UNIVERSIDADE INDEPENDENTE DE ANGOLA
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
OS JORNAIS E A COBERTURA DAS
ELEIÇÕES DE 2008 EM ANGOLA
Amarildo Will Bento Tonet
Licenciando em Ciências da Comunicação
“O maior capital de um jornal e o único do jornalista, é o seu
brand name; uma reputação profissional impoluta, a
credibilidade junto dos leitores e a confiança conquistada
ao longo dos anos.”
Anabela Gradin, Manual de Jornalismo.
Objectivo geral
Analisar as valências positivas,
negativas e ou neutras que os jornais
proporcionaram a cada uma das
formações politicas concorrentes as
eleições legislativas de 2008.
Objectivos específicos
Examinar os mecanismos adoptados
pelas formações politicas para
relacionarem-se com os jornais;
Analisar o tipo de cobertura que cada
jornal, deu aos partidos e coligações
concorrentes durante o período de
campanha eleitoral.
HIPÓTESES | Hipótese básica
A cobertura jornalística das eleições
legislativas de 5 de Setembro de 2008 em
Angola, foi desequilibrada entre os
candidatos, o jornal de Angola, sob
controlo ministerial, favoreceu o MPLA,
partido no poder durante o período de
campanha.
HIPÓTESES | Hipótese secundária
A especificidade da estrutura organizativa e funcional do
Jornal de Angola, teve influência no processo de
construção das notícias, tendo dado maior realce ao
MPLA e no seio da oposição destacado a UNITA em
detrimento dos restantes concorrentes.
A falta em uns casos e debilidades em outros de
Gabinetes de Comunicação, Relações Públicas,
Assessorias de Imprensa e ou Marketing Politico, com
profissionais qualificados e com espaço de autonomia
para trabalhar e decidir nas estruturas partidária da
oposição, foi também determinante para o tipo de
cobertura mediática que tiveram nos jornais
METODOLOGIA
A analise foi feita do período de 1 de Agosto a 6 de Setembro, no qual
está incluído o período de campanha eleitoral (5 de Agosto a 3 de
Setembro). A consideração dos 4 dias entes e os 3 depois do período
de campanha estiveram ligado as datas de publicação dos periódicos,
fundamentalmente os privados, que são semanários saiem as sextasfeiras e sábados.
A análise consistiu na catalogação das reportagens, chamadas, fotos,
imagens, colunas, artigos e editoriais nos quais apareceram o nome
de um ou mais candidatos. Cada item foi classificado de acordo com
a sua valência, positiva, negativa e neutra. De referir que as valências
serviram para ver se a noticia beneficiou ou prejudicou determinados
concorrentes, e não tentar inferir como a informação processada
pelos leitores ou se houve “manipulação” por parte dos jornais.
Método de abordagem: indutivo, com
inferência indutiva da amostra para a população,
especificamente generalizações estatísticas.
Método de procedimento: estatísticos e
funcionalista, que permitiu analisar qualitativa e
quantitativamente as ocorrências.
Técnicas: análise de conteúdo, adequada a
pesquisas para descrição objectiva, sistemática e
quantitativa do conteúdo evidente a
comunicação
Delimitação do universo
Foram analisados 8 dos 11 jornais do país, nomeadamente:
Jornal de Angola, Angolense, Semanário Angolense, A
Capital, Agora, Folha 8, Cruzeiro do Sul e Novo Jornal.
Os jornais Factual, O Independente e Visão, foram excluídos a
última hora desta pesquisa, por razões de ordem operacional e
logísticas.
Foram objecto de análise os títulos de capas e contracapas, as
citações em artigos de opinião, editoriais, as entrevistas,
reportagens, bem como as fotos, caricaturas, imagens e
publicidades relacionadas as 14 formações políticas
concorrentes as eleições legislativas de 5 de Setembro.
“.... durante as eleições de 92, a lei angolana prévia uma
distribuição justa do tempo de antena da imprensa estatal a
diferentes pontos de vista e tempo de antena livre aos partidos
políticos em tempo de campanha. De acordo com os
interlocutores da equipa, esta lei não resultou num cobertura
equitativa. Os órgãos estatais mantiveram um claro
favorecimento a partido no poder e ao Presidente Dos Santos.
Aquando da divulgação dos resultados preliminares, a
imprensa estatal apressou-se a anunciar a vitória do partido no
poder, numa decisão que poderá ter contribuído para os
acontecimentos catastróficos que fizeram desmoronar o
processo eleitoral.”
ANGOLA, relatório de avaliação da situação pré-eleitoral, Maio
de 2002. FISE, IRI, NDI.
“... verifica-se ainda uma grande dificuldade do governo romper com todas as
práticas que eram habituais no passado não distante do regime de partido
único. As pressões sobre os media agravam-se sempre que aumenta a
tensão política, tendo assim acontecido ao longo dos anos noventa quando
se agudizavam os confrontos militares e sentindo-se novamente agora com
o aproximar das próximas eleições. Há, por outro lado, a referir que por
vezes algumas práticas manifestamente censórias resultam apenas do
excesso de zelo com as direcções editoriais dos medias estatais actuam,
muitas vezes diante de situações comuns... estas atitudes têm
consequências desastrosas para a credibilidade que é preciso saber
preservar no sector da informação.”
Reginaldo Silva, SILVA, Reginaldo. Liberdade de imprensa – subsídios para a
trajectória de um direitos fundamental em Angola. Sociedade Civil e
Politica em Angola. Enquadramento Regional e Internacional
Valência dos candidatos em artigos/textos dos jornais
100%
90%
80%
55
42
43
27
14
47
42
18
17
194
41
205
23
42
70%
60%
50%
40%
30%
96
87
109
56
37
109
85
38
43
702
87
387
35
42
20%
10%
0%
PRS
PLD
FpD
PDP-ANA
PP-E
FNLA
PAJOCA FOFAC
Positiva
Negativa
ND
MPLA
UNITA PADEPA
PRD
ADColigação
Valências negativas em artigos/textos
24%
MPLA
51%
UNITA
Outros 12 concorrentes
25%
Valências positivas em artigos/textos
37%
43%
MPLA
UNITA
Outros 12 concorrentes
20%
Presença dos candidatos nas capas dos
jornais
28%
2%
2%
1%1% 2%2%1%
2%
3%
3% 1%
1%
51%
PRS
PLD
FpD
PDP-ANA
PP-E
FNLA
PAJOCA
FOFAC
ND
MPLA
UNITA
PADEPA
PRD
AD- Coligação
Presença dos candidatos nas contracapas dos jornais
2%
1% 4% 3%
0%
7%
23%
1%
2%0%
3%
1%1%
52%
PRS
PLD
FpD
PDP-ANA
PP-E
FNLA
PAJOCA
FOFAC
ND
MPLA
UNITA
PADEPA
PRD
AD- Coligação
Valência das fotos dos candidatos
nos jornais
Os “cânones do jornalismo”, adoptados pelo Comité de Ética da
American Society of Newspaper Editors, em 1922, já
apresentavam entre os fundamentos dessa actividade a
independência, entendida como “a liberdade de todas as
obrigações, excepto a da fidelidade ao interesse público.” Igor
Fuser, continua dizendo que: “o mesmo documento afirma que” “
as reportagens deve ser livres de opinião ou de preconceito de
qualquer espécie”.
Eugénio Bucci (2000:226) citado por Igor Fuser in Midia e
politica na teoria da “democracia de plateia” de Bernard Manin.
“...a liberdade de imprensa acabou por ser, como espaço aberto ao debate,
ao contraditório, a força mais dinâmica a impulsionar as mudanças, a
criticar a herança do monopartidarismo e do Estado totalitário e a
promover a cidadania. A tal ponto este papel foi decisivo no quadro da
democratização, que a nova imprensa não controlada pelo governo é
vista até aos dias de hoje, por vários círculos pensantes do país, como
sendo a principal força de oposição ao actual governo do partido
maioritário.”
SILVA, Reginaldo. Liberdade de imprensa – subsídios para a trajectória de
um direitos fundamental em Angola. Sociedade Civil e Politica em
Angola. Enquadramento Regional e Internacional. p. 197
CONCLUSÃO
Há um longo caminho a ser feito, para que os nossos órgãos de
comunicação, passem a ser totalmente livres do poder politico.
O Governo do MPLA, precisa compreender melhor a imprensa, no sentido,
de esta ser mais livre, porque “se a função do jornal é informar os seus
leitores, tal significa, em primeiro lugar, que a única coisa mais importante
do jornal, a única coisa importante, são as suas noticias....” até porque “o
jornal não pode servir interesses criados,... além do seu interesse de
informar...”
Os profissionais da comunicação social, sobretudo os dos órgãos públicos,
devem procurar diminuir os excessos de zelo, em termos de favorecimento
do partido no poder, apesar de termos conhecimento de ser uma situação
difícil, devido ao medo em relação as possíveis retaliações. No entanto,
alguns compromissos, já se começaram a fazer sentir por parte dos
jornalistas da RNA, esperamos que isso se generalize.
CONCLUSÃO
Os partidos da oposição, mostraram não estar preparados
para usar nas suas campanhas os poderosos recursos da
comunicação, estes deviam compreender que, a comunicação
social, apesar de ser uma profissão aparentemente fácil de ser
exercida, onde todos pensam que sabem, na verdade ela
apresenta uma multidisciplinaridade muito grande, que
nestas eleições os partidos na oposição não souberam usar.
CONCLUSÃO
Os partidos políticos da oposição, fizeram um esforço de
comunicação muito fraco, tendo-se acomodado nos
tempos de antenas da RNA e TPA, em que não foram bons
comunicadores.
RECOMENDAÇÕES | OPOSIÇÃO
Que procurem trabalhar mais, isso é realizando mais
actividades;
Que procurem desenvolver uma imagem visual e corporativa
dos seus partidos, que lhes permita aparecer com uma
imagem junto dos meios de comunicação que inspire os
eleitores;
Que procurem os serviços de profissionais de marketing e comunicação,
afim de terem planos de comunicação, de marketing, de publicidade e
uma assessoria de imprensa forte que permitam monitorarem os meios
de comunicação social e gerirem convenientemente a visibilidade, ou
seja, presença;
RECOMENDAÇÕES | OPOSIÇÃO
Que procurem trabalhar no sentido de forçar o parlamento e
outras instancias do governo a regular a lei de imprensa e a
tornar os mecanismos de acesso aos mesmos realmente
efectivos;
Que nas próximas eleições não se acomodem na almofada
relaxante dos tempos de antena na RNA e TPA.
RECOMENDAÇÕES | JORNALISTAS
Que reflictam seriamente no seus desempenhos nestas eleições e nas
próximas lutarem para ser o mais imparciais;
Que procurem ser mais plurais, sobretudo porque os leitores, muitos deles
também eleitores, precisam ouvir e conhecer todas as propostas até as dos
partidos e ou candidatos teoricamente mais fracos;
Que tenham maior atenção ao fenómeno da autocensura exagerada que se
tem apoderado do jornalismo angolano;
Que tenham e cumpram com os ideais e cânones do jornalismo,
contribuindo para que ele seja também em Angola, como o é em outros
países do mundo, uma profissão apaixonante;
RECOMENDAÇÕES | JORNALISTAS
Que gastem um tempo para ler e analisar os diversos relatórios
publicados, sobre o comportamento dos órgãos de
comunicação social em Angola, durante as eleições legislativas
de 2008 e tracem estratégias de melhorar a situação nas
próximas eleições, de formas a garantir a credibilidade e
confiança das pessoas na imprensa angolana.
RECOMENDAÇÕES | GOVERNO,
PARLAMENTO E INSTITUIÇÕES
Que continue o processo de cumprimento das recomendações do
Relatório de Avaliação da situação pré-eleitoral, em Maio de 2002,
elaborado pelo NDI, IRI e FISE;
Que tome boa nota das questões levantadas pelo Relatório da Missão
de Observadores da União Europeia, principalmente no que diz
respeito ao comportamento dos órgãos de comunicação social, públicos
como são os casos da TPA, RNA, ANGOP e JA.
Que procure e continue a adaptar-se aos tempos modernos, cumprindo
com os valores da democracia, criando um ambiente que os jornalistas,
dos órgãos públicos e privados, possam sentir-se livres de expressar as
suas convicções, de reportar fielmente as acções de todos os partidos ou
forças de oposição ao governo.
RECOMENDAÇÕES |UNIA
Que crie um Centro de Pesquisa, investigação e analise de
mídia, que pode servir de apoio a várias instituições
relativamente a analise de mídia; iniciação a pesquisa em
comunicação por parte dos estudantes e, gerar fundos para
a própria universidade;
Muito
Obrigado
UNIVERSIDADE INDEPENDENTE DE ANGOLA
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
Rua da Missão, Morro Bento II
Tel.: 222 33 89 70 / 39 57 75
e-mail: [email protected]
Orientador:
Dr. Issac Neney
Telefone: 912 33 19 74
Licenciando:
Amarildo Will Bento Tonet
Rua Sebastião Desta Vez, nº 21, Bairro Valódia
Telefone: 923 65 48 40
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