Impresso Especial 7220282900/DR/SPM SBDens CORREIOS Rua Itapeva, 518, Ed. Scientia - cj. 111/112 - Bela Vista - CEP: 01332-000 - São Paulo (SP) Tel: (11) 3253-6610 - Fax: (11) 3262-1511 - e-mail: [email protected] Jornalista responsável: Renato H. S. Moreira (Mtb 338/86 - ES). Informativo oficial da Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica Edição nº 21 Ano XV Abr a Jun de 2009 FILIADA À: EDITORIAL Densitometria mais que óssea A densitometria é, hoje, uma técnica de primeira grandeza na medicina. Ocupa o centro da atenção no processo diagnóstico da osteoporose e outras condições que cursam com alterações da densidade óssea. Durante os últimos 25 anos, a técnica vem sendo intensamente estudada, principalmente dentro da redoma da ciência médica, com dedicado foco no compartimento ósseo, sua resistência e fragilidade, suas variações durante a evolução de doenças e, também, como referência maior no monitoramento da eficácia de diferentes tratamentos farmacológicos hoje disponíveis. Por se tratar, eminentemente, de uma tecnologia capaz de medir e discriminar densidades dos tecidos corporais, a densitometria possui várias potencialidades que só nos recentes anos começam a alcançar interesse científico. A DXA, como se convencionou abreviar internacionalmente, possui a incomparável habilidade medir, além da massa óssea, o conteúdo de gordura e de tecidos livres de gordura (massa magra) em cada segmento do corpo, bem como sua distribuição percentual segmentar e total. Essa habilidade intrínseca do método é, por si só, capaz de abrir um enorme horizonte para evoluirmos na condução de seleção e preparação atlética, avaliação de risco cardiovascular, diagnóstico e acompanhamento de perdas musculares involucionais e patológicas, monitoramento de intervenções nutricionais e de treinamento físico assim como na instrumentalização de profissionais de diferentes áreas paramédicas tais como fisioterapeutas, professores de educação física e preparadores físicos, fisiologistas, biomédicos, nutricionistas, dentre outros. Em junho de 2009, o Jornal Nacional exibiu uma matéria emblemática onde um importante clube de futebol brasi- leiro apresentava o que chamou de “investimento” para a saúde de seus atletas. Na notícia, a DXA era apresentada como uma ferramenta capaz de avançar na avaliação dos atletas destacando a avaliação do conteúdo de gordura, massa magra, massa óssea e equilíbrio muscular. Um dos entrevistados, o fisiologista Daniel Portela, ressalta o benefício da tecnologia dentro do cenário dos investimentos para avançar no rendimento dos seus atletas. A matéria ilustra de forma explícita e contundente que, desta vez, a densitometria inicia uma nova jornada já não mais restrita ao cenário das doenças mas, nesse momento, em uma dimensão mais ampla da saúde humana. A SBDens está procurando se posicionar também nesse cenário, por meio de seus departamentos científico e de profissionais aliados, para esclarecer que, mesmo proporcionando tantos benefícios e avanços e com tamanho potencial, continua sendo uma tecnologia altamente dependente da atuação profissional habilitada para que alcance a eficiência e a qualidade necessárias à que são merecedoras as ferramentas de atenção à saúde humana. Em todos os níveis do conhecimento e formação. Dr. Sergio Ragi Eis Presidente - SBDens INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA ARTIGO Composição corporal x DXA Possibilidades do método e a importância do seu desenvolvimento para a medicina A té o momento, apenas alguns métodos indiretos de medida da composição corporal estavam disponíveis para uso clínico e pesquisa básica. A maioria dos estudos epidemiológicos sobre obesidade, por exemplo, é baseada no índice de massa corporal ( IMC) e medidas de pregas cutâneas. O IMC (peso/altura2), ignora o percentual de massa gordurosa e muscular e insere erros quando avaliamos atletas, por exemplo, os quais apresentam maior massa muscular e acabam por ser classificados como obesos ou como tendo sobrepeso . A medida das pregas cutâneas, frequentemente realizada em academias de ginástica, pressupõe que 1/3 da gordura corporal total está localizada no subcutâneo, mas sabemos que existem grandes variações com a idade e sexo do indivíduo. Os “calipers” , instrumentos usados para a medida, precisam estar bem calibrados e ser utilizados por profissionais bem treinados. Em pesquisa clínica, a bioimpedância e a hidrodensitometria foram utilizadas por muitos anos. O primeiro, utiliza uma corrente elétrica alternada de baixa energia e alta frequência por meio de um biocondutor, e se vale das diferentes propriedades elétricas dos componentes do corpo humano para separá-los. Separa a massa magra (com grande quantidade de água e portanto boa condutora de energia) da gordurosa (baixa resistência). Eletrodos são conectados às mãos e pés, ou regionalmente em um membro. A hidrodensitometria é bastante complicada de se fazer e apresenta erros de exatidão que a descartam como método de análise. Mede a densidade de corpo todo através da determinação do volume corporal. Em um tanque com uma cadeira acoplada a uma balança, suspensos dentro da água, pesa-se o indivíduo inicialmente fora do tanque, depois imerge-o totalmen- 2 te na água e pesa novamente. A densidade do osso e músculo são maiores que a água, e a densidade da gordura é menor. Então, uma pessoa com mais osso e músculo será mais pesada na água, significando que deverá ter uma alta densidade corporal, mas uma baixa percentagem de gordura. A RNM e a TCQ também são capazes de avaliar a composição corporal, e o custo é o grande fator limitante. A evolução tecnológica dos equipamentos DXA (dual energy x-ray absorciometry) com o advento de tubos de raios-x especiais, múltiplos detectores de imagem e softwares com novos algoritmos, tornaram os equipamentos capazes de compartimentalizar o corpo todo e avaliar suas regiões em separado: massa gordurosa, massa magra (muscular) e conteúdo mineral ósseo. A técnica assume que o conteúdo mineral é diretamente proporcional à quantidade de energia fotônica absorvida pelo osso estudado. Estabelece o R-value para calibração (média do coeficiente de atenuação de massa de tecido mole a 44 e 100kev). Blocos de músculo de densidade e concentração de gordura conhecidas foram escaneados para calibração inicial e posteriormente blocos da calibração são usados diariamente reproduzindo este tecido de composição uniforme. Como funciona: Passo 1: fluxo de fotons não atenuados é gravado para cada nível energético antes da varredura do paciente e gravado no computador. Primeiras linhas de exame (baseline). Passo2: O paciente começa a ser escaneado. A atenuação do fluxo de fotons é gravado pixel a pixel para os dois níveis energéticos. INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA ARTIGO Passo3 : Os valores resultantes são colocados em equações para densidade óssea e tecido mole. Passo 4: A atenuação para pixels contendo osso e tecido mole é corrigida e o tecido mole que fica sobre os ossos é considerado como de mesma composição ao que fica ao redor dos osso (o que insere um pequeno erro). Passo 5: Separando tecido gorduroso do muscular: através da curva de calibração que transforma cada R value em percentual de gordura . Os R values para gordura e músculo puros são estabelecidos pela calibração de phantons contendo estes materiais. Pura gordura esta associada a R (fat) de 1.274, enquanto puro músculo a um R (lean) de 1.473. Para a maioria dos equipamentos DXA no mercado atualmente, o tamanho corporal (superior a 185cm de altura) e o peso (acima de 120kg) continuam a ser limitantes para esse tipo de exame. No último ano, equipamentos com mesas de exame maiores (iDXA e Discovery A), tornaram possível a análise de pacientes de até 210kg. Medidas acuradas e precisas da composição corporal são de grande utilidade na compreensão da fisiologia do metabolismo energético humano, em diferentes condições clínicas e na programação de intervenções terapêuticas. Muitas doenças afetam o tecido ósseo e o tecido mole de maneira simultânea. A compreensão do paciente como um todo é relevante nesses casos. Estão inseridas no campo de aplicação da Composição Corporal por DXA: as desordens nutricionais, obesidade e anorexia nervosa, com as síndromes plurimetabólicas correlatas, levando à maior risco cardiovascular; as doenças gastrointestinais inflamatórias como Chron, retocolite ulcerativa e doença celíaca, cursando com distúrbios disabsortivos e ma nutrição; as doenças renais crônicas nas “A hidrodensitometria é bastante complicada de se fazer e apresenta erros de exatidão que a descartam como método de análise” quais a desnutrição é a maior causa de elevação no índice de morbidade e mortalidade; as doenças endócrinas como por exemplo a deficiência de GH (hormônio do crescimento), onde os pacientes evoluem com aumento do percentual de massa gordurosa em detrimento da massa muscular; o uso de algumas drogas como os glicocorticóides, nutrição parenteral e suas implicações sobre a composição corporal; e por último, e de maneira muito importante, a avaliação da sarcopenia presente em inúmeros idosos levando à síndrome de fragilidade com grande morbidade e mortalidade para esse grupo de indivíduos. Várias outras doenças, como diabetes mellitus, SIDA, distrofias musculares progressivas, e outras, onde o desequilíbrio entre os três grandes compartimentos se impõe, podem beneficiar-se de uma avaliação pelo DXA. O advento da avaliação da composição corporal pelo DXA, exame com baixo grau de radiação, pouco dependente do operador, não invasivo, tem permitido inúmeros avanços na compreensão e manuseio clínico desses pacientes. Em pacientes portadores de doenças crônicas, a disponibilidade dessa avaliação pode propiciar informações sobre a história natural da doença, determinar o suporte nutricional adequado durante a progressão da doença e, de maneira mais importante, monitorar a resposta terapêutica desses pacientes às intervenções implementadas. Algumas barreiras precisam ser vencidas para que o método se difunda, com responsabilidade, na pratica clinica: 1. o exame ainda não tem reembolso pelas empresas medicas de saúde, porém, o conhecimento do exame pelos médicos e pacientes leva-os a solicita-lo mesmo sem a cobertura dos convênios. Cabe a nos, médicos densitometristas divulgar mais essa função dos equipamentos DXA. 2. os parâmetros de normalidade que utilizamos na avaliação da composição corporal por DXA são derivados de métodos binários. Precisamos validar essa curvas de normalidade para os brasileiros nesse novo método. Dra. Laura M. Carvalho de Mendonça 3 INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA ARTIGO CIENTÍFICO Efeito do uso prolongado de corticosteróides na densidade mineral óssea em crianças: Estudo CAMP - Childhood Asthma Management Program Autores: H. William Kelly1, Mark L. Van Natta2, Ronina A. Covar3, James Tonascia2, Rebecca P. Green4, Robert C. Strunk4. 1Department of Pediatrics, University of New Mexico Health Sciences Center, Albuquerque, New Mexico. 2Johns Hopkins Center for Clinical Trials, Baltimore, Maryland. 3National Jewish Medical and Research Center, Denver, Colorado. 4Department of Pediatrics, Washington University School of Medicine, St Louis, Missouri. ARTIGO COMENTADO - PEDIATRICS - Volume 122, Número 1, Julho de 2008 - INTRODUÇÃO Está bem estabelecida a associação entre altas doses de corticosteróides orais sistêmicos (COS) e redução de densidade mineral óssea (DMO) em adultos e crianças. Em adultos, os corticosteróides inalatórios (CI) associaram-se a maior risco de osteoporose e fraturas. Estudos prospectivos de longa duração para avaliar os riscos do uso crônico de pequenos cursos de corticosteróides orais ou inalatórios não foram realizados. O presente estudo avaliou a associação entre doses frequentes de corticosteróides orais (COS) e inalatórios (CI), baixa aquisição de massa óssea e osteopenia em crianças. OBJETIVOS Avaliar os efeitos de múltiplos e pequenos cursos de corticosteróides orais de do uso crônico de corticosteróides inalatórios na aquisição de massa óssea. MÉTODOS Coorte com mediana aproximada de sete anos de acompanhamento de crianças que apresentavam asma leve à moderada, randomizadas para entrarem no programa CAMP - Childhood 4 Asthma Management Program trial. Densitometrias (DXA) da coluna lombar foram realizadas em todos os pacientes. A aquisição anual de massa óssea foi calculada para 531 meninos e 346 meninas com asma entre os 05 e 12 anos de idade (84% da coorte inicial). RESULTADOS Corticosteróides orais administrados em cursos de curta duração produziram uma redução dose dependente na aquisição de massa óssea (0.052, 0.049 e 0.046 g/cm2 ao ano) e maior risco de osteopenia (10%, 14% e 21%) para 0, 1 a 4, e 5 cursos, respectivamente. O uso cumulativo de corticosteróide inalatório associou-se à reduzida aquisição de massa óssea mas não alterou o risco de osteopenia. CONCLUSÕES Múltiplos cursos de corticosteróides orais podem produzir uma redução na aquisição de massa óssea e maior risco de osteopenia numa associação dose dependenteem crianças com asma. Corticosteróides inalatórios apresentam potencial para reduzir a aquisição de massa óssea da infância à puberdade, porém, este risco é suplantado pela possibilidade de se evitar o uso de cor- ticosteróides orais, efetivamente mais danosos ao esqueleto de crianças e adultos. Pediatrics 2008; 122: e53–e61. COMENTÁRIOS Este estudo demonstra, de forma randomizada e prospectiva, a associação entre o uso de corticosteróides e prejuízo na aquisição de massa óssea. Este efeito foi demonstrado tanto para os cursos orais de curta duração quanto para corticosteróides inalatórios utilizados de forma crônica. A robustez da coorte ratifica uma plausabilidade biológica até então não demonstrada neste nível de evidência. Além do excelente desenho e execução, esta iniciativa foi realizada sem conflitos de interêsse com a indústria ou entidades ligadas ao ramo da densitometria óssea. Portanto, é com alto grau de confiabilidade que se pode recomendar a monitorização densitométrica de usuários de corticosteróides nos regimes e doses indicados acima. Bruno Muzzi Camargos, CCD/CDT Osteom - Belo Horizonte (MG) Deisi Maria Vargas, CCD / Pediatra Profa. do Departamento de Medicina Universidade Regional de Blumenau (SC) INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA ARTIGO CIENTÍFICO Sarcopenia e osteoporose em mulheres pré e pós-menopáusicas U m estudo publicado no prestigioso peródico "Osteoporosis International" [1], por um grupo irlandês, avaliou de forma elegante esses elementos de grande interesse na prática de todos que lidam com o trinômio osteoporose, densitometria e envelhecimento. Como elemento também presente nesse contexto, a Sarcopenia, termo usado para descrever o declínio da massa muscular com a idade, e que causa prejuízos ao equilíbrio e aumenta o número de quedas, também foi avaliada no citado estudo. Seus objetivos foram determinar a prevalência de sarcopenia em mulheres osteopênicas e osteoporóticas, além de determinar se a Terapia Hormonal (TH), a dieta, ou a atividade física (AF) apresentam papel preventivo quanto à sarcopenia. Ao todo, 131 mulheres pré-menopáusicas e 82 pósmenopáusicas (54 em uso de TH) saudáveis foram incluídas no estudo. A composição corporal foi medida por DXA. Conforme descrito no estudo, a sarcopenia foi definida pelo Índice Músculo Esquelético Relativo (RSMI), correspondendo à massa muscular apendicular (dividida pelo quadrado da altura) abaixo de 5.45 kg/m2. Osteopenia e Osteoporose foram definidas de acordo com os critérios propostos pela OMS em 1994[2]. O consumo de nutrientes foi avaliado através de registros alimentares de 3 dias e a atividade física, utilizando o questionáio de Atividade Física de Baecke. Em mulheres pré-menopáusicas, a prevalência de sarcopenia foi de 12.5% enquanto que em pós menopáusicas, esse número subiu para 25% naquelas com osteopenia, e 50% nas mulheres com osteoporose. AF esteve independentemente relacionada ao RSMI (beta=0.222, p=0.0001), mas a dieta e a TH não. Após ajustes para AF, o RSMI não pareceu relacionado significativamente à densidade mineral óssea. De acordo com os autores, seus dados sugerem que a relação entre RSMI, DMO e risco de osteoporose podem sofrer influências de participação em AF. A avaliação de Sarcopenia simultaneamente à avaliação de DMO por DXA, podem ser interessantes para identificar mulheres osteoporóticas com sarcopenia, as quais podem necessitar de intervenções físicas para aumentar a massa muscular como ação coadjuvante contra o conjunto das perturbações do envelhecimento músculo-esquelético. Referências: 1. Osteoporos Jan;17(1):61-7. Int. 2006 2. WHO Technical Report Series, 843. Génève: WHO, 1994 5 INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA ARTIGO CIENTÍFICO Alterações no peso corporal, gordura total, percentual de gordura corporal e razão centro-periférica de gordura corporal associada ao uso de anticoncepcionais orais e injetáveis Autores: Abbey B. Berensona, Mahbubur Rahmanb. a Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade do Texas. a,b Centro de Pesquisa Interdisciplinar em Saúde da Mulher da Universidade do Texas em Galveston - USA. Email = [email protected]. ARTIGO COMENTADO - AMERICAN JOURNAL OF OBSTETRICS & GYNECOLOGY 2009; vol. 200: 329.e1 - 329.e8. INTRODUÇÃO O ganho de peso atribuído ao uso de DMPA tem sido responsabilizado pela descontinuidade deste contraceptivo. Entretanto, os estudos divergem entre si. Alguns demonstram ganho de peso e outros ausência de tal associação. Sabese que tais estudos são retrospectivos ou sem controle adequado. Muitos deles, limitados por possuirem reduzido tamanho amostral ou reunirem diferentes formulações hormonais no mesmo grupo. OBJETIVOS Determinar modificações no peso e na composição corporal associadas à contracepção hormonal. MÉTODOS Parte de um estudo que avalia os efeitos da contracepção hormonal na densidade mineral óssea (DMO). Foram recrutadas 805 mulheres de 16 a 33 anos de idade entre Outubro de 2001 e Setembro de 2004. Este recrutamento produziu uma amostra balanceada por idade e por métdo contraceptivo. Densitometria óssea (DXA) foi realizada em aparelho Hologic QDR 4500W no início do estudo e repetida a cada seis meses por três anos. A população acompanhada foi de 703 mulheres (200 afro-americanas, 247 brancas e 256 hispânicas) que iniciavam o uso de con- tracepção oral (CO; n=245), acetato de medroxiprogesterona (DMPA; n=240) ou contracepção não hormonal (NH; n=218). Todas as densitometrias foram realizados no mesmo aparelho com mesmo software. A razão centro-periférica de gordura foi calculada dividindo-se a gordura do tronco pela gordura total dos membros superiores e inferiores. Mulheres em descontinuação de DMPA foram observadas durante 02 anos para avaliar a reversibilidade das alterações verificadas. Critérios de exclusão: gravidez; amamentação; uso de DMPA nos últimos 06 meses; uso de contracepção oral nos últimos 03 meses anteriores ao recrutamento; uso de DIU durante todo o estudo; contraindicação para contracepção hormonal; amenorréia por 03 meses no ano anterior ao recrutamento; ooforectomia bilateral; uso de fitoestrogênios; condição doença ou uso de medicamentos que afetam a massa óssea (anticonvulsivantes, benzodiazepínicos, corticosteróides, diuréticos, hormônio tireoidiano, desordens alimentares e dieta vegetariana restrita). Exames bioquímicos também foram realizados e foram excluídas as pacientes cujos resultados de glicemia de jejum, creatinina, cálcio, fósforo, TGO e TGP, TSH, PTH e 25-OH vitamina D estivessem fora dos valores normais de referência. Ajustes estatísticos para peso, IMC, tipo de dieta, consumo de álcool, tabagismo e atividade física foram realizados em todos os grupos. RESULTADOS A confiabilidade do densitômetro atingiu altos índices de correlação (0.997-0.999) para percentual de gordura corporal e gordura total. De 2.999 mulheres, 1.404 foram elegíveis para inclusão. Destas, 805 apresentaram consentimento informado. Cinco deixaram o estudo antes de completarem a primeira visita e 97 tiveram resultados de exames anormais. 703 mulheres aceitaram participar do estudo logitudinal. Após o aconselhamento, as mulheres selecionaram um dos três métodos contraceptivos oferecidos. 245 escolheram contracepção oral (CO; 0.15 mg de Desogestrel e 0.20mg Etinil Estradiol); 240 DMPA e 218 escolheram métodos não hormonais (ligadura bilateral de trompas, preservativo de látex e abstinência sexual). Após 03 anos de acompanhamento, usuárias de DMPA aumentaram peso (média de 5.1kg), gordura corporal (média de 4.1 kg), percentual de gordura corporal (3.4%) e razão centroperiférica de gordura corporal (média de 0.1) a mais que usuárias de CO e métodos não hormonais (P=0.01). CO !,%.$2/.!4/$%3$)/-3$#/,%#!,#)&%2/, 6 INFORMATIVO OFICIAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE DENSITOMETRIA CLÍNICA HOMENAGEM não promoveram ganho de peso. Após descontinuação de DMPA, usuárias de métodos NH perderam 0.42 kg em 06 meses. Dois anos de saudades CONCLUSÃO Peso e gordura corporal aumentam significativamente com o uso de DMPA. Após descontinuação do DMPA, uma redução do peso e da gordura corporal ocorre quando métodos NH são utilizados. COMENTÁRIOS Estudo prospectivo e controlado com critérios de exclusão adequados. Não houve randomização entre os contraceptivos. O grupo de mulheres em descontinuação de DMPA foi pequeno se comparado aos demais. Foi estudada apenas uma formulação de anticoncepcional oral. OBSERVAÇÃO O artigo original bem como as referências bibliográficas assinaladas nesta tradução podem ser acessados no site da SBDens. Bruno Muzzi Camargos, CCD/CDT Osteom - Belo Horizonte (MG) Antonio Carlos Araújo de Souza, MD, CCD, PHd Y21/01/1951 - U17/07/2007 A SBDens e todos os seus sócios registram suas saudades pelos 2 anos de passagem do nosso eterno presidente e fundador, Dr Antonio Carlos Araújo de Souza. Sua presença em cada atividade da nossa sociedade é sentida por todos nós, em todos os dias de nossa jornada em busca de uma medicina cada vez melhor. 7 É com imenso prazer que apresentamos o III Bradoo e VII Congresso Iberoamericano de Osteologia e Metabolismo Mineral da SIBOMM. Este ano o Bradoo será uma realização conjunta das Sociedades Brasileira de Densitometria Clínica, Sociedade Brasileira para Estudo do Metabolismo Ósseo e Mineral, Sociedade Brasileira de Osteoporose, alem da Sociedade Iberoamericana de Osteologia e Metabolismo Mineral. Esta união entre sociedades irmãs ao redor de um evento científico o enriquece e favorece a interação médica na IberoAmerica. O Congresso será realizado dos dias 01 a 03 de outubro de 2009 no Hotel Bourbon, em Foz de Iguaçu (PR). O evento tem como objetivo congregar endocrinologistas, geriatras, ortopedistas, fisiatras, ginecologistas, reumatologistas, clínicos gerais, especialistas em Densitometria Clínica e demais profissionais dedicados e interessados em Metabolismo Ósseo e Mineral. A cidade escolhida, Foz do Iguaçu, além de ter uma excelente estrutura para realização de eventos, possui uma localização estratégica na América do Sul. Nos vemos em outubro! Comissão Organizadora Mais informações: www.osteo2009.com.br