 “O indivíduo é essencialmente social. É-o, não em
consequência de contingências exteriores, mas em
consequência de uma necessidade íntima. É-o
geneticamente.”
WALLON, Henri (1946)
 Competências perceptivas – órgãos sensoriais
apurados e distintos
 Competências cerebrais – rede complexa de
neurónios que conferem inteligência
 Competências
simbólicas
–
competências
linguísticas que permitem o desenvolvimento do
pensamento
 Competências relacionais – sensibilidade e
abertura para a relação com os outros
 Ausência
de estimulação social e humana nos
primeiros anos de vida provoca atrasos irreversíveis nas
competências para a sociabilidade
 O homem só adquire as características essenciais
porque a sua vida decorre no seio de um grupo social
 É no convívio com outros humanos que o ser
humano desenvolve as suas competências
linguísticas, cognitivas, afectivas, sociais e
culturais
 Integração – o ser humano integra-se ajustando o
seu comportamento às regras sociais vigentes
 Diferenciação – constrói a sua identidade de modo
único e singular
 O “menino selvagem" deslocava-se como um animal,
quer com os quatro membros no chão, quer sobre as
suas pernas. Vivia naturalmente nu
 Deve ter passado entre sete a oito anos em solidão
absoluta
 Tornou-se rapidamente um objecto de curiosidade
pública
 Os médicos pensaram que se tratava de uma
criança débil ou idiota
 O “menino selvagem” deveria ser enviado a Bicêtre
para junto dos loucos e dos incuráveis
 Jean Itard, um jovem médico, pensava que o
selvagem de Aveyron era digno de receber
educação e pediu autorização para se encarregar
dele
Esta criança:
 Não conseguia manter-se em pé
 Não suportava as roupas
 Comia como um animal
 Vai ser educada a partir do nada
 Victor (o nome que lhe deram) fez enormes progressos na maneira de
se comportar
 Aprendeu a caminhar normalmente
 Suportou as roupas que lhe vestiam
 Conseguia executar certos trabalhos e prestar pequenos serviços.
Mas,
 nunca conseguiu falar, porque o exercício da fala é, de
todas as funções vitais, a mais profundamente ligada à
primeira infância.
 Victor viveu até aos quarenta anos sempre sob a guarda
de Mme.Guérin, a governanta do prof. Itard.
 “Recebemos
a natureza por
herança, mas a cultura não nos
pode ser dada senão pela educação.
Daí a importância dessa educação e
a beleza deste tema.”
François Truffaut
(realizador de cinema)
 Processo de integração dos indivíduos no grupo social,
através da aquisição das atitudes, das crenças e dos
valores mais significativos desse grupo e da sua
interiorização.
 Decorre durante a 1ª infância e na adolescência, tendo
por objectivo a aquisição de hábitos e práticas
necessários à vida quotidiana (hábitos de alimentação
e higiene, língua materna, regras, leis, etc.).
 Decorre
da adoção de novas atitudes e
comportamentos que permitem uma integração social
na vida adulta envolvendo modificações em termos de
estatutos e de papéis (ensino, emprego, estado civil,
paternidade, etc).
 A socialização faz-se ao longo de toda a vida devido às
dinâmicas sociais.
 Envolve mobilidade social e adaptação às mudanças de
estatuto.
 Implica diferentes formas de ser, de estar e de agir.
 Herança social
constituída por condutas, ideias,
costumes, sentimentos, atitudes e tradições comuns a
uma coletividade e transmitidos à geração seguinte.
 Tradição social com regras de conduta, impostas à
nascença ( valores, crenças e costumes).
 No conceito de cultura estão integrados elementos
materiais e espirituais.
 O ser humano enquanto ser cultural implica três tipos
de condutas:
1. fabrico de ferramentas, utensílios, objetos ou materiais
( casas, igrejas, carros, barcos, estradas, tv’s, pc’s, etc.)
2. relações sociais de cooperação, concorrência, domínio,
(família, estados, escolas, tribunais, etc.)
3. elaboração ou uso de sistemas simbólicos de
comunicação, oral, escrita, pictórica, entre outras (
textos, pautas de música, expressão artística, etc.)
 A cultura nasce a partir do momento em que se
começaram a sentir as necessidades de 2ª ordem,
derivadas das biológicas ou primárias ou de 1ª ordem
(sobrevivência) .
 A cultura satisfaz as necessidades de uma forma mais
satisfatória, elaborada e mais confortável.
 O
homem teve necessidade de se socializar
(comportar-se de acordo com as exigências do grupo
social).
 Padrões
culturais
–
Formas
coletivas
de
comportamento que permitem aferir a conduta
individual e prever a conduta dos outros.
A
adopção dos padrões culturais facilita a
integração e o sucesso numa sociedade.
 Contribuem para facilitar a adaptação dos
indivíduos à comunidade.
 São úteis pelo seu poder cognitivo e preditivo.
 Cimentam a convicção de pertença ao grupo social.
(pp 106 e 107do manual)
 O Ser humano é uma Identidade Múltipla fruto da
nossa história evolutiva. Nela destacamos:
 Identidade específica: homo sapiens, bípede e com um
cérebro complexo.
 Identidade sociocultural: seres humanos a viver entre
seres humanos; seres humanos criadores de
instrumentos, de ideias, de ciências e de crenças.
Seguem normas e padrões .
 Identidade pessoal: história pessoal, identidade
irrepetível, organização original, personalidade
singular.
 Não há determinismos na construção do eu, resulta de
uma interacção entre factores externos e internos.
 Tudo o que nos acontece deixa marcas; as experiências
vividas interferem na construção da nossa identidade.
 Experiências positivas: ser amado, as alegrias, o
reconhecimento, as metas atingidas, as realizações, a
confiança, as expectativas, os incentivos;
 Experiências
negativas: as carências afectivas, a
hostilidade, a falta de apoio e de confiança, a
indiferença, as frustrações e os conflitos, o sofrimento,
as desilusões, o ódio, o abandono, a humilhação, as
expetativas negativas, etc.
 A influência vai depender do carácter subjectivo com
que cada um as vivencia, através da construção
individual dos seus significados, a partir de uma leitura
pessoal dos acontecimentos vividos.
 Todos os episódios marcantes são interiorizados,
passando a fazer parte integrante da identidade.
 Interpretando-os
e
história pessoal.
textos da pág. 114 e 115 do manual
integrando-os,
constrói-se
a
 Narrativa organizada pelo indivíduo, que expressa o
modo como vê e como sente, atribuindo sentido às
experiências vividas.
 Síntese pessoal dos principais acontecimentos vividos,
entrelaçando contributos da natureza, da sociedade e
da cultura.
 A história pessoal reflete-se na leitura e na intervenção
do seu autor numa dinâmica em que através do agir se
constrói a si próprio e à sua personalidade.
 O ser humano elabora uma síntese pessoal que se
reflete na sua individualidade.
 Esta estruturação pessoal decorre no contexto de uma
sociedade, através da interação com os outros, na
integração e na cooperação com os grupos a que se
pertence, sujeito a um conjunto de regras, crenças e
valores.
 Esta Espécie de Loucura
Que é pouco chamar talento
E que brilha em mim, na escura
Confusão do pensamento,
Não me traz felicidade;
Porque, enfim, sempre haverá
Sol ou sombra na cidade.
Mas em mim não sei o que há.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
 Não sei o que é conhecer-me. Não vejo para dentro.
Não acredito que eu exista por detrás de mim.
Alberto Caeiro, in "Fragmentos"
Heterónimo de Fernando Pessoa

A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me
alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo.
Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais. Naturalmente.
Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de
dizer isto.
Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco
nenhum comigo.

Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a
pena ter nascido.
Eu não sei o que é que os outros pensarão
lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o
penso sem estorvo,
Nem ideia de outras pessoas a ouvir-me
pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o
dizem.
Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o
tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da
minha vontade.
 Criei em mim várias personalidades. Crio
personalidades constantemente. Cada sonho meu é
imediatamente, logo ao aparecer sonhado, encarnado
numa outra pessoa, que passa a sonhá-lo, e eu não.
Para criar, destrui-me; tanto me exteriorizei dentro de
mim, que dentro de mim não existo senão
exteriormente. Sou a cena viva onde passam vários
atores representando várias peças.
 BS
 Diferenciamo-nos pelo género, a idade, a estatura, as
feições, o cabelo, os olhos e o tom de pele; o estado de
saúde, a inteligência, a memória, os modos de pensar e
de sentir, o temperamento, os gostos, os modos de
expressão, o temperamento e as atitudes.
 A hereditariedade individual garante-nos as diferenças
individuais, em termos cromossomáticos; em termos
cerebrais a plasticidade proporciona distintas
capacidades cognitivas e ritmos de aprendizagem e de
interpretação da realidade.
 Heterogeneidade cultural
 Diferentes padrões culturais
Texto da pág. 122
 Diferentes contextos sociais e pertença a grupos
 Família
 Escola
 Vivências
 É um factor de aprendizagem
 Permite abertura e tolerância
 Favorece o desenvolvimento intelectual
 Permite o progresso cultural
Download

Cultura.