SEXUALIDADE E
ANTICONCEPÇÃO NO
ADOLESCENTE
COM DEFICIÊNCIA MENTAL
DEBORA GEJER
Hospital Municipal Infantil Menino Jesus
CASO 1
Adolescente do sexo masculino, 13 anos de idade com retardo mental
leve. Mora com os pais e irmã de 14 anos. Cursou escola especial até
os 9 anos quando deixou de freqüentá-la por falta de condições
financeiras da família. Desde então, adolescente passa os dias em
casa e durante a maior parte do tempo assiste à TV.
Mãe refere que desde que seu filho vem se tornando adolescente
apresenta comportamento sexual inapropriado como andar sem roupa,
masturbar-se em qualquer lugar da casa, entre outros, o que traz
grande desconforto para todos os membros da família. A situação
tornou-se insuportável e, foi o motivo da consulta, quando a irmã
trouxe um grupo de amigas para casa, coisa que nunca fazia por
envergonhar-se dele e, este ao perceber a presença de visitas,
rapidamente dirigiu-se a elas, escolheu uma das meninas, sentou-se
em seu colo, abraçou-a e beijou-a na boca.
Mãe acha que seu filho tem a sexualidade “à flor da pele” e solicita
ao pediatra alguma medicação para controle destas manifestações
consideradas socialmente inadequadas.
CASO 2
Adolescente do sexo feminino, de 14 anos de idade com
deficiência mental leve. Mora com os pais, irmã de 16
anos e irmão de 12 anos.
Cursa classe regular e é levada à escola pelos pais. Um
dia o pai atrasou-se ao buscá-la e ela resolveu voltar
sozinha para casa. Durante o percurso, foi abordada por
um rapaz que a enganou, dizendo que era um amigo de
sua irmã e lhe ofereceu carona. Ela aceitou e, durante o
caminho foi violentada.
Apesar da promessa de não contar a ninguém, pela
insistência da irmã que percebeu atitudes estranhas,
contou o que havia ocorrido.
CASO 3
Adolescente de 18 anos com deficiência mental leve veio ao
consultório acompanhada de seu namorado de 20 anos com
síndrome de Down e deficiência mental leve. Foram
atendidos sem a presença dos pais que ficaram na sala de
espera. Solicitaram orientação sobre anticoncepção.
Faziam parte da mesma escola e namoravam há 3 anos. A
menina estagiava em uma empresa multinacional e o rapaz
estava empregado em uma empresa de seguros. Saiam nos
finais de semana com um grupo de amigos sob supervisão de
profissionais.
Informaram que tinham o desejo de iniciar atividade sexual
e que as famílias concordavam com a proposta. Embora
ambos possuíssem bom desenvolvimento de suas habilidades,
nenhum dos dois era capaz de viver em um ambiente sem
supervisão.
GRANDES MUDANÇAS NO COMPORTAMENTO
SEXUAL
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL (DM) NÃO SE
BENEFICIARAM COM AS MUDANÇAS:
DESABROCHAR DA SEXUALIDADE TRAZ
PREOCUPAÇÕES PARA FAMILIARES E SOCIEDADE
TRADUZIDAS POR ATITUDES
REPRESSORAS E DISCRIMINATÓRIAS
THARINGER (1990)
IMAGINÁRIO SOCIAL
SEXUALIDADE DO DM
MONSTRUOSIDADE E ANORMALIDADE
É FUNÇÃO DAS
FAMÍLIAS E PROFISSIONAIS DA SAÚDE E EDUCAÇÃO O
CONTROLE DA SUA MANIFESTAÇÃO
DESCONTROLE
PRÁTICAS SEXUAIS CONSIDERADAS SOCIALMENTE
INADEQUADAS
GIAMI (2000)
NEGAM A SEXUALIDADE
EXACERBAÇÃO DA SEXUALIDADE
GEJER (2008)
SEXUALIDADE
É
UMA FUNÇÃO NATURAL
EXPRESSAR
 COMPONENTE AFETIVO
 COMPONENTE ERÓTICO
 COMPONENTE AFETIVO/ERÓTICO
MANIFESTAÇÃO: É UM REFLEXO
 NÍVEL FUNCIONAL
 ESTÁGIO DO DESENVOLVIMENTO
 EXPERIÊNCIAS
 CIRCUNSTÂNCIAS DE VIDA
RÓTULO DE DEFICIENTE MENTAL
usado de forma
INDISCRIMINADA E GENERALIZADA
CLASSIFICAÇÃO DOS GRAUS DE
DEFICIÊNCIA MENTAL (DSM-4)
 RM PROFUNDO:
QI < 20 OU 25
 RM GRAVE:
QI DE 20-25 A 35-40
 RM MODERADO:
QI DE 35-40 A 50-55
 RM LEVE:
QI DE 50-55 A 70
SEXUALIDADE NO DM PROFUNDO E GRAVE
 COMUNICAÇÃO PREDOMINANTE NÃO VERBAL
 MANIFESTAÇÃO DA SEXUALIDADE – ATRAVÉS DO
CORPO
 APRESENTAM ATIVIDADES SOLITÁRIAS VOLTADAS
PARA O PRÓPRIO CORPO COM PRAZER AUTO
ERÓTICO
ASSUMPÇÃO
SEXUALIDADE NO DM MODERADO
 DIFERENCIAÇÃO ENTRE OS SEXOS
 ADQUIRE INDIVIDUALIDADE
 NOÇÃO DO SIGNIFICADO DE INTIMIDADE
 COMPARTILHA CONTATOS DE EXPLORAÇÃO CORPORAL
 CORPO DO OUTRO COMO FONTE DE PRAZER
 ATINGE GRATIFICAÇÃO SEXUAL DE FORMA INFANTIL
 CAPAZ DE DESEMPENHAR ATIVIDADE SEXUAL
 NÃO TEM CONSCIÊNCIA DO SIGNIFICADO DA RELAÇÃO
SEXUAL E DE REPRODUÇÃO
ASSUMPÇÃO
SEXUALIDADE NO DM LEVE
 TEM TOTAL CONSCIÊNCIA DE SI E DOS OUTROS
 SUSTENTA RELAÇÕES INTERPESSOAIS COM
MANIFESTAÇÕES DE AFETO EXPRESSO
 EM AMBIENTE FAVORÁVEL
desenvolve AUTOCONFIANÇA
apresenta BOM DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL
 COMPREENSÃO E CONSCIÊNCIA DAS POSSIBILIDADES
SEXUAIS E ESTAS COMO FONTE DE PRAZER
SEXUALIDADE NO DM LEVE
COMPORTAMENTOS PRÓPRIOS DA ADOLESCÊNCIA
 UTILIZA MASTURBAÇÃO COM FINALIDADES
CONCRETAS
 É CAPAZ DE ATINGIR IDENTIDADE SEXUAL
 ELEGE PARCEIROS
CRENÇA 1
JOVENS COM
DEFICIÊNCIA MENTAL
NÃO SÃO
SEXUALMENTE ATIVOS
BLUM 1997
CRENÇA 2
AS ASPIRAÇÕES SOCIAIS E SEXUAIS
DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
MENTAL SÃO DIFERENTES DE SEUS
PARES
BLUM
CRENÇA 3
PROBLEMAS QUANTO À EXPRESSÃO
SEXUAL DO DEFICIENTE MENTAL
OCORREM EM FUNÇÃO DA SUA
DEFICIÊNCIA
BLUM
PROBLEMAS FÍSICOS E MENTAIS
TEM MENOR INFLUÊNCIA SOBRE
A EXPRESSÃO SEXUAL DO DEFICIENTE QUE
SUA INTEGRAÇÃO SOCIAL
CONDUTA SEXUAL É APRENDIDA, FORMADA E
REFORÇADA POR FATORES AMBIENTAIS
através
OBSERVAÇÃO DO OUTRO
POSSIBILIDADE DE PERCEBER OS SEUS PRÓPRIOS
LIMITES
CRENÇA 4
JOVENS COM DEFICIÊNCIA
MENTAL SÃO SEXUALMENTE
VULNERÁVEIS A ASSÉDIOS
SEXUAIS
BLUM
ASPECTO IMPORTANTE
DIFICULDADE DE DISCRIMINAR
SEDUÇÃO
MANIFESTAÇÃO AFETIVA
NÃO PERCEBEM UMA SITUAÇÃO DE PERIGO
VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL
DISCUTIR ESSAS PREOCUPAÇÕES
NÃO ESPERAR
EXPRESSEM ESSES RECEIOS
CRENÇA 5
PAIS DE ADOLESCENTES COM
DEFICIÊNCIA MENTAL
PROPORCIONAM SUFICIENTE
EDUCAÇÃO SEXUAL PARA SEUS
FILHOS
BLUM
ORIENTAÇÃO DA
SEXUALIDADE
QUASE TODOS SÃO CAPAZES DE
DESENVOLVER ALGUM TIPO DE HABILIDADE
SOCIAL E CONHECIMENTO SEXUAL
ORIENTAÇÃO DA SEXUALIDADE
DM PROFUNDOS E GRAVES
PROBLEMAS: CUIDADOS DE HIGIENE
CUIDADOS PESSOAIS
PROGRAMAS DE MUDANÇA DE
COMPORTAMENTO
FUNCIONAM PARA DEFICIENTE MENTAL MODERADO E GRAVE
PARA PROFUNDO LEVAR EM CONSIDERAÇÃO TENTATIVAS MÉDICAS
DE DIMINUIR OU ELIMINAR CICLOS MENSTRUAIS
ORIENTAÇÃO DA SEXUALIDADE
DM MODERADOS E LEVES
 DISTINGUIR O COMPORTAMENTO APROPRIADO DO
INAPROPRIADO
 ADEQUADO COMPORTAMENTO PRIVADO/PÚBLICO
 COMO EVITAR ABUSO SEXUAL
CONTRACEPÇÃO
MAIOR TAXA DE NATALIDADE
CONTRACEPÇÃO EM DM NÃO É DISCUTIDA
OU
É DISCUTIDA SUPERFICIALMENTE
 EXISTE PREOCUPAÇÃO EM PRESCREVER
CONTRACEPÇÃO AO ADOLESCENTE DM
 RECEIO E ANSIEDADE DOS PAIS ESTÃO
ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE DECISÃO
IMPULSO SEXUAL
CONTRACEPÇÃO APROPRIADA
MÉDICO DEVE ESTAR PREPARADO A LIDAR:
 PROBLEMAS DE ORDEM PRÁTICA
 PROBLEMAS DE ORDEM LEGAL
PRESCRIÇÃO

CAPACIDADE DO ADOLESCENTE ENTENDER
OS MÉTODOS
 HABILIDADE DE UTILIZA EFICIENTEMENTE
O MÉTODO SELECIONADO
ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA
 INDICAÇÃO
COM JUSTA CAUSA
 DEVE PROTEGER OS DIREITOS DE TODOS OS
ENVOLVIDOS
 DEVE SER O ÚLTIMO RECURSO
 BRASIL: mediante autorização judicial
SEXUALIDADE BEM ENCAMINHADA
MELHORA
• DESENVOLVIMENTO AFETIVO
• CAPACIDADE DE SE RELACIONAR
• AUTO ESTIMA
• ADEQUAÇÃO À SOCIEDADE
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SEXUALIDADE E ANTICONCEPÇÃO NO ADOLESCENTE