COLÉGIO CENECISTA SÃO ROQUE
CURSO DE RADIOLOGIA MÉDICA
DISCIPLINA DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA
EFEITOS BIOLÓGICOS DAS
RADIAÇÕES IONIZANTES
Prof.: Jader da Silva Neto
Orientação: Profa. Fernanda Ostermann
Profa. Sandra Denise Prado
EFEITOS BIOLÓGICOS
Alguns médicos que haviam radiografado seus próprios crânios
notaram uma queda acentuada de cabelo;
Em 1896, observava-se que a exposição a um campo de radiação
causava avermelhamento da pele, inchaço dos tecidos devido ao
acúmulo de fluídos e perda de pêlos;
Em fins de 1896, já havia muitas reportagens sobre o aparecimento
de queimaduras na pele exposta aos raios X, criando polêmica;
Buscando esclarecimentos, Elihu Thomson expôs seu dedo mínimo
esquerdo durante meia hora por dia, a um feixe direto de raios X (
3 cm). Em uma semana começou a sentir dores e notou uma
inflamação com formação de bolhas no dedo;
Thomson concluiu que a exposição a raios X, além de certo limite,
podia causar sérios problemas;
Os efeitos cancerígenos da radiação foram observados em seguida
(até 1911, havia o registro de 94 casos de tumor gerado por
radiação, 50 deles em radiologistas);
Até 1922, cerca de 100 radiologistas haviam morrido devido a
câncer radioinduzido;
A incidência de leucemia era maior entre médicos radiologistas do
que em outras especialidades médicas;
As estatísticas mostravam que havia uma redução no tempo de vida
dos radiologistas;
Atualmente, com o aumento do conhecimento e a adoção de
práticas seguras este quadro foi alterado e entre os radiologistas,
não se observa nenhuma diferença com relação às outras
especialidades médicas;
QUAIS OS EFEITOS?
A extensão dos danos causados depende basicamente:
Do tipo de radiação;
Do tempo de exposição;
Da forma de exposição;
Do órgão irradiado;
Intervalo entre irradiações;
Os efeitos conhecidos estavam
associados à exposições com altas
doses:
Acidentes radiológicos;
Experiências com cobaias;
Hiroshima;
Nagasaki;
A partir de extrapolações de modelos
matemáticos:
Qualquer resposta natural do organismo a um agente agressor é
um efeito biológico;
Efeito biológico NÃO significa doença;
Para pequenas irradiações, por exemplo num exame de raios X, a
quantidade de efeitos biológicos é pequena;
Ex.: redução de leucócitos ou hemácias;
As doenças representam um desequilíbrio no organismo em função
da freqüência ou quantidade de pequenos danos biológicos;
Ex.: câncer é o estágio final de um dano biológico ao longo de anos;
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS BIOLÓGICOS
Em função do nível de dano:
Efeitos somáticos:
Afetam a pessoa irradiada;
Dependem da dose absorvida, da taxa de absorção da energia da
radiação, da região e da área do corpo irradiada;
Ex.: A medula óssea e os órgãos reprodutores são muito sensíveis às
radiações;
Efeitos hereditários:
Afetam os descendentes da pessoa irradiada;
É cumulativo e independe da taxa de absorção da energia da
radiação;
Ex.: irradiação das células dos órgãos reprodutores;
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS BIOLÓGICOS
Em função do tempo de manifestação:
Efeitos imediatos:
Ocorrem dentro de poucas horas até algumas semanas após a
irradiação;
Ex.: Radiodermite (inflamação cutânea resultante da ação de radiação
ionizante);
Queimaduras;
Efeitos tardios:
Ocorrem muito tempo (anos ou décadas) após a irradiação;
Ex.: Câncer;
Leucemia nas vítimas de Hiroshima e Nagasaki;
Obs.: É por isso que os técnicos em radiologia devem usar detectores.
Não se poderia esperar os sintomas clínicos aparecerem, pois estes
podem ser tardios, como o câncer;
CLASSIFICAÇÃO DOS EFEITOS BIOLÓGICOS
Em função das doses recebidas e das formas de resposta:
Efeitos estocásticos:
Podem ocorrer para qualquer dose de radiação recebida e pequenos
tempos de exposição;
A PROBABILIDADE de ocorrência é proporcional à dose recebida e
ao tempo de exposição;
Radiologistas sem a devida proteção podem desenvolver estes
efeitos;
A radioproteção visa reduzir a ocorrência de efeitos estocásticos;
Os principais danos causados variam desde redução na expectativa
de vida, alterações genéticas até câncer;
Efeitos determinísticos:
• Ocorrem para doses elevadas a partir de um limite;
Ex.: Vítimas de acidentes radioativos;
• Doses abaixo do limite não geram perda significativa de células que
comprometam determinado órgão;
• O tempo de resposta à radiação recebida é variável, desde horas
até meses após a irradiação;
• A GRAVIDADE dos danos causados aumenta com a dose recebida
e com a extensão do corpo exposta;
Ex.: exposição local, exposição de corpo inteiro
Exposição local:
Redução no número de células sangüíneas;
Esterilidade (total ou permanente);
Radiodermite;
Catarata (quanto maior a idade, maior o efeito e menor o tempo de
latência);
Exposição de corpo inteiro:
Síndrome aguda da radiação;
SÍNDROME DE RADIAÇÃO AGUDA (SAR)
São sintomas que indicam alterações profundas no organismo
humano devido à exposições que resultam em doses absorvidas
elevadas em partes do corpo ou em sua totalidade;
Ex.: vômitos, diarréia, insuficiência respiratória, coma;
Contaminação interna por radionuclídeos;
Exposição a feixes externos de radiação;
ACIDENTES COM FONTES RADIOATIVAS
Brasil – Goiânia/1987: Cápsula contendo césio137 encontrada numa
clínica de radioterapia abandonada.
Queimaduras provocadas pela radiação
Argentina – La Plata/1968: Soldador boliviano encontrou fonte de
césio 137 e guardou no bolso do avental durante cerca de 18 h.
120 dias depois do acidente
280 dias depois do acidente
Polônia – Bialystok/2001: Em fevereiro de 2001, cinco pacientes
são submetidos à super-exposição durante radioterapia. O acidente
ocorreu após uma queda de energia e posterior restauração do sistema.
Paciente I em 4 de junho de 2001
Paciente IV em maio de 2002
Tailândia - Samut Prakarn/2000: Cabeçote usado em radioterapia,
contendo uma fonte de 60Co foi parcialmente desmontado em um depósito
onde era mantido sem autorização das autoridades tailandesas.
Paciente III: necrose e descamação
23 dias depois do acidente
Paciente II: descamação 7
semanas depois do acidente
Referências Bibliográficas
INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY AGENCY. Disponível
em: < http://www-pub.iaea.org/mtcd/publications/accres.asp>.
Acesso em: 25 set. 2007.
TAUHATA, L.; SALATI, I. P. A.; DI PRINZIO, R.; DI PRINZIO,
A. R. Radioproteção e Dosimetria: Fundamentos. 5 revisão.
Rio de Janeiro: IRD/CNEN, 2003. 242 p.
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