Quando investigar infertilidade, tratar ou referir. Revisão sobre exames e tratamentos atuais Prof. Rosires Pereira de Andrade Prof. Titular de Reprodução Humana-UFPR Diretor do CEPEME-CERHFAC – Centro de Estudos e Pesquisas Médicas I Congresso de Ginecologia e Obstetrícia da Santa Casa XII Encontro dos ex-alunos do Prof. Gustavo Gomes da Silveira Bento Gonçalves – RS – 19/05/2007 Infertilidade - Definições Fertilidade: capacidade de conceber e ter filhos Esterilidade: incapacidade de ter filhos Infertilidade:incapacidade de conceber após 12 meses de coitos frequentes Fecundabilidade: probabilidade de conseguir engravidar num único ciclo Subfecundabilidade: < da fecundabilidade Tempo para a gravidez: meses até conceber Guttmacher AF. Factors affecting normal expectancy of conception. J Am Med Assoc 1956;161:855. Concepção entre 1946-1956 3 meses - 50% 6 meses - 72% 12 meses - 85% (5574 mulheres inglesas/norte-americanas) Estudos Multicêntricos – OMS – 1982-1985 38% - Fatores Femininos 20% - Fatores Masculinos 27% - Masculino / Feminino 15% - Indefinido World Health Organization. Towards more objectivity in diagnosis and management of male infertility. Int J Androl 1987;7(Suppl:1 Swerdeof & Wang. Causes of male infertility 2007-UpToDate® Doença hipot.-hipof.-Hipog.2ário - 1-2% Doença Testicular– Hipog. 1ário - 30-40% Pós-testiculares (transporte) - 10-20% Não classificável - 40-50% Stephen & Chandra. Declining estimates of infertility in the United States - 1982-2002. Fertil Steril 2006;sep 86(3):516-23 Pesquisa Nacional Crescimento Familiar 15.303 mulheres casadas 15-44 anos Sem concepção últimos 12 meses Sexualmente ativas Sem anticoncepção 1982 para 2002 = 8,5% para 7,4% CDC Oct 5, 2006 Kuhoung & Barbieri. Etiology of female infertility. UpToDate 2007. 1982 – 11% 2002 – 15% 36 meses sem gestar Sem anticoncepção 2002 : 1,2 milhão de mulheres consultaram por infertilidade nos EUA OMS 1992 Etiologia de 8.550 casais inférteis Países desenvolvidos Fator feminino ……………….. 37% Fator masculino………………. 8% Ambos…………………………….. 35% Inexplicado……………………… 5% Gestação durante estudo.. 15% OMS 1992 Etiologia 81% casos Infertilidade Feminina 8.550 casais inférteis Países desenvolvidos Desordens ovulatórias…... 25% Endometriose…………………. 15% Aderências pélvicas.………. 12% Obstrução tubária…………… 11% Outras tubárias………………. 11% Hiper Prl…………………………… 7% The fecundability in a cohort of healthy couples attempting to conceive. Reproduced with permission from: Zinaman, MJ, Clegg, ED, Brown, CC, et al. Estimates of human fertility and pregnancy loss. Fertil Steril 1996; 65:503. Copyright © 1996 Elsevier Science. In: Kuohung & Barbieri, Etiology of female infertility 2007, UpToDate Ciclo N mulheres / casais N gestações Taxa gravidez / ciclo 1 200 59 0,30 2 137 41 0,30 3 95 16 0,17 4 78 12 0,15 5 66 14 0,21 6 52 4 0,08 7 48 5 0,10 8 43 3 0,07 9 40 2 0,05 10 38 1 0,03 11 37 2 0,05 12 35 1 0,03 4 QUESTIONS Y-a-t-il une ovulation ? Les voies génitales féminines sont-elles normales ? Le sperme est-il normal ? L’interaction spermatozoïde / glaire cervicale est-elle normale ? R. Frydman (com permissão) INTERROGATOIRE R. Frydman (com permissão) Age Profession (lieu, durée) Durée d’infertilité Caractère Iaire ou IIaire (partenaire) Antécédents gynéco-obstétricaux GEU, FCS……. Date des PR, Régularité des cycles (contraception) Règles douloureuses ou non Fréquence des rapports sexuels Antécédents médico-chirurgicaux (importance des CRO: plastie T, K. O, Appendicite) Antécédents familiaux (Distilbène) Habitudes, sport, tabac, Poids, Taille Prise de médicaments Statut psychologique EXAMEN CLINIQUE R. Frydman (com permissão) Seins Thyroïde Vagin : malformation congénitale Etat du col (sténose, agglutiné) Frottis cervico-vaginal Prélèvements bactériologiques (Chlamydiae Trachomatis, Mycoplasmes) Toucher vaginal Efeito da idade da Mulher Feto: células germinativas 6-7 milhões Nascimento: 1-2 milhões Puberdade: 300.000 35 ou > anos: acelera perda folicular Idade e Taxa de Implantação Implantation rate (%) 40 35 30 25 20 15 10 5 0 20 25 30 35 40 44 Age (Yrs) Van Rooij, Fertil Steril 1996 Outros insultos ao ovário Tabagismo Radiação Quimioterapia Doença autoimune (aceleram perda folicular) Pesquisa inicial laboratorial Histerossalpingografia Espermograma Ciclos irregulares – idade = ovulação Na dependência da história - exame Nomenclatura Espermograma de acordo com V.N. (OMS 99) Aspermia - ausência de sêmen na ejaculação Hipospermia - volume de sêmen < que 2,0 ml Hiperespermia - volume de sêmen > que 5,0 ml Azoospermia - ausência de espermatozóides no sêmen Azoocitospermia - ausência ezdes e outros elementos celulares no sêmen Oligozoospermia - número de espermatozóides < que 20.000.000/ml Teratozoospermia - morfologia normal < que 30% Necrozoospermia - espermatozóides mortos Leucospermia - acima de 1.000.000 leucócitos / ml de sêmen Astenozoospermia - < 50% sptz móveis (a e b) < 25% sptz categoria a Centa L.J. – UFPR/ANDROLAB Espermograma – Formas normais Critério estrito de Kruger Preparar extensão em lâmina e corar pelo Papanicolau/Diff-Quik/ Test Simplest/Toluidina / Azul-Pironia. Avaliar ao menos 200 espermatozóides sob aumento de (1000X) Espermatozóide normal - cabeça oval 3 a 5 μm comprimento 2 a 3 μm diâmetro - definição de acrossoma (40 a 70% da área da cabeça) - peça intermediária estreita 1,5x comprimento cabeça 1μm diâmetro axialmente à cabeça sem restos citoplasmáticos - cauda uniforme, ligeiramente mais fina que a peça intermediária (45 μm comprimento) Valores de referência: Formas normais > 15% = férteis Formas normais 5 a 14% = subférteis Formas normais de 0 a 4 % = inférteis Centa L.J. – UFPR/ANDROLAB A mulher está ovulando? Exames complementares Curva de temperatura basal Dosagens hormonais Ecografia Tamanho dos ovários Número e disposição dos folículos Aspecto do estroma Patologias associadas Y-A-T-IL UNE OVULATION ? R.Frydman-Natal-RN-maio/2007 (com permissão) COURBE DE TEMPÉRATURE A mulher está ovulando? Dosagens hormonais FSH LH E2 Prolactina Inibina B AMH PRL TSH Progesterona 2a. fase 1a. fase Classificação de Anovulação - OMS Classe 1: Anovulação hipogonadotrópica hipogonadal FSH baixo ou Nl baixo E2 < GnRH < ou Hipóf. Não responde Classe 2:Anovulação normogonadotrópica normoestrogênica G e E2 normais – FSH subnormal pré-ovulatório. SOP – Ovulação ocasional (Oligom.) Classe 3: Anovulação hipergonadotrópica hipoestrogênica Causa 1ária: FOP e Resistência ovariana (forma folicular) Anovulação hiperprolactinêmica Prl inibe gonadotropina, portanto, secreção estrogênio – Pode ter ciclos regulares anovulatórios, mas maioria Oligom. Ou Amenorréia Dosagens Hormonais em Infertilidade A mulher está ovulando? Exames complementares Curva de temperatura Dosagens hormonais Ecografia Tamanho dos ovários Número e disposição dos folículos Aspecto do estroma Patologias associadas A mulher está ovulando? Ecografia < 5 folículos antrais (Thomas HR 1997) < 10 folículos antrais (Chang FS 1998) A contagem dos folículos antrais parece ser o melhor preditor (Lazlo FS 2002) OVAIRES OPK-LIKE ET OVAIRES MULTIFOLLICULAIRES (15 follicules environ de 4 à 6 mm) Apparition fréquente d’un follicule dominant discrète hypertrophie stromale, pas d’hypervascularisation Fréquent (15 follicules environ de 4 à 6 mm) Apparition habituelle d’un follicule dominant pas d’hypertrophie stromale, ovaire taille normale pas d’hypervascularisation Très fréquent Consenso de Rotterdan – Critérios para definição da SOP 2 de 3 dos seguintes Oligomenorréia e/ou anovulação Sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenia Ovários policísticos The Rotterdan ESHRE/ASRM-Sponsored PCOs Consensus workshop Group. Revised 2003. Hum Reprod 2004;19-41 Cisto Endometriótico As vias genitais são normais? Exames complementares Histerossalpingografia Ecografia Laparoscopia - Histeroscopia Fertiloscopia - Tuboscopia Miomas uterinos e Infertilidade Prites EA. Fibroids and infertility: a systematic review of the evidence. Gynecol Surv 2001 Aug;56(8):483-91 Meta-análise Mulheres inférteis com mioma x sem Apenas Mioma com componente submucoso ou intracavitário esteve associado com < gravidez < implantação Gravidez: RR 0,30 (95% IC 0,13-0,70) Implant.: RR 0,28 (95% IC 0,10-0,72) Miomas uterinos e Infertilidade Prites EA. Fibroids and infertility: a systematic review of the evidence. Gynecol Surv 2001 Aug;56(8):483-91 Meta-análise Mulheres inférteis com mioma x sem Apenas Mioma com componente submucoso ou intracavitário esteve associado com < gravidez < implantação Após histeroscopia / ressecção do mioma submucoso/intracav.: Gravidez: RR 1,72 (95% IC 1,13-2,58) Taxas de Parto: RR 0,98 (95% IC 0,45-2,41) Anormalidades uterinas Frequente causa de perdas recorrentes de gravidez Útero septado dá piores resultados reprodutivos – Histeroscopia/ressecção resolve (Hower et al. The septate uterus:a review of management and reproductive outcomes. Fertil Steril 2000 Jan;73(1):1-14 Outros: Pólipo endometrial Sinéquias (após curetagem) Mas faltam dados concretos estabelecendo relação Endometriose Aumenta risco infertilidade Distorsão anatômica - aderências pélvicas Lesão ovariana devido formação e remoção endometrioma Produção substâncias – citocinas e fator de crescimento: prejudica ovulação – fertilização - implantação Mahmood & Templeton. Prevalence and genesis of endometriosis. Hum Rep 1991 Apr;6(4):544-9 Estudo prospectivo – Laparoscopia Infertilidade – 564 Para laqueadura – 598 Dor pélvica crônica – 156 Hister. Hem.Ut.Disf. – 134 Endometriose: inférteis (21%) x laqueadura ( 6%) dor pélvica (15%) Hister. Abd. (25%) Mahmood & Templeton. Prevalence and genesis of endometriosis. Hum Rep 1991 Apr;6(4):544-9 Estudo prospectivo – Laparoscopia Infertilidade–564 Dor pélvica crônica–156 Para laqueadura–598 Hister. Hem.Ut.Disf.–134 Todos os grupos: Duração do CHOC significativamente > em pacientes que tinham pelve normal comparado com endometriose Mahmood & Templeton. Prevalence and genesis of endometriosis. Hum Rep 1991 Apr;6(4):544-9 Estudo prospectivo – Laparoscopia Conclusão Período prolongado de menstruação espontânea pode ser um fator causal na gênese da endometriose Fatores cervicais Malformações congênitas Trauma cervical (cirurgia, etc.) Estenose prejudica produção muco Infecção cervical e anticorpos podem impedir migração / viabilidade ezdes. Interação espermatozóide / muco cervical é normal? Teste de Hünher Teste de penetração cruzada Teste Pós-coital ou Teste de Hunher R. Frydman – Natal-RN – maio/2007 (com permissão) R.S. : après 3 à 5 heures : Mobilité après 12 à 18 heures : Mobilité et survie SPZ Abstinence 2 jours Test + si 5 spz mobiles par champ Filance de la glaire 8 à 10 cm Si – optimisée (E2 ou FSH) Si - malgré la glaire optimisée et spz normal Test de pénétration croisée (glaire et spz témoins) Si TPC - signifie incompatibilité Recherche d’agglutinats et d’anticorps antispz Defeitos fase luteal – UpToDate 2007 Inadequada produção de Pg 2 BE consecutivas > 2 dias fora de fase Até 50% mulheres > 2 dias – 1 única biópsia US e LH < diagnóstico Ins. lútea Muitas controvérsias existem Fator ovariano – Disfunção Ovulatória Biópsia Endometrial e Deficiência de Fase Lútea As evidências disponíveis dão suporte à conclusão que o dateamento histológico endometrial tradicional já não é mais um teste diagnóstico válido. Logo, não pode ser usado para guiar o manejo clínico de mulheres inférteis e não deve mais ser considerado um elemento importante para avaliação. Speroff, 2005 – Gynecologic Endocrinology Fator ovariano – Disfunção Ovulatória Curva de Temperatura Basal Embora existam métodos de maior confiança para avaliar a função ovulatória, a CTB continua útil e é o melhor método para casais que estão relutantes ou incapazes de continuar com avaliações mais formais e de maior custo. Speroff, 2005 – Gynecologic Endocrinology Fator ovariano – Disfunção Ovulatória Concentração de Pg plasmática Pg > 3 ng/ml = 0vulação 10 ng/ml = função lútea normal Quando a concetração da Pg plasmática é usada para documentar a ovulação, o melhor dia para o teste vai depender da duração do ciclo menstrual, que deve ser cerca de uma semana antes da data esperada da menstruação. Speroff, 2005 – Gynecologic Endocrinology Aderências pélvicas Septo Ressecção incompleta de septo Sinéquia Causas Genéticas Inférteis: Alta prevalência cariótipo anormal (Trisomias, mosaico, translocação, etc.) Aneuploidias mais comuns: Gens que afetam fecundidade 45 X (Turner – fem.) - 47 XXY (Klinenfelter) KAL1 (Kalman) Receptor de GnRH Receptor de FSH Subunidade B do FSH Receptor de LH FMR 1 (Síndrome X frágil) SF 1 DAX 1 LEP (Leptina) Receptor de LEP GPR 54 FGFR 1 Fatores Imunológicos e Trombofílicos Estado de hipercoagulabilidade herdado ou adquirido Anormalidades do sistema imune Lupus eritematoso sistêmico Síndrome antifosfolipídica Rejeição imunológica à gravidez ou dano placentário Tratamento Distúrbios Ovulatórios Controle do peso Citrato de clomifeno ou outro SERM (selective estrogen receptor modulators) Aromatase inibidores Metformina ou outros “insulin-sensitizing agents” Terapia com Gonadotrofina Laparoscopia com diatermia ovariana (drill) Bromoergocriptina ou outro agonista da dopamina (só em hiperprolactinemia e anovulação) Técnicas de Reprodução Assistida Classificação de Endometriose Modificado da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva Barbieri & Hornstein - UpToDate 2007 Tratamento Endometriose Barbieri & Hornstein – UpToDate 2007 Laparoscopia / Microcirurgia: Excisão-Cauterização Clomifeno + IUI mulheres < 35 anos Gonadotrofinas + IUI FIV após alguns poucos ciclos Endometriose- Fecundabilidade Base … 0,03 Com FIV………………………. 0,30 Danazol/Agonista GnRH após cirurgia não melhora fertilidade Mas justifica antes de FIV endometriose moderada / severa Tratº clínico não melhora fecundabilidade estágio inicial endometriose Fatores que influenciam a fertilidade Idade da mulher Exposição às DSTs Meio ambiente/médico Doenças associadas Transtornos específicos Estilo de vida e subferftilidade Não há ECR importantes Tabagismo IMC (até 13% - Am Soc Rep Med Fertil Steril 2004 Apr;81(4):1181-6 (sobrepeso e baixo peso podem ocasionar infertilidade Normal IMC=18,5 - 25 kg/m2) Exercícios físicos Álcool - Cafeína - Drogas ilícitas ou recreacionais Efeitos do estilo de vida na gravidez estabelecida Orientações às mulheres/casais Barbieri & Hornstein. The initial fertility consultation in couples planning pregnancy: Lifestyle factors. UpToDate 2007 Reduzir prevalência de DST Informar relação idade cronológica e fertilidade Manter IMC apropriado Reduzir exposição a drogas, tabaco, álcool e possivelmente cafeína