ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES: As organizações conseguem impor seus padrões éticos aos seus fornecedores? Cláudio Ferraz Santiago clá[email protected] Resumo Este artigo teve por finalidade principal investigar se as organizações conseguem impor seus padrões éticos aos seus fornecedores. Foi escolhida a empresa multinacional McDonald’s, que possui franquias em todo o território nacional. Realizou-se um estudo de caso e pesquisa de campo através de entrevistas em franquias da empresa, a fim de subsidiar a análise da relação do McDonald’s com seus fornecedores. Como resultado, verificou-se que a empresa influencia consideravelmente os seus fornecedores para que atuem de acordo com os seus padrões éticos com foco numa gestão socialmente responsável. Além disso, identificou-se que a empresa pune os fornecedores (devoluções de matériasprimas com ressarcimento do respectivo valor; rescisão do contrato e reclamação junto aos responsáveis) pelo não cumprimento dos padrões éticos exigidos pelo seu código de conduta. Por fim, os resultados identificados evidenciam o dinamismo que rege as relações no contexto organizacional das empresas com seus fornecedores. Palavras-chave: Ética empresarial, padrões éticos, conduta ética empresarial, conduta antiética, responsabilidade social. 2 INTRODUÇÃO A preocupação com a ética e a moral utilizada nas organizações vem crescendo, desde o final do século XX (MONTEIRO, ESPIRITO SANTO, BONACINA, 2005). Diante da ambigüidade e da crescente complexidade das práticas empresariais contemporâneas – fruto das novas exigências de eficiência, inovação e competitividade, a reflexão e a discussão sobre a ética praticada pelas organizações em relação aos stakeholders são relevantes. Afinal, dilemas, incertezas, condutas antiéticas aparecem de forma incessante e prever riscos torna-se cada vez mais difícil (SROUR, 2000). As decisões tomadas dentro das organizações não são neutras, quem decide faz escolhas entre diferentes cursos de ação e deflagra conseqüências, aí entra a reflexão ética. Não há como se desvincular a ética e a moral e interesses da empresa, ou moral e pressões operadas pela sociedade. Neste contexto de mudanças e de transformações sociais, econômicas e tecnológicas, pelo qual passam as organizações, percebe-se uma grande preocupação em estabelecer padrões de ética e responsabilidade social em suas atividades. Conforme colocam Ashley et al. (2002, p.50), "parece lícito afirmar, que hoje em dia as organizações precisam estar atentas não só a suas responsabilidades econômicas e legais, mas também as suas responsabilidades éticas, morais e sociais". A empresa é considerada ética se cumprir todos os compromissos éticos que tiver. Ou seja, agir de forma honesta com todos aqueles que têm algum tipo de relacionamento com ela. “Estão envolvidos neste grupo os clientes, os fornecedores, os sócios, os funcionários, o governo e a comunidade como um todo” (SÁ, 1996, p.89). Para garantirmos organizações compromissadas com a ética no relacionamento com seus públicos, devemos refletir a seguinte colocação de Sá (1996, p.95) "a alta administração da empresa deve estar consciente de que a forma de atuação da empresa para fora, para o mercado, terá reflexos internos”. Em outras palavras, não se pode exigir conduta ética dos funcionários se a empresa está viciada em procedimentos condenáveis. Os padrões éticos da companhia são a base do comportamento dos funcionários. Nash (2003) sustenta que definir e adotar posturas éticas nas organizações é uma maneira de assegurar os negócios no longo prazo. A ética empresarial, profissional, política e pessoal é a grande exigência deste novo milênio, substituindo e incorporando a preocupação ambiental. Com base nestas premissas, o objetivo deste artigo é explorar de que forma as organizações conseguem impor seus padrões éticos aos seus fornecedores. O estudo 3 estimulará o debate em torno de mais uma prática passível de ser adotada por empresas que buscam uma atuação socialmente responsável. O tema responsabilidade social vem sendo tratado com maturidade apenas recentemente e por isso, não há, ainda, literatura disponível sobre os seus mais diversos aspectos, dada sua complexidade e abrangência. Temas como respeito e estímulo à diversidade, não utilização de trabalho infantil na cadeia de valor, respeito ao meio ambiente, entre outros, tem sido estudados e debatidos com maior freqüência, porém, a contratação de fornecedores por parte das organizações que atendam seus padrões éticos ainda é um tema pouco explorado. Desta forma, o estudo a ser desenvolvido pretende contribuir para este debate, trazendo o caso da rede McDonald’s que adota esta prática. O estudo poderá, principalmente, estimular outras empresas e potenciais fornecedores à adoção desta prática comercial, e servir como referência para outras organizações interessadas. A adoção desta prática de responsabilidade social e da ética na maneira de fazer seus negócios, por um número maior de empresas, poderá contribuir para o desenvolvimento e fortalecimento de um maior número de fornecedores, trazendo benefícios para a sociedade como um todo, uma vez que estes fornecedores têm por objetivo a melhoria dos problemas sociais da sociedade. O presente artigo não pretende esgotar a análise ou criar um manual prático para a contratação de fornecedores que atendam aos padrões éticos das empresas. O trabalho final pretende debater a relação comercial entre a empresa McDonald’s e seus fornecedores com foco na ética e, com base no estudo de casos da empresa, responder se a mesma consegue impor seus padrões éticos aos seus fornecedores, abrindo caminho para a discussão e reflexão sobre o tema. O artigo foi estruturado em três partes. Na primeira, discute-se o comprometimento das empresas com a ética, seguido de uma discussão sobre o que significa uma empresa ética e as características de uma empresa antiética e suas implicações. A seção 2 apresenta o método de pesquisa do trabalho, enquanto que na seção 3 discorre-se sobre a coleta, análise dos dados e resultados do estudo de caso analisado, finalizando com as considerações finais sobre o tema proposto. 4 1 . O COMPROMETIMENTO ATUAL DAS EMPRESAS COM A ÉTICA O mercado, como expressão da sociedade, está cada dia mais consciente e critico das atitudes empresariais, e disposto a "premiar" ou "condenar" praticas éticas e socialmente responsáveis, ou sua negação. Da mesma forma também, os investidores analisam cada vez com maior atenção a forma na qual as empresas realizam seus lucros e oferecem retornos a seus acionistas e investidores. A ética tem sido entendida sob diversas concepções e cada conceito ético, para ser aceito como tal, precisa claramente estar relacionado em pelo menos uma teoria. São todos, portanto, relativos, e como tal devem ser entendidos. Não existem verdades absolutas ou exatas em matéria de ética (PASSOS, 2008). Muitas empresas têm se preocupado em divulgar os seus valores e até, mais recentemente, várias empresas estão adotando um código de ética interno para nortear as práticas na organização (SROUR, 2000). Castro e Oliveira (2008, p.92) apontam inúmeras evidências de que as questões éticas têm mobilizado esforços de acadêmicos, empresários e executivos. Dentre elas destacam-se: a intensa atividade do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, cuja missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerirem seus negócios dentro de padrões éticos e sustentáveis; as pesquisas e publicações da Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial (FIDES), e do Centro de Estudos de Ética nas Organizações (CENE) da FGV; o grande número de publicações sobre o tema, incluindo revistas de grande circulação no meio empresarial, além de congressos, palestras e encontros a respeito do tema da ética nas organizações. Neste novo contexto, o conhecimento e a prática de princípios éticos servem de base para a coesão organizacional. Srour (2000) afirma que eles oferecem, por acréscimo, um quadro de referência para as decisões corporativas, na medida em que exigem a análise dos diferentes interesses dos agentes envolvidos com a empresa (stakeholders) e fazem com que sejam levados em consideração. Como podem ser compreendidas de forma crítica estas questões que dizem respeito ao surgimento da discussão sobre a ética, ou da ética empresarial? Castro e Oliveira (2008) enfatizam que tais problemas podem ser vistos como partes de exigências cobradas por agências de controles sociais, tais como a mídia e, pela necessidade de que os negócios feitos pelas iniciativas de administradores, visem uma postura ética mais coerente em função da necessidade de transparência na tomada de decisões diante 5 de um mercado mais exigente. Ainda, os autores enfocam que é preciso entender o “jogo do poder” e das relações morais que se ocultam, muitas vezes, para que se possam dar margens a mecanismos funcionais que mantenham as empresas sobrevivendo num mundo competitivo. É como se propagasse uma lei do mais forte num mundo dos negócios em que, para não cairmos na tentação de sermos ingênuos, as condutas morais por si só não bastam para justificar a complexidade da competição no mercado. Para aqueles administradores que ainda se pautam por ações idôneas, os discursos dirigidos podem se pautar na ética, mas as práticas mostram que: [...] os praticantes de algumas dessas ações sentem-se justificados pela moral do oportunismo, de caráter egoísta e parasitário, que vige de maneira oficiosa [...]. Mas, é indispensável ressaltá-lo, tais agentes não assumem publicamente os atos que praticam nem se vangloriam deles. O que isso sugere? Que eles têm consciência da natureza clandestina do que fazem, apesar de dispor de um arsenal de racionalizações para persistir em sua conduta. Vale dizer, as morais são formas de legitimar decisões e ações, porque operam como discursos de justificação. (SROUR, 2000, p.25). Nos dias atuais, a sociedade exerce uma cobrança cada vez maior por transparência e honradez com relação aos padrões éticos, tanto dos governantes como também pelo empresariado. No entanto, por diversas razões, que vão desde o problema que envolve a eterna sede pela busca do lucro e a ganância, até os códigos corporativos de empresas, que só sustentam suas próprias necessidades de se manter no mercado a qualquer custo, observa-se que a moralidade, as ações éticas e os negócios têm se tornado a cada dia, mas conflitantes (CASTRO E OLIVEIRA, 2008). No mundo dos negócios, o administrador, se vê pressionado pela necessidade de negociar juntamente com as exigências econômicas da empresa e da sociedade. Muitos deles agem convencidos de que suas ações estão pautadas em elevados padrões éticos, mesmo sabendo que outros não estão interessados em conciliar ética e necessidades econômicas (PASSOS, 2008). Moreira (1999) enfatiza que há administradores que julgam que a conduta moralmente correta se restringe a um plano de ação meramente pessoal, enquanto outros parecem acreditar que não há relação alguma entre ética e negócios, uma vez que defendem que é moralmente aceitável mentir nos negócios, justificando a sobrevivência econômica. No âmbito das relações corporativas questionam-se os limites e tolerâncias da ética empresarial, no sentido de se delimitar qual o objetivo da empresa, gerar lucros ou educar os seus funcionários? Friedman (1984, p.123-124) traz luz à pergunta afirmando que “o importante é fazer tanto dinheiro quanto possível para o acionista. Os executivos que não servem aos interesses dos acionistas são irresponsáveis”. 6 Os desafios do mercado atual, as falhas éticas e os desvios de condutas nas empresas provocam dilemas éticos, que exigem uma mudança de postura das organizações de acordo com certa noção de “integridade”, em concomitância com uma “ética dos negócios”, pressionados por mudanças no mercado global e exigências ocorridas na sociedade civil organizada. Como diz Nash (1993, p.5): A integridade nos negócios hoje exige capacidades incrivelmente integrativas; o poder de manter junta uma infinidade de valores importantes e quase sempre conflitantes; e exige o poder de colocar na mesma dimensão a moralidade pessoal e as preocupações gerenciais. Nenhum administrador pode se dar ao luxo, do ponto de vista econômico ou moral, de manter suas noções morais em compartimento fechado [...] Isto é, no entender de Nash, o administrador moderno, junto com a empresa moderna, devem cultivar valores mais “altruístas” no sentido de atualizar valores que preservem o “bem comum” nas suas decisões: O mais importante preceito ético aplicável ao relacionamento com os fornecedores é o de pagar o justo preço pelo produto ou serviço fornecido. O justo preço não é simplesmente aquele aceito pelo fornecedor. A ciência econômica poderá fornecer os dados para fixá-lo. O mais importante é que a empresa ética não imponha ao fornecedor, fazendo uso do seu poder econômico, um preço que ela própria (a compradora) não aceitaria caso estivesse fornecendo. A empresa ética deve tomar todas as cautelas para que a concorrência entre os seus fornecedores não seja fraudada por práticas antiéticas da parte de qualquer deles, principalmente através de suborno. Moreira (1999, p.31) ressalta que “a ética determina que a empresa seja justa com os seus fornecedores”. Para isso precisará fazer com que o fornecedor seja corretamente informado de todos os dados e fatos relevantes ao formular uma cotação. Assim sendo, não deve a empresa ética utilizar-se da prática comum hoje em dia, de solicitar cotações para grandes quantidades e posteriormente confirmar a compra apenas de uma parte ínfima. Solomon (1993, p.5) descreve que: A ética empresarial já não se preocupa apenas ou fundamentalmente com a crítica do comércio e da sua prática. Os lucros já não são condenados juntamente com a "avareza" em sermões moralizantes e as grandes empresas já não são vistas como monólitos sem rosto e sem alma. A nova preocupação diz respeito a como deve o lucro ser concebido no contexto mais amplo da produtividade e da responsabilidade social, e como podem as grandes empresas, 7 enquanto comunidades complexas, servir tanto os seus empregados como a sociedade na qual se encontram. A ética empresarial evoluiu de um ataque totalmente crítico ao capitalismo e ao "objetivo do lucro", para um exame mais produtivo e construtivo das regras e práticas subjacentes ao comércio. O antigo paradigma - aquilo a que DeGeorge (1995) chamou de "o mito dos negócios amorais" - persiste, não apenas num público desconfiado e em alguns filósofos de pendor socialista, mas também entre muitas pessoas que se dedicam ao comércio. Posto isto, a primeira tarefa da ética empresarial é abrir caminho por entre alguns mitos e metáforas altamente reprovadas, que mais do que esclarecer obscurecem o espírito subjacente, isto é, que não se manifesta, mas está subtendido, que torna a atividade empresarial possível. Moraes e Benedicto (2003, p.5-11) afirmaram que: O comportamento ético nas corporações pode ser analisado quanto aos resultados sociais, ou seja, quanto à sua responsabilidade para com a sociedade em que estão inseridas ou ainda quando quebram um contrato, táticas de vendas, propaganda, etc. As ações éticas ou antiéticas não podem adicionar valores ou custos às transações empresariais e por isso merecem especial atenção dos administradores ou gestores das empresas. Cohen (2003, p.35) enfatiza que: “Nesse contexto, a ética – definida como transparência nas relações e preocupação com o impacto de suas atividades na sociedade – vem sendo vista como uma espécie de requisito para a sobrevivência das empresas [...]”. Embora os laços entre os diversos grupos e as empresas variem em termos de significado, as estratégias empresariais são influenciadas pelos diversos stakeholders. Tendo em vista os dois horizontes, ou seja, do acionista e dos stakeholders, pautado na visão mais ampliada e contemporânea, acredita-se que em um determinado patamar, os interesses dos diversos stakeholders (governos, clientes, distribuidores, fornecedores...) caminharão para um sentido de convergência, com a postura das empresas socialmente responsáveis. Conforme Gitman (1997, p.5), “as empresas, nos últimos anos, estão ampliando o seu foco na maximização da riqueza não só do acionista, como também para incluir os interesses dos stakeholders, tanto quanto dos seus próprios interesses”. Dessa forma, Gitman (1997) revela que a visão baseada nos stakeholders trata-se de um enfoque considerado como parte da responsabilidade social da empresa e espera-se que, em longo prazo, os benefícios sejam direcionados aos acionistas, ao manter um relacionamento positivo com os stakeholders. Além disto, outro enfoque foi argumentar, através de algumas pesquisas realizadas que, fazer 8 o bem coletivo tem contribuído para um melhor desempenho nas vendas por parte das empresas. O assunto carece de discussão, pois, em determinados momentos, poderá haver conflitos de interesses quando se reúnem os stakeholders, formado por um grupo diverso de pessoas e entidades. Portanto, pesquisas nesta área serão oportunas, no sentido de melhor validar o comportamento ético como estratégia efetiva para melhorar a imagem de uma boa empresa, e com isto refletir, positivamente, no seu valor de mercado. 1.1 A EMPRESA ÉTICA Constatada a crescente e assustadora degradação ambiental, espontaneamente e pela pressão dos diversos segmentos que cercam (sociedade civil, governo, clientes e fornecedores), as empresas viram-se obrigadas a incorporar aos objetivos de obtenção de lucros a responsabilidade social com foco na ética, visto que a continuidade de suas atividades depende de sua aceitação pela comunidade como um todo. . Falar da empresa ética e procurar caracterizá-la é uma missão possível conforme é reforçado por estudiosos do assunto, como Chanlat (1992, p.69), “a vida nas organizações e mais comumente as relações sociais que aí tecem repousam sobre valores”. São eles que definem os rumos da organização e suas regras de conduta. Para Aguilar (1996, p.20), “a ética empresarial pode ser entendida como um valor da organização que assegura sua sobrevivência, sua reputação e, conseqüentemente, seus bons resultados”. Ou seja, é o comportamento da empresa quando ela age de conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade. Para uma empresa considerar-se ética, primeiramente, deve enfatizar o reconhecimento e a implantação, no regime de seleção de seus funcionários, valores morais e éticos. No entender de Srour (2000) a imagem capitalista selvagem na qual os fins justificam os meios e, o lucrar é a atividade mais desenvolvida pela empresa, não combinam com uma vida empresarial ética e contemporânea. Os negócios devem ser encarados como instrumentos de transformação social, que são. O lucro, único objetivo dos empresários, deve ter sua importância redimensionada e dividir espaço com a preocupação social e a viabilidade e manutenção da empresa. “As empresas éticas seriam aquelas que subordinam suas atividades e estratégias a uma prévia reflexão ética e agem de forma socialmente responsáveis” (SROUR, 2000, p.18). 9 A visão do autor harmoniza-se com a que temos apresentado, primeiro por distanciarse do entendimento da ética enquanto normas a serem seguidas incontestavelmente e sem consciência e ética organizacional como princípios morais de que uma empresa deve-se valer, quando sentir que será beneficiada por eles. Para ele, assim como defendemos, a atitude ética é reflexiva, consciente e comprometida com o bem-estar do ser humano. A praticidade que envolve a ética profissional tem feito com que ela seja considerada apenas como normativa, como código de prescrições, regras e interditos; como se tivesse um fim em si mesma. No entanto, Passos (2008) defende que os códigos de ética profissional, por seu compromisso com os interesses de categorias, não podem eximir-se da responsabilidade com o projeto global da sociedade. Precisam ser considerados como meios para atingir o ser, cumprindo o princípio básico de toda ética que consiste no respeito à dignidade humana. Na visão de Aguilar (1996, p.26), a empresa ética é: aquela que conquistou o respeito e a confiança dos seus empregados, clientes, fornecedores, investidores e outros, estabelecendo um equilíbrio aceitável entre seus interesses econômicos e os interesses de todas as partes afetadas, quando toma decisões ou empreende ações. Para o autor as organizações éticas buscam, na prática, ser honestas, justas e verdadeiras e democráticas, por uma questão de princípio e não de conveniências, muito embora esse tipo de agir lhes traga também sucesso e reconhecimento. Sua formação de ser inspira a confiança e a credibilidade dos indivíduos e dos diversos públicos com os quais se relacionam (stakeholders). Nas últimas décadas as empresas vêm tomando consciência disso e descobrindo que o ser humano (clientes, empregados, investidores, fornecedores...) é o que elas têm de mais importante, portanto, devem agir de forma a fazer com que ele as admire, respeite, ame e não queira substituí-las. As pessoas querem continuar vinculadas a elas não porque essas empresas são lucrativas, mas, em primeiro lugar, porque reconhecem e aceitam seus valores. Como conseqüência, elas não perderão seus bons funcionários, até porque sabem que o tempo não os torna menos capazes e sim mais maduros e competentes. Passos (2008, p.94) enfatiza que a ética individual é também de grande importância para que uma empresa seja humanizada; “se seus funcionários, em especial aqueles que ocupam cargos de liderança, não forem éticos, o agir empresarial estará prejudicado”. Para que haja conduta ética é necessário que exista o agente consciente (aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício). A 10 consciência moral se reconhece como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas humanas em conformidade com os valores morais. Camargo (2006) ratifica dizendo que consciência e responsabilidade são condições indispensáveis à vida ética. A título de exemplo, ilustramos as vantagens a longo prazo de uma postura ética. O caso do Tylenol ocorreu há 25 anos e sete pessoas morreram (até hoje não se conhece o responsável pelo envenenamento dos comprimidos com cianeto). Mas a resposta da Johnson & Johnson, detentora do Tylenol, foi extraordinária. Ela tinha um “credo”, que é o nome que dá a seus valores e sua missão. O credo definia como a mais alta prioridade da empresa a segurança e o bem-estar dos consumidores, acima de qualquer outra coisa, acima dos lucros. Então, nessa crise, ela não tentou minimizar o que aconteceu, não tentou acusar outras pessoas, ela assumiu a responsabilidade completa. E reagiu de uma maneira que foi muito além de obedecer a uma simples lista de regras a ser cumprida. Tomou as mais inimagináveis precauções, assegurando que as pílulas perigosas tinham saído do mercado. Teve um custo enorme, mas demonstrou que faria a coisa certa, não importando o preço que tivesse de pagar. A empresa respondeu com tanto cuidado ao consumidor que os reconquistou. Eles pensaram “essa é uma companhia que se preocupa conosco”. Hoje, a Johnson & Johnson está no primeiro lugar da lista do Wall Street Journal que relaciona as marcas corporativas de melhor reputação, pelo sétimo ano consecutivo. (FONTE: ÉPOCA NEGOCIOS-NOTICIAS, 2007) Camargo (2006, p.43) diz que: “Não é a empresa que faz a pessoa ética, mais é que, possuindo energias éticas internamente, cristaliza-se em comportamentos favorecendo a criação de um ambiente ético”. Sendo assim, na visão de Camargo (2006) os valores como: a justiça, a honestidade, o respeito, a confiança, a liberdade, a veracidade, a responsabilidade, não se impõe por leis ou códigos, mas podem e até devem ser estimulados com reflexões constantes na empresa, especialmente a partir de situações conflitantes. Uma empresa que não seleciona eticamente seus fornecedores, estabelecendo relações profissionais com quem não respeita as normas legais quantos aos direitos profissionais, com quem não se preocupa com a preservação do meio ambiente, com quem usa mão-de-obra infantil demonstra que também não é uma empresa ética, uma empresa socialmente responsável (PASSOS, 2008). Negócios e ética, temos que acreditar, encontrarão, em um futuro não muito distante, pontos de convergência para compor evoluções e convivências harmoniosas, preservando interesses e propósitos mútuos e suas próprias sobrevivências. Há muitas maneiras para chegar até lá, e uma delas, bem simples, confirma Castro e Oliveira (2008), consiste em iniciarmos dentro de nós mesmos algumas importantes 11 modificações. Porque a ética, como ressalta Rifkin (2004), só floresce em um mundo em que todos se sintam individualmente responsáveis. 1.2 CARACTERISTICAS DE UMA CONDUTA EMPRESARIAL ANTIÉTICA A linha divisória entre as ações éticas e as antiéticas está longe de ser clara. No entanto, no complexo mundo dos negócios de hoje, em geral, são os valores que definem o que é ético e o que não é. Visto que nem todos compartilham dos mesmos valores, as crenças do que é um comportamento ético tendem a variar enormemente. Segundo Wells e Spinks (1998, p.142-146), “o comportamento antiético está em todas as ações que resultam na falta de justiça para com os outros, sejam elas amparadas ou não pela lei”. Desta forma, furtar informações proprietárias, possuir segredos comerciais obtidos impropriamente ou induzir empregados antigos ou atuais de outras empresas a essas divulgações constituem-se numa conduta antiética. Cada empregado deve se esforçar para respeitar os direitos dos clientes, fornecedores, concorrentes e empregados da empresa e manter a integridade nas relações com eles. Nenhum empregado deve obter vantagens injustas perante terceiros mediante manipulação, dissimulação, abuso de informações privilegiadas, falsificação de fatos relevantes ou qualquer outra prática intencional de concorrência desleal. “A responsabilidade ética inclui comportamentos ou atividades que a sociedade espera das empresas, mas que não são necessariamente codificados na lei e podem não servir aos interesses econômicos diretos da empresa” (DAFT, 1999, p.91). O comportamento antiético, que ocorre quando decisões permitem a um indivíduo ou empresa obterem ganhos a custo da sociedade deve ser eliminado. Para serem éticos, os tomadores de decisão das empresas devem agir com eqüidade, justiça e imparcialidade, além de respeitar os direitos individuais. Passos (2008, p.67) destaca algumas características do comportamento antiético das organizações dizendo que: [...] os problemas morais se avolumam dentro das organizações, indo desde situações corriqueiras do dia-a-dia, como a prática do favoritismo, o sacrifício dos mais fracos, a obediência inquestionável às leis, o tráfico de influências e o abandono das obrigações familiares, até subornos, sonegação fiscal, pirataria, espionagem industrial, propinas, falta de investimento em segurança, ocasionando acidentes graves; manipulação para não pagar indenizações justas, danos ao meio ambiente, como poluições, por falta de seriedade e investimentos; exploração do trabalho feminino e infantil, dentre tantas outras situações. 12 Esses são comportamentos antiéticos que ferem não só os outros, como também o próprio indivíduo, pois são desumanos com todos. Criam um ambiente social e de trabalho onde não há respeito, solidariedade, confiança e reconhecimento. Rittner (2000) lembra o caso da Nike, que enfrentou sérios problemas quando se descobriu que, apesar de ser uma empresa politicamente correta nos Estados Unidos, utilizava mão-de-obra infantil na produção de tênis em países asiáticos. Qualquer atitude irresponsável do fornecedor pode significar perda de imagem para a empresa, por mais socialmente responsável que ela seja em suas operações. Passos (2008) destaca que muitas empresas focadas no lucro preocupam-se, com prisões de executivos e empresários e com restrições de atividades, dentre outras conseqüências, deixando em segundo plano a confiança, o orgulho e o reconhecimento de seus empregados, de seus clientes, fornecedores, enfim, das pessoas com quem ela conta no dia-a-dia que são as responsáveis pela solidez ou não de uma empresa. A análise do caso Enron (FOLHA ON-LINE, 2003) pode ser usada de forma prática para constatar e compreender a necessidade de comportamentos éticos em uma organização empresarial. A Enron era uma corporação gigante do setor de energia nos Estados Unidos da América, formada por outras empresas em diversos segmentos. Esta corporação pediu concordata em dezembro de 2001, após sofrer uma série de denúncias sobre fraudes de natureza contábil e fiscal. Segundo comentando pela Folha On-line (2003), a corporação Enron criou parcerias com empresas e bancos para poder manipular seus relatórios de lucros e balanços contábeis, escondendo débitos de mais de 25 bilhões de dólares. O lucro e os contratos tiveram seus valores aumentados artificialmente. Ocorreu ainda, a conivência de empresas de auditoria, instituições financeiras e escritórios de advocacia. As lições administrativas e éticas que puderam ser auferidas como o caso Enron, foram comentadas por Cyrino (2003), que discorreu sobre a importância deste caso para as organizações empresarias. No entender de Cyrino (2003), o comportamento ético e sucesso são indissociáveis. O autor ressalta que a Enron corrobora o princípio de que a ausência de ética é indissociável do fracasso empresarial. Cyrino (2003) afirma que a questão não é tanto saber se o desastre poderia ser evitado caso práticas saudáveis de gestão tivessem sido adotadas. No entender do autor, o principal é saber de que maneira cidadãos até então reputados como honestos conseguiram criar um ambiente capaz de levar os funcionários a assumir atitudes eticamente condenáveis e economicamente insustentáveis. 13 Uma organização que atue de forma eticamente correta é aquela que persegue os objetivos pelos quais foi constituída e que pauta suas ações dentro de marcos estabelecidos pela justiça e pelo respeito ao ser humano. Espera-se que a contribuição maior deste trabalho seja a de incrementar o incentivo às estratégias que espelham comportamentos voltados ao bem estar coletivo e equidade das oportunidades por parte das diversas empresas, sejam microempresas ou empresas de grande porte. Observou-se que um dos caminhos para enfrentar este ambiente de alta competitividade passa pelo investimento em atitudes que denotam um processo de satisfação dos clientes, porém com a preocupação de agregar valores à sociedade. Conforme Vassalo (2000, p. 09), “os interesses dos acionistas dividem espaço com as demandas da comunidade e dos clientes, funcionários e fornecedores”. 1.2.1 Ética e as transformações sociais O processo de transformação da base econômica da sociedade atual tem ocasionado mudanças rápidas e profundas, gerando assim grandes modificações na concepção do cotidiano das pessoas. Tais modificações podem ser acompanhadas por meio da troca do conceito de tempo, das alterações ambientais, no surgimento de novos produtos e serviços, entre outras. Segundo Gouvêa (2002 p.25), “dentre as muitas questões específicas discutidas pela ética contemporânea está o problema da crise ambiental ou da relação entre os seres humanos e o meio ambiente em que habitam, a saber, a biosfera”. Hoje se tornou claro que não é mais possível explorar os recursos naturais de forma irresponsável, pois isto significaria o fim da espécie humana. Trata-se de mais um desafio ético para a humanidade. Para acompanhar esse processo, recomenda-se que as empresas assumam seu papel de maneira mais ampla na sociedade. Isso envolve a participação efetiva de seus colaboradores no sentido de impedir que fatores como tecnologia e maior acesso às informações do cotidiano se sobreponham aos valores éticos envolvidos nas relações entre organizações e seu ambiente. Outra constatação relevante caracteriza-se pelos rápidos movimentos das organizações, as quais procuram valorizar seus clientes e seus mercados, provocando mudanças representativas nas normas, políticas e culturas vigentes. 14 Valores e normas influenciam fortemente o comportamento das pessoas. A cultura organizacional, baseada nos valores incorporados em suas normas, regras, procedimentos operacionais e objetivos orientam as pessoas em suas ações, decisões e comportamentos e, são também facilitadores para o ajuste mútuo, pois fornecem um ponto de referência comum auxiliando a interação entre os membros da organização. Segundo Robbins e Coulter (1998, p.105): Em um regime de capitalismo selvagem, a ética utilitarista é, por natureza, contraditória e conflitante, fica caracterizada, nitidamente, a premente necessidade de introduzir-se um novo estilo de agir econômico, estilo este com as características da gratuidade, da abertura ao outro, aos valores éticos, especificamente as organizações que atuam em setores econômicos com fins lucrativos. Esses autores chegam à conclusão que, só assim será possível superar aquela visão enraizada no pensamento e na atividade econômica, que vê o mercado como o reino da conveniência individual, e as atividades sem fins lucrativos como o reino do altruísmo e da solidariedade. Robbins e Coulter (1998) salientam que o relacionamento com clientes, fornecedores, sociedade civil e terceiros, através deste “novo estilo de agir econômico”, além da empresa se comprometer em oferecer bens e serviços úteis e de qualidade a preços justos, os membros da empresa passam a relacionar-se com os concorrentes de forma leal. Com isso, a empresa se enriquece de um capital não material gerador de desenvolvimento econômico, constituído de relacionamentos de estima e de confiança com responsáveis de empresas, fornecedores ou clientes e administração pública. E desta maneira, ao cumprir integralmente os compromissos junto ao fisco e procurar não denegrir a própria imagem, a empresa passa a manter relacionamentos eticamente corretos com os organismos de controle, como os sindicatos e as associações. Outro aspecto que merece atenção é a prática da Responsabilidade Social Corporativa (RSC) que impõe uma série de desafios às empresas, os quais não podem ser negligenciados. Ashley et al. (2002, p.6) definem Responsabilidade Social Corporativa como: [...] a visão de que os negócios devem ser feitos de forma ética, obedecendo a rigorosos valores morais, de acordo com comportamentos cada vez mais universalmente aceitos como apropriados. As atitudes e atividades de uma organização precisam, desse ponto de vista, caracterizar-se por: preocupação com atitudes éticas e moralmente corretas que afetam todos os públicos (stakeholders) envolvidos (entendidos da maneira mais ampla possível); promoção de valores e comportamentos morais que respeitem os padrões universais de direito humano e 15 de cidadania e participação na sociedade; respeito ao meio ambiente e contribuição para sua sustentabilidade em todo o mundo; maior envolvimento nas comunidades em que se insere a organização, contribuindo para o desenvolvimento econômico e humano dos indivíduos ou até atuando diretamente na área social, em parceria com o governo ou isoladamente. Mendonça (2002) esclarece que a ética é a base de sustentação da Responsabilidade Social e se expressa por meio dos princípios e valores adotados pela corporação. Sendo assim, as organizações que desejarem praticar a responsabilidade social terão que exercitar critérios e condutas norteados por fundamentos éticos. Além da ética, fundamental também é o compromisso de toda a corporação e o engajamento da alta administração como líder no processo. Ou seja, cabe à alta administração construir a ética da corporação. Moreira (1999) salienta que a escolha de fornecedores éticos sobre não-éticos detém um papel importante na definição do preço final do produto. No entender de Moreira (1999), um fornecedor não-ético, que use trabalho escravo e infantil detêm uma vantagem de custo no que toca a fabricação do produto. A escolha da empresa em não contratar este fornecedor levará a que detenha um preço mais elevado do que a sua concorrente que contrata o fornecedor não-ético, perdendo quota de mercado. Nestes casos, a empresa deverá procurar comunicar e asseverar a sua escolha e explicar aos seus clientes a razão de terem preços mais altos. A entrega de uma empresa a uma causa de solidariedade, na qual não obtêm qualquer beneficio direto, como o Marketing Social, poderá ser visto com um custo imediato. Em alguns aspectos, prosseguir com responsabilidade social incorre em custos de curto prazo, mas que no longo prazo, serão transformados em proveitos, à medida que a comunidade vai integrando e processando a informação sobre a empresa ética. Esta crescente consciência da comunidade sobre ética e a conseqüente integração desse conhecimento no processo decisório no consumo levará a que, no futuro, o mercado comece a adaptar-se de maneira a que as empresas éticas prosperem, e as empresas não-éticas sejam colocadas fora do mercado. Deste modo, a responsabilidade social será considerada um fator crítico de sucesso no Século XXI. Ashley et al. (2002, p.35) ressaltam que Administração com Responsabilidade Social (ARS) pode ser entendida como: “a operação de uma empresa de forma que essa atenda à expectativas da sociedade em termos de respeito à lei, aos valores éticos, às pessoas, à comunidade e ao meio ambiente”. Ashley et al. (2002) destacam que autores como Drucker (1984) e Davis (1975), contribuíram para que as empresas começassem a ser vistas também como co-responsáveis 16 pela melhoria e manutenção do bem estar da sociedade como um todo, e que a ARS está passando a ser vista por muitas empresas, não apenas como um conjunto de iniciativas motivadas por razões de marketing, relações públicas ou filantropia, mas como um conjunto de políticas, práticas e programas que permeiam os negócios e o processo de tomada de decisões na empresa. Ainda, os autores revelam que a prática da ARS é positiva para os negócios, razão que aliada às pressões de clientes (que se dispõem a cortar seu relacionamento comercial com empresas “irresponsáveis”), fornecedores, empregados, investidores, vizinhos e outros grupos, tem feito aumentar o número de empresas de todos os tamanhos e segmentos que a estão adotando como fator estratégico para o sucesso no cenário contemporâneo. Convém lembrar que esses grupos são chamados “stakeholders”, expressão frequentemente utilizada nos textos que tratam de responsabilidade social. A publicação do Balanço Social e a divulgação do Código de Ética são algumas medidas que permitem às empresas socialmente responsáveis exercerem influência sobre parceiros de negócios, sobre outras empresas do mesmo setor e área geográfica, etc., no sentido de que essas passem também a se interessar pela prática de ARS. Essa influência é necessária, e pode ser um dos fatores que proporcionarão nas palavras de Figueiredo (2001, p.89) “a prática de uma administração pluralista e interdependente”, que permitiria o cultivo de uma vida com qualidade. Na visão de Whitaker (2006), o código de ética é um facilitador para se aliar lucros, produtividade, qualidade e eficiência de produtos e serviços, além de outros valores intangíveis que advêm das pessoas que as integram as empresas, tais como honestidade, justiça, cooperação, compreensão. Whitaker (2006) enfatiza que as empresas estão implantando códigos de ética porque esse documento, entre outras coisas, tem a faculdade de criar nos funcionários maior sensibilidade que lhes permita procurar o bem-estar dos clientes e fornecedores e, em conseqüência, sua satisfação. Sendo assim, a empresa socialmente responsável envolve-se com seus fornecedores e parceiros, cumprindo os contratos estabelecidos e trabalhando pelo aprimoramento de suas relações de parceria. Concluímos que, as empresas estão selecionando e contratando, em suas relações comerciais, aqueles fornecedores e parceiros que operam com padrões éticos compatíveis com o da empresa, mediante processo de seleção que visa, principalmente, a observar as melhores práticas de interesse da organização. 17 2. METODOLOGIA 2.1 MÉTODO A opção metodológica foi a pesquisa exploratória e qualitativa pautada no estudo de casos da empresa multinacional - McDonald’s. De acordo com nossos objetivos esse caminho viabilizaria maior aproximação do nosso objeto de análise e a dinâmica do trabalho com suas peculiaridades e contradições. Diante da nossa intenção investigadora, tivemos a nos instigar a seguinte problemática: “As organizações conseguem impor seus padrões éticos aos seus fornecedores?”. Desta problemática desdobram-se as questões de como vem sendo empregado o conceito de ética pelos gestores na condução de seus negócios e as principais razões que levam as organizações a impor seus padrões éticos aos seus fornecedores. 2.2 PARTICIPANTE 2.2.1 McDonald’s Dados gerais: 1,6 milhão de empregos Presente em mais de 118 países Presente nos cinco continentes Total de restaurantes: 31 mil Atendendo a 48 milhões de pessoas (dia) Faturamento em 2009: US$ 45 bilhões Quadro 1 – McDonald’s no mundo Fonte: Adaptado de McDonald’s Brasil, 2010 2.2.2 McDonald’s no Brasil Instalada no Brasil desde 1979, o McDonald’s ocupa posição de grande relevo no setor de alimentação. É líder do segmento de restaurantes de serviço rápido, respondendo por mais de 1200 pontos de vendas, dentre estes 583 quiosques e 567 restaurantes, instalados em 138 18 cidades brasileiras, distribuídos em 22 Estados e no Distrito Federal. Estes restaurantes atendem diariamente cerca de 1,6 milhão de clientes. O McDonald’s emprega diretamente cerca de 48 mil funcionários em todo o País, além de gerar outros 30 mil de empregos indiretos. No Brasil, a empresa totalizou R$ 3,3 bilhões de faturamento em 2008, e investe a cada ano uma média de R$ 200 milhões no negócio, além de outros R$ 40 milhões em treinamento de funcionários (MCDONALD’S BRASIL, 2010). 2.3 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS 2.3.1 Estudo de Caso A aproximação do objeto de análise no processo de investigação qualitativo demanda uma aproximação com aqueles que fazem a realidade pesquisada num movimento cíclico e interdependente. É assim que Chizzotti (1995) apresenta a saída para um rigor na avaliação e construção de conhecimento diante da escolha da investigação qualitativa: “A vantagem do contato imediato com questões relevantes pode aprofundar a significação dos fenômenos que se estuda” (CHIZZOTTI, 1995, p.93). O delineamento do estudo de caso valeu-se em dados secundários: pesquisa bibliográfica, conforme Vergara (2007, p.48) “que consiste no tratamento e exame do conjunto de conhecimentos reunidos com base em dados secundários colhidos da internet, revistas, jornais, livros, periódicos, isto é, material acessível ao público em geral” e, dados primários através de entrevistas, sendo utilizado um roteiro semi-estruturado para sua condução e conseqüentemente obtenção de respostas por parte da empresa. O estudo de caso da empresa McDonald’s mostrou-se válido, uma vez que pudemos aprofundar nossa análise, o que no método qualitativo é imprescindível para assegurar a fidelidade dos dados e consistência da análise, autorizando, por conseguinte, a generalização dos resultados alcançados durante a pesquisa. 19 2.3.2 Caso McDonald’s 2.3.2.1 Características da Organização A origem da empresa é americana, mais precisamente na Califórnia, onde em 1955 o vendedor Ray Kroc conheceu os restaurantes dos irmãos Dick e Maurice McDonald, uma espécie de Drive-Thru. Ray ficou impressionado com a qualidade dos hambúrgueres, o serviço rápido, cortês, e um ambiente totalmente limpo. Com seu espírito empreendedor, propôs aos irmãos McDonald a abertura de um restaurante que funcionasse dentro dos mesmos moldes, em sistema de franquia, utilizando o nome da família. Atualmente presente em mais de 118 países, com 31 mil restaurantes alimentando diariamente 48 milhões de clientes, o McDonald’s é uma marca global que cresce a cada ano (MCDONALD’S BRASIL, 2010). 2.3.2.2 Princípios colaborativos de Ray Kroc A história da corporação McDonald’s, maior empresa de food service do mundo, está intimamente ligada à história de seu fundador Ray Kroc, que foi a primeira pessoa a comercializar em massa os produtos e a marca McDonald’s. Baseado no livro de Love (1996), que descreve a história de sucesso do McDonald’s, Vivaldini e Souza (2006) descrevem como foram disseminados os princípios colaborativos de Ray Kroc. O fundador Ray Kroc recebeu a fama de criador do restaurante de self service e atendimento rápido, apesar de não tê-lo inventado. O crédito da invenção pertence aos irmãos McDonald, Richard e Maurice. Ray Kroc introduziu uma nova abordagem para o sistema de franquias, cujo objetivo era o sucesso imediato dos franqueados, para que no longo prazo o sistema como um todo se beneficiasse. Sua idéia era prestar aos franqueados serviços suficientes para que fossem bem sucedidos. Essa filosofia era similar à filosofia que adotou quando vendia suprimentos para o setor de food service, em que o sucesso se baseava em descobrir meios de fazer seus clientes bem-sucedidos com o seu produto. Ele acreditava que estava no negócio para servir seus franqueados e desenvolver sua lealdade, e que os mesmos eram seus clientes e que, se falhassem, ele falharia também. 20 Assim, Vivaldini e Souza (2006) enfatizam que o relacionamento entre corporação e franqueados foi sendo pautado sempre em termos de lealdade, confiança e comprometimento, induzindo um comportamento ético colaborativo e harmonioso. O mesmo relacionamento aberto se esperava dos fornecedores, e exigia-se que os custos e preços dos mesmos fossem inteiramente abertos para que os franqueados soubessem que a corporação não estava se beneficiando de quaisquer parcelas. Assim, Ray Kroc conseguiu unir os três elementos do sistema McDonald’s – franqueados, corporação e fornecedores – numa só “família”, com um propósito comum. Os participantes do sistema tinham incentivos comuns e um padrão comum de qualidade, serviço e asseio, além de existir um controle mútuo entre todos os elementos. O sistema deveria ser controlado por decisões e políticas consideradas pelo bem comum, sendo bem comum definido como a interação entre todos os participantes. 2.3.2.3 A Cadeia de Suprimentos Vivaldini e Souza (2006) descrevem que as inovações promovidas pelos restaurantes McDonald’s, a partir da década de 50, trouxeram consigo a necessidade de desenvolvimento de novos equipamentos e produtos adequados a uma nova realidade. A princípio, os grandes fornecedores da indústria de food service fizeram tentativas para abastecer os restaurantes, porém não foram capazes de atender as exigências mais severas demandadas pela maioria dos restaurantes da época, ou não tinham interesse em fazer nada diferente do que vendiam aos demais. Para esses grandes fornecedores, maximizar a capacidade produtiva em uso era bem mais seguro do que construir uma nova capacidade e se arriscar em negócios futuros do McDonald’s. Assim, os fornecedores selecionados para atender aos restaurantes eram pequenos, e estavam também iniciando seus negócios. Estavam dispostos a dividir os riscos e customizar suas operações produtivas e áreas de serviços, de forma a atender todas as inovações de produtos e processos requeridas pelo McDonald’s. Em meados da década de 60, o crescimento da cadeia de restaurantes, aliado à crescente competitividade de seus concorrentes, fez com que a cadeia de suprimentos assumisse papel de destaque nas estratégias do McDonald’s: era necessária a expansão em escala nacional, porém a fonte de fornecimento era composta de pequenos produtores, e a utilização de grandes fornecedores seria a escolha mais lógica. Contudo, o McDonald’s criou, ao invés de trabalhar com um grupo desorganizado de fornecedores independentes, um sistema integrado, eficiente e 21 inovador de abastecimento. É interessante destacar que a estratégia adotada na cadeia de suprimentos se baseou na transferência de parte da mão-de-obra envolvida no preparo de alimentos nas lojas de volta às fábricas que os forneciam. Os produtos eram fabricados de modo mais padronizado, fazendo com que a preparação de alimentos na loja se tornasse quase infalível. É interessante notar a estratégia de especulação na cadeia de suprimentos, antecipando a transformação dos produtos, ao invés de postponement, estratégia bastante utilizada nas cadeias de suprimento atualmente. Vivaldini e Souza (2006) salientam que a produção concentrava-se em imensas fábricas dedicadas exclusivamente ao McDonald’s, o número de fornecedores era bastante reduzido e as companhias responsáveis pela distribuição eram poucas. O McDonald’s desenvolveu em seus fornecedores um compromisso fortíssimo de atendimento ao sistema, fazendo-os parte do sistema McDonald’s. Uma vez que esses fornecedores eram pequenos e cresceram junto com a rede McDonald’s, compartilhando missões, objetivos, crenças e valores, o comportamento sempre se deu de forma colaborativa e cooperativa. A própria cultura organizacional das empresas pertencentes ao sistema McDonald’s reflete a cultura do McDonald’s. Os fornecedores tornam-se tão dedicados à manutenção e melhoria da qualidade do sistema como se fossem propriedade do McDonald’s. Vivaldini e Souza (2006) destacam que a extensão da cultura McDonald’s à cadeia de suprimentos pode ser entendida visualizando-se a rotina diária dos funcionários dos fornecedores; por exemplo, nos centros de distribuição da Martin-Brower no Brasil (Prestador de Serviços Logísticos da rede no Brasil), os funcionários vêem mais os símbolos do McDonald’s do que os da própria Martin-Brower. O símbolo tradicional do McDonald’s está espalhado por toda a companhia, desde os “broches”, caixas movimentadas no armazém, cartazes de promoções nos corredores principais, logotipos nos caminhões, até brindes promocionais distribuídos nos restaurantes em cima das mesas dos gerentes, e, o mais intrigante, alguns pensamentos da filosofia de Ray Kroc estão presentes no vídeo institucional da empresa. Embora, atualmente a Martin-Brower tenha outros clientes, seu propósito principal, até então, é atender o sistema McDonald’s, como citado por seus executivos. A base do relacionamento com os fornecedores foi pautada da mesma forma que com os franqueados, tendo em vista sempre a lealdade, confiança e comprometimento. A cadeia não se acha presa por nenhum requisito legal a qualquer um de seus fornecedores. Seus contratos são firmados apenas com um aperto de mão, nunca por escrito, mesmo com companhias cujos negócios dependem totalmente do McDonald’s. A negociação é baseada em planilhas de custos abertas e na instalação de parcerias na área operacional, como foi a construção do condomínio Food 22 Town um complexo operacional que reúne fábricas e o operador logístico num mesmo local no intuito de integrar ainda mais o sistema de atendimento, reduzindo custos de transferências de produtos e melhorando a performance de abastecimento. Isto ilustra a transparência e cooperação entre os diversos elos da cadeia de abastecimento. Os principais fornecedores do sistema McDonald’s no Brasil são: Martin-Brower (Prestador de Serviços Logísticos), Junior e Unilever (molhos), Braslo Marfrig e Sadia (carnes), Coca-Cola (refrigerantes), McCain (batata), Schreiber (queijos), FSB Foods (pães, tortas), Brasilgráfica (embalagens), Dixie (copos), Klabin (guardanapos), Cargill, Polenghi e Masterfoods (sorvetes) e Refricon (hortifrutigranjeiros) entre outros (MCDONALD’S BRASIL, 2010). O compromisso dos fornecedores e o grau de relacionamento estabelecido pelo McDonald’s têm forte grau de cooperação e confiabilidade, a ponto de um grupo de fornecedores investirem independentemente num condomínio operacional dedicado ao McDonald’s, o Food-Town, construído em Osasco – SP. Percebe-se, em iniciativas como estas, que a gestão operacional da cadeia de suprimentos ganha profundas melhorias de performance, contribuindo com o sistema como um todo. Pode-se dizer, conforme afirma Chopra et al. (2001), “que empresas na fronteira da eficiência estão continuamente melhorando seus processos e mudando tecnologias na busca de um novo nível de performance”. Nesta relação, Vivaldini e Souza (2006) salientam o papel de cada agente participante da cadeia de suprimentos: • Rede McDonald’s (corporação): Operação dos restaurantes, estabelecimento de promoções e propagandas, seleção de fornecedores, preços e produtos, desenvolvimento de novos produtos, elaboração de planos estratégicos para o negócio, avaliação e padronização dos processos e resolução de conflitos na cadeia. • PSL: Responsável pela gestão de compras e estoques, atendimento aos restaurantes, armazenagem, distribuição e transporte, transferências a outros centros de distribuição no País, gestão financeira da cadeia, planejamento logístico, planejamento fiscal, serviço de campo e coordenação das operações de abastecimento na cadeia. • Fornecedores: Manufatura com qualidade assegurada, desenvolvimento de novos produtos e gestão da cadeia de suprimentos a montante. 23 2.3.2.4 Gestão do McDonald’s com seus fornecedores no Brasil Em relação aos fornecedores, a rede do McDonald’s no Brasil inclui 210 empresas (MCDONALD’S BRASIL, 2010). O ingresso neste grupo está condicionado a uma rigorosa seleção. A permanência nele, ao cumprimento irrestrito das regras contidas no Código de Conduta do Fornecedor. O McDonald’s possui ainda um programa de conformidade, que prevê que o fornecedor submeta-se a auditorias regularmente visando analisar processos, corrigir falhas e promover contínua prevenção de problemas, como no caso ocorrido em julho de 2003: As autoridades argentinas determinaram a interdição de uma lanchonete do McDonald's e de outra do Burger King nos arredores de Buenos Aires, depois que testes preliminares com amostras de alimentos indicaram a presença bactéria fatal E-coli. (Fonte: Reuters Brasil, 2003). Em 2004, para solucionar possíveis problemas futuros, foram realizadas 22 auditorias de qualidade e segurança alimentar nas empresas parceiras. O McDonald’s também consegue envolver seus fornecedores em ações sociais. Um dos requisitos para os fornecedores desta empresa é estar envolvido em algum projeto social, ligado ou não ao McDonald’s. O compromisso ético do McDonald’s enfatiza o desempenho da empresa em fazer tudo o que for necessário para levar aos clientes os melhores produtos e serviços, envolvendo os seus funcionários, franqueados e fornecedores. Figura 1: A cidade do Alimento (FONTE: MCDONALD’S BRASIL, 2010) 24 A Cidade do Alimento (fig. 1), que está sediada na Via Anhangüera, em São Paulo, é um complexo que reúne três nomes de destaque na cadeia de abastecimento dos restaurantes: a Braslo (processadora de carnes), a Martin Brower/Brapelco (logística e distribuição) e a Interbakers (fabricante de pães). Aberta à visitação para franqueados e outros fornecedores, inclusive de países vizinhos, a Cidade do Alimento é referência na América Latina. Numa área de 160 mil metros quadrados, o agrupamento das três companhias propiciou otimização de processos, economia de tempo e redução de custos em escala. Com similares apenas na Alemanha e na Rússia, a Cidade do Alimento produz 3.500 pães por hora e 100 toneladas de carne por dia. Fornecedores que lidam com rebanhos de corte ou criações para abate devem seguir os preceitos ditados pela ONG Conservation International, com vistas à erradicação dos maus tratos e ao respeito aos direitos dos animais. A vanguarda na adaptação a essas regras contribuiu para que uma empresa parceira, a Sadia, se tornasse fornecedora do McDonald’s em esfera global – e, por via direta, consolidou a posição do Brasil como maior exportador mundial de carne de frango (MCDONALD’S BRASIL, 2010). Exemplo de como o McDonald’s consegue envolver fornecedores - e fornecedores de seus fornecedores em suas ações sociais: No mês de setembro, os fornecedores do McDonalds no Brasil receberam um questionário com 35 perguntas. Elas não se referiam a assuntos como qualidade de produtos e serviços, eficiência, produtividade ou custo. O tema era um só: responsabilidade social. No fim de outubro, dos 179 questionários enviados apenas 56 haviam sido respondidos. Os outros 123 fornecedores ainda não haviam dado sinal de vida. "Provavelmente, quem não respondeu ainda não desenvolve nenhuma atividade voltada à responsabilidade social", afirma Flávia Vigio, gerente de comunicação do McDonalds e responsável pela pesquisa. Se for mesmo esse o motivo do silêncio, essas empresas terão de mudar de postura. Marcel Fleischmann, presidente do McDonalds no Brasil, dá o ultimato: "Em até três anos, todos os nossos fornecedores deverão estar envolvidos em algum projeto social, seja ele ligado ao McDonalds ou não. E não vale apenas fazer doações, é preciso uma participação efetiva". Para quem ainda não é fornecedor da empresa, a exigência já estará valendo a partir de janeiro. "Em 2003, não fecharemos novos contratos com companhias que não tenham uma postura social atuante na comunidade", diz Fleischmann. Ele acredita que já foi a época em que para fechar um negócio bastava puxar uma ficha cadastral para saber se ela era financeiramente saudável. "Queremos estar rodeados de empresas que tenham uma postura social semelhante à nossa", diz Fleischmann. "Concordo com a frase: Diga-me com quem andas que te direi quem és”. Fonte: Portal Exame, 2003. “A cobrança agora é explícita, mas há anos os fornecedores da rede vêm sendo convidados a tomar parte no trabalho social desenvolvido pelo McDonald’s”, diz o presidente 25 Fleischmann. (PORTAL EXAME, 2003). O McDia Feliz é um exemplo. Um dia por ano, todo o dinheiro arrecadado com a venda do Big Mac, excluindo impostos, é revertido ao Instituto Ronald McDonald, que combate o câncer infantil, e a outras instituições que também batalham contra a doença. A campanha já atendeu mais de 90 instituições Brasileiras em 20 Estados e o Distrito Federal. Em média, o número de Big Macs vendidos no McDia Feliz é cinco vezes maior que num dia normal. No evento de 2002, quase 2 milhões de Big Macs foram consumidos, o que resultou num total de 7,4 milhões de reais arrecadados. Desde 1988, quando foi instituído no Brasil, o McDia Feliz já conseguiu cerca de 90 milhões de reais (MCDONALD’S BRASIL, 2010). 2.3.2.5 Relação com os Stakeholders O McDonald’s vem ressaltando os seus valores éticos para manter o desenvolvimento de todo o seu sistema. Dentro deste conceito, a empresa firmou compromissos sólidos com o país, que traduzem a sua atuação na sociedade, sendo o trabalho pautado nesse conjunto de valores corporativos (MCDONALD’S BRASIL, 2010). Dentre eles, destacam-se: a) Interagir permanentemente com o cliente, entendendo suas necessidades e conquistando sua simpatia, sua satisfação e confiança. b) Formar e desenvolver pessoas. c) Promover com equilíbrio o sucesso de todo o sistema McDonald’s (funcionários, franqueados e fornecedores). Ao longo dos últimos 30 anos, a rede de parcerias cresceu, organizou-se e instituiu um modelo de referência no setor de alimentação. Com a meta permanente de desenvolver e aprimorar esse modelo, a empresa se impõe quatro princípios estratégicos, a saber: • Concentração de esforços numa única atividade (venda de refeições). • Ênfase na gestão de pessoas. • Administração centralizada. • Trabalho em parceria com os fornecedores. 2.3.2.6 Exemplos de conduta ética do McDonald’s na relação com seus fornecedores 26 O texto a seguir mostra a influência do McDonald’s junto a Cargill a fim de que se faça uma plantação de soja responsável: Apesar de ser a principal commodity da pauta brasileira de exportações, já faz algum tempo que a soja deixou de ser exclusividade das discussões econômicas para disputar a atenção de ambientalistas e movimentos sociais em todo o país. Pressão sobre terras indígenas e de povos tradicionais, uso de sementes geneticamente modificadas, emprego de mão-de-obra escrava e expansão sobre unidades de conservação ecológica foram alguns dos problemas atribuídos ao plantio nos últimos anos. A presença de grandes grupos multinacionais, como Archer Daniels Midland (ADM), Bunge e, principalmente, Cargill, e da maior empresa nacional do segmento - o Grupo André Maggi, ligado ao governador de Mato Grosso, Blairo Maggi -, também soa como um mau presságio. Basta observar a infra-estrutura já instalada em solo amazônico: são quatro silos da ADM, seis da Bunge e 13 da Cargill, além de seu terminal portuário, localizado em Santarém e considerado ilegal pelo Ministério Público Federal. A questão básica dessa polêmica é a possibilidade de produzir soja de maneira sustentável num ambiente de tão vasta biodiversidade sem intensificar ainda mais a exploração que tem feito da região presa fácil de madeireiras e pecuaristas. De acordo com o relatório, publicado em abril de 2006, a produção da commodity na Amazônia enseja uma série de crimes associados, que vão de grilagem de terras a uso de mão-de-obra escrava. E, de acordo com o Greenpeace, os culpados não são os tradicionais pistoleiros da terra sem lei amazônica, mas sim gigantes do porte de ADM, Bunge e Cargill. No entanto, as empresas envolvidas só se dispuseram a debater o assunto quando a discussão sobre a cadeia produtiva do grão brasileiro alcançou o segmento europeu da rede McDonald's. Isso porque todo o carregamento de frangos que chega à gigante do fast-food e a outros grandes grupos do setor alimentício europeu provém da Sun Valley, empresa com sede na França, mas de propriedade da americana Cargill. A ração que engorda os frangos que se transformarão em nuggets nos McDonald's de toda a Europa inclui, assim, soja da Amazônia. D'Ávila conta que, até o envolvimento das grandes redes varejistas, a Cargill evitou discutir sua conduta. Desse modo, o embargo só começou a ganhar forma quando a preocupação sobre a procedência do grão atingiu o mercado consumidor. "Tem de haver pressão social para que as empresas venham à mesa de debate", emenda Galinkin. "Só queremos a eliminação de quem não produz corretamente. Nunca defendemos o boicote, que não é solução. O ideal é premiar a legalidade e extinguir a ilegalidade", finaliza Galinkin. Fonte: Repórter Brasil, 2007 Outro exemplo, é o caso da filosofia e as ações da PETA - People for the Ethical Treatment of Animals (Pessoas pela Ética no Tratamento de Animais). A PETA tem hoje mais 800 mil membros, sendo a maior organização pelos direitos dos animais no mundo. Desde sua fundação em 1980, carrega como filosofia principal que animais não foram feitos para se 27 comer, vestir, serem usados para experiências ou para entretenimento. A organização diz que está engajada na causa de proteger animais de todos os atos de exploração humana desnecessária. Ela aplica pressão implacável sobre as grandes cadeias de lanchonetes e conduz uma operação clandestina de espionagem na comunidade científica que realiza pesquisas com animais, visando a expor suas práticas de laboratório. O McDonald’s cedeu à pressão e orientou seus fornecedores de frango a pôr fim à prática de decepar os bicos das aves ainda vivas e a dobrar o tamanho das gaiolas em que os frangos são criados. Pressionados pela Peta, tanto o McDonald’s quanto o Burger King - ou “Murder King” (rei do assassinato), como diz o grupo concordaram em fazer visitas aos matadouros dos quais saem as aves que utilizam em seus restaurantes, para garantir que sejam respeitados padrões mínimos de bemestar dos animais (PETA, 2005, p.1). Como vimos, não há como considerar que a empresa é socialmente responsável, se seu fornecedor atua de forma ambiental e socialmente agressiva e com padrões de conduta antiéticos. Segundo Monteiro (2005), “é atribuição da ética apontar ações humanas moralmente válidas, diferenciando-as daquelas que não o são”. Aguilar (1996, p.15) adverte que “o custo da conduta antiética pode ir muito além das penalidades legais, notícias desfavoráveis na imprensa e prejuízos nas relações com clientes. Muitas vezes a conseqüência mais grave é o dilaceramento do espírito organizacional”. Em ambos os casos descritos o McDonald’s influencia seus fornecedores a uma conduta ética na maneira de fazer seus negócios contrastando a conduta antiética e consegue impor seus padrões éticos aos mesmos. Conclui-se também que os fornecedores desempenham um importante papel na cadeia de valores, contribuindo para o desempenho do sistema e para a entrega de valor ao consumidor. 3. COLETA, ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS 3.1 COLETA DOS DADOS A coleta de dados da pesquisa foi realizada por meio de entrevistas pessoais com funcionários da empresa McDonald’s da área de administração e gerência com o objetivo de garantir a amplitude da coleta, a fim de proporcionar o aprofundamento que o estudo 28 possibilita. Para o estudo de caso analisado, buscou-se entrevistar o representante da empresa que fosse o responsável pela relação comercial em estudo. Foram entrevistadas 5 (cinco) pessoas das diferentes franquias do McDonald’s no Município de Duque de Caxias. As questões básicas formuladas giraram em torno das seguintes temáticas: existência na empresa de normas de procedimentos com clara e expressa determinação de responsabilidades; disponibilidade de um código de ética por escrito; quais os principais fornecedores da empresa e se os mesmos são constantemente avaliados; se a empresa contribui assessorando o fornecedor para que este esteja de acordo com os seus padrões éticos; se a empresa fiscaliza os fornecedores quanto à sua conduta ética; e se há punição e, de que forma ela pune seus fornecedores caso não cumpram com os padrões éticos estabelecidos pela empresa. Durante a entrevista, o pesquisador procurou conduzir de forma que o entrevistado se sentisse à vontade, buscando estar atento ao que preceitua Vergara (2007, p.55), a entrevista “é um procedimento no qual você faz perguntas a alguém que, oralmente, lhe responde. É uma troca de idéias e significados, em que várias percepções e realidades são exploradas e desenvolvidas”. 3.2 ANÁLISE E RESULTADOS DOS DADOS Foram estabelecidas, a partir do referencial teórico, algumas análises e percepções que os respondentes deixaram evidentes ao longo da entrevista. A concepção de ética dos entrevistados é semelhante e reflete o conjunto de condutas, normas ou regras que definem o que é certo e errado em cada ato da sociedade, estabelecendo os limites do comportamento do ser humano dentro dela. A seguir, alguns trechos de depoimentos que ilustram a opinião dos entrevistados: [...] Ética é quando você age dentro das normas que foram resolvidas pela empresa, como de uma boa convivência. A empresa possui código de ética por escrito e distribuído que representa os valores defendidos por ela quando da contratação de funcionários. (Mulher, 32 anos, profissional da administração). 29 PERGUNTAS RESPOSTAS 05 Sim A empresa possui código de por escrito e distribuído? A área de RH realiza palestra e treinamento sobre a cultura e código de ética? 05 Sim Quadro 2 – Perguntas feitas ao McDonald’s sobre controles internos Fonte: Pesquisa de campo, 2010. A existência de normas de procedimentos com determinação clara e expressa de responsabilidades apareceu de forma bastante evidente na entrevista. A empresa McDonald’s realiza periodicamente palestras procurando mostrar aos seus funcionários a necessidade de se manter um comportamento ético empresarial. Além disso, um dos gerentes entrevistados disse que melhorar o critério de seleção de admissão de funcionários na empresa contribui para a excelência de pessoal dentro da organização. [...] ter uma atitude moral e ética conduz a práticas comerciais mais eficientes – quer nas vendas, manutenção de funcionários ou na conquista dos clientes. Por exemplo, as pessoas normalmente desejam pagar um preço mais elevado para se sentirem bem em relação aos produtos que elas compram. Também as empresas que seguem certos códigos morais atraem melhor as pessoas e essas pessoas com freqüência estão mais dispostas a trabalharem mais, pois se sentem valorizadas (Homem, 48 anos, gerente). PERGUNTA A atuação ética da empresa pode ser fonte de lucros já que a torna mais confiável? RESPOSTAS 05 (Sim). Os valores éticos geram confiança e promovem o crescimento da empresa e conseqüentemente a sua lucratividade. Quadro 3 – Avaliação da intenção ética da empresa Fonte: Pesquisa de campo, 2010. Toda atitude inclui a necessidade de escolher entre vários atos possíveis. Esta escolha deve basear-se, por sua vez, em uma preferência. Os entrevistados disseram que escolhem tomar uma atitude de acordo com os padrões exigidos pelo McDonald’s, pois se apresenta como a mais digna, mais elevada moralmente, ou mais valiosa, pois traz satisfação e bemestar a todos. As empresas com preocupação ética são capazes de obter sucesso não apenas ao nível de satisfação pessoal entre os envolvidos neste processo e a sociedade, mas também é capaz de proporcionar melhores resultados econômicos a organização no longo prazo. 30 No contexto da relação da empresa com o fornecedor, os entrevistados foram unânimes em dizer que a empresa fiscaliza os fornecedores quanto à conduta ética, através de consultorias e que a mesma os pune caso eles não cumpram com os padrões éticos exigidos pela rede McDonald’s. [...] a empresa pune os fornecedores que não atendem aos seus padrões éticos, que vão desde a devolução das matérias primas com notificação para o devido ressarcimento, reclamações com os responsáveis, até o cancelamento do contrato. (Homem, 41 anos, gerente). PERGUNTAS RESPOSTAS A empresa avalia constantemente os fornecedores? 05 Sim De que forma a empresa fiscaliza seus fornecedores? Através de consultorias A empresa pune os fornecedores caso eles não cumpram com os padrões éticos exigidos pelo Código de Conduta do Fornecedor? Que tipo de punição a empresa aplica aos seus fornecedores? 05 Sim Devolução de matéria prima com notificação e ressarcimento do valor; Reclamação junto aos responsáveis; Cancelamento do contrato Quadro 4 – Relacionamento da empresa McDonald’s com seus fornecedores Fonte: Pesquisa de campo, 2010. O tema discutido ao longo do artigo, se as organizações conseguem impor seus padrões éticos aos seus fornecedores recebeu atenção por todos os entrevistados. Conclui-se que, com base nos dados da pesquisa e no arcabouço teórico, a preocupação com a conduta e a postura éticas por parte da rede McDonald’s na relação com seus fornecedores, são um importante diferencial nos níveis de competitividade e lucratividade da organização e que a empresa consegue impor seus padrões éticos aos mesmos. A expansão dos restaurantes McDonald’s ocorrida ao longo dos anos demonstra que seu sistema colaborativo na cadeia de suprimentos é relativamente eficiente, considerando o sucesso da rede em diversos países, incluindo o Brasil. Outro aspecto importante do estudo é a relevância das informações a respeito do sistema McDonald’s, no sentido de se divulgar academicamente um modelo de gestão que atende muito bem o conceito de colaboração na cadeia de suprimentos. As limitações do estudo são pertinentes à metodologia de estudo de caso, em que generalizações não podem ser feitas. Por outro lado, o caso estudado abre oportunidades para 31 outras pesquisas, como a análise de outras empresas de sucesso que só adotaram os conceitos éticos e colaborativos da cadeia de suprimentos após anos de operação, demonstrando os mecanismos gerenciais atuais utilizados para superar as barreiras culturais e organizacionais do passado. Também, este estudo não abordou questões relativas à performance ou vantagens competitivas que esse sistema de gestão permite, com base na ética relacionada aos fornecedores, podendo, portanto, ser tema de outros estudos nesta área. CONSIDERAÇÕES FINAIS Discutir sobre responsabilidade social requer considerações acerca da ética, ainda mais quando se reconhece que “a fome pelo lucro fácil” é um dos fatores que tornam frágil a sociedade (ASHLEY, 2002, p.134). Pode-se conceituar a ética como o conjunto de limites impostos ao homem em seus relacionamentos, porque o ser humano convive. É o complexo de relacionamentos humanos que faz surgir a ética, visto que, sem isso, não há que se falar em ética. Fica o reconhecimento da alteridade, ou seja, da existência do outro (ser). “A dimensão ética começa quando entra em cena o outro” (ECO, 2002, p.9). Esta afirmação corrobora com que diz Pinedo (2003) que: Ética é um conjunto de valores. Quando dizemos que uma empresa ou uma pessoa é ética, nós nos referimos aos valores que essa pessoa ou essa empresa possui. Se meus valores se encontram em determinado nível de desenvolvimento moral e minhas atitudes estão de acordo com eles, isso é ética. [...] (PINEDO, 2003, p.3). As organizações desconsideram a necessidade da promoção do homem e da coletividade em aspectos mais amplos que o econômico-financeiro e tecno-científico. O desenvolvimento científico-tecnológico tem levado muitas organizações à busca desenfreada de lucro econômico-financeiro com sacrifício da responsabilidade social. Romão (2001), ao falar sobre a empresa socialmente humanizada, assevera que os lucros não são apurados apenas em números. Parafraseando esse autor, pode-se falar que a organização tem como um de seus melhores negócios a responsabilidade social, que também é lucro, “além de ser um fator primordial na geração de resultados” (ROMÃO, 2001). A empresa socialmente responsável sempre agrega mais valores para si, diferenciando-se de suas concorrentes numa ótica positiva, ainda que do ponto de vista estritamente empresarial. A pesquisa do Instituto Ethos sobre a percepção dos consumidores, realizada em 2000, mostra que, no Brasil, 57% deles julgam se uma empresa é boa ou ruim tendo por base a 32 responsabilidade social. E o que eles querem dizer com isso? Os primeiros elementos citados são tratamento de funcionários e a ética nos negócios. Adicionalmente, os consumidores querem que a empresa melhore a sociedade: é o que pedem 35% deles. E não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Em quase todos os países onde a mesma pesquisa foi feito o resultado neste item foi o mesmo: 35% (INSTITUTO AKATU, 2008). Além disso, os consumidores recompensam e punem as empresas pela sua responsabilidade social. Recompensam ao comprar os produtos e recomendar a empresa a seus conhecidos. Punem ao não comprar os produtos e não recomendar a empresa. Trinta e um por cento dos consumidores no Brasil e 49% nos consumidores nos Estados Unidos comportam-se desta forma. Colabora com essas informações a constatação de Pinedo (2003, p.6) que: [...] Estudos realizados pela Universidade Harvard a respeito de como o nível de maturidade influencia o comportamento corporativo concluíram que empresas éticas e maduras apresentam um desempenho 160% melhor que as menos éticas. O movimento de responsabilidade social empresarial se fundamenta na ética. Nenhuma empresa pode ser socialmente responsável se não tiver um comportamento ético em relação aos públicos com os quais se relaciona e um declarado compromisso com a sustentabilidade social e ambiental da comunidade em que atua, do país e do mundo (Ethos, 2003). Sabendo-se que a ética está presente em todos e quaisquer relacionamentos que envolvem o ser humano, levá-la em consideração é uma necessidade também nos negócios. Age eticamente e com responsabilidade social a empresa que: 1) respeita a dignidade de seus empregados, não os vendo como meros recursos; 2) não agride o meio ambiente; 3) não infringe os direitos do consumidor; 4) não compromete as necessidades, as utilidades e os interesses públicos quando objetiva usufruir benefícios fiscais; 5) valoriza verdadeiramente o seu quadro de pessoal, promovendo o seu desenvolvimento; 6) não coloca a busca do lucro acima da legitimidade e justiça dos interesses do homem e da sociedade. Concluímos que os fornecedores são, de certa forma, uma extensão da empresa, por isto, devem compartilhar dos mesmos valores e estabelecer uma relação de parceria e confiabilidade. Cabe, então, à empresa transmitir estes valores explicitados em seu código de conduta, tomando-o como orientador em casos de conflito, como favorecimentos e obtenção de vantagens pessoais. 33 É interessante que a escolha dos fornecedores baseie-se em critérios claros, valorizando a livre concorrência e com transparência na cotação de preços, além de avaliar questões como condições de trabalho dos terceirizados e, principalmente, se não há caso de trabalho infantil na cadeia produtiva. A partir do estudo de caso da rede McDonald’s pode-se verificar que a empresa consegue impor seus padrões éticos aos seus fornecedores. Esta filosofia não se aplica aos fornecedores exclusivos que só trabalham para o sistema, mas a outros fornecedores e parceiros que buscam a sustentabilidade de seus negócios de acordo com os valores defendidos pela rede McDonald’s. O compromisso ético do McDonald’s conforme vimos, enfatiza o desempenho da empresa em fazer tudo o que for necessário para levar aos clientes os melhores produtos e serviços, envolvendo funcionários, franqueados e fornecedores com uma atuação sustentável de responsabilidade social. Ainda, a empresa consegue impor seus valores de responsabilidade social como um dos requisitos para os fornecedores conduzindoos ao comprometimento em algum projeto social, ligado ou não a rede McDonald’s. Espera-se que este estudo tenha contribuído para um maior entendimento sobre a questão da ética aplicada na relação empresa-fornecedor e para o debate em torno de mais uma prática passível de ser adotada por empresas que buscam uma atuação socialmente responsável. Espera-se, também, que o estudo estimule outras empresas a estabelecerem relações comerciais com fornecedores que atendam aos seus padrões éticos e que motive outros potenciais fornecedores a se organizarem como tal, ampliando o poder transformador destas iniciativas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUILAR, Francis J. A ética nas empresas. Rio de Janeiro: Zahar, 1996. Akatu e Ethos divulgam nova pesquisa a respeito da relação do consumidor com a RSE. 08 abr. 2008. Disponível em: <http://www.akatu.org.br/central/noticias_akatu/2008/akatu-eethos-divulgam-nova-pesquisa-a-respeito-da-relacao-do-consumidor-com-a-rse>. Acesso em: 20 jan. 2010. ALVES FILHO, Antônio. Pessoas na organização: fatores de produção ou fonte de poder estratégico. Revista de Ciências da Administração. UFSC. v.3, n.1, mar, 2001. Florianópolis: Imprensa Universitária, 2001. ASHLEY, Patrícia Almeida et al. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 34 CAMARGO, Marculino. 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