EMEI BORGES DE MEDEIROS Sexualidade na Educação Infantil Professora: Gilsilene Alves A educação infantil atende crianças de 0 a 06 anos e tem como finalidade, proporcionar desenvolvimento integral das crianças, envolvendo as instituições e as famílias. O processo de educação sexual ocorre durante toda a vida do indivíduo, desde o seu nascimento e dele fazem parte todas as pessoas que convivem com a criança: pais, parentes, professores, empregadas e inclusive a mídia.Por isso a discussão sobre sexo precisa e deve se encaminhada como parte da vida, assim como todas as outras descobertas e assuntos trazidos pelas crianças, e tratada com continuidade, embora existam fases diferentes e ritmos próprios que precisam ser respeitados. A sexualidade forma parte integral da personalidade de cada um. É uma necessidade básica e um aspecto do ser humano que não pode ser separado de outros aspectos da vida. A sexualidade influencia pensamento, sentimento, ações e interações e, portanto, a saúde física e mental. A sexualidade sempre foi um tema de difícil discussão, sobretudo para crianças: a curiosidade, a percepção das diferenças no próprio corpo e no corpo do outro, a descoberta das carícias e a fonte de prazer que o sexo representa, fizeram do assunto um tabu e algo que “não é conversa para crianças” contribuindo mais para aguçar a imaginação de cabecinhas ávidas por informações. Como essas informações não são conseguidas em casa, entram em ação os “colegas sabem tudo” que, na maioria das vezes, sabem muito pouco e acabam deturpando fatos e informações, criando dúvidas ainda maiores. É no lar que a criança deveria ter sua primeira educação sexual.De acordo com a sexóloga Marta Suplicy, uma criança falante e curiosa pode começar a mostrar interesse pelo sexo aos dois ou três anos, mesmo sem o uso da palavra. A maioria o fará com quatro ou cinco anos de idade. Nesta fase, o que a criança quer saber é muito pouco, não é preciso explicar detalhes, mas também não minta, não brigue, não desconverse, explique o básico na linguagem que ela puder entender. Se uma criança não tem desde cedo um esclarecimento sobre assuntos ligados ao sexo, não compartilha seus medos e ansiedade com seus pais, se os pais não lhe dão apoio nas suas descobertas, certamente será um adolescente carregado de dúvidas e, provavelmente um adulto com complexos , culpas e preconceitos. A sexualidade infantil estabelece as bases para a sexualidade na adolescência e para a sexualidade da vida adulta. • O professor exerce um importante papel na sexualidade da criança, orientando-as no dia-a-dia.A sexualidade deve ser orientada de forma a preparar o indivíduo para a vida, porém para educar é preciso que o educador esteja preparado para tal tarefa. • O objetivo da educação sexual na escola consiste em colocar professores com um preparo adequado para desempenhar de forma significativa seu papel, ajudando os alunos a superarem suas dúvidas, ansiedades, angustias, pois a criança chega na escola com todo tipo de falta de informação e geralmente com uma atitude negativa em relação ao sexo. • Educação sexual não significa apenas passar informações sobre sexo. • • Significa também o contato pessoa/pessoa, transmissão de valores, atitudes, comportamentos. O trabalho a ser realizado pela escola de educação infantil deve encaminhar para uma intervenção no sentido de modificar posturas, desmistificar tabus e reformular conhecimentos e valores trazidos pelas crianças e adultos que interagem neste espaço. Os pequenos costumam andar pelados, se masturbar, tocar e morder colegas. Nenhuma dessas ações deve ser repreendida. Uma professora de Belo Horizonte lembra que um aluno de 4 anos que não tirava a mão do pênis.”Aproveitei a situação para contar à turma uma história sobre corpo e prazer. Em seguida disse que é gostoso tocar partes do corpo, mas que isso não deve ser feito na escola, lugar de estudar. Demorou um pouco, mas ele mudou o comportamento”.Se, na maioria das vezes, o ato tem a ver com a busca pelo prazer e a exploração do corpo, em outras tudo não passa de imitação dos adultos. É comum os pequenos verem atores se beijando na televisão e quererem fazer o mesmo. Nessas horas, é importante ressaltar que isso não é coisa de criança. Uma atividade que explique que os meninos têm pênis e as meninas vagina – e que ambos nascem com órgãos sexuais diferentes – dissipa muitas fantasias. • Portanto, o professor necessita rever seus próprios conceitos e posturas em relação à sexualidade, possibilitando a si mesmo um entendimento maior e atitudes mais abertas no sentido de ouvir, observar, não estabelecer julgamentos e compreender as diferentes formas de expressar-se que as crianças utilizam. É fundamental que esteja atento aos interesses e curiosidades das crianças, ouvindo e respeitando o pensamento e individualidade de cada uma, possibilitando-lhes o questionamento necessário para promover e ampliar sua visão de mundo e de si mesmas. É preciso haver uma reflexão ampla e crítica dos professores, no sentido de estarem abertos às discussões, respeitarem as diferenças e, a partir delas,propiciarem um processo de interação, reconhecendo que o prazer é uma manifestação da vida e da sexualidade. • A parceria com as famílias é fundamental, pois a orientação sexual passa pelo diálogo e troca entre escola,famílias e comunidades que devem estar cientes do que se pensa a respeito de sexualidade. Manter uma postura voltada para o diálogo, livre de preconceitos e discriminações possibilitará que a criança amplie seus referenciais e consiga elaborar e reelaborar seu processo de desenvolvimento. • Sigmundo Freud dividiu o desenvolvimento sexual do ser humano em diferentes fases, conforme os órgãos, seres e objetos que proporcionam prazer e a relação que o indivíduo estabelece com eles: • FASE ORAL: Até os 2 anos, o órgão que concentra o prazer é a boca.É opor meio dela que o bebê descobre o mundo, explorando objetos e partes do corpo.Os cuidados essenciais para que a curiosidade seja saciada sem afetar a saúde. • FASE ANAL:Aprendendo a controlar o esfíncter, a criança de 3 e 4 anos sente prazer na eliminação e na retenção das fezes e da urina. Por isso,pressionar ´para que ela largue as fraldas gera ansiedade e angústia.O ideal é elogiá-la quando pede para ir ao banheiro ou toma sozinha a iniciativa. • FASE FÁLICA OU GENITAL:Entre os 3 e 5 anos, a atenção se volta para o próprio órgão sexual e nasce o prazer em manipulá-lo.Essa atitude é também uma busca pela autoconhecimento.Meninos e meninas percebem que têm (ou não) pênis.A vagina ainda é ignorada. • LATÊNCIA:A curiosidade sexual existe, mas é canalizada em grande parte para o desenvolvimento intelectual e social. Apesar desse desvio da libido,dos 5 aos 11 anos a criança continua explorando as diferenças para descobrir o que é ser menino menina. • PUBERDADE:Dos 12 aos 18 anos,o adolescente volta à fase genital,mas dessa vez o desejo vira vontade de fazer sexo. Os fatores sociais e emocionais que se ligam ao prazer. • Ao prazer ganham importância. A ação dos hormônios se intensifica, e o corpo amadurece. É comum o jovem se masturbar, ter sonhos eróticos e fantasias. Nas meninas, é tempo da primeira menstruação. Sexualidade e brincadeira na educação infantil • • • • • • • • • • • • • • • • • • Apresentar o tema sexualidade de forma lúdica utilizando brincadeiras, cantigas, cores, brinquedos e o corpo humano, são alternativas utilizadas por muitos profissionais que possuem objetivo de desmistificar a sexualidade, bem como torná-la compreensível às crianças. O processo de desenvolvimento da criança na aprendizagem escolar, leva a mesma a uma modificação do universo infantil. Kishimoto coloca que, “a infância é a idade do possível, pode-se projetar sobre ela a esperança da mudança, de transformação social e renovação moral" (200, p. 19). É através da brincadeira que a criança expressa o mundo real, seu valor, sua maneira de pensar de agir e de criar, a partir do contexto em que ela está inserida. A brincadeira ou seja, a ação da criança em contato com o objeto que é o brinquedo, é convidada a fazer parte do mundo imaginário, concretizando a ludicidade aqui retratada. Como relata a autora: Entende-se que o jogo, por ser uma ação voluntária da criança, um fim em si mesmo, não pode criar nada, não visa a um resultado final. O que importa é o processo em si de brincar que a criança se impõe. Quando ela brinca, não está preocupada com a aquisição de conhecimento ou de qualquer habilidade mental ou física. (KISHIMOTO,2000, p. 24).