os 18 e os 55 anos, conta actualmente com cerca de 6.500 utilizadores registados, dos quais 80% são do sexo masculino. Segundo Diogo Castro Santos, empreendedor do negócio, a internacionalização está prestes a começar. O ‘site’ está disponível em http://www.lolbids.com/. Textos: MSA aGOSTO 11 Intervenções da «Talenting Conference» A Talenter colocou ‘on-line’, no «YouTube», as diversas intervenções da «Talenting Conference’ 11», que decorreu no passado dia 24 de Maio, em Lisboa. Foi a segunda edição promovida pela empresa de recursos humanos liderada por César Santos. O moderador foi João Alberto Catalão, administrador da YouUp – The Coaching Company; quanto aos oradores, foram Helena Marujo, investigadora e membro da Board of Directors da International Association of Positive Psychology, Rui Fiolhais, gestor do POPH – Programa Operacional Potencial Humano e o maestro brasileiro João Carlos Martins. Os ‘links’ estão disponíveis em http://www.human.pt/noticias/ jun_2011/21_06_11noticia3.htm. 49 ESPAÇO RH Coaching Coaching e PNL © FP A Programação Neuro-linguística (PNL) é uma excelente base conceptual e prática para suportar a actividade de ‘coaching’ em todas as suas especialidades. Mesmo sem um curso específico de ‘coaching’, o segundo nível das certificações em PNL de alguns institutos (nível de «Master Practitioner») qualifica para a prática profissional Luzia Wittmann de ‘coaching’. Fundadora do InPNL [email protected] O objectivo do ‘coach’ é acompanhar o seu cliente e fazer com que este descubra e utilize o seu potencial para alcançar objectivos. Em princípio, o ‘coach’ não precisa de ser um especialista na área do cliente. Assim, para ser verdadeiramente eficaz, é importante que o próprio ‘coach’ seja alguém que, para além de conhecer as técnicas específicas do ‘coaching’, tenha ou uma vasta experiência de vida ou um conhecimento profundo – teórico, prático e pessoal – do comportamento humano. O ‘coach’ que trabalha com a PNL utiliza como base o «Modelo Operacional da PNL». Define o Estado Actual e o Estado Desejado. aGOSTO 11 O ‘coach’ que trabalha com a PNL utiliza como base o «Modelo Operacional da PNL». Define o Estado Actual (avaliação da situação presente em termos de satisfação e insatisfação) e o Estado Desejado (a situação que o cliente pretende criar). Para estabelecer a ponte e fazer a travessia, são identificados os recursos necessários, aplicando-se as técnicas adequadas para superar obstáculos como o medo, a insegurança, a timidez e outros estados internos provocados por convicções limitadoras e baixa auto-estima. Pode ainda aplicar e ensinar técnicas de condicionamento neuro-associativo para trazer a tona recursos internos, como a confiança, a coragem, a compreensão, a capacidade de comunicação e o carisma, que irão levar a um aumento considerável da qualidade de vida e da felicidade pessoal do cliente, através da concretização dos sonhos, agora transformados em objectivos. 50 Nota: Luzia Wittmann fundou e dirige o InPNL – Instituto Internacional de Programação Neurolinguística (http://www.inpnl.com/). É ‘life’ e ‘executive coach’, ‘trainer’ de PNL certificada por vários institutos internacionais e terapeuta de PNL e da Linha do Tempo. legislação Diplomas relevantes para a gestão de recursos humanos Texto: Carlos Antunes Comentário No âmbito da legislação nacional, o destaque vai para a publicação da portaria que aprova os coeficientes de revalorização das remunerações para o cálculo das pensões de invalidez e velhice do regime geral de segurança social e do diploma que estabelece as normas para a realização de estágios profissionais extra-curriculares. Legislação portuguesa Decreto-lei 66/2011, «Diário da República» 106 – Série I, de um de Junho de 2011, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Estabelece as regras a que deve obedecer a realização de estágios profissionais extra-curriculares, no uso da autorização legislativa concedida pelo artigo 146 da Lei 55-A/2010, de 31 de Dezembro. Despacho 8.189/2011, «Diário da República» 112 – Série I, de nove de Junho de 2011, Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social – Gabinete da Ministra Alteração do regulamento (Despacho 18.229/2008, de oito de Julho) sobre o regime de acesso a apoios no âmbito da tipologia de intervenção «2.1. Reconhecimento, validação e certificação de competências» (POPH). Portaria 236/2011, «Diário da República» 114 – Série I, de 15 de Junho de 2011, Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social e da Educação Regula a acreditação dos avaliadores externos e da sua actividade no âmbito dos processos de reconhecimento, validação e certificação de competências desenvolvidos pelos centros «Novas Oportunidades». Lei 24/2011, «Diário da República» 115 – Série I, de 16 de Junho de 2011, Assembleia da República Reforça os apoios concedidos aos centros de emprego protegido e às entidades que promovem programas de emprego apoiado (primeira alteração ao Decreto-lei 290/2009, de 12 de Outubro). Lei 27/2011, «Diário da República» 115 – Série I, de 16 de Junho de 2011, Assembleia da República Regime da reparação de danos emergentes de acidentes de trabalho dos praticantes desportivos profissionais (revoga a Lei 8/2003, de 12 de Maio). Lei 28/2011, «Diário da República» 115 – Série I, de 16 de Junho de 2011, Assembleia da República Procede à segunda alteração à Lei 4/2008, de sete de Fevereiro, que aprova o regime dos contratos de trabalho dos profissionais de espectáculos e estabelece o regime de segurança social a eles aplicável. Portaria 242/2011, «Diário da República» 118 – Série I, de 21 de Junho de 2011, Ministérios das Finanças e da Administração Pública e da Saúde Adapta o subsistema de avaliação do desempenho dos trabalhadores da AP (SIADAP 3) aos trabalhadores da carreira especial de enfermagem. Portaria 246/2011, «Diário da República» 119 – Série I, de 22 de Junho de 2011, Ministérios das Finanças e da Administração Pública e do Trabalho e da Solidariedade Social Determina os valores dos coeficientes de revalorização das remunerações que servem de base de cálculo das pensões de invalidez e velhice do regime geral de segurança social e do regime do seguro social voluntário e revoga a portaria 269/2009, de 17 de Março. Legislação europeia Resolução do Conselho e dos representantes dos governos dos Estados-membros, reunidos no Conselho. Relativa ao diálogo estruturado com os jovens sobre o emprego destes. («Jornal Oficial da União Europeia» L 164, de dois de Junho de 2011) 51 aGOSTO 11 visto de fora MADRID (ESPANHA) 52 © MVS Estes tempos de enorme incerteza deveriam estimular-nos a oferecer um serviço melhor aos clientes e aos cidadãos, a inovar mais do que nunca, a trabalhar muito mais em equipa, a desenvolver todo o talento possível e a promover os valores do respeito pela dignidade da pessoa, pela família, pelo esforço e pelo mérito. Mas continuamos embarcados na frivolidade, na manipulação e na hipocrisia de uns «progres»(1) néscios que não descansam a não ser que a cada dia lhes matem um pouco da sua fome de poder. Já no primeiro quartel do século passado um complexado socialista fez-se ao poder na Alemanha, semeando de «progressia»(2) todos os âmbitos daquela sociedade. Parecido a muitos dirigentes «progres» de hoje, um dirigente de então, professor na Universidade de Berlim, provocava os alunos perguntando: «Foi Deus que criou tudo o que existe?» «Sim», respondeu certo dia um deles. E continuou: «Se Deus criou tudo o que existe, então fez o mal. E se as nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau.» O professor mandou calar o aluno, enquanto outro aceitou a provocação perguntando se o frio e a escuridão existiam. «Claro que sim, ou por acaso nunca sentiste frio ou nunca estiveste às escuras?», disse o professor. E continuou o segundo aluno: «Na verdade, nem o frio nem a escuridão existem. Segundo as leis da física, o frio é a ausência de calor e a escuridão é a ausência de luz. Através de um prisma de Nichols podemos decompor a luz branca nas suas várias cores com as suas diferentes longitudes de onda, mas não podemos fazer o mesmo com a escuridão.» «O mal existe?», perguntou o aluno ao professor. E este: «Sim. O mal são os roubos, as violações, os crimes, as guerras, o terrorismo e a violência de todo tipo que vemos todos os dias.» E contrapôs o aluno: «Tão-pouco existe o mal, antes este é a ausência do bem. Deus não criou o mal. O mal é a ausência de Deus no coração dos homens como o frio quando não faz calor ou a escuridão quando não há luz.» Todos os colegas, de pé, lhe deram um aplauso prolongado e o frívolo e «progre» professor só teve reflexos para lhe perguntar: «Qual é o seu nome?» «Chamo-me Albert Einstein, senhor.» É neste ambiente frio, obscuro, hostil e malvado que nos desenvolvemos. Só que os professores agora são alguns meios de comunicação subsidiados cuja gente se limita a assobiar para o lado. Entretanto – falo de Espanha, o meu país –, o desemprego, o défice e a dívida são já assustadores. A Igreja é marginalizada e fortemente atacada. E legisla-se contra a vida, a família e a igualdade de todos os espanhóis. Os poderes públicos ressuscitaram o maniqueísmo de uma sociedade dividida em dois grupos irreconciliáveis. Estão a ser desenterrados os mortos da guerra civil. Os juízes, os fiscais e os chefes da polícia escrevem o ditado do governo. A prevaricação e a mentira sistemática estão no menu da gestão política e, sobretudo, de um chefe de governo «progre», Manuel González Oubel Psicólogo e Filósofo [email protected] A função principal de um líder – religioso, político ou empresarial – não é o desenvolvimento das melhores estratégias mas sim converter os seus colaboradores em melhores pessoas. néscio e complexado, que até terroristas leva ao poder. Isto está mas é para fugir, como aquele pai que de repente se foi embora de Nova Iorque para a Austrália com os seus dois filhos, em busca de novas oportunidades. Um filho queria ser trapezista; o outro queria ser actor, e começou a trabalhar nas zonas mais perigosas do porto da cidade. Em pouco tempo foi assaltado por cinco bandidos. Ao resistir a entregar o dinheiro, bateram-lhe até lhe partirem a cabeça, as pernas e os braços; desfiguraram-lhe o rosto, deslocaram-lhe o queixo e partiram-lhe o nariz, deixando-o quase morto. Um ano depois saiu do hospital com um rosto que causava repulsa. Com aquela aparência monstruosa só podia trabalhar num circo. Fê-lo com o espectáculo do «homem sem rosto», mas continuou a ser rejeitado. Desesperado e com a auto-estima no mínimo, entrou numa igreja para rezar. O sacerdote, que foi rezar a seu lado, levou-o à sacristia, ofereceu-se para ajudá-lo a recuperar a dignidade, a auto-estima e a personalidade e fez com que o melhor cirurgião plástico do país, sem custos, um milagre no rosto de um jovem que hoje se chama Mel Gibson. É evidente que a função principal de um líder – religioso, político ou empresarial – não é o desenvolvimento das melhores estratégias mas sim converter os seus colaboradores em melhores pessoas. Assim o fez o sacerdote desta história, tal como a genial fundadora da Ordem das Carmelitas Descalças, Teresa de Jesus, que se rodeou das mentes mais notáveis e santas do seu tempo e dos melhores livros. É primordial a qualidade das pessoas, sobretudo nesta «noite obscura» de que ansiamos sair purificados. Às escuras e de rastos caminha um povo como o basco, ao som do que os terroristas determinam. A corrupção de juízes, fiscais, polícias e muitos meios de comunicação empurrou os terroristas até ao poder. Os sindicatos, subsidiados pelos diferentes governos, nem querem saber dos mais de cinco milhões de desempregados. Os grandes estrategas empresariais, que até nestes tempos se têm «arranjado», continuam paralisados, como o governo e os sindicatos, perante as crises ninja, económica e financeira que sofremos. O laicismo feroz, provocado na sociedade por políticos e meios de comunicação, continua atacando os nossos princípios e a Igreja. Estão a impor-se os valores da «progressia», assumidos por um governo que em Espanha já se sabe que nem sequer seria aceite para gerir um condomínio. A mentira, a manipulação e a representação dramática são os tópicos essenciais do seu normal sistema de gestão. Parece que a purificação para resolver os nossos profundos problemas só nos pode chegar da Igreja, dos seus sacerdotes, das religiosas, dos frades, de missionários. Como aconteceu a Mel Gibson na sacristia de uma igreja. Ver nota seguinte, sobre «progresía». No original do autor, «progresía» (termo usado em Espanha em referência ao abuso por parte da esquerda de alguns valores progressistas). (1) (2) Tradução do castelhano: AMV aGOSTO 11 Superando a frivolidade visto de fora RIO DE JANEIRO (BRASIL) Denize Athayde Dutra Consultora em Desenvolvimento e Gestão de Pessoas [email protected] O ‘coaching’ não é uma simples ferramenta, mas um estilo de liderança que re-humaniza as organizações, tornando-as verdadeiros espaços de aprendizagem, como propõe Peter Senge em «A Quinta Disciplina». (1) Associação Brasileira de Recursos Humanos – Estado de Alagoas (2) Brasil, Rússia, Índia e China co nas organizações, e utilizá-lo de forma sistemática. No mundo corporativo, tornou-se uma tendência que o papel de ‘coach’, que inicialmente era assumido por consultores externos à organização, seja assumido agora pelas próprias lideranças internas, pois o ‘coaching’ não é uma simples ferramenta, mas um estilo de liderança que re-humaniza as organizações, tornando-as verdadeiros espaços de aprendizagem, como propõe Peter Senge em «A Quinta Disciplina». ‘Coaching’ é um processo estratégico que agrega valor tanto às pessoas que estão sendo ajudadas como ao resultado financeiro das organizações; porque ele é transformacional, isto é, modifica comportamentos individuais, que são a chave para a mudança de cultura organizacional. O ‘coaching’ possibilita o alinhamento dos valores individuais com os valores corporativos, além de promover relacionamentos salutares, baseados em ‘feedbacks’ construtivos e na busca de solução dos problemas, por meio de planos de acção para remover os obstáculos à consecução dos objectivos individuais e organizacionais. O ‘coaching’ deve ser encarado como uma abordagem holística, pois existe vida fora do trabalho, e sabemos o quanto o pessoal e o profissional não podem ser entendidos e tratados de forma dissociada. Por isso essa abordagem está hoje pautada por uma variedade de conceitos e técnicas de desenvolvimento de lideranças. É este tema tão relevante quanto complexo que vai ser tratado na conferência do próximo dia oito de Setembro. Quem sabe o leitor não aproveita o seu Verão e viaja até Alagoas para participar connosco. E para desfrutar das belas praias que temos. Voltará, por certo, cheio de energia para enfrentar os seus desafios. aGOSTO 11 © Patricia Kunzel A linda cidade de Maceió vai acolher o «VIII Congresso Alagoano de Gestão de Pessoas». Ao escolher a temática («RH: Rumo a um novo tempo! Tempo de diversidade, tempo de aprendizagem, tempo de conectividade»), a ABRH_Alagoas(1) demonstrou o quanto os profissionais da região estão alinhados com as questões críticas do momento actual. Fui convidada para fazer a conferência «‘Coaching’ – compromisso com resultados hoje e sempre», no eixo «Tempo de aprendizagem». Se olharmos para o cenário mundial, e de forma particular para o Brasil como membro dos BRICs,(2) e ainda para os desafios internos que temos, fica inquestionável a relevância do tema, em face da premente necessidade de desenvolver novas lideranças e investir na capacitação das pessoas. O nosso sistema educacional ainda está muito aquém das nossas reais necessidades de qualificação, e os impactos ocasionados por isso já começam a ser notados pelo apagão de mão-de-obra em alguns sectores da economia brasileira. O acentuado ‘gap’ entre a necessidade e a realidade, a velocidade das mudanças e a escassez de recursos apontam para a importância de repensar as práticas tradicionais de gestão de pessoas. Além da formação técnica, de gestão e comportamental, novas ferramentas precisam de ser adoptadas. Na verdade, o novo não são as ferramentas, mas o nosso olhar para elas, e também para a utilização das velhas e conhecidas ferramentas. Todos tivemos alguém que foi uma referência, alguém que demonstrou acreditar na nossa capacidade de superação, alguém que mostrou um caminho a ser seguido. Acho que o novo é reconhecer a importância desse processo de aprendizagem informal como estratégi- © RAC Compromisso com resultados hoje e sempre 53 AS MINHAS ESCOLHAS João Alberto Catalão Fotos: JAC Ser actor e não espectador aGOSTO 11 Texto: Ana Leonor Martins 54 Decidiu cedo que queria ser actor e não espectador do seu percurso e escolheu como lema de vida «fazer e desfazer para tentar fazer melhor». E quando olha para trás, João Alberto Catalão, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo BusinessUp, percebe que a nível profissional foi feliz sempre que pôde «fazer acontecer, ser criativo e irreverente», e que a nível pessoal nunca teve medo de mudar. «Vivi um percurso pessoal e profissional num contexto de mercado influenciado tanto pelo 25 de Abril como pelo advento das tecnologias, e por um acréscimo de competitividade e pela globalização», recorda, acrescentando ainda que as várias modalidades desportivas em que competiu potenciaram em si «um espírito simultaneamente individualista e aventureiro». O percurso e as escolhas de João Alberto Catalão resultaram do seu «propósito anti-acomodamento» e de uma certeza: «a vida é feita de opções e até hoje tenho conseguido não me auto-limitar», diz. «O que me motiva é não hesitar em escolher de novo sempre que sinto o apelo para o fazer. O meu percurso na área comercial, nas negociações multiculturais, na liderança de equipas em Portugal e quando estive expatriado e, actualmente, no ‘executive coaching’ tem tudo a ver com as minhas motivações», partilha. Acredita que «este é o momento de pensar e agir diferente» e essa tem sido não só a sua forma de estar como a sua paixão. «Através do ‘coaching’ estou a conseguir poten- ciar a minha vocação para inspirar e desafiar o mercado; isso permite-me ser mais útil às organizações.» Para além de administrador do Grupo BusinessUp, que criou há 11 anos, João Alberto Catalão é também ‘managing partner’ das empresas que o integram: YouUp – The Coaching Company, SalesUp, INV – Instituto de Negociação e Vendas e 4 Store’s, todas especializadas em dinâmica comercial. Mais do que um desafio empresarial, o Grupo BusinessUp representa para si «uma forma de estar e de proporcionar ao mercado uma oferta diferenciadora, integrando não só as competências» que foi adquirindo ao longo da vida, mas mantém «uma visão totalmente prospectiva e assente no fazer acontecer, através da concepção e da implementação de soluções realmente integradas». João Alberto Catalão defende que «querer é poder» mas ressalva que isso implica «gostar naturalmente de estar fora da zona de conforto». E garante que a crise está a ser generosa consigo, pois a sua «mensagem dirsruptiva está a obter uma receptividade extraordinária». O seu grande desafio é assim conseguir conciliar essa procura com a sua vida pessoal. Preside também à Associação Ibero-americana de Coaching, é ‘speaker’ internacional, ‘executive coach’, docente, aluno (actualmente estuda psicologia), autor e co-autor de livros. Mas como gosta «genuinamente de pessoas e de fazer acontecer» tem conseguido que a realização pessoal e profissional se cruzem. «O meu principal AS MINHAS ESCOLHAS ‘hobby’ é observar pessoas, estudar e investigar situações e contextos e, com essa dinâmica, tentar imaginar cenários futuros. Faço o que gosto e gosto daquilo que faço.» O desporto, as viagens e a produção de vinhos são três dos ‘hobbies’ de João Alberto Catalão. aGOSTO 11 Viajar «Como faço anos a 25 de Março e casei na mesma data, decidi com a minha mulher realizarmos todos os anos uma grande viagem nessa altura do ano. Procuramos descobrir locais fora da caixa, como Rayawadi, Penang ou viver com tribos em selvas no Oriente. Permite-me libertar adrenalina e inspirar-me. Europa, Ásia e Oceania já estão praticamente explorados. A América do Norte está razoavelmente vivenciada e agora iniciei as viagens pela América Latina. De seguida a prioridade será o sul de África. Nas viagens, adoro utilizar a bicicleta ou a mota, pois favorecem o meu prazer em descobrir detalhes. Também adoro viajar com clientes. Todos os anos organizo ‘retail safaris’. Já estive nos cinco continentes e visitei 87 países.» Partilha «Seja através da minha página no ‘Facebook’, seja através de palestras motivacionais, livros ou artigos que escrevo, do meu blogue ‘Motivatore’ ou do meu ‘site’ (http://www.vitaminacatalao.com/). Começo sempre o meu dia a partilhar a minha irreverência e a minha atitude mental positiva.» Vinhos «A minha primeira formação académica esteve ligada à agricultura. O contacto com a arte e a ciência na produção dos vinhos sempre me apaixonou. Já tive vinhas e já criei uma marca de vinho, o Monte dos Valhascos. A gestão da minha garrafeira, a procura de novos vinhos e a sua partilha com amigos é apaixonante. O próximo passo deste ‘hobby’ será a produção do meu espumante.» Estudar «Não sei se é ‘hobby’ ou vício. A verdade é que iniciei o meu percurso académico sendo um aluno medíocre. A partir dos 38 anos e depois de estudar ‘marketing’, comecei uma carreira simultânea de docente e aluno que não vai terminar tão depressa. Já estudei diferentes áreas do conhecimento, como filosofia, direito, gestão, finanças ou negociações complexas, e actualmente estudo psicologia. Permite-me estimular em contínuo os neurónios. Aprendo para ensinar e ensino para aprender. Arquimedes dizia que o ser humano é feliz quando pensa.» Desporto «Foi a minha primeira fonte de rendimento. Fui atleta federado da Académica. Pratiquei ‘à séria’ e conquistei bastantes títulos nacionais e internacionais em modalidades tão diferentes como atletismo, automobilismo, tiro, ‘haidong gumdo’, andebol, futebol, basquetebol ou ‘rugby’. Hoje sou ‘fitness’-dependente, pratico ‘footing’ e ciclismo. Gosto muito de ir para o escritório na minha ‘bina’. O meu dia inicia-se às sete da manhã com algo que tem que envolver o físico, se não ninguém me atura!» 55 aGOSTO 11 LIFESTYLE 56 LIFESTYLE VIAGEM – México Um paraíso com história maia Quando se pensa em férias, um dos destinos mais apetecíveis é as Caraíbas. Deslumbrantes praias de areia fina com mar cristalino, algumas quase desertas, clima tropical e preços relativamente acessíveis são os ingredientes perfeitos quando o objectivo é relaxar e cultivar o ‘dolce far niente’. A Riviera Maya tem tudo isto, e muito mais. Para além das paisagens magníficas, esconde os mistérios da milenar cultura maia. Sem dúvida, um verdadeiro paraíso mexicano. Texto e fotos: Ana Leonor Martins Xcaret, Ilha das Mulheres, Cozumel, Playa del Carmen, Cobá… Cada um tem um atractivo diferente. Prioritário é Chichén Itzá, a mais famosa cidade-templo maia, considerada uma das «Novas Sete Maravilhas do Mundo». A construção mais imponente é a pirâmide de Kukulcán, que prova os aprofundados conhecimentos que a civilização maia tinha em matéria de matemática, astronomia e arquitectura. Construída conforme um cálculo astronómico milimétrico, tem 91 degraus em cada um dos seus quatro lados (como as estações do ano) que, com a plataforma superior, somam 365 degraus (como os dias do ano). E cada um dos lados está alinhado com um dos pontos cardeais. Há alguns anos era possível subir ao topo da pirâmide; só que, para além da deterioração que provocava o corrupio de turistas, a sua inclinação motivava alguns acidentes. Mas Chichén Itzá tem mais para ver. A Praça das Mil Colunas, o Templo dos Guerreiros, o campo de aGOSTO 11 Ao contrário de muitos destinos de praia, que só têm para oferecer isso mesmo, o México, mais especificamente a Riviera Maya (porque Cancún tem pouco mais do que o aeroporto, bons ‘resorts’, praia e diversão nocturna), brinda-nos com um misto de paisagens irresistíveis e de história de uma das mais apaixonantes e notáveis civilizações do mundo: a civilização maia. Por isso, passar os dias todos entre os banhos de sol e de mar é um autêntico desperdício. Porque há muito para ver, e porque o objectivo também será descansar e desfrutar das deslumbrantes praias, convém planear o que se quer fazer, e fazer contas aos dias… E aos euros (ou aos pesos). Os extras, já se sabe, saem sempre caro, e no México as excursões são especialmente caras. Um truque é alugar um carro e ir pelos próprios meios, até porque as estradas não têm muito que enganar. Mas ainda assim não sai nada barato. E por isso há que fazer opções. Chichén Itzá, Tulum, Xel-Há, 57 LIFESTYLE aGOSTO 11 jogos… Também é de descobrir o significado dos muitos símbolos ou as potencialidades acústicas do local. A nossa voz sussurrada numa parede ecoa numa outra, permitindo manter uma conversa com alguém distante no espaço, de nariz virado para a parede. O único senão é o intenso calor árido, que também tira alguma paciência para regatear preços com os muitos vendedores de rua, pequeninos mas bem insistentes. Na costa oriental da Península de Yucatán, encontra-se outra antiga cidade maia. Com uma vista do Mar do Caribe de cortar a respiração, Tulum é uma zona arqueológica deslumbrante. Rodeada por uma muralha protectora, alberga templos e palácios. E muitas iguanas, que se passeiam lado a lado com os milhentos turistas. Mas ruínas, história e fauna ficam para segundo plano quando se chega ao miradou- 58 ro e se vislumbra o imenso mar, onde intensos tons de azul e verde se unem, sem se misturar. E, mais ao fundo, de acesso difícil, avista-se praias desertas. Impossível não dar um mergulho naquelas cálidas águas caribenhas… Os parques naturais são outra das atracções mais procuradas da Riviera Maya. Xel-Há é um deles. Porque é proibida a utilização de protectores solares normais, que poluem o ‘habitat’ das várias espécies que alberga, à entrada vende-se protectores solares biodegradáveis. Depois, é largar tudo no cacifo (excepto a obrigatória máquina fotográfica aquática), ir buscar equipamento de ‘snorkeling’ e entrar na água. Percorrer os rios subterrâneos e ver os peixes multicolores, nadar com golfinhos (nada de extraordinário e que se paga a peso de ouro), saltar da «Pedra do Valor», desfrutar do centro de massagens, andar de bicicleta, descansar numa convidativa rede, ir até à praia onde dizem ter sido filmado parte do filme «A Lagoa Azul», tudo isto são apenas algumas das actividades possíveis. Para Xcaret, outro parque natural, convém reservar o dia inteiro, porque é enorme. Ali procura-se dar a conhecer não só a fauna e a flora locais, mas também a herança cultural mexicana. Para além das inevitáveis actividades aquáticas – tem uma praia, uma rede de rios subterrâneos (a água é gelada mas garantem os locais que funciona como elixir da juventude), de lagoas e cenotes –, são várias as espécies de animais que se pode ver, dos peixes aos golfinhos, passando por tartarugas, borboletas, veados, flamingos ou jaguares. Foram também recriadas cidades maia, há vestígios arqueológicos, uma igreja católica e um cemitério, e o parque encerra com um espectáculo em que se conta um pouco da história e se dá a conhecer as tradições mexicanas. A Playa del Carmen também merece visita. Aí encontra-se não só muitos turistas como muitos mexicanos, se se for ao fim-de-semana. Da areia avista-se a Ilha de Cozumel, muito procurada para fazer mergulho nos incríveis recifes que dão forma ao grande recife maia, considerado o segundo maior do hemisfério norte. Já as ruas parecem a baixa lisboeta. Fechadas ao trânsito, têm lojas e mais lojas, muitos hotéis, restaurantes e bares. Já que se paga, também convém aproveitar o ‘resort all inclusive’. Pode-se optar por ficar mais no centro da acção, mas também da confusão, por exemplo nos hotéis da Playa del Carmen, também mais em conta, mas os luxuosos ‘resorts’ à beira-mar «sabem mais» a Caraíbas. http://www.visitmexico.com/ LIFESTYLE AUTOMÓVEL Fins de tarde com música Táctica vencedora À sexta-feira e ao sábado, até 27 de Agosto próximo, o Evidência Sta. Catarina Light Hotel, em Lisboa, vai ser palco de finais de tarde repletos de música e ambiente de festa. É um espaço irreverente que convida à descontracção. Quem não é grande adepto da Passat diz que a nova versão é mais do mesmo, mas os amantes desta carrinha da Volkswagen compreendem que em equipa que ganha pouco se mexe. ção para descontrair. E a parceria celebrada com a escola profissional proDJ permite assegurar sempre um novo DJ a cada dia. Nos fins de tarde, o Evidência Sta. Catarina Light Hotel torna-se assim palco para novos nomes na arte de pôr música mostrarem o que valem e quem sabe marcar as tendências musicais deste Verão. Garantido é que vão reforçar a dinâmica do Santa Catarina e a sua diferenciação no panorama da oferta hoteleira lisboeta, onde se destacou ao tornar-se na primeira unidade ‘low cost’ da cidade. Naquilo que é a sua actividade ‘core’, dispõe de 16 quartos duplos com casa de banho privativa, dois triplos com casa de banho privativa e um quarto múltiplo misto, com casa de banho, num total de 49 camas disponíveis. Uma das suas particularidades é entregar aos hóspedes ao efectuaram ‘check-in’ um ‘kit’ com roupa de cama e banho, seguindo o lema do hotel: «faça e desfaça a sua cama a partir de 18 euros». A equipa do Evidência Sta. Catarina segue o espírito do hotel; é jovem, dinâmica, polivalente e interactiva, privilegiando o atendimento descontraído e informal. Como destaca Torres Filho, presidente do Grupo Evidência, «cada unidade absorve e reflecte a sua envolvência, criando ‘habitats’ autênticos; a aposta é em unidades diferenciadas e carismáticas». http://www.evidenciahoteis.com/ Fotos: Evidência Hotéis No Bairro da Bica, perto do Miradouro de Santa Catarina, que oferece uma deslumbrante vista sobre a capital portuguesa, o Evidência Sta. Catarina Light Hotel baseia-se num conceito irreverente, boémio, moderno, minimalista, alternativo, mas muito acolhedor, como se fosse uma casa alfacinha onde se recebe os amigos. Cada espaço e cada recanto têm o ‘design’ e a imagem de marca das unidades Evidência, que neste caso encontram tradução na simplicidade e na multifuncionalidade do espaço. Depois de obras de requalificação da fachada e do interior do edifício, o Santa Catarina dispõe ainda de um bar, de uma área ‘lounge’ interior e de uma zona ao ar livre. Para aproveitar ao máximo os fins de tarde de Verão, as sextas-feiras e os sábados até 27 de Agosto, entre as 18 e as 22 horas, vão ter um DJ (‘disc jokey’) a assegurar a animação e a boa disposição. Seja para finalizar um dia de praia ou de visita pela cidade de Lisboa, ou mesmo depois de mais um dia de trabalho, é uma óptima op- Texto: Humberto Silva A nova Volkswagen Passat Variant não é assim tão renovada como alguns poderiam esperar. O ‘restyling’ aconteceu, mas ténue. Os motores mantiveram-se, a mecânica também, tal como as dimensões. É na estética exterior que se nota as primeiras diferenças. Os faróis dianteiros duplos foram alterados e as linhas são mais rectangulares. Esteticamente, preferimos a gama anterior; mas admitimos que a versão mais recente consiga reunir muitos adeptos. Mas entre uma e outra, a qualidade e o bom gosto estão bem patentes. No interior salta à vista o novo desenho da consola central, que bebeu muito do Passat CC. De resto, poucas diferenças. A Volkswagen continua a apostam na qualidade de materiais e na simplicidade do ‘design’. Pode parecer estranho, mas apesar destes toques mais humildes respira-se um ambiente elitista. De bom gosto. Os cerca de 4,8 metros de comprimento traduzem-se em espaço de sobra para passageiros e bagagem. Cinco adultos viajam à vontade e a mala tem um volume aceitável (600 litros). Há ainda a possibilidade de rebater os bancos e aí levar mais carga. Mas quem olha para esta Passat apenas como uma carrinha familiar está enganado. Tem características que podem fazer as delícias até de um jovem solteiro. Estranho? Nem por isso. Se o ‘design’ interior e exterior é bastante jovem, os motores também revelam capacidade de agradar a miúdos e graúdos. O económico 1.6 de 105 cavalos vai mais ao encontro da crise. A caixa de seis velocidades ajuda às boas prestações e em momento algum se sente insegurança. Em termos de preços, os cerca de 33 mil euros pedidos na versão mais baixa são um bom valor. Claro que se a opção recair em equipamento adicional ou na versão 2.0 TDi de 140 cavalos há que desembolsar mais. http://www.sivaonline.pt/ aGOSTO 11 Texto: Irina Pedro © Volkswagen Sugestão – Evidência Sta. Catarina Light Hotel 59 LIFESTYLE Artes Plásticas leituras aGOSTO 11 Estreia genial Primeiro romance de Pola Oloixarac, uma jovem e muito bonita escritora argentina. «Monstruosamente inteligente e terrivelmente divertido», «o livro que muitos de nós passámos a vida inteira a tentar escrever» ou «romance inesquecível, filosófico, selvagem e muito sereno» são apenas alguns dos inúmeros elogios já escritos a propósito de «As Teorias Selvagens», romance que a editora portuguesa apresenta como «um tratado da guerra da sedução na era dos blogues». (Quetzal) 60 A Vida Louca dos Reis e Rainhas de Portugal, de Orlando Leite, Raquel Oliveira e Sónia Trigueirão. Peripécias até agora escondidas dos tempos da monarquia; dívidas, tirania, vinganças, sexo, traições, fanatismos, superstições e muitas outras coisas num livro que mostra o lado mais sombrio, e também engraçado, da nossa história. (Marcador) O Ladrão de Sombras, de Marc Levy. A história de um menino que tem o invulgar dom de roubar as sombras das pessoas com quem se cruza. (Contraponto) Pornopopeia, de Reinaldo Moraes. Apresentado como «uma granada literária», um livro divertidíssimo, do melhor que a literatura brasileira mostrou nos últimos anos. (Quetzal) Um Coração Cheio de Estrelas, de Álex Rovira e Francesc Miralles. Fábula sobre o poder do amor, de um famoso conferencista (Rovira) e de um consultor editorial e escritor (Miralles). (Pergaminho) Estrela do Mar, de Joseph O’Connor. Em meados do século XIX, refugiados irlandeses desafiam o Oceano Atlântico em busca de um novo lar na América. (D. Quixote) Dicionário de Coisas Práticas, de Francisco José Viegas. Recolha das crónicas que o novo secretário de Estado da Cultura publicou desde Janeiro de 2008 no «Correio da Manhã». (Bertrand) Mau-Mau, de Filipe Nunes Vicente. Romance de um psicólogo que nos últimos anos tem tido uma intervenção bem relevante na blogosfera. (Quetzal) A Manhã do Mundo, de Pedro Guilherme Moreira. Um romance português sobre o 11 de Setembro, quando passam quase 10 anos sobre os atentados. (D. Quixote) Textos: MSA Pedro Cabrita Reis em retrospectiva «One after another, a few silent steps»; assim se chama a exposição patente no Museu Colecção Berardo, em Lisboa, uma retrospectiva do trabalho do artista plástico português Pedro Cabrita Reis (n. Lisboa, 1956). Tendo participado em numerosas e importantes exposições nacionais e internacionais e sendo considerado uma referência central na cena artística nacional, Pedro Cabrita Reis apresentou a mostra na Kunsthalle de Hamburgo (Alemanha), no museu Carré d’ Art de Nîmes (França) e no museu M de Lovaina (Bélgica), encerrando a itinerância europeia na capital portuguesa. A versão lisboeta da exposição contará com um conjunto ampliado de cerca de 300 obras representativas do universo ímpar de esculturas, pinturas, fotos e instalações que caracterizam o trabalho do artista. A primeira exposição A galeria de arte contemporânea ‘on-line’ ArtChezMoi (http://www.artchezmoi.com/) inaugurou no passo mês de Julho, no Hotel Fontana Park, em Lisboa, a sua primeira exposição ‘off-line’. Denominada precisamente «Online to Offline v.1» e patente até dia 31 de Agosto, apresenta trabalhos dos jovens artistas portugueses Marta Alvim e Pedro Batista. Marta Alvim, com a série de fotografias «Ecos», explora as diferenças e as semelhanças entre o novo cinema e a arte contemporânea. Já Pedro Batista mostra uma atractiva constelação de personagens que ganham a sua força no antagonismo interior de energias. A ArtChezMoi é uma galeria de arte 3D ‘on-line’ com uma ampla oferta de artistas contemporâneos que exploram diferentes estilos e técnicas, reunindo já 150 artistas e mais de 1.200 obras em 144 salas virtuais. Aposta agora também na mostra de quadros ao vivo. Teatro Gil Vicente na Quinta da Regaleira De quinta-feira a sábado, até dia 25 de Setembro, os jardins da Quinta da Regaleira, em Sintra, recebem o espectáculo «Solércia». Criação do Teatro TapaFuros a partir de textos de Gil Vicente, é um espectáculo trágico-cómico que não descura a crítica social presente nas palavras do mestre português. A encenação de Rui Mário apropriou-se dos Jardins da Regaleira, percorrendo alguns dos seus sítios mais emblemáticos e levando o público a deslocar-se e a acompanhar o desenrolar da acção. Este ano são cinco espaços cenográficos diferentes e a música é tocada e cantada ao vivo, com composição de Pedro Hilário. Devido ao carácter volante do espectáculo, aconselha-se agasalho e calçado confortável. Textos: IP LIFESTYLE Concertos de Verão Já são tradição, e por isso os concertos de Verão estão de regresso ao Lounge D, no Casino Estoril. Todas as quintas-feiras, como habitualmente, até dia um de Setembro, a entrada é livre para ver ao vivo grandes nomes da música portuguesa. Depois de em Julho terem actuado os The Gift, os Amor Electro e Áurea, em Agosto vai poder ver-se The Legendary Tigerman (dia quatro), Jorge Palma & Os Demitidos (dia 11), Orelha Negra & Macacos do Chinês (dia 18) e Mafalda Veiga (dia 25). A encerrar a temporada dos concertos gratuitos no Casino Estoril sobe a palco, no dia um de Setembro, Pedro Abrunhosa. Gotan Project no Porto Os Gotan Project estão de regresso ao Porto para actuar naquele que é considerado um dos espaços mais bonitos da cidade, os Jardins do Palácio de Cristal. É no dia 28 de Agosto que o projecto de tango electrónico criado por Phillipe Cohen Solal, Eduardo Makaroff e Cristoph H. Müller em 1999 volta aos palcos portugueses, para deleite dos muitos fãs. Criadores de um novo género de música, os Gotan Project receberam os discos de diamante por «La Revancha del Tango» e «Lunático», e de platina com o seu mais recente disco, «Tango 3.0», lançado em Abril de 2010. «Rayuela» e «La Gloria» são os principais ‘singles’ do álbum, que conta com participações especiais e colaborações como a de Dr. John no tema «Tango Square». 15 anos de Sudoeste Em 2011, o «Festival SW tmn Sudoeste» comemora 15 anos de existência, com um cartaz à altura da efeméride. Realiza-se, como habitualmente, na Herdade da Casa Branca, na Zambujeira do Mar, de três a sete de Agosto. A música começa logo no dia três, com a recepção ao campista. No dia quatro fazem parte do alinhamento Snoop Dogg, Janelle Monáe, Eliza Doolittle, Destroyers, Jamie Woon ou Asian Dub Foundation. DEUS, Kanye West, Patrice, Underworld ou os portugueses Deolinda e Clã animam o festival no dia cinco. Actuações mais esperadas deverão ser as de Scissor Sisters e David Guetta. Actuam dia seis, no mesmo dia que The Script, Nouvelle Vague com Rui Pregal da Cunha ou Rui Vargas & André Cascais. Para o último dia, num encerramento em beleza, estão reservados os pesos pesados, ou não fossem actuar os The National e os Interpol. No mesmo dia sobem a palco Swedish House Mafia, Filipe Pinto (ídolos), Stereo Addiction, Souls of Fire e Inner Circle, entre vários outros. Textos: ALM aGOSTO 11 Paredes de Coura’ 11 De 17 a 20 Agosto, a Praia do Taboão volta a ser palco de um dos mais emblemáticos e carismáticos festivais de Verão em Portugal, o Paredes de Coura, este ano «Festival Ritek Paredes de Coura». É também Ritek que se chama o palco principal, por onde vão passar nomes como Pulp (dia 18), Kings of Convenience (dia 19) ou Death from Above 1979 (dia 20). Mas estes são só os cabeça-de-cartaz. Os motivos de interesse começam logo no dia 17, no palco After Hours, onde vão actuar, por exemplo, os Crystal Castles e os Wild Beasts. Pelo palco Ritek vão passar ainda Mogwai, Two Door Cinema Club, Blonde Redhead, Warpaint, Deerhunter, Battles, Linda Martini, entre muitos outros. Há ainda o palco secundário, com um alinhamento que inclui bandas como You Cant Win Charlie Brown, Jamaica, Here We Go Magic, Le Butcherettes ou No Age; e o já referido After Hours. Para além disto, haverá «Jazz na Relva». © Jelle Wagenaar © Josh V. Reinstein Música 61 1 Design e tecnologia A Nokia tem um novo ‘smartphone’, o Nokia N9, construído a pensar nos utilizadores que apreciam um ‘design’ distinto, conjugado com a mais recente tecnologia. Uma das funcionalidades inovadoras deste modelo é a substituição da tecla ‘home’ por um simples deslizar dos dedos. E oferece acesso rápido às tarefas e às aplicações mais importantes. O ecrã de 3,9” é produzido em vidro curvo resistente aos riscos e o corpo de policarbonato permite uma performance superior em termos de recepção de rede. Tem câmara, navegação automóvel e pedestre gratuitas, descodificação sonora Dolby Digital Plus e tecnologia ‘wireless’ Near Field Communication. 2 Jóias com personalidade Para as mulheres que gostam de mostrar a sua personalidade através de peças singulares, marcando sempre a diferença em qualquer visual, a Just Cavalli Jewels criou a Animals Snake. É uma edição limitada de dois colares modernos e atrevidos, com um pendente em forma de serpente. Os colares são em aço inoxidável, adornados com cristais Swarovski, e estão disponíveis nas versões Gold (80cm) e Silver (50cm). 3 Três distinções O vinho Tinto da Talha Grande Escolha de 2008, da Adega Roquevale, foi recentemente objecto de três distinções: uma medalha de prata no «PSWC ProWein 2011», uma de bronze no «International Wide Guide 2011» e a tambuladeira de prata da revista «Escanção». O alentejano Tinto da Talha Grande Reserva é uma marca superior da Roquevale. Trata-se de um vinho jovem, com um aroma muito fruta madura e algumas nuances de especiarias e baunilha. Acompanha na perfeição pratos de sabor forte. 6 4 Maquilhagem que cuida da pele A Korff é uma marca italiana de cosmética que tem por finalidade solucionar problemas específicos com medidas objectivas e eficazes, proporcionando beleza e cuidando também da pele. Comercializada exclusivamente em farmácias, tem uma acção anti-envelhecimento e assegura elevada tolerância, sendo por isso indicada para peles mais delicadas. A sua eficácia está clinicamente testada. De textura aveludada, proporciona conforto e luminosidade durante todo o dia. Da base às sombras, do ‘eye liner’ ao ‘gloss’, passando pelo verniz, todos os produtos fazem qualquer mulher sentir-se bem na sua pele. 5 Ousadia em azul A Sector apresentou o modelo Oversize Chrono BlueGlass, um elegante relógio analógico, com caixa redonda XL em aço inoxidável, data, cronógrafo e estanque até 100 metros. Dirigido a homens cosmopolitas e fãs da aventura e do desporto, tem como elemento distintivo o ‘blue glass’, ou seja, o vidro azul por cima do mostrador branco que reflecte não só o tom como contrasta com a bracelete em tecido e pele branca, com pesponto também em azul. aGOSTO 11 6 Portáteis empresariais 62 A HP renovou a sua linha de portáteis empresariais com tecnologias inovadoras que visam aumentar a segurança, o desempenho e a produtividade. Os novos HP ProBook da série s estão disponíveis em vários formatos, tornando-se uma boa escolha para pequenas e médias empresas (PME), pois equilibram funcionalidade com segurança e estilo, a um preço acessível. A série s oferece a segunda geração de processadores Intel Core, está optimizada para utilização multimédia profissional, tem um teclado resistente numa plataforma em alumínio, ‘webcam’ HD e som SRS Premium, a última versão do HP QuickWeb, a aplicação HP Connection Manager e o ‘software’ HP Power Assistant. Textos: Irina Pedro 5 2 aGOSTO 11 4 3 1 63 © Fernando Piçarra A estrada como um perigo aGOSTO 11 Ana Leonor Martins Editora Executiva da «human» [email protected] 64 Na gíria jornalística, chama-se a esta época do ano «silly season». É um conceito anglo-saxónico que se refere aos meses de Verão, caracterizados pela maior incidência de notícias e temas frívolos e sem interesse na comunicação social, porque os decisores estão de férias. Assim, futilidade por futilidade, fui espreitar as manchetes das revistas cor-de-rosa. E quase todas faziam capa com o mesmo, a morte trágica do cantor e actor Angélico Vieira, na sequência de um grave acidente de viação. Tinha 28 anos. Não talvez da forma como foi abordado, muito menos na exploração da dor feita posteriormente, mas este não me parece de todo um tema fútil, se pensarmos no absurdo número de pessoas que morrem na estrada, muitas vezes por comportamento negligente. No caso de Angélico, as primeiras informações divulgadas pela comunicação social foram de que o acidente tinha resultado do rebentamento de um pneu, de um BMW descapotável alegadamente sem seguro, emprestado por um amigo do cantor, e que apenas um dos quatro ocupantes, o único que escapou só com ferimentos ligeiros, teria cinto de segurança; informação que depois foi desmentida. Acrescentou-se ao cenário o excesso de velocidade. Seja ou não verdade, as três mortes, de pessoas com idades compreendidas entre os 17 e os 28 anos, são obviamente trágicas e lamentáveis. Mas deviam, no mínimo, servir para reflexão. Apesar de não lhe reconhecer grande mérito para o efeito, a verdade é que Angélico Vieira era um ídolo para muitos adolescentes. E por isso fiquei um bocado chocada ao ouvi-lo dizer num dos programas de homenagem que passaram na televisão que adorava velocidade e quase gabar-se das muitas multas que acumulava. Esperar-se-ia algum cuidado nas palavras ‘on the record’, pois, sabe-se, os fãs replicam os comportamentos dos ídolos. E não deixa de ser irónico que a sua banda, os D’zrt, tenha feito uma música de homenagem ao jovem actor e modelo Francisco Adam – também um idolatrado «morango com açúcar», que também morreu num despiste de automóvel e que também seguiria em excesso de velocidade, com a agravante de o exame toxicológico ter revelado a presença de cocaína e álcool no sangue –, em que a letra dizia: «presta atenção ao que eu te digo; encara a estrada como um perigo». Pode ser «silly» estas pessoas serem idolatradas, até porque não viveram tempo suficiente para provar que o seu valor estava além da fama efémera, mas o tema da sinistralidade na estrada é muito sério. Todos gostamos por vezes de acelerar mais um bocadinho, e todos achamos que se calhar dois copos não diminuem a nossa capacidade de reacção na condução, e também não gostamos de usar cinto atrás, mas a vida é demasiado preciosa para se desafiar a sorte. Sem dizer que por vezes se mata quem não tem culpa nenhuma.