Situado no sudoeste da África, praticamente 60% do território de Angola é formado por um planalto coberto de savanas. O país é um dos mais pobres do mundo, apesar de possuir uma vasta gama de recursos minerais. Apenas 16% dos angolanos têm acesso a saneamento básico; a expectativa de vida gira em torno dos 46 anos de idade; e o analfabetismo atinge 58% da população. Aproximadamente 80% da economia é informal e prevalece o comércio de rua. Desde o fim do colonialismo português, Angola é devastada por uma guerra civil que já matou 1 milhão de pessoas e continua fazendo vítimas. Estradas e ferrovias estão destruídas, e a terra não pode ser cultivada por causa das minas terrestres (mais de 12 milhões, segundo estimativas da ONU e da Cruz Vermelha), que matam e mutilam. Várias tentativas de pacificação foram feitas, mas nenhum acordo garantiu a paz. Fatos Históricos Até o contato com os portugueses no século XV, a região é habitada por tribos que praticam agricultura itinerante, criam animais e pagam tributos ao Reino do Congo. A colonização portuguesa funda cidades, como Luanda, em 1576, e Benguela, em 1617, que servem de base para o comércio de escravos. Entre os séculos XVI e XIX, em torno de 3 milhões de angolanos são enviados como escravos para o Brasil. Explorando rivalidades tribais, os portugueses expandem seus domínios. As fronteiras oficiais são estabelecidas na Conferência de Berlim (1884-1885), que define a partilha da África entre potências européias. Luta anticolonial A intransigência do colonialismo português na manutenção das províncias ultramarinas desperta, a partir de 1961, conflitos armados organizados pela União dos Povos Angolanos (UPA). A luta anticolonial divide-se em três grupos que refletem diferenças étnicas e ideológicas: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), multirracial e marxista pró-URSS, com predomínio da etnia quimbundo; a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), anticomunista, sustentada pelos EUA e pela República Democrática do Congo (ex-Zaire), com base na etnia bacongo (norte do país); e a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita), com forte presença da etnia ovimbundo (centro e sul), inicialmente de orientação maoísta, que depois se torna anticomunista e recebe o apoio do regime sul-africano do apartheid. Independência - A rivalidade entre os três movimentos de libertação degenera-se em confronto armado a partir de abril de 1974, quando o governo instalado em Portugal após a Revolução dos Cravos anuncia o plano de descolonização de Angola. O Tratado de Alvor, firmado em janeiro de 1975 entre Lisboa e os três grupos, prevê um governo de transição. O fracasso do acordo resulta em uma sangrenta guerra civil entre as facções, que recebem apoio estrangeiro. A maioria dos 350 mil brancos angolanos emigra para a África do Sul, Portugal e Brasil. Em outubro de 1975, tropas sul-africanas combatem ao lado da Unita em um ataque contra Luanda. Soldados cubanos auxiliam o MPLA, que mantém o domínio sobre a capital. Em 11 de novembro de 1975, Portugal sai formalmente de Angola sem reconhecer nenhum dos grupos como governo. Agostinho Neto, líder do MPLA, é proclamado presidente da República Popular de Angola, de regime socialista. O Brasil é o primeiro país a reconhecer o novo Estado independente. Eleições e impasse A FNLA dissolve-se no final dos anos 70, mas a Unita mantém sua guerrilha com o apoio da África do Sul e, agora, dos EUA. Com a morte de Agostinho Neto, em 1979, José Eduardo dos Santos, também do MPLA, assume a Presidência. A guerra civil continua e, em 1988, um acordo entre Angola, Cuba e África do Sul define a retirada cubana da região, que se completa em maio de 1991. No mesmo mês, o governo do MPLA e a guerrilha da Unita assinam acordo de paz e convocam eleições, realizadas em setembro de 1992 na presença de observadores internacionais, que reconhecem a vitória legítima do MPLA. José Eduardo dos Santos é confirmado presidente. Jonas Savimbi, líder da Unita, não aceita a derrota e recomeça a guerra civil. Os combates devastam o país e desorganizam a vida nacional. Os EUA reconhecem o governo angolano e retiram o apoio à Unita, que controla parte do território. Acordo de Lusaka Em 1994, MPLA e Unita assinam novo acordo de paz, em Lusaka, Zâmbia. Ele determina a desmobilização de tropas, a formação de um governo de união nacional pelos grupos em conflito e a integração da guerrilha da Unita a um Exército nacional unificado, entre outras condições. Para monitorar o cumprimento do acordo e ajudar na transição, o Conselho de Segurança da ONU cria a Missão de Observação do Processo de Paz, com 7 mil soldados de seis países, entre eles aproximadamente 1,2 mil brasileiros. O mandato da missão é renovado em 1996 em virtude do atraso no desarmamento da Unita. Em abril de 1996, o governo chega a um acordo de paz com os separatistas da Frente para a Liberação de Cabinda (norte), província rica em petróleo. Em junho, a ONU confirma que 50.165 soldados da Unita (81%) haviam entregado suas armas e que completara a desmobilização da Polícia de Força Rápida, do MPLA. O governo de união nacional toma posse em abril de 1997, mas Savimbi, que deveria assumir como vice-presidente, permanece com seus homens no interior e se recusa a entregar o controle das áreas minerais mais lucrativas na exploração de diamantes.