Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível Organizational Communication: A Difficult Evaluation of Intangible Artenisia Sousa Dos Santos1 Elza Rodrigues Barbosa Peixoto2 Resumo A complexidade que envolve os estudos sobre a avaliação da comunicação nas organizações foi o motivador desta pesquisa que buscou na contribuição de vários autores, entre eles Margarida Maria Krohling Kunsch e Gilceana Soares Moreira Galerani, os estudos mais significativos que permitiram uma análise deste elemento intangível, mas que pode e deve ser mensurado. Inicialmente, alguns conceitos e elementos essenciais sobre a comunicação empresarial abre este análise, trazendo, em seguida, uma abordagem sobre a dificuldade, porém importância, de avaliar e medir a comunicação apesar de seu caráter de intangibilidade. Mesmo com a pouca literatura sobre o tema, são explorados ferramentas e modelos que propõe avaliar e medir a comunicação, sabendo que toda a complexidade desta avaliação se dá pelo fato de se tratar de indicadores subjetivos, mas que conta como aliados o prévio diagnóstico, seguido de um planejamento e execução, aspectos que, respectivamente, vão identificar e controlar tanto seus processos quanto seus resultados. Palavras-chave: Comunicação organizacional, Mensuração, Avaliação. Abstract The complexity involved in the studies on the evaluation of communication in organizations was the motivator in this research that many Graduada do curso de Administração da Faculdade Católica Dom Orione Mestre em Letras pela Universidade Estadual de Londrina PR. Professora nos cursos de Administração e Direito da Faculdade Católica Dom Orione. 1 2 27 Artenisia Sousa dos Santos, Elza Rodrigues Barbosa Peixoto writers, including Margaret Mary Krohling Kunsch and Soares Moreira Gilceana Galerani, the most significant studies that enabled an analysis of this intangible element, but it can and should be measured. Initially, some concepts and essential elements of business communication opens this analysis by bringing then a discussion of the difficulty, but importance of evaluating and measuring communication in spite of its character of intangibility. Even with the lack of literature on the subject, are operated tools and models that propose to evaluate and measure the communication, knowing all the complexity of this evaluation is done because it is subjective indicators, but what counts as allies the prior diagnosis, followed by planning and implementation aspects, respectively, will identify and track both their processes and their results. Keywords: Organizational communication, Measurement, Rating 1. Introdução Desde o início dos tempos o homem procura maneiras de interagir com o meio em que vive. Para isso criou maneiras de se comunicar. Essa tarefa tomou tamanha importância para ele e seus grupos que veio aprimorando suas formas de comunicação, passando por tambores, desenhos nas paredes de cavernas, telégrafos e hoje chegam mensagens em tempo real pela internet, celular, rádio, televisão, entre outros. A comunicação sempre foi uma ação de maior uso dentro da organização. No entanto, antigamente, era feita sem muitos cuidados, atribuindo-lhe poucas tecnologias. Hoje, se tornou uma ferramenta importante na vida contemporânea, como forma de criar relações tanto no aspecto humano como empresarial. Por conta do fluxo de informações existentes hoje, o ser humano passa a ser mais exigente. Os clientes querem cada vez mais tecnologia, inovação e qualidade nos produtos e serviços oferecidos, e as empresas, influenciadas inclusive pela pressão pública, precisam descobrir e desvendar quais são suas maiores potencialidades e oferecê-las a seus clientes. Em pleno século XXI é possível perceber que muitas organiza- 28 Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível ções não direcionam a importância devida às formas de comunicação organizacional, sendo elas: comunicação institucional, mercadológica e administrativa. Por isso, muitas delas perdem espaço no mercado. Ainda que as organizações trabalhem e melhorem a sua comunicação de maneira eficaz, muitas delas não conseguem medir o retorno deste investimento. Assim, esse trabalho se justifica na medida em que propõe uma maior investigação teórica sobre a possibilidade de mensuração da eficácia da comunicação sob a luz do pouco amparo investigativo a disposição, visto que é uma tendência recente “quantificar” os efeitos e resultados que a comunicação gera. O que motivou esse estudo foi, primeiramente, por se tratar de um assunto de pouca investigação acadêmica; depois, pela curiosidade motivada pelas questões: É possível medir a comunicação? Como avaliar as ações de comunicação? No esforço em buscar maiores esclarecimentos sobre as questões propostas nesse estudo, destacamos, dentre outras, as contribuições da pesquisadora Margarida Maria Krohling Kunsch, no histórico e nos conceitos de comunicação organizacional, e, no que concerne à avaliação de comunicação, fundamenta essa pesquisa os estudos de Gilceana Soares Moreira Galerani, uma das poucas autoras brasileiras a tratar de forma sistematizada a questão. Por se tratar de indicadores subjetivos, e por isso mesmo complexo, a avaliação em comunicação, tem como aliados o prévio diagnóstico, seguido de um planejamento, onde respectivamente vão identificar os ativos intangíveis e definir o posicionamento no mercado. Desta forma, se faz necessário um estudo sobre os modelos e as ferramentas aplicáveis à mensuração e avaliação em comunicação organizacional e seus resultados e identificar até onde ela é mensurável. Além de identificar os modelos e ferramentas eficazes para medir e avaliar a comunicação. 2. Comunicação Organizacional: Conceitos A comunicação tem um papel importante na sociedade. É através dela que os indivíduos interferem no meio em que vive. Assim, justifica-se a necessidade das organizações de administrá-la correta- Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 29 Artenisia Sousa dos Santos, Elza Rodrigues Barbosa Peixoto mente, proporcionando a integração do público interno e o externo. É importante deixar claro que a comunicação já existia nas empresas, tanto para cumprir questões corriqueiras dentro da organização como para exteriorizar informações. O que não fazia parte das prioridades das empresas era a preocupação com o retorno dessas informações, desperdiçando a oportunidade de diferenciar-se no mercado. Essa necessidade por parte da organização vem a calhar para a imprensa porque parte daí o conteúdo ou matéria prima necessária para criar o conteúdo jornalístico. Antes de seguir o assunto é essencial conceituar organização: Organização é um sistema de atividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas onde, devido a limitações pessoais, os indivíduos são levados a cooperarem uns com os outros para alcançar certos objetivos que a ação individual isolada não conseguiria. Portanto, as organizações se constituem nessa interação que faz com que elas sejam dinâmicas e complexas, ou seja, um organismo vivo. Assim, pode-se compreender porque a definição etimológica do termo é organom = órgão. (LIMA; ALBANO, 2010) Quando é afirmado que as organizações são a base da sociedade, quer dizer que os indivíduos vivem em conjunto, revelando-se indivíduos sociais. O que vem fortemente aliado à comunicação: A comunicação, em primeiro lugar, tem que ser entendida como parte inerente à natureza das organizações. Essas são formadas por pessoas que se comunicam entre si e que, por meio de processos interativos, viabilizam o sistema funcional para sobrevivência e consecução dos objetivos organizacionais num contexto de diversidades e de transações complexas. Portanto, sem comunicação as organizações não existiriam. A organização é um fenômeno comunicacional contínuo. (KUNSCH, 2006, p.167) Margarida Kunsch (2006), professora titular e pesquisadora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECAUSP), ainda enfatiza que “a comunicação organizacional tem que ser pensada numa perspectiva da dinâmica da história contemporânea.” 30 Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível A comunicação organizacional é aquela que engloba todas as outras formas de comunicação dentro da organização, envolvendo os seus grupos de interesses que são compostos por: Comunicação Institucional (Relações Públicas); Comunicação Interna (Comunicação Administrativa) e Comunicação Mercadológica (Marketing) que, segundo Kunsch (1997, p. 116), podem ser administrada sob uma mesma direção para atingir com mais eficiência os objetivos da comunicação como um todo, a chamada Comunicação organizacional integrada a qual será detalhada posteriormente. 2.1 Comunicação Institucional A comunicação institucional é o conjunto de ações que visa divulgar informações aos públicos de interesse sobre os objetivos, as práticas, políticas e ações institucionais da organização. O objetivo principal é construir, manter ou melhorar a imagem da empresa no mercado perante esses públicos. (TAVARES, 2009, p. 60) São informações de interesse da opinião pública que alavanca a comunicação institucional. Nela são desempenhadas funções do planejamento estratégico em comunicação. Através dela são divulgadas propagandas a respeito de responsabilidade social, ambiental e informações que englobam a missão, visão e valores da empresa, ou seja, assuntos relacionados com ações que a empresa tem com a comunidade. Dentro da comunicação institucional ou interna, existe a comunicação administrativa, aquela que elenca as funções burocráticas das organizações. Torquato (2004, p. 45) revela que “A comunicação administrativa abrange todos os conteúdos da administração (...). Trata-se do suporte informacional-normativo da organização.” Exemplos deste tipo de comunicação são “normas, instruções, portarias, memorandos, cartas técnicas, índices, taxas, acervos técnicos.” Foi a primeira forma de comunicação existente na empresa, a puramente funcional. Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 31 Artenisia Sousa dos Santos, Elza Rodrigues Barbosa Peixoto 2.1.1 Endomarketing Outro termo bastante comum dentro da comunicação institucional é de uma ferramenta chamada endomarketing, citado por Tavares (2009, p. 17) denominado por Saul Faingaus Benkin como “ações de marketing para o público interno – funcionário – das empresas e organizações”. A comunicação é uma parte do endomarketing, eles devem andar lado a lado porque aplicando a comunicação interna eficiente na empresa gera motivação, e motivação é um dos objetivos do endomarketing. Essas considerações ressaltam a observação para não se fazer campanhas e projetar imagem só para o público externo. Devese lembrar que o público interno é quem primeiro compra a ideia, se estendendo para além da organização. Segundo Tavares (2009, p. 14) comunicação interna “é a comunicação existente entre a empresa e o público interno (funcionários da empresa).” Embora não sendo nosso foco de abordagem, cabem algumas considerações sobre as estratégias de comunicação que estão na literatura ao alcance das organizações. É possível alcançar uma comunicação interna excelente, seguindo alguns indicadores classificados por Nassar (2006, p.109): 1 - Planejamento profissional de comunicação, com relevância estratégica – as ações resultantes desse planejamento são direcionadas aos colaboradores e devem ser contínuos. É necessário a qualificação dos colaboradores, investimentos financeiros e dedicação. 2 - Grau de interação da comunicação – “A comunicação com os trabalhadores não pode ser uma torre de Babel”. Geralmente, as empresas não têm um departamento de comunicação definido. Assim, as áreas afins como marketing e outras tem a intenção de dar voz de comando onde não lhe pertence. Esse setor deve recolher todas as informações dos demais setores e transformar em uma informação única. 3 - Grau de sensibilização e habilitação em comunicação dos gestores – Os gestores devem entender a importância da comunicação na vitalidade organizacional e nos relacionamentos internos. Portanto, 32 Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível se for percebido uma deficiência na comunicação interna ela deve ser combatida com ações corretivas, como programa de habilitação e mensuração. Convém ressaltar que a comunicação interna se organiza através de seus fluxos. Torquato (2004, p. 39) os classifica da seguinte forma: 1. Fluxo descendente – de cima para baixo – as comunicações gerenciais são formais. Este fluxo é mais eficaz no nível mais alto da hierarquia – nível estratégico, à medida que a informação desce mais eficácia ela perde até o subordinado – nível operacional. As comunicações apresentam problemas por conta da dispersão da base, justificada pelas diferenças socioculturais. 2. Fluxo ascendente – de baixo para cima – a comunicação começa da base para a cúpula. O problema é essa tem menos força que a do item anterior e são geralmente de origem informal, vinda de canais informais como “rádio-peão” ou “rádio-corredor” como são chamadas. 3. Fluxo lateral – entre níveis hierárquicos com a mesma posição no organograma – é estratégico para efeitos de programas de ajustes e integração, visando às metas. A falha, aqui, acontece por conta da insegurança de gerentes que escondem dos seus colegas de trabalho, informações importantes sobre a organização com intuito de ganhar vantagens quanto a eles. 4. Fluxo diagonal – onde existem mensagens trocadas entre um superior e um subordinado em outra área ou departamento. Essa modalidade só existe em organizações abertas que cultivam de programas de interação interdepartamentais. O problema aqui é que, nesses casos, podem acontecer de um chefe de um departamento passar por cima da chefia do seu colega ao pedir algo a um subordinado que não pertence ao seu departamento. É importante que os gestores observem também que não será o volume de informação ou de comunicação que ocasionará em bons resultados, mas a qualidade dessas informações. Drucker (2006, p. 107) revela que “As decisões humanas são o controle supremo – e talvez o único – de uma organização. (...) O rendimento do recurso humano determina realmente o desempenho da organização.” Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 33 Artenisia Sousa dos Santos, Elza Rodrigues Barbosa Peixoto 2.2 Comunicação Mercadológica A Comunicação mercadológica ou de marketing é aquela voltada a divulgar os produtos ou serviços de uma organização de modo a influenciar diretamente o consumidor e levá-lo a compra de um produto ou absorção de uma ideia. Tavares (2009, p. 77) diz o seguinte sobre este tipo de comunicação: Qualquer técnica de comunicação (propaganda, publicidade, promoção de vendas, merchandising, marketing direto, embalagens etc.) que uma organização utiliza para divulgar seus produtos, serviços, marcas etc. no mercado em que atua. Seus objetivos são mercadológicos. Essa, provavelmente, foi a que mais mudou por estar diretamente ligada ao comportamento do consumidor. As formas de abordagem utilizadas pelas empresas não são mais as mesmas. Hoje, as empresas têm muita atenção com a comunicação boca-a-boca, comunicação on-line e com as comunicações alternativas, como mensagens de texto para o celular do cliente, dentre outras que são utilizadas como forma de mídia e propaganda. O profissional de marketing deve estar sempre atento às novas formas de mídia, com menor custo e maior eficiência para a organização tomar a frente no mercado. Tavares (2009, p.80) identifica como propaganda qualquer forma de apresentação impessoal de ideias, produtos ou serviços efetuada por um patrocinador identificado. Já Torquato (2004, p. 73) diz que sua função “é estimular as demandas potenciais de um determinado mercado e obter do consumidor a motivação e a decisão de compra sobre o produto”. Essa função está sendo redefinida porque mais do que convencer o consumidor a comprar um produto, a empresa quer fidelizar esse cliente. Assim, a tendência hoje é investir e inovar em propagandas, trazendo para a realidade do cliente propagandas mais personalizadas, mais ao seu estilo. A comunicação mercadológica ganha forma de acordo com a 34 Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível posição da empresa no mercado é a partir dela que a organização avalia suas forças, oportunidades, fraquezas e ameaças, gerando indicadores seguros para seus planos estratégicos. 2.3 Comunicação Organizacional Integrada O modelo da Comunicação Organizacional apresentada neste estudo toma por base a proposta discutida por Kunsch (1997) que vê na Comunicação Integrada uma forma eficaz e sinérgica, na medida em que disponibilizam o melhor de cada competência funcional para o desenvolvimento das ações da comunicação organizacional. Segundo ela: Entende-se por comunicação integrada aquela em que as diversas subáreas da Comunicação atuam de forma sinérgica. Ela pressupõe uma junção da comunicação institucional, da comunicação mercadológica e da comunicação interna, que foram o composto da comunicação organizacional. Este deve formar um conjunto harmonioso, apesar das diferenças e das especificidades de cada setor e dos respectivos subsetores. A soma de todas as atividades redundará na eficácia da comunicação nas organizações. (KUNSCH,1997, p. 115) A comunicação organizacional integrada é interdisciplinar, além de envolver todas as áreas da comunicação envolve também as áreas afins, de modo que esse trabalho em conjunto, fortaleça o conceito da organização como um todo frente ao público estratégico. Por si só, a comunicação vertical e unilateral não consegue mais responder as complexidades do dia-a-dia organizacional. Esse modelo fica melhor ilustrado por seu esquema: Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 35 Artenisia Sousa dos Santos, Elza Rodrigues Barbosa Peixoto Figura 1: Cronograma de comunicação organizacional integrada. Fonte: Kunsch, 1997 As ações de comunicação, acontecendo de uma maneira integrada, devem levar em conta as exigências estratégias dos seus públicos e da sociedade. Deixam de cumprir funções meramente táticas e passam a assumir um papel estratégico dentro da organização, ajudando as organizações a cumprir suas metas. 36 Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível Quando se propõe uma comunicação integrada, a intenção é que ela seja trabalhada como um todo por seus grupos de áreas afins. Assim, seus conflitos são trabalhados com uma visão ampla e não fragmentada por departamentos. 3. A complexidade da avaliação em comunicação Devido à necessidade de suprir as expectativas de suas próprias exigências e as da sociedade, as organizações estão sempre reformulando suas estratégias e seus processos, exigindo novos modelos de gestão. As mesmas exigências que levaram as empresas a terem um olhar diferente sobre a comunicação organizacional, em especial a integrada, levaram também seus gestores a tentar avaliá-la em prol da valoração, mensuração e visão dos bens intangíveis, daí decorre a maior dificuldade encontrada pelas empresas atualmente: se a comunicação é um bem intangível como avaliá-lo, como mensurar o resultado de uma comunicação para obter avaliação palpável capaz de facilitar o controle e a participação dos mesmos no planejamento estratégico? Inicialmente a complexidade está na confusão que muitos fazem ao tratar como equivalentes mensuração e avaliação de comunicação. Mensurar é quantificar, consiste em um conjunto de procedimentos que atribui números aos objetos ou eventos que serão convertidos para um padrão, possibilitando seu registro, avaliação e análise. Desta forma, verificamos que a mensuração é uma importante etapa da avaliação. Está contida no processo de avaliação a responsabilidade de analisar os resultados obtidos no processo, assim como possíveis falhas e o porquê do êxito. Ainda em 1990 e 1993, Lindenamnn, segundo Galerani (2006, p. 23) avisou: “avaliar resultados adequadamente é possível, mas não é fácil”. Mas o cenário atual não deixa dúvidas, quem não se adéqua a mudanças fica para trás, assim os gestores perceberam que é bem melhor investir tempo e dinheiro avaliando adequadamente seus ativos tangíveis ou não, do que ver a concorrência fazer isso e ganhar a frente no mercado. A empresa que hoje quantifica a comunicação organizacional Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 37 Artenisia Sousa dos Santos, Elza Rodrigues Barbosa Peixoto nas mesmas tabelas usadas para quantificar processos de outras áreas da organização deve rever seus métodos. A comunicação organizacional merece uma atenção diferenciada e única, com valoração, mensuração e avaliação por etapas. A comunicação em suas práticas exige o domínio de aplicativos específicos com a finalidade de ser projeções da relação custo-benefício nos resultados corporativos, trazendo a tangibilidade necessária para a quantificação. É necessária a dar o entendimento, A valoração é entendida como o retorno em termos financeiros que o projeto, plano ou programa demonstra através do custo-benefício. São os dois primeiros métodos que serão exemplificados no próximo capítulo. Mensuração é entendida como a demonstração de resultados em curto prazo, por um determinado período, ou seja, se realmente houve o alcance dos objetivos propostos. E finalmente, o termo avaliação define uma das etapas integrantes de todo o planejamento que confere o desenvolvimento desse plano no decorrer de sua extensão reajustando ações e procedimentos. (SANTOS; FORMENTINI, 2010) A contribuição econômica que um determinado setor ou programa traz à organização seu retorno financeiro por meio da relação custo-benefício, é a valoração. A mensuração é analisada em curto prazo, quanto aos objetivos propostos, se realmente foram alcançados, é mais subjetiva. E a avaliação é uma ferramenta de mensuração, através dela serão feito ajustes e correções de um plano, quando necessários. Quanto a esses ativos, para a empresa pode-se fazer duas afirmações: não existe uma precisão do valor que a opinião pública constrói sobre as organizações; e, estas, preocupadas com a opinião pública, cada vez mais investem nos ativos e ganham vantagens competitivas com boa imagem e reputação que remetem. 3.1 Ativos Tangíveis e Intangíveis A área da contabilidade define ativo como conjunto de bens e direitos da entidade. Esta definição enfatiza apenas o conceito de 38 Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível propriedade, sem definir a natureza do ativo. A palavra tangível (PANELLA, 2007) vem do latim tangere ou “tocar”, significando, desta forma, capacidade de ser possuído ou realizado, real, palpável. Sendo assim, o ativo tangível é composto pelos bens físicos, materiais, que se pode tocar e ver, tais como estoques, produtos, veículos, terrenos, propriedades em geral. Ativo este que, para sermos coerentes com o foco do trabalho, não será aprofundado neste estudo. Observando as mudanças constantes no comportamento do mercado e dos consumidores, o diferencial competitivo de uma empresa está cada vez mais relacionado aos intangíveis. Os assuntos de imagem e reputação das empresas são os considerados impalpáveis pelos especialistas, faz parte da função da comunicação estratégica cuidar de todos eles. É imprescindível identificar a valoração desses ativos e perceber o quanto eles vão fazer parte da estratégia gerencial. A adaptação dos métodos de mensuração e eficácia não está acompanhando as mudanças que vêm ocorrendo no mercado. Em consequência disto, cerca de 70% do valor das empresas não são contabilizados por serem intangíveis. (CABRAL, 2006) Segundo Panella (2007, p. 290) a tangibilidade é meta possível a ser alcançada graças à colaboração entre profissionais de pesquisa e de comunicação que vêm desenvolvendo técnicas com aparato em metodologias específicas apropriadas. Os novos tempos pedem a soma dos quantitativos e qualitativos na busca da mensuração como um todo. Evandro Vieira Ouriques (2006) fala que “não há nada mais objetivo do que aquilo que chamamos de subjetivo, pois toda ação é movimentada por uma decisão intelectual-mental que a informa” e ainda reflete “Precisamos rever nossa base de pensamento, perceber que o que fazemos em nossas organizações é o resultado direto do sistema de valores mentais, intelectuais, emocionais e espirituais dos colaboradores e que as empresas, os stakeholders e a sociedade são um só organismo”, (CABRAL 2006, p.16) A revista Comunicação 360°, nº 3 do mês de agosto de 2006, trouxe em seu corpo reportagens sobre os intangíveis. Nela, o engenheiro de produção Daniel Domeneghetti e sócio-fundador da Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 39 Artenisia Sousa dos Santos, Elza Rodrigues Barbosa Peixoto E-Consulting, empresa de consultoria estratégica e outros 14 analistas envolvidos na criação da Metodologia ECVI (E-Consulting de Valoração de Intangíveis) conseguiram identificar, categorizar, qualificar e quantificar cerca de 80 ativos intangíveis. Ressaltando que é importante conferir os ativos que tiverem maior importância para a organização, estabelecendo um valor relativo a cada um deles na hora de tomar algum procedimento de quantificação. Nesta revista, foram categorizados como ativos intangíveis o Capital intelectual, que são: Patentes, P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), Criatividade, Inteligência Competitiva, Inteligência Jurídica, Liderança, Inovação, Conhecimento, Teses, Modelos, Metodologias. O Capital Organizacional contendo: Modelos de Negócio, Gestão do Conhecimento, CRM (Customer Relationship Management), Arquitetura de Processos, ERP (Enterprise Resource Planning), Processo de Seleção, Processo de Treinamento. O Capital de Relacionamento que lhe pertencem: Barganha com Fornecedores, Fidelidade de Clientes, Lobby com Imprensa, Acesso a Crédito, Relação com Acionistas, Relação com Comunidade, Relação com colaboradores, Turnover Pessoal, Relacionamento com Concorrentes, Alianças e Parcerias, Lobby político. Por último, o Capital Institucional agrupando: marcas; símbolos, imagem, reputação, Embaixadores corporativos, responsabilidade social, feitos e mitos. (CABRAL, 2006, p.11) E a comunicação está em cada um deles. Vasconcelos; Pinto (2010) afirmam que ATIVOS INTANGÍVEIS “são como direito a benefícios futuros e que não possuem corpo físico ou financeiro. “O que vai diferenciar uma ativo intangível (...) é sua capacidade de gerar uma vantagem competitiva por um longo período de tempo, sendo raros, inimitáveis e insubstituíveis”. O capital humano é o principal ativo da empresa, é ele quem dá vida aos outros que foram citados acima na revista Comunicação 360º. A valoração dos intangíveis é importante para a empresa porque é difícil gerir o que não se conseguir medir; possibilita, então, agregar mais intangíveis ao seu balanço. No entanto, os intangíveis são caros para serem adquiridos e mais caro ainda é o seu desenvolvimen- 40 Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível to e manutenção. A influência relativa dos ativos intangíveis sobre o valor das empresas pode variar dependendo, por exemplo, do ramo da empresa. Trazendo a lembrança das palavras de Drucker apud Ferrari (2009): “se um profissional não pode medir um processo, também não pode gerenciá-lo.” Com essa nova tendência passou a ser exigida uma gestão de habilidade sistemática de compreender, operacionalizar, avaliar e mensurar este conjunto de valores que as empresas detêm em diferentes proporções, mas que muitas vezes são negligenciados em sua administração, seja por falta de percepção, seja por falta de instrumentos eficientes. 3.2 A avaliação e seus condicionantes Avaliação em comunicação ganhou de Galerani (2006, p. 37) o conceito: “função que em comunicação organizacional tem caráter permanente, iniciando-se no planejamento das ações em execução, com proposta para as correções necessárias e procedimentos para verificar os resultados almejados.” Ela sofre muitas críticas embasadas por julgamentos leigos. Sua complexidade se justifica pela dificuldade de medir o subjetivo das funções em que lhe envolvem, tornando desafiador transformar em números o considerado impalpável. O cuidado em transformar a comunicação organizacional em valor monetário deve ser tomado para não deslocar novamente a comunicação às funções tático e operacional em que ocupava no início do século XX. Existe a ilusão de que ela demande muitos custos além de, ainda, estar associada a punições e encerramento de tarefas, podendo causar desmotivação nos bons profissionais. É possível medir o antes e o depois de uma campanha. Medir se as pessoas entenderam algo que foi informado. Medir a percepção sobre a qualidade dos canais. Medir uns cem números de coisas em comunicação, mas não há, ainda, uma maneira científica de enquadrar no relatório financeiro que determinado lucro da empresa tenha sido gerado pela comunicação. Depois de toda discussão sobre o assunto, Panella (2007, p. Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 41 Artenisia Sousa dos Santos, Elza Rodrigues Barbosa Peixoto 283) nos remete à pergunta: por que medir a comunicação? Para fundamentação da resposta ela aponta os autores Assaël Adary e Benoît Volatier. a. Para provar a maturidade da função e o profissionalismo dos atores; b. Para justificar o orçamento investido, obter a prova do retorno sobre o investimento; c. Para ver reconhecido e valorizado o trabalho realizado; d. Para otimizar a estratégia e suas ações de comunicação; e. Para apoiar a tomada de decisão e a avaliação de risco. O processo de avaliação deve ser feito exclusivamente por um profissional que tenha cuidado com suas fases desde o planejamento do plano ou projeto. Lembrando que a avaliação exige um processo contínuo dentro do plano ou projeto. Ela determinará se é permitido passar para o passo seguinte ou retificar o anterior. O planejamento é a condição primária para os que desejam desenvolver qualquer atividade no meio organizacional. Assim, nos programas de comunicação organizacional não é diferente. Principalmente se houver a pretensão de apresentar resultados por meio de avaliação. Na fase do planejamento são estabelecidas suas metas e evidencia os objetivos mensuráveis. A avaliação é o último passo do processo de planejamento comunicacional, um meio de comprovar que as ações comunicativas são eficazes e trazem resultados tangíveis à organização. Para Galerani (2006) avaliação e controle devem andar de mãos dadas. O controle vai evitar ruídos durante o desenvolvimento de programas e projetos. Tavares (2000, p. 386 e 387), citado por ela, ressalva que o controle é um instrumento para verificação entre o que está previsto e o que está efetivamente ocorrendo. O processo de avaliação permite verificar se as estratégias previamente planejadas foram devidamente implantadas, e se está dando os retornos sugeridos. A avaliação vem melhorar o compartilhamento de informações, motivando a aprendizagem organizacional, ou seja, a avaliação deve, entre tudo, servir de suporte para o aprendizado. 42 Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível 3.3 Modelos alternativos de avaliação Cumprindo o objetivo de identificar as estratégias que se têm desenvolvido no campo da avaliação da comunicação, se evidenciou que, mesmo com seu aspecto subjetivo, existem modelos que propõem diversas alternativas. Galerani (2006) aprofundou seus estudos em sete modelos estrangeiros, justificando-se pela falta de pesquisas na literatura brasileira, apontou os autores William Ehling, Yungwook Kim, Cutlip et al., Walter Lindenmann, Linda Hon e James Grunig e Tom Watson. Além de Galerani outros estudos fazem o levantamento de mais dois modelos. Valéria Lopes apresenta o modelo Balanced Scorecard e Michelle Ferrari, o Índice de Eficácia, que serão descritos um a um. Os dois primeiros modelos apresentados mostram que é possível quantificar a comunicação, já os demais “sugerem critérios que contemplam praticamente todas as maiores inquietações sobre o tema avaliação” Galerani (2006). 3.3.1 Modelo de Compensação Variável Sendo pesquisador da Universidade de Syracuse dos Estados Unidos (EUA), William Ehling revisou as teorias de análise de custo-benefício para tornar parte dos procedimentos usados para calcular o valor econômico das ações da comunicação. Sugeriu o Modelo de Compensação Variável (CV), onde as variáveis seriam a cooperação e os conflitos. A fórmula seria usada com o conflito sendo uma variável negativa e esse valor negativo seria convertido em valor monetário. A partir do resultado caberia uma análise para verificar qual é mais caro: os conflitos ou o programa de comunicação. 3.3.2 Modelo de Duas Fases Ainda quando pesquisador da Universidade de Illinois, Yungwook Kim, propôs o Modelo de Duas Fases. Por esse modelo de avaliação é possível medir o impacto econômico da comunicação orga- Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 43 Artenisia Sousa dos Santos, Elza Rodrigues Barbosa Peixoto nizacional. Em por menores seria de quanto é o retorno financeiro dos investimentos em comunicação organizacional, direcionados para criação e manutenção da reputação. Com o resultado da pesquisa Kim garante que quanto mais se gasta em comunicação organizacional maior o retorno em reputação para a empresa. A complexidade desse modelo está em alocar um valor em comunicação para base de cálculo da reputação, trazendo consigo a subjetividade, onde segundo Galerani (2006, p.79) “um cálculo que, se menos complexo , poderia gerar dados de grande utilidade para a rotina dos comunicadores.” 3.3.3 Modelo de Preparação, Implementação e Impacto (PII) Cutlip et al (Scott Cutlip, Allen Center e Glen Broom) criaram o modelo mais usado nos estudos norte-americanos diferente dos dois anteriores por ser organizado em um passo-a-passo. O Modelo de Preparação, Implementação e Impacto (PII), na primeira fase, de preparação, quantifica as informações e estratégias de ação, engloba recursos, riscos e tempos necessários. Na segunda fase, a de implementação, é avaliado os esforços táticos executados, nessa fase é verificado o êxito nas ações e se os objetivos são alcançados, caso a resposta seja negativa é feito então o ajuste. A grande vantagem deste modelo está na terceira fase, a de impacto, onde é possível fazer uma comparação do retorno em relação aos objetivos traçados. 3.3.4 Modelo Yardstick - Régua da Efetividade Lindenmann acredita ter proposto um modelo prático, sem muitos custos e pode ser executado em pouco tempo, o Modelo Yardstick - Régua da Efetividade, torna possível medir a efetividade das relações públicas. O modelo é dividido em duas etapas e três níveis. A primeira etapa vem para serem traçados os objetivos e posteriormente consultar se foram alcançados. A segunda etapa é para definir os níveis que se quer medir, como: O que você fez? Alcançou o público desejado? O nível básico serve para medir a quantidade e qualidade dos produtos, nesse nível estão sendo avaliados os públicos de interesses. 44 Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível No nível intermediário mede a percepção, compreensão, retenção e recepção que esses produtos causam. Por fim, o nível avançado medirá se o programa em comunicação organizacional promoveu mudança de comportamento, atitude ou opinião dos públicos estratégicos. 3.3.5 Modelo de Curta Duração e Modelo Contínuo Com seus dois modelos propostos, o britânico Tom Watson foi o primeiro a ser premiado por suas pesquisas sobre avaliação em comunicação. O Modelo de Curta Duração é para ações a curtíssimo prazo. Verifica o resultado (e não efeito) das metas e objetivos, seguidos por um planejamento advindo de ações rápidas com a mídia. Por exemplo, propagandas e pesquisas de público. Esse método não é contínuo, por não ter mecanismos de retorno, não mede efeitos. Por outro lado, o Modelo Contínuo do mesmo autor está direcionado para atividades de longo prazo, na qual a comunicação ocorrida hoje trará resultados de nível estratégico. Este é um pouco mais complexo que o anterior, pois quanto maior for o prazo para ocorrência do plano, maior a dificuldade de controlá-lo e medi-lo. Por isso, este módulo exige o acompanhamento contínuo das atividades realizadas e os feedbacks são bem vindos. 3.3.6 Modelo de Avaliação de Relacionamentos Os responsáveis pelo último modelo listado por Galerani (2006) o Modelo para Avaliação de Relacionamentos são Linda Childers Hon e James Grunig, Universidades da Flórida e Maryland, respectivamente. Eles Justificam suas pesquisas no número crescente de profissionais que, em relações públicas, têm em suas metas aumentar e melhorar os relacionamentos a longo prazo, com públicos estratégicos. Esse módulo propõe o Relacionamento de Troca, onde a relação acontece quando uma parte favorece a outra antes ou após ter sido favorecida e o Relacionamento Comunal, onde a preocupação principal é com o bem estar de uma das partes e posteriormente com o retorno (financeiro ou não). Esses são indicadores para natureza do relacionamento. Confiança, mútuo controle, satisfação e comprometimento, serviram Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 45 Artenisia Sousa dos Santos, Elza Rodrigues Barbosa Peixoto como indicadores de qualidade dos relacionamentos. Este modelo pode ser aplicado para avaliar todos os públicos de interesse da organização. 3.3.7 Modelo Balanced Scorecard (BSC) Lopes (2005) considerando complexo transformar em moeda os ativos intangíveis refere-se ao Balanced Scorecard (BSC) como uma alternativa metodológica para a transfiguração dos ativos intangíveis e importante no esboço da estratégia de negócio. Ressaltando que “seu valor não pode ser mensurado isoladamente, o que indica que a valoração pode se dar por meio dos resultados tangíveis obtidos por outras áreas que dependem de serviços prestados pela Comunicação ou com as quais esta área colabora.” Lopes (2005) ainda conceitua: O BSC constitui um conjunto de medidas de desempenho que serve de base para uma gestão estratégica e nasceu da experiência conduzida por Robert Kaplan, consultor acadêmico e David Norton, principal executivo do Instituto Nolan Norton em conjunto com diversas empresas americanas o intuito de alcançar um método capaz de mensurar o valor agregado pelos ativos intangíveis. Ele permite às empresas acompanharem seu desempenho financeiro considerando tantos os ativos tangíveis quanto os intangíveis. O BSC é ferramenta contemporânea utilizada no planejamento estratégico das empresas onde são apontados objetivos, indicadores, metas e ações tangíveis contempla também os ativos intangíveis, diminuindo as chances de frustrações das metas organizacionais. 3.3.8 Modelo Índice de Eficácia da Comunicação (IEC) Praticamente todos os estudos em Administração de Empresas é solicitada uma breve discussão sobre eficácia, sempre atrelada a eficiência, discutidas desde as escolas clássicas da administração. Para Oliveira (2002, p. 38) segundo Lopes (2005), “a eficácia 46 Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível está voltada ao alcance de resultados pretendidos, enquanto a eficiência resume-se à execução de uma tarefa, de maneira adequada, com uma relação satisfatória entre custos e benefícios.” A eficiência pode ser entendida como a melhor maneira de alocar os recursos (como vou alcançar o resultado?) e eficácia está em alcançar o resultado sem deixar a desejar (o resultado foi bom?). Ferrari (2009) realizou uma pesquisa onde ilustra mais um modelo de medição de comunicação. Preocupada com mensagens transmitidas pela mídia quanto a sua imagem, o Grupo Telefônica possui um índice exclusivo criado no final de 2007 pela agência Burson-Marsteller, para medir os resultados da sua comunicação. Com o Índice de Eficácia da Comunicação (IEC) a Telefônica analisa o relacionamento com a imprensa e ainda compara com os outros países de atuação. O objetivo do índice não é contar quantas notícias da empresa são publicadas, mais a eficácia delas, classificando-as como positivas, negativas ou neutras. Vão ser consideradas eficazes as mensagens que transmitirem os valores da empresa. Para isso a empresa tem seus valores muito bem definidos. São monitorados revistas e jornais impressos. O índice varia de 0 a 100%, sendo os resultados maiores que 50% considerados positivas para a organização. Para cada valor foram classificados assuntos, esses assuntos são classificados como importante; muito importante. Assim, qualquer notícia que for publicada que não seja de cunho corporativo é desconsiderado do índice. A empresa prima por mensagem que evidencie os valores da empresa. A força da comunicação foi percebida de maneira global, no entanto, a maioria dos modelos existentes foi criada com base nos estudos norte-americanos. Há um alerta no momento da quantificação de resultado aplicado em modelos aos quais seja necessário atribuir um valor relativo à comunicação. Porque esse valor atribuído é subjetivo e se acoplado muito fora da realidade da organização inviabiliza o resultado. Visto todas as colocações apontadas ao longo deste trabalho, tornam-se cruciais mais pesquisas dentro da literatura brasileira referente ao assunto de avaliação e mensuração da comunicação. Assim, não se precisariam importar modelos prontos e surgiriam modelos Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 47 Artenisia Sousa dos Santos, Elza Rodrigues Barbosa Peixoto mais apropriados à realidade brasileira independentemente de seu porte. Conclusão Mensurar para conseguir visualizar os ativos como um todo é uma tendência deste século. Essa medida exige da gestão da empresa um planejamento e controle bastante criteriosos. Esse quadro começou a ganhar forma a partir de que as empresas começaram a colocar a comunicação como função estratégica e não como tática ou operacional. Por muito tempo as empresas sabiam apenas que investiam em ações consideradas intangíveis, e negligenciavam o cálculo do retorno deste investimento. Quando perceberam que estavam jogando a sua competitividade no lixo, buscaram meios que trariam a valoração dos intangíveis. Mas só mensurar, valorar e planejar não eram o suficiente para conquistar a excelência nas ações de comunicação. Avaliá-lo também era necessário para cumprir o processo de planejamento (diagnóstico, planejamento, execução, avaliação). Ou seja, tinha que haver um controle de tudo isso, passando por uma etapa onde os ajustes cabíveis seriam feitos. E a comunicação? Para que todo esse esquema acima citado funcione, é importante que a comunicação ultrapasse os setores e departamentos da empresa. Não devendo apenas ser uma função administrativa, institucional ou mercadológica ela deve ser integrada, onde todas as suas formas e todas as pessoas da empresa trabalhem de maneira sincronizada. Hoje, muitas empresas reconhecem o lucro que perderam em não agregar o valor necessário à comunicação e aos ativos intangíveis. Apesar de muitos teóricos já terem desenvolvido ferramentas para avaliar e medir as ações em comunicação, muitas delas criaram e criam modelos exclusivos para implantar na sua empresa. Não fazem errado! Não existe receita pronta e garantida para implantação em qualquer organização. Cada uma tem suas necessidades específicas e são as mudanças que acontecem no mundo que dizem para que lado seguir. 48 Revista São Luis Orione - v.1 - n. 4 - p. 27-51 - jan./dez. 2010 Comunicação Organizacional: A Difícil Avaliação deste Intangível A tendência é que os intangíveis fiquem mais tangíveis. Para que isso seja possível, é necessário que haja mais interesse em pesquisas por parte de profissionais e acadêmicos a respeito do tema. Assim como desenvolvimento de mais modelos que proporcionem a avaliação e mensuração da comunicação e os outros intangíveis da empresa. Os modelos propostos no decorrer do trabalho permitiram chegar a essa conclusão de que comunicação é um bem intangível, mas suas ações podem ser mensuradas, avaliadas e podem transfigurar-se em valor monetário. A importância da comunicação nos resultados organizacionais fica provada também à medida que, a cada ação não avaliada, a organização deixa de contabilizar até 70% desses valores. Sem levar em conta que é através da comunicação que são consolidados bons relacionamentos. Enfim, toda a pesquisa alerta para a força que a comunicação ainda vai ganhar nos próximos anos. Conforta saber que ela já pode ser avaliada, no entanto é notório que, por falta de modelos mais específicos e eficazes, o tema carece de pesquisadores que se debrucem um pouco mais sobre o assunto, embora iniciativas sejam reconhecidas, como as apresentadas neste trabalho. Referências Bibliográficas CABRAL, Renata. Novos Rumos para as organizações. Revista Comunicação 360°. Rio de Janeiro, ano 3, p. 7-13, Agosto de 2006. DRUCKER, Peter Ferdinand. Administração de Organizações sem fins lucrativos: princípios e práticas. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2006. ESPÓSITO, Heloisa. Afinando os instrumentos de medição. Revista Comunicação 360°. Rio de Janeiro, ano 3, p. 13-19, Agosto de 2006. FERRARI, Michelle Brasiliense. 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