UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UnU de Ciências Exatas e Tecnológicas Curso de Ciências Biológicas – Modalidade Licenciatura ANÁLISE DO PERFIL LIPÍDICO EM CRIANÇAS A PARTIR DE DOIS ANOS DE IDADE, BASEADA EM PROTOCOLOS MÉDICOS DE UM CONSULTÓRIO PEDIÁTRICO DE GOIÂNIA-GO Joaby Divina das Neves Lima Anápolis, junho 2011 Joaby Divina das Neves Lima Análise do perfil lipídico em crianças a partir de dois anos de idade, baseada em protocolos médicos de um consultório pediátrico de Goiânia-GO Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Estadual de Goiás, UnUCET de Anápolis, para obtenção do grau de Biólogo Licenciado. Orientadora: Profª. Drª. Samantha Salomão Caramori Co-orientadora: Profª. MSc. Luciana Damacena Silva. Anápolis, junho 2011 Agradecimentos A realização deste trabalho só foi possível graças ao apoio recebido de muitas pessoas, durante toda sua elaboração, a elas venho agradecer... Primeiramente, agradeço a meus pais, Sergio e Marcia, por todo amor, compreensão e incentivo, sem eles nada disso seria possível. Agradeço a toda minha família: meus avós Antônio (in memorian) e Roselita, Helinho e Maria, Dindinha, Dindinho, Padrinho Sílvio, tia Elisângela, tia Patrícia, tio Márcio, tio Marcelo, tia Lúcia, tio Pedro, tio Zé, meu irmão Fávio, minha prima-irmã Gessyka, e todos os familiares, que suportaram meus longos períodos de ausência e sempre me deram força pra eu continuar lutando. Agradeço também às minhas orientadoras, Samantha e Luciana, pessoas fundamentais na execução deste trabalho. À professora Anamaria, pela paciência, dedicação e sugestões ao me ajudar nas análises estatísticas desse trabalho. À professora Flavia, por me ajudar nas dúvidas de formatação todas as vezes que fui procurá-la, e por participar da banca de defesa desse trabalho. Ao pediatra Andraus, que possibilitou a oportunidade de realizar este projeto, incentivando a pesquisa e o estudo. Ao meu amor Rafael, que esteve sempre ao meu lado me apoiando, me ajudando, me amando e me aturando. Agradeço a Tereza, Renan, e Gabriel, pelo carinho e incentivo. Vocês me receberam como parte da família e tenho o mesmo carinho por vocês. A todos os meus amigos, pessoas que trago sempre aqui no peito, e que por tantas vezes contribuiram para o meu crescimento, especialmente Carol Jansen, Carol Vilas Boas, Daniel, Mioshi, Panda, Thais, Ruan e Sergio. Às minhas grandes amigas Kelly e Suelem, obrigada por todo carinho, pelos ouvidos, conselhos e gargalhadas. E, finalmente, agradeço a todos os professores que contribuiram para a construção de conhecimentos ao longo de toda minha vida, e aos meus colegas de curso, que mesmo entre crises de amor e ódio, deixarão saudades de uma época... a época da faculdade. Obrigada por existirem na minha vida, vocês são de inestimável valor pra mim. Sumário Lista de Abreviações i Lista de Figuras ii Lista de Tabelas iii Resumo 4 Abstract 5 1 Introdução 6 2 Objetivos 11 3 Material e Métodos 12 4 Resultados 14 5 Discussão 18 6 Considerações finais 23 Referências Bibliográficas 25 Anexos 30 i Lista de Abreviações ANOVA Análise de variância CT Colesterol total DAC Doença cardiovascular aterosclerótica HDL-c Lipoproteína de baixa densidade IMC Índice de massa corporal LDL-c Lipoproteína de alta densidade SNC Sistema nervoso central TG Triglicerídeos TRC Transporte reverso de colesterol ii Lista de Figuras Figura 1 – Evolução do processo aterosclerótico, adaptado de FRANÇOSO 7 e COATES, 2002. (A) Espessamento intimal; (B) formação de células espumosas; (C) pequenos depósitos lipídicos extracelulares; (D) Núcleo lipídico extracelular; (E) fibroateroma espesso, que pode ocorrer com ou sem calcificação; (F) formação de trombos. Figura 2 – Distribuição da quantidade dos pacientes nas idades verificadas, 16 no primeiro e no último lipidograma documentados Figura 3 – Distribuição das frequências (%) de tipo sanguíneo verificadas nos pacientes 18 iii Lista de Tabelas Tabela 1 – Valores de referência lipídica propostos pela Sociedade Brasileira de 12 Cardiologia (2005) Tabela 2 – Distribuição de pacientes de acordo com os valores de referência, 14 verificados no primeiro lipidograma Tabela 3 – Distribuição de pacientes de acordo com os valores de referência, 15 verificados no último lipidograma Tabela 4 – Concentração das partículas lipídicas (mg dL-1) da população estudada, no primeiro e no último lipidograma registrado 15 Tabela 5 – Valores médios das partículas lipídicas (mg dL-1) verificados de 16 acordo com o sexo dos pacientes Tabela 6 – Distribuição dos pacientes, de acordo com a classificação de 16 percentis dos valores de IMC propostos por Kuczmarzi et al. (2002) Tabela 7 – Valores de p verificados no Teste-t entre os grupos de pacientes 17 Tabela 8 – Valores de significância para cada lipoproteína, verificados na análise 18 de variância 4 Resumo A doença cardiovascular aterosclerótica está entre as maiores causas de morte e incapacidade em todo o mundo, e muitas vezes os fatores que desencadeiam esses processos iniciam-se ainda na infância. Diversos estudos indicam que os níveis de colesterol presentes nessa fase de vida são fatores preditivos para os níveis de triglicerídeos e colesterol na fase adulta, o que leva cada vez mais ao consenso de que medidas de prevenção devem ser tomadas ainda na infância. Objetivo do trabalho foi analisar em protocolos médicos, o perfil lipídico de crianças com idade entre dois e treze anos, de um consultório pediátrico da cidade de Goiânia-GO. Foram analisados 335 protocolos de pacientes com idade entre 2 e 13 anos que apresentaram alterações lipídicas. A faixa etária de maior alteração lipídica foi verificada pela análise de variância – ANOVA, nas avaliações da relação entre os pacientes com alteração lipídica e seu sexo, tipo sanguíneo e parâmetros biométricos. Foram utilizadas comparações das médias obtidas em cada grupo por Teste-t, a efetividade do tratamento foi verificada por ANOVA e Teste-t, e em todas as análises considerou-se o intervalo de confiança de 95%. Foi observado que na população estudada não houve predominância de alteração lipídica por idade; os valores médios das frações de colesterol, exceto de TG, não apresentaram diferenças significativas entre sexos; os valores médios das frações de colesterol não apresentaram diferenças significativas entre o grupo de pacientes de peso normal com os obesos, nem entre estes com o de pacientes que apresentaram sobrepeso. Os tipos sanguíneos O (42,09%) e A (39,07%) foram os mais frequentes, respectivamente. Nos pacientes que continuaram o tratamento, houve diferença significativa na redução das taxas de CT, LDL-c e TG, mas não houve mudança significativa nas taxas de HDL, entretanto o tratamento utilizado nos paciente foi eficiente. Palavras-chave: Colesterol, dislipidemia, aterosclerose, prevenção. 5 Abstract Atherosclerotic cardiovascular disease is among the leading causes of death and disability worldwide, and often the factors that trigger these processes begin in childhood. Several studies indicate that the levels of cholesterol present in this phase of life are predictive of levels of triglycerides and cholesterol in adulthood, leadingincreasingly to a consensus that prevention measures should be taken in childhood.Objective was to examine in medical protocols, the lipid profile of children aged between two and thirteen years in a pediatric clinic in Goiânia-GO. Protocols were analyzed 335patients aged between 2 and 13 years who had lipid disorders. The age of major lipid abnormality was verified by analysis of variance - ANOVA, the assessments of the relationship between patients with abnormal lipid and sex, blood type and biometric parameters. We used comparisons of the averages in each group by t-test, the effectiveness of treatment was determined by ANOVA and t-test, and all the analysis we considered the range of 95%. It was observed that the population studied there was nopredominance of lipid modification by age, the average values of cholesterol fractions, except for TG, no significant differences between sexes, the average values of fractionsof cholesterol were not significantly different between the group of patients normal weightto obese, nor between those with patients who were overweight. Blood types O (42.09%) and A (39.07%) were the most frequent, respectively. In patients who continued treatment, a significant difference in reducing rates of TC, LDL-C and TG, but no significant change in the rates of HDL, however used in patient treatment was effective. Key words: Cholesterol, dyslipidemia, atherosclerosis, prevention. 6 1 Introdução Além de seus papéis fundamentais como constituintes de membranas biológicas, os esteróis servem como precussores de vários produtos com atividades biológicas específicas, sendo que o colesterol é o mais importante esterol dos tecidos animais (NELSON e COX, 2002). Entretanto, essa molécula é muitas vezes considerada “uma vilã no organismo”; isso acontece porque o colesterol está associado a doenças cardiovasculares, relacionadas dentre outros fatores a colesterol total (CT), triglicerídeos (TG) e Lipoproteína de Baixa Densidade de colesterol (LDL-c) elevados e Lipoproteína de Alta Densidade de colesterol (HDL-c) reduzido (SEKI et al., 2006; CARVALHO et al., 2007). Tendo em vista que a doença cardiovascular aterosclerótica (DAC) é a principal causa de morte e incapacidade no Brasil e no mundo (GERBER e ZIELINSKY, 1997; BRANDÃO et al., 2004; GOTTHELF e JUBANY, 2007), diversos estudos tem verificado que fatores de risco num mesmo indivíduo tendem a se associar, intensificando um ao outro (GERBER e ZIELINSKY, 1997; BRANDÃO et al., 2004; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005). A origem e a evolução da doença cardiovascular aterosclerótica estão relacionadas à alta concentração plasmática de colesterol, especialmente na forma de lipoproteína de baixa densidade (LDL-c), abrangendo fatores inflamatórios e imunológicos (STEINBERG, 1987; CASTRO e OLIVEIRA, 2009). Quando a LDL-c entra na parede danificada de uma artéria, ela pode sofrer oxidação, iniciando uma inflamação (Figura 1-A). Com o passar do tempo, esse processo de oxidação e inflamação resulta em depósitos filiformes de gordura na túnica íntima vascular, formados a partir da migração de monócitos da corrente sanguínea para o subendotélio da artéria, onde se diferenciam em macrófagos, acumulando ésteres de colesterol derivados de LDL-c plasmática e transformam-se nas chamadas células espumosas (Figura 1B) (STEINBERG, 1987; FRANÇOSO e COATES, 2002; RABAIOLI, ECHEVEST e MASCARENHAS, 2006). Com o decorrer da migração de monócitos para a túnica íntima, células musculares lisas também começam a migrar a partir da túnica média, que também acumulam gotículas lipídicas e assumem aparência de células espumosas. Essas células se dispõem lado a lado na superfície da íntima e nesta etapa são visíveis macroscopicamente como estrias amareladas, 7 constituindo as estrias gordurosas. Durante esse processo, nem todas as LDL-c são englobadas por macrófagos; algumas delas continuam depositadas na matriz extracelular na forma de grupos de gotículas de gordura (Figura 1-C). Um acúmulo denso e a convergência de pequenos grupos de lipídeos na matriz extracelular formam núcleos lipídicos (Figura 1-D). Essa formação é chamada ateroma e culmina em intensa desorganização da íntima e espessamento da parede arterial, que pode ser vista a olho nu e vir a sofrer fissuras (FRANÇOSO e COATES, 2002). Na evolução do processo ocorre o desenvolvimento de tecido conjuntivo fibroso, que junto a um núcleo lipídico é chamado de fibroateroma, localizado na túnica íntima da artéria (Figura 1-E). O fibroateroma é a lesão básica da aterosclerose. Na maioria dos casos uma placa aterosclerótica continua crescendo lentamente, o que reduz o fluxo sanguíneo com o passar do tempo, mas não necessariamente bloqueia a luz arterial. As lesões formadas podem ter calcificações quase tão rígidas quanto ósseas, o que leva o vaso a perder a maior parte de sua distensibilidade (GUYTON e HALL, 2006; RABAIOLI, ECHEVEST e MASCARENHAS, 2006). As lesões mais avançadas podem servir de local para a formação de trombos (Figura 1-F) que interrompem o canal do vaso, resultando em síndromes isquêmicas agudas, abrangendo os quadros de doença arterial coronariana, doença cerebrovascular e doença vascular periférica (FRANÇOSO e COATES, 2002; RABAIOLI, ECHEVEST e MASCARENHAS, 2006). Figura 1- Evolução do processo aterosclerótico, adaptado de FRANÇOSO e COATES, 2002. (A) Espessamento intimal; (B) formação de células espumosas; (C) pequenos depósitos lipídicos extracelulares; (D) Núcleo lipídico extracelular; (E) fibroateroma espesso, que pode ocorrer com ou sem calcificação; (F) formação de trombos. 8 Vários processos crônicos, como diabetes, artrite, osteoporose e problemas pulmonares, muitas vezes iniciam-se silenciosamente na infância, progredindo na fase adulta, quando causam maiores transtornos (SEKI et al. 2006, CARVALHO et al., 2007). Do mesmo modo, a formação de placas ateroscleróticas na aorta também tem início na infância a partir dos três anos de idade, progredindo lentamente (CARVALHO et al., 2007). Antes disso, a ingestão de gorduras durante a lactância é fundamental para a formação do sistema nervoso central (SNC) (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005). Crianças alimentadas apenas com leite materno apresentam níveis superiores de colesterol, isto porque o leite materno é rico em ácidos graxos saturados. Essas crianças podem desenvolver uma regulação hepática do metabolismo das lipoproteínas, influenciando no desenvolvimento de um perfil lipídico mais favorável na adolescência quando comparadas a crianças que receberam fórmulas artificiais (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005). Estudos do perfil lipídico em crianças e adolescentes mostram que os níveis de colesterol na infância são fatores preditivos para o aumento dos níveis de triglicerídeos e colesterol total na fase adulta (CARVALHO et al., 2007). As medidas de prevenção iniciadas ainda nesta fase podem de fato assegurar um sistema cardiovascular adulto mais saudável, tendo em vista que os primeiros anos de vida são tão importantes na programação da saúde e da doença quanto a vida intrauterina (ABRANTES, LAMOUNIER e COLOSIMO., 2002; BRANDÃO et al., 2004; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005). Nesse sentido, a cada dia aumenta ainda mais o consenso de que os cuidados para prevenção e tratamento da aterosclerose devem ser iniciados logo na infância (FRANÇOSO e COATES, 2002; BRANDÃO et al., 2004; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005). Assim, a avaliação do perfil lipídico tem se tornado de grande importância na identificação de fatores de risco e tem como objetivo central a prevenção de doenças secundárias e variações inadequadas de concentrações de colesterol plasmático, sobretudo a partir de intervenções médicas no estilo de vida de pacientes – mudanças de hábitos alimentares e exercícios – (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005). Segundo as orientações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2002), deve ser dada maior ênfase ao tratamento não farmacológico, pois, nesta situação, a redução da ingestão de lipídeos e de carboidratos é reconhecida como a intervenção mais importante do tratamento, tendo em vista que a quantidade diária de colesterol total, energia total e gordura saturada 9 provenientes dos alimentos ingeridos são os fatores que mais colaboram para a concentração plasmática de colesterol (GUYTON e HALL, 2006, SEKI et al, 2006). Esses fatores também contribuem ainda mais para o fortalecimento de outros fatores de risco da doença aterosclerótica, como obesidade e sobrepeso, que são relacionados às dislipidemias (BRANDÃO et al., 2004; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005; CARVALHO et al., 2007; GOTTHELF e JUBANY, 2007). Os estudos com crianças e adolescentes apontam a obesidade como fator preditivo para pressão arterial, colesterol total e lipoproteínas séricas (BRANDÃO et al., 2004). De acordo com Abrantes Lamounier e Colosimo (2002), cerca de 50% das crianças obesas aos seis meses de idade e 80% das crianças obesas aos cinco anos de idade permanecerão obesas. As crianças obesas têm ainda um outro agravante no perfil lipídico, pois de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005), quanto menores as partículas de LDL-c, provavelmente maior seu poder de aterogênese e crianças obesas parecem ter maior percentual de LDL-c de padrão B (partículas menores) do que as crianças com peso normal para a estatura. Assim, mesmo as crianças obesas com níveis normais de LDL-c podem ter um perfil lipídico menos favorável que as crianças com peso normal para a idade. Um estudo realizado em estudantes com idade entre 4 e 9 anos aponta para uma associação estatisticamente significativa de TG e LDL-c em crianças com sobrepeso (SEKI et al., 2006). De acordo com Silva et al. (2007), as dislipidemias podem ser classificadas em primárias (de origem genética) ou secundárias (causadas por outras doenças, uso de medicamentos ou hábitos de vida inadequados). Desse modo, anomalias genéticas no mecanismo de uma ou mais lipoproteínas podem produzir aumento nos níveis de colesterol total e/ou triglicérides. Mesmo assim, a ingestão alimentar com excesso de ácidos graxos saturados, de colesterol total e outros alimentos de elevado valor energético, bem como associações de fatores de risco são os elementos que mais influenciam na elevação do colesterol total dos indivíduos (BRANDÃO et al., 2004; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005; SEKI et al., 2006; VIEIRA, 2007). Os diferentes hábitos alimentares culturalmente estabelecidos são resultantes de ações e intervenções humanas e caracterizam processos históricos em diferentes regiões brasileiras, podendo influenciar nas concentrações de lipídeos e lipoproteínas (GERBER e ZIELINSKY, 10 1997; SEKI et al., 2006; VIEIRA, 2007). Dessa forma, torna-se importante realizar este tipo de estudo nas diferentes áreas de um país, em especial quando se trata de uma nação tão diversificada e de tamanha distribuição geográfica como o Brasil. As análises aqui verificadas pretendem evidenciar a presença de dislipidemias nas crianças com idade entre dois e treze anos que possuem alterações lipídicas e fizeram acompanhamento pediátrico, ressaltando a prevalência de dislipidemias secundárias, identificando fatores de risco e visando reforçar a importância de melhorias nos hábitos de vida da população desde a infância. 11 2 Objetivos 2.1 Objetivo Geral Analisar, em protocolos médicos, o perfil lipídico de crianças com idade entre dois e treze anos, de um consultório pediátrico da cidade de Goiânia-GO. 2.2 Objetivos específicos Procurou-se entre os pacientes que apresentam alterações lipídicas: i. Verificar a faixa etária de maior alteração nos valores das partículas lipídicas; ii. Analisar se existem diferenças ignificativas nas alterações lipídicas de acordo com o sexo, tipo sanguíneo e parâmetros biométricos dos pacientes; iii. Analisar a efetividade do tratamento utilizado no controle das lipoproteínas de colesterol, baseado em mudanças de hábitos alimentares e na prática de atividades físicas. 12 3 Material e Métodos Os valores correspondentes às taxas de CT, HDL-c, LDL-c e TG compõem o perfil lipídico. Estes dados foram coletados a partir de protocolos médicos de um consultório pediátrico da região central de Goiânia-GO, onde estão arquivados os documentos utilizados para realizar este estudo. Os dados que constituem esse estudo foram coletados no mês de julho de 2010, com autorização do médico responsável pelos protocolos através de um documento que permitiu o acesso aos dados dos pacientes (Apêndice 1). Até o último dia de coleta, o consultório possuía 2.315 protocolos contendo os dados de todos os pacientes. Os 335 protocolos selecionados que compõem material desse estudo são referentes aos pacientes com idade entre dois e treze anos, que apresentaram alteração do perfil lipídico (limítrofe, ou aumentado no caso de CT, LDL-c e TG, ou diminuído no caso de HDL-c), foram excluídos os protocolos que não atenderam aos objetivos deste trabalho (crianças sem alteração do perfil lipídico e com idade abaixo de dois anos). Os pontos de corte utilizados foram propostos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005) para indivíduos com idade entre 2 e 20 anos (Tabela 1). Tabela 1 – Valores de referência lipídica propostos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005) Lípides Reduzido* Desejáveis Limítrofes mg/dL mg/dL mg/dL mg/dL CT < 150 150-169 LDL-c < 100 100-129 HDL-c < 44 ≥ 45 TG < 100 100-129 * Valor de referência adaptado para melhor visualização dos dados referentes a HDL-c. Aumentados mg/dL ≥170 ≥130 ≥130 Os dados das crianças referentes a idade, sexo, tipo sanguíneo, concentração de partículas lipídicas e acompanhamento do tratamento (a partir de dados fornecidos pelos exames periódicos) foram anotados em uma planilha conforme Apêndice 2. A coleta destes dados foi realizada in loco e com a autorização do responsável pelo consultório e pelos protocolos nos dias em que não haviam consultas agendadas. Os dados coletados foram armazenados e organizados pelo número de seu prontuário médico, de modo a preservar a identidade das crianças envolvidas. 13 Com base nas medidas antropométricas, os pacientes tiveram o índice de massa corporal (IMC) calculado pela fórmula peso/altura2 para verificar a correlação entre obesidade e sobrepeso com as taxas das lipoproteínas, classificando-os nas categorias: desnutrido, normal, sobrepeso ou obeso, de acordo com o percentil apresentado. O IMC possui boa correlação com o percentual de gordura corporal, já descrita em trabalhos anteriores (ROSNER et al., 1998; COSTA et al., 2009; LUNARDI e PETROSKI, 2008). O tratamento dos pacientes seguiu as recomendações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2002) e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005), sendo constituído de mudanças de hábitos alimentares (redução de alimentos com alto teor de colesterol e gorduras saturadas) e atividades físicas regulares (como a prática de esportes, por exemplo). O acompanhamento do tratamento desses pacientes foi verificado através dos resultados dos lipidogramas realizados, registrados em seus respectivos protocolos a cada consulta. As diferenças entre os valores alterados das partículas lipídicas e a idade dos pacientes foram verificadas através da análise de variância – ANOVA. Para a realização das avaliações da relação entre os pacientes com alteração lipídica e seu sexo, tipo sanguíneo e parâmetros biométricos, foram utilizadas comparações das médias obtidas em cada grupo através do Teste-t. Para a análise da efetividade do tratamento, foram executados a análise de variância e o Teste-t. Todas as análises estatísticas foram realizadas com o uso do programa Statistica versão 7.0, considerando o nível de significância de 95% (p<0,05). Os resultados encontrados foram discutidos com base em trabalhos semelhantes disponíveis na literatura científica. 14 4 Resultados Dos protocolos analisados, 49,3% correspondem a pacientes do sexo feminino e 50,7% do sexo masculino. Os dados da quantidade de pacientes no primeiro lipidograma em cada categoria de classificação, de acordo com a proposta da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005), são expressos em porcentagem na Tabela 2. Tabela 2 – Distribuição de pacientes de acordo com os valores de referência, verificados no primeiro lipidograma Partícula Reduzido* Desejável Limítrofe CT 0% 1,5% LDL-c 13,6% 57,6% HDL-c 30,3 69,7% TG 58,7% 12,7% * Valor de referência adaptado para melhor visualização dos dados referentes a HDL-c. Aumentado 98,5% 28,8% 28,6% Somente 158 pacientes (47,5%) com alterações lipídicas continuaram a se tratar, verificando periodicamente suas taxas lipídicas. Destes pacientes, 48,73% são do sexo feminino e 51,27% são do sexo masculino, apenas 43,39% realizaram lipidograma completo e os demais fizeram apenas a verificação de CT. Foi observado que todos os pacientes que possuíam valores médios da taxa de CT limítrofes ou aumentados na primeira visita (Tabela 2) continuaram nessa mesma condição em sua última visita (Tabela 3). No último lipidograma, observou-se cerca de 1% de pacientes a mais que no primeiro lipidograma apresentando taxas desejáveis (14,1%) e aproximadamente 2% dos pacientes tiveram suas taxas de TG reduzidas, aumentando a proporção de pacientes com taxas desejáveis dessa lipoproteína (60%), entretanto, a proporção de pacientes com taxas limítrofes ou aumentadas para estas lipoproteínas continuou elevada (aproximadamente 40%). Por outro lado para as taxas de HDL-c houve redução na quantidade de pacientes com taxas desejáveis A Tabela 3 representa os valores das porcentagens verificadas de cada categoria, considerando a última visita registrada de cada paciente. 15 Tabela 3 – Distribuição de pacientes de acordo com os valores de referência, verificados no último lipidograma Partícula Reduzido* Desejável Limítrofe CT 0% 1% LDL-c 14,1% 56,2% HDL-c 33,3% 66,7% TG 60% 11,7% * Valor de referência adaptado para melhor visualização dos dados referentes a HDL-c Aumentado 99% 29,7% 28,3% As médias, desvios-padrão e significância (Teste-t) encontrados para os valores das lipoproteínas, no primeiro e no último lipidogramas realizados na população pesquisada são apresentados na Tabela 4. Tabela 4 – Concentração das partículas lipídicas (mg dL-1) da população estudada, no primeiro e no último lipidograma registrado. Lipoproteínas Primeiro lipidograma* Último lipidograma* p CT LDL-c HDL-c TG 190,00 ± 20,2 123, 30 ± 34,29 51,51 ± 16,92 109,16 ± 62,8 170,66 ± 33,06 109,91 ± 33,56 51,20 ± 14,66 82,20 ± 29,45 0,00 0,01 0,90 0,00 *Médias ± desvios-padrão, dados expressos em mg/dL Através do Teste-t, pode se verificar que houve diferença significativa na redução das taxas de CT, LDL-c e TG (p < 0,05), mas não houve mudança significativa nas taxas de HDLc (p > 0,05). A distribuição dos pacientes de acordo com a idade, variou entre 1 (0,3%) e 77 (23%) pacientes na primeira visita, e 3 (1,9%) e 27 (17,1%) pacientes na última visita (Figura 2). 16 Quantidade de pacientes 80 70 60 50 40 1ª lipidograma 30 Último lipidograma 20 10 0 2 3 4 5 6 7 8 Idade 9 10 11 12 13 Figura 2 - Distribuição da quantidade dos pacientes nas idades verificadas, no primeiro e no último lipidograma documentados. Também não foram observadas diferenças significativas entre os valores médios das taxas de CT, LDL-c e HDL-c e o sexo dos pacientes (p > 0,05), entretanto houve diferença significativa para a taxa de TG (p < 0,05). Os valores médios de cada grupo podem ser observados na Tabela 5. Tabela 5 – Valores médios das partículas lipídicas (mg dL-1) verificados de acordo com o sexo dos pacientes Lipoproteína Sexo Feminino* Sexo Masculino* p CT HDL-c LDL-c TG 190,40 ± 21,50 49,50 ± 14,54 121,41 ± 34,30 124,05 ± 70,02 189,37 ± 18,80 50,25 ± 19,63 125,82 ± 34,74 87,96 ± 43,02 0,64 0,26 0,60 0,02 *Médias ± desvios-padrão, dados expressos em mg/dL Na Tabela 6 pode ser observada a distribuição de pacientes de acordo com os percentis de valores de IMC (Índice de Massa Corpórea) propostos por Kuczmarski et al. (2002). Tabela 6 – Distribuição dos pacientes, de acordo com a classificação de percentis dos valores de IMC propostos por Kuczmarzi et al. (2002) Classificação Desnutridos Normal Sobrepeso Obeso Primeiro lipidograma (%) 7,5 69,1 13,1 10,3 Último lipidograma (%) 4,2 64,34 13,92 17,48 17 Quando comparadas as médias das taxas de CT, HDL, LDL e TG entre os grupos de pacientes com peso normal, sobrepeso, obeso e desnutridos não foram observadas diferenças significativas para essas taxas (p>0,05), exceto entre o grupo de pacientes obesos com os pacientes com sobrepeso para as taxas de HDL (p<0,05) (Tabela 7). Tabela 7 – Valores significância (p) verificados no Teste-t entre os grupos de pacientes Grupos testados Normais x desnutridos Normais x desnutridos Normais x desnutridos Normais x desnutridos Normais x sobrepeso Normais x sobrepeso Normais x sobrepeso Normais x sobrepeso Normais x obesos Normais x obesos Normais x obesos Normais x obesos Sobrepeso x desnutridos Sobrepeso x desnutridos Sobrepeso x desnutridos Sobrepeso x desnutridos Sobrepeso x obesos Sobrepeso x obesos Sobrepeso x obesos Sobrepeso x obesos Obesos x desnutridos Obesos x desnutridos Obesos x desnutridos Obesos x desnutridos Taxa testada CT HDL LDL TG CT HDL LDL TG CT HDL LDL TG CT HDL LDL TG CT HDL LDL TG CT HDL LDL TG p 0,30 0,98 0,66 0,82 0,14 0,36 0,23 0,29 0,92 0,66 0,99 0,55 0,90 0,58 0,98 0,27 0,18 0,03 0,16 0,10 0,26 0,72 0,61 0,94 As frequências de tipo sanguíneo dos pacientes no sistema ABO verificadas nos protocolos são observadas na Figura 3. 2,99 5,97 9,25 O A 42,09 39,7 B AB Indefinido Figura 3 – Distribuição das frequências (%) de tipo sanguíneo verificadas nos pacientes. 18 Não foram verificadas diferenças significativas entre os grupos sanguíneos (Tabela 8) Tabela 8 – Valores de significância para cada lipoproteína, verificados na análise de variância Lipoproteína testada CT HDL-c LDL-c TG Significância (p) 0,98 0,41 0,83 0,98 19 5 Discussão A partir da análise dos dados obtidos, foi possível verificar que do total de pacientes, na primeira consulta, todos os exames apresentaram resultados de CT, entretanto apenas 18,8% realizaram a verificação dos valores das frações de colesterol - CT, HDL-c, LDL-c e TG. A baixa quantidade de exames contendo as frações de colesterol pode ser relacionada às recomendações do primeiro consenso pediátrico (CHOLESTEROL EDUCATION PROGRAM, 1992 apud CASTRO e OLIVEIRA, 2009) que orienta os médicos a pedirem exames contendo as frações séricas de colesterol em três condições: a) nos casos que o paciente estiver em grupo de risco (filho de pais obesos ou que tenham problemas ateroscleróticos); b) o paciente que em sua primeira dosagem de CT apresentar valor classificado como limítrofe e após repetição do exame ainda continuar limítrofe; ou c) se no primeiro exame o paciente apresentar CT de nível maior ou igual a 200mg/dL (CASTRO e OLIVEIRA, 2009). Apesar de terem sido verificadas diferenças significativas na redução das taxas médias de CT, LDL-c e TG, não houve mudança significativa nas taxas de HDL-c, contudo, as taxas de CT e LDL-c continuaram superiores aos valores recomendados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005), a média das taxas de HDL-c mantiveram-se desejáveis e a média das taxas de TG atingiram os valores recomendáveis. A continuidade do tratamento, definida por Sánchez et al. (1997), é o acompanhamento de um problema específico de um paciente pelo mesmo médico. No estudo em questão, somente 47,5% dos pacientes com alterações lipídicas continuaram a se tratar. Os dados aqui verificados não permitem associar a relação da continuidade do tratamento com o grau de escolaridade dos responsáveis pelos pacientes ou com a presença/ausência de plano de saúde, mas pode ser verificado que os pacientes que continuaram a se tratar, na maioria dos casos possuíam até 6,5 anos, indicando que os pacientes mais jovens têm maior continuidade no tratamento. Provavelmente os pais dos pacientes mais jovens atribuiram maior importância à continuidade do tratamento, corroborando com o estudo de Nutting et al. (2003). Não foram observadas diferenças significativas entre os valores médios das taxas de CT, LDL-c e HDL-c e o sexo dos pacientes o que também foi verificado por Franca e Alves 20 (2006) e por Lunardi e Petroski (2008), entretanto houve diferença significativa para a taxa de TG sendo que a média das taxas desta lipoproteína foi maior nos pacientes do sexo feminino que nos pacientes do sexo masculino (Tabela 5). Um resultado similar foi verificado por Franca e Alves (2006) e Silva et al. 2007, que também verificaram valores superiores de TG na população feminina. Pesquisas epidemiológicas relacionadas à distribuição das taxas lipídicas de CT, LDLc e TG realizadas com crianças e adolescentes indicam que essas taxas são mais elevadas em indivíduos do sexo feminino que em indivíduos do sexo masculino (SEKI et al. 2003; SEKI et al 2006; CARVALHO et al, 2007). Apesar da média de HDL-c não ter sido significativamente diferente entre os grupos e de ter apresentado níveis desejáveis, foi observado que a média de HDL-c nos pacientes do sexo feminino foi ligeiramente menor que a média observada nos pacientes do sexo masculino (Tabela 5), o que contribui ainda mais para um perfl lipídico menos favorável aos pacientes do sexo feminino. A partir da classificação dos percentis de IMC dos pacientes, segundo a proposta de Kuczmarzi et al. (2002), foi verificado que 33 (10,3%) e 25 (17,48%) dos pacientes avaliados apresentaram obesidade no primeiro e no último lipidograma, respectivamente. Aproximadamente 13% dos pacientes apresentou sobrepeso na primeira e última visita. Além disso, foi observado que 24 (7,5%) e 6 (4,2)% pacientes, respectivamente na primeira e última visita apresentaram IMC muito baixo para a idade, sendo classificados como “desnutridos” (Tabela 6). A porcentagem de pacientes que apresentou sobrepeso no primeiro e no último lipidograma (Tabela 6) é similar à proporção verificada em uma população saudável no estudo de Carvalho et al. (2007), no qual foi observada a prevalência de dislipidemias em 66,7% dos adolescentes de escolas de Campina Grande-PB, e a prevalência de sobrepeso em 14,4%. Entretanto, esse resultado diverge do verificado por Franca e Alves (2006), que também foi realizado em uma população saudável. Seki et al. (2006), num estudo realizado com crianças em idade escolar, verificaram valores estatisticamente significativos entre associações de triglicerídeos e LDL-c nas 21 crianças com sobrepeso com idade entre 4 e 9 anos. Neste trabalho não foram verificadas diferenças significativas entre as taxas lipoproteicas e cada categoria de classificação, corroborando com os resultados obtidos por Gerber e Zielinsk (1997). Apesar disso, pode ser observado que os pacientes obesos apresentaram uma média da taxa de HDL-c ligeiramente mais baixa que os pacientes com IMC normal. Este grupo também apresentou taxa média de TG superior aos demais grupos. Contudo, como apresentado na Tabela 7, todos os grupos apresentaram taxas de CT > 180, o que como evidenciado por Zoffi e Zielinsky (1997) faz com que esses pacientes sejam fortes candidatos a uma futura doença cardiovascular. A média reduzida de HDL-c em obesos também foi observada em estudos anteriores (ORCHARD et al., 1983; BERESON, SRINIVISAN e BAO, 1996; CARNEIRO et al., 2000). Além da média reduzida de HDL-c em obesos, o estudo realizado por Carneiro et al. (2000) com adolescentes obesos e não obesos da cidade do Rio de Janeiro também verificou que a taxa média de TG no grupo de obesos da população estudada também apresentou-se aumentada. Estudos anteriores evidenciam a associação entre obesidade e elevação dos níveis de TG (ORCHARD et al., 1983; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999; CARNEIRO et al. 2000), e que esta associação que pode inclusive ser encontrada em populações jovens (FREEDMAN et al., 1985;EPSTEIN et al.,1990; CARNEIRO et al. 2000 ). Mesmo o TG não sendo considerado fator independente para doença coronariana (HULLEY et al., 1980), o excesso desta partícula pode estar associada à redução dos níveis de HDL-c, favorecendo o fenômeno conhecido como “enriquecimento do LDL-c com TG”. Durante esse processo de “enriquecimento”, as LDL-c sofrem ação da lipase hepática, o que resulta em partículas menores e mais densas. Estas partículas menores e mais densas possuem maior poder aterogênico (SNIDERMAN et al., 1982; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005). Por outro lado, os valores reduzidos de HDL-c estão sendo considerados fator independente para a aterosclerose. Devido ao poder antiaterogênico destas partículas, essa ação é especialmente atribuída ao Transporte Reverso do Colesterol (TRC) e à proteção antioxidante conferida por essa lipoproteína (STEINBERG, 1987; LIMA e COUTO, 2006). 22 Através do TRC, o colesterol dos tecidos periféricos é conduzido ao fígado pelo plasma. No fígado o colesterol pode ser reciclado ou excretado na bile, e pode ainda ser utilizado como arcabouço para a produção de hormônios. Já a ação antioxidante da HDL-c reduz significativamente a oxidação da LDL-c, que é considerada o principal evento para o desenvolvimento da aterosclerose (STEINBERG, 1987; JIALAL e DEVARAJ, 1996; WESTHUYZEN, 1997 apud LIMA e COUTO, 2006). É importante o controle de peso durante a infância, levando em conta que crianças obesas tendem a continuar obesas quando adultas (ABRANTES, LAMOUNIER e COLOSIMO, 2002). Além disso, alterações clinico-metabólicas são frequentemente predominantes em obesos que em não obesos (CARNEIRO et al. 2000). Há ainda cada vez mais o aumento da prevalência de obesidade na população brasileira (BATISTA-FILHO e RISSIM, 2003), o que foi evidenciado por Balaban e Silva (2001), que ao avaliar o índice de sobrepeso e obesidade em uma população de crianças e adolescentes do Recife, encontrou um valor próximo a 30% da população amostrada. Do total de protocolos analisados, 20 (5,7%) não apresentavam o tipo sanguíneo dos pacientes e foram classificados como “Indefinido”. Os tipos O e A foram os mais frequentes, com 141 (42,09%) e 133 (39,7%) respectivamente. Trabalhos recentes têm apresentado evidências entre grupos sanguíneos e patologias moleculares, como é o caso do estudo de Novaretti et al. (2008), que verificou predominância do sangue tipo “O” entre pacientes com leucemia. Tamega et al (2009), apesar de terem encontrado frequências sanguíneas compatíveis com a frequência regional (sangue tipo A predominante), obtiveram relação significativa entre as formas disseminadas de lúpus eritromatoso e o grupo sanguíneo do tipo A. O estudo de Tursen et al. (2005) verificou entre pacientes com câncer de pele a predominância de pacientes com sangue tipo A, mas nenhuma evidência entre o sistema ABO e câncer de pele. Vale ressaltar que estudos da distribuição nacional dos tipos sanguíneos apontam que o sangue dos tipos O e A são predominantes na população brasileira (CONCEIÇÃO et al., 1987; GUERREIRO e CHAUTARD-FREIRE-MAIA, 1988; MATTOS et al., 2001). Para verificar a correlação entre tipos sanguíneos e prevalência de doenças, especialmente de dislipidemias, há a necessidade de estudos moleculares mais aprofundados. 23 6 Conclusão Este estudo foi realizado com uma população de crianças atendida em um consultório pediátrico de Goiânia - GO. Em virtude desta amostra estudada se tratar de uma população que procurou assistência médica, os dados aqui verificados provavelmente não refletem a realidade da população desta cidade. Tendo em vista esses resultados, pode-se considerar que mesmo que as taxas de CT e LDL-c não tenham atingido os valores desejáveis, o tratamento aplicado aos pacientes foi eficiente. Na amostra há predominância de pacientes mais jovens, conforme apresentado na Figura 3. A análise de variância realizada revelou que não houve diferença significativa entre os valores lipoproteicos encontrados e a idade dos pacientes, revelando que não houve predominância de ocorrência de dislipidemia em idade alguma. Esse dado pode indicar que alterações lipídicas podem ocorrer ainda na infância independentemente da idade do indivíduo. Apesar desse estudo não ter apresentado diferenças significativas entre lipoproteínas (exceto TG), sexo e idade das crianças, as taxas médias dos pacientes femininos apresentaram valores mais elevados que as taxas médias dos pacientes masculinos. Essa tendência, apontada por muitos estudos, deve ser levada em consideração, especialmente pelos pais dessas crianças. Tendo em vista que existem casos em que há predisposição genética para alterações lipídicas e casos relacionados ao estilo de vida dos pacientes, principalmente na primeira situação, é de fundamental importância a participação da família incentivando práticas de vida mais saudáveis. Vale ressaltar que a infância é a fase da vida em que se desenvolvem diversos aspectos psicológicos, emocionais e relacionados ao modo de vida, como a prática de esportes e a adoção de uma alimentação saudável, sendo assim, todas todas as crianças devem receber orientações nesse sentido. Neste mesmo sentido vários profissionais, juntamente com a família, representam um importante papel na vida dessas crianças.O professor e a escola fazem parte deste universo, 24 exercendo forte influência no cotidiano de seus alunos, especialmente nas séries iniciais de estudo – Ensino Fundamental I – podendo contribuir ainda mais para a sensibilização destas crianças. Temos também o pediatra, que ao acompanhar o crescimento e desenvolvimento de seus pacientes, é um dos profissionais da saúde responsáveis pela investigação e controle dos fatores de risco para aterosclerose. Outros profissionais, dentre estes os biólogos, podem realizar trabalhos paralelos a esses desenvolvendo pesquisas que envolvam desde bases moleculares relacionadas às doenças ao acompanhamento desses pacientes em tratamento, quanto no que diz respeito à importância de bons hábitos de vida. O acompanhamento destes pacientes e o devido engajamento de seus familiares no sentido de incentivar os bons habitos de vida são muito importantes para a manutenção das taxas lipídicas e de um sistema cardiovascular mais saudável. 25 Referências Bibliográficas ABRANTES, M. M.; LAMOUNIER, J. A.; COLOSIMO, E. A. Prevalência de sobrepeso e obesidade em crianças e adolescentes das regiões Sudeste e Nordeste. Jornal de Pediatria. Porto Alegre, v.78, n.4, p.335- 340, mai. 2002. BATISTA- FILHO, M. B. e RISSIN, A. Nutritional transition in Brazil: geographic and temporal trends. Cad Saúde Pública. Rio de Janeiro, v. 19, (supl. 1), p. 181 – 191, jan./fev. 2003. BALABAN, G. e SILVA, G. A. P. 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Luciana Damacena Silva (telefone para contato 9090 92097133), docentes da Universidade Estadual de Goiás, juntamente com a acadêmica participante Joaby Divina das Neves Lima (telefone para contato 9090 92545173), solicitam autorização para manuseio dos protocolos médicos dos pacientes do Dr. Andraus Mikhael Georges, sob responsabilidade do mesmo em seu consultório médico, localizado à Av. Tocantins nº 1370, Setor Aeroporto, na cidade de Goiânia – GO, de modo a desenvolver o projeto de pesquisa: Análise do perfil lipídico em crianças a partir de dois anos de idade, baseada em protocolos médicos de um consultório pediátrico em Goiânia-GO. O objetivo desta pesquisa é verificar, a partir do manuseio e análise dos protocolos dos pacientes com idade a partir de dois anos e que apresentam alterações lipídicas, a remissão destas alterações ao estilo de vida destes pacientes, verificando nestes protocolos a faixa etária de maior alteração lipídica, a predominância por sexo, sobrepeso, a efetividade do tratamento sem utilização de remédios nos pacientes que continuaram a se tratar, e a variação da quantidade de pacientes com alterações lipídicas em diferentes períodos (anos). Serão utilizados apenas os dados dos protocolos dos pacientes que apresentarem alterações lipídicas, sendo excluídos os casos que não atendam aos objetivos deste trabalho. O manuseio dos protocolos será feito de maneira correta, evitando qualquer dano que possa ser ocasionado, bem como a sua integridade, tanto do prontuário como de todo o arquivo utilizado. Haverá total resguardo de informações pessoais ou sigilosas dos protocolos, sem qualquer utilização de dados pessoais (nome, telefone e endereço) dos pacientes. O responsável pelos protocolos poderá entrar em contato com os responsáveis pela pesquisa a qualquer momento, para sanar qualquer dúvida, antes, durante e mesmo após o estudo. Os resultados a serem alcançados poderão ser utilizados como um parâmetro de avaliação da qualidade de vida destes pacientes, bem como alerta à população no que diz respeito à importância de uma alimentação saudável e da prática de exercícios físicos para manutenção da qualidade de vida do indivíduo e de sua família. Responsável pelos protocolos Goiânia, Pesquisador Responsável de julho de 2010. 32 Apêndice 2: Modelo de planilha utilizada para a coleta de dados dos protocolos médicos. Nº do Sexo Tipo Data de Data de Idade Colesterol HDL-c LDL-c TGL VLDL Peso Estatura Prontuário sanguíneo nascimento consulta (anos) total (mg/dL) (mg/dL) (mg/dL) (mg/dL) (Kg) (m) (mg/dL)