Coelho E. B., Tavares C. T., Costa A. C. (2012) “RECURSOS EDUCATIVOS PARA O ENSINO DA GEOMETRIA: O CASO PRÁTICO DO MEDIR-MEDINDO - TAREFAS COM O GEOPLANO”, Aprendizagem Formal e Informal, 7 a 9 de maio, Redondo. RECURSOS EDUCATIVOS PARA GEOMETRIA: O CASO PRÁTICO DO O ENSINO DA “MEDIR-MEDINDO - TAREFAS COM O GEOPLANO” Estela Barreto Coelho, Liliana Cristina Tavares e António Pedro Costa LITE/LM - Laboratório de Investigação em Tecnologia Educativa, Ludomedia – Conteúdos Didácticos e Lúdicos [email protected], [email protected], [email protected] Resumo: O presente artigo apresenta o recurso educativo “Medir-Medindo 0 com o Ludo, o sonhador – Brincar e Aprender com o Geoplano” e o “Medir-Medindo 1 com o Ludo, o sonhador – Os Primeiros Passos na Geometria com o Geoplano”. Este recurso foi concebido, por uma equipa multidisciplinar, com o propósito de desenvolver o gosto pelo ensino e aprendizagem da Matemática desde os primeiros anos de escolaridade. Este recurso, constituído por dois dossiês, engloba um conjunto de propostas de trabalho com tarefas que permitem desenvolver competências específicas e transversais à área da Matemática, com base na exploração do material manipulável Geoplano. Foi pensado para a utilização, em contexto de sala de aula, por alunos do Pré-Escolar, embora a sua exploração possa ser adaptada a outros níveis de escolaridade. Palavra-chave: Materiais Manipuláveis, Pesquisa e Investigação, Material Geoplano, Matemática no Jardim-de-Infância e no 1º CEB. 1. Introdução O uso de materiais manipuláveis produz um maior rendimento na aprendizagem dos alunos, de todas as idades e em todos níveis de escolaridade, do que a sua não utilização. A introdução de conceitos matemáticos, através da utilização de materiais manipuláveis, pode fazer com que a Matemática se torne mais viva e intensa e que as Coelho E. B., Tavares C. T., Costa A. C. (2012) “RECURSOS EDUCATIVOS PARA O ENSINO DA GEOMETRIA: O CASO PRÁTICO DO MEDIR-MEDINDO - TAREFAS COM O GEOPLANO”, Aprendizagem Formal e Informal, 7 a 9 de maio, Redondo. ideias abstratas tenham mais significado através das experiências com objetos reais. Numa situação de aprendizagem com materiais manipuláveis, os vários sentidos do aluno são chamados, através do contacto e da movimentação, envolvendo-o fisicamente, sendo esta interação favorável ao processo de aprendizagem. Aprender torna-se assim num processo ativo de construção do conhecimento, com significado (APM, 1988; DEB, p.71, 2001; NCTM, 1991, 1994). A Geometria é um tema matemático que, bem explorado, pode favorecer a compreensão do mundo real. Constitui-se um campo favorável à utilização de materiais manipuláveis que, são um auxiliar precioso pois, na realidade, o contacto e a manipulação de objetos facultam a passagem do concreto para o abstrato podendo, por consequência, contribuir para que o aluno construa um conhecimento matemático sólido e duradouro. O Geoplano é um dos recursos didáticos que pode auxiliar o trabalho nesta área da matemática, relacionado, por exemplo, com a construção de figuras, itinerários, transformações geométricas e áreas e perímetros (ver Figura 1). Figura 1: Exemplo de construção usando o geoplano quadrangular 11x11 Nesta comunicação, faz-se um breve enquadramento teórico sobre os materiais manipuláveis, especificamente o Geoplano, a apresentação do Dossiê Pedagógico “Medir-Medindo 0 com o Ludo, o sonhador – Brincar e Aprender com o Geoplano” e do Dossiê Pedagógico “Medir-Medindo 1 com o Ludo, o sonhador – Os Primeiros Passos na Geometria com o Geoplano” e considerações finais. 2. O material Geoplano Como defendem Matos e Serrazina (1996), o ato de manipular permite ao aluno experimentar e descobrir, ao seu ritmo, padrões e relações que são o essencial da Coelho E. B., Tavares C. T., Costa A. C. (2012) “RECURSOS EDUCATIVOS PARA O ENSINO DA GEOMETRIA: O CASO PRÁTICO DO MEDIR-MEDINDO - TAREFAS COM O GEOPLANO”, Aprendizagem Formal e Informal, 7 a 9 de maio, Redondo. Matemática. Nesta perspetiva, o manuseamento de materiais deve estar sempre incluído nas tarefas de sala de aula, não devendo apenas ocorrer na introdução de conceitos. O Geoplano é um material manipulável ao qual o Educador/Professor deve recorrer sempre que possível e que proporciona a realização de tarefas motivadoras. Além disso, permite desenvolver a atenção, a imaginação, a criatividade, o poder de observação, a descoberta, a orientação espacial e a destreza manual. Serve, ainda, a dialética que se pode estabelecer entre observação, construção e representação, impulsionando a comunicação. Pode, também, promover e facilitar a investigação/exploração matemática e em particular a argumentação em Matemática. O Geoplano possibilita a realização de tarefas que desenvolvem, particularmente, competências relativas à exploração espacial; à discriminação visual; à construção das noções de área e perímetro; à compreensão das transformações geométricas euclidianas (reflexão, rotação, translação, reflexão deslizante e simetria). Assim sendo, a exploração do material Geoplano permite, designadamente: Desenvolver o conhecimento visual de formas geométricas planas; Favorecer a capacidade de representação (através da cópia das figuras do Geoplano para a folha ponteada); Diferenciar, construir, identificar figuras geométricas e analisar as suas caraterísticas e propriedades; Construir itinerários; Explorar transformações geométricas de figuras; Compreender, diferenciar e calcular áreas e perímetros; Resolver problemas envolvendo os temas/tópicos supramencionados. Como referido no Dossiê Pedagógico “Barrinhas do Ludo, o sonhador – Imagina, Constrói e Sonha com o Cuisenaire”, “se o material for utilizado em grupo, permite ainda o desenvolvimento de diversas capacidades e atitudes. Também a discussão do trabalho realizado constitui-se como uma etapa fundamental de todo o processo e possibilita, designadamente, o desenvolvimento de competências comunicativas e a apropriação das ideias matemáticas fundamentais” (Costa et. al, p.6, 2009). - Tipos de geoplano A palavra Geoplano vem do francês “geoplans” onde “geo” advém da geometria e indica a forma de e “plan” significa plano, tábua, tabuleiro ou superfície plana. Coelho E. B., Tavares C. T., Costa A. C. (2012) “RECURSOS EDUCATIVOS PARA O ENSINO DA GEOMETRIA: O CASO PRÁTICO DO MEDIR-MEDINDO - TAREFAS COM O GEOPLANO”, Aprendizagem Formal e Informal, 7 a 9 de maio, Redondo. Atualmente, consiste numa placa/tabuleiro geralmente em acrílico, onde estão dispostos pinos, de forma regular, de modo a formar uma malha, na qual se podem, posteriormente, prender/fixar elásticos de várias cores, com o intuito de se “desenhar” as mais variadas figuras. Representa, assim, um espaço geométrico no qual, se pode concretizar diversas situações. Existem vários tipos de Geoplanos. Estes diferem na forma e no número de pinos. Assim, distinguem-se os Geoplanos Quadrangulares, Isométricos, Circulares e Ovais (ver Figura 2). Figura 1: a) Geoplano Quadrangular; 11x11 b) Geoplano Isométrico; c) Geoplano Circular; d) Geoplano Oval. 3. Apresentação do “Medir-Medindo” O projeto Medir-Medindo é constituído por dois dossiês pedagógicos: 1) Dossiê Pedagógico “Medir-Medindo 0 com o Ludo, o sonhador – Brincar e Aprender com o Geoplano”: Manual Pedagógico; Grupo de tarefas “Com a imaginação a voar, novas figuras vamos criar!”; Grupo de tarefas “Depois de figuras traçar, vamos explorar!”. 2) Dossiê Pedagógico “Medir-Medindo 1 com o Ludo, o sonhador – Os Primeiros Passos na Geometria com o Geoplano”: Manual Pedagógico: Grupo de tarefas “Figuras observar, para logo as transformar!”; Grupo de tarefas “A observar e a contar, vamos medir!”. Cada dossiê além do manual pedagógico e do grupo de tarefas é constituído por folhas ponteadas para registo das tarefas, cinco tipos de geoplanos (Quadrangular 5x5, 9x9 e 11x11, Isométrico e Circular), elásticos coloridos, tabuleiros de suporte ao desenvolvimento das tarefas, tabuleiros de encaixe e tabuleiros negros. Coelho E. B., Tavares C. T., Costa A. C. (2012) “RECURSOS EDUCATIVOS PARA O ENSINO DA GEOMETRIA: O CASO PRÁTICO DO MEDIR-MEDINDO - TAREFAS COM O GEOPLANO”, Aprendizagem Formal e Informal, 7 a 9 de maio, Redondo. Todas as propostas de trabalho foram desenvolvidas, tendo por base as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (Silva & Pré-Escolar, 1997) e as Metas de Aprendizagem (DGIDC, 2010). 4. Metodologia de exploração A exploração dos dois dossiês, como supracitado, está dividida em quatro grupos de tarefas (dois grupos por cada dossiê). Para cada tarefa, o Educador/Professor deve utilizar o(s) tabuleiro(s) correspondente(s), que fornecerão às crianças, individualmente ou em grupo, o suporte “ideal” para alcançarem as finalidades da mesma. Para a exploração das tarefas apresentadas neste recurso, o Educador/Professor deverá partir das vivências e conhecimentos das crianças. Deve também permitir, inicialmente, a livre exploração do material e informar e/ou esclarecer, posteriormente, a criança para a sua utilização na matemática. A sequência apresentada não deve ser entendida de modo prescrito. Antes, o Educador/Professor deverá seriar as tarefas (dentro e entre os separadores) de forma a responder às necessidades do seu grupo de crianças. Seguindo a sequência sugerida no recurso, a criança começa por trabalhar figuras simples por sobreposição e identificação. 5. Conclusões Este recurso é resultado do trabalho de uma equipa multidisciplinar, emergindo da articulação entre a investigação, o desenvolvimento e a prática. Pelas suas caraterísticas podem-lhe ser reconhecidas algumas mais-valias, nomeadamente: Ser um recurso educativo validado científica e didaticamente por um perito da Didáctica da Matemática; Ser um recurso que permite o desenvolvimento de competências transversais, tais como: o diálogo, o respeito mútuo, a justiça, a responsabilidade, a cooperação e a solidariedade; Apresentar uma diversidade tarefas, que a equipa vai continuar a desenvolver para se focar em outros tópicos/temas matemáticos. Coelho E. B., Tavares C. T., Costa A. C. (2012) “RECURSOS EDUCATIVOS PARA O ENSINO DA GEOMETRIA: O CASO PRÁTICO DO MEDIR-MEDINDO - TAREFAS COM O GEOPLANO”, Aprendizagem Formal e Informal, 7 a 9 de maio, Redondo. 6. Referências Bibliográficas CABRITA, I., ALMEIDA, J., AMARAL, P., GASPAR, J., MALTA, E., NUNES, M., PINHEIRO, J., PINHEIRO, L., SOUSA, O., VIEIRA, C., VIZINHO, I. (2009). Perspectivas e Vivências Emergentes em Matemática. Aveiro: Universidade de Aveiro. ISBN 978-972-789-293-8. 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