CAMINHOS DA INCLUSÃO: MATERIAL PEDAGÓGICO ACESSÍVEL-CONTRIBUINDO NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Mariele Varjão¹; José Carlos da Silva²; Tatiane Santos³ ¹UNEB; ²UNEB; ³UNEB Eixo temático: V – Educação, diversidade e formação humana: gênero, sexualidade, étnico-racial, justiça social, inclusão, direitos humanos e formação integral do homem. E-mail do autor principal: [email protected] INTRODUÇÃO A educação nestas últimas décadas vem passando por transformações significativas, em especial no que se concerne ao campo da educação especial. Assim cabe aqui discutirmos de forma breve este campo conceitual. Dentro de uma cultura excludente e segregadora surge a educação pensada para uma minoria que não atendia aos padrões de desenvolvimento físico, intelectual, comportamental, idealizado pela medicina. Com foco no individuo incapaz, deficiente, pouco produtivo, a escola especial foi pensada para atender estes sujeitos dentro das expectativas reducionistas e limitadoras dos senhores do saber. Uma educação que não considerava a diferença uma vez que homogeneizava por categorias de deficiências. Não obstante repetia o modelo homogeneizador da educação, só que em ditames mais cruéis, uma vez rótulos atribuídos socialmente serviam para justificar a exclusão e segregação. Por anos a escola especial não foi capaz de dar respostas significativas a estas pessoas, pois nem progressos nas aprendizagens escolares e nem um retorno no seu processo de integração e participação na sociedade. No processo de construção de escolas inclusivas, da garantia ao conhecimento de todas as pessoas independente das suas condições sensoriais, físicas, intelectuais e motoras, devemos pensar em instrumentos, recursos e materiais didáticos acessíveis. Tratamos assim de um campo específico, que é o das tecnologias assistivas. Tecnologia assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. Aqui faremos um recorte, focando na importância de garantir no processo de formação de profissionais da educação a sua instrumentalização teórica e prática para que este dentro da sua práxis pedagógica seja capaz de pensar e construir recursos pedagógicos acessíveis que atendam as especificidades de seus estudantes, garantindo assim o acesso efetivo a aprendizagem. OBJETIVOS Contribuir com as discussões de caminhos para construção de práticas inclusivas na escola; Colaborar diretamente com a formação de estudantes de pedagogia na perspectiva de uma práxis inclusiva e acessível; Garantir o acesso às discussões e conhecimentos necessários para a inicialização na produção de material pedagógico acessível; METODOLOGIA A participação, a escuta, a valorização das representações, saberes, necessidades são princípios norteadores da nossa metodologia. Pensada como espaço de acesso a saberes indispensáveis no processo de inclusão escolar que colaborará diretamente numa práxis pedagógica comprometida com uma educação para todos. A oficina estrutura-se em dois momentos: um primeiro momento de discussões de saberes teóricos que fundamentam a educação inclusiva, e, em especial o campo das tecnologias assistivas, mais especificamente os recursos pedagógicos acessíveis. E na segunda etapa da confecção de materiais pedagógicos acessíveis, pensados para atender as necessidades especificas de estudantes com deficiências, transtornos, dificuldades motoras, etc. Serão trabalhados instrumentos de pesquisa que envolve os estudantes implicados no processo, a família e a escola, os quais nortearão todo processo de escolha, planejamento, elaboração, aplicação e validação dos recursos pedagógicos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O respeito á diversidade, efetivado no respeito ás diferenças, impulsiona ações de cidadania voltadas ao reconhecimento de sujeitos de direitos, simplesmente por serem seres humanos. Suas especificidades não devem ser elementos para construção de desigualdades, discriminação ou exclusões, mas sim, devem ser norteadoras de políticas afirmativas de respeito á diversidade, voltadas para a construção de contextos sociais inclusivos. A ideia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa filosofia que reconhece e valoriza a diversidade, como característica inerente á constituição de qualquer sociedade. Partindo desse principio e tendo como horizonte o cenário ético dos Direitos Humano, sinaliza a necessidade de se garantir o acesso e a participação de todos, a todas as oportunidades, independentemente das peculiaridades de cada individuo e/ou grupo social. Assegurar a todos a igualdade de condições para acesso e a permanência na escola, sem qualquer tipo de discriminação, é um principio que esta em nossa Constituição desde 1988, mas que ainda não se tornou realidade para milhares de crianças e jovens: meninas e adolescentes que apresentam necessidades educacionais especiais, vinculadas ou não a deficiências. O resultado dessa oficina já pode ser visto no Núcleo de Pesquisa e Extensão em Educação Especial e Inclusiva da Universidade do Estado da Bahia, Campus VIII Paulo Afonso, no qual as crianças e jovens que fazem parte do mesmo utilizam o material pedagógico adaptado que foi confeccionado de acordo com a necessidade de cada um, não só no Núcleo, mas, no dia-a-dia da escola. CONCLUSÃO Pensar na educação inclusiva significa pensar na escola como um espaço para todos, aonde todos são capazes e constroem seus conhecimentos a partir dela, dentro das suas singularidades. Neste sentido garantir práticas, espaços, recursos e um currículo inclusivo, não é tarefa fácil. Assim a Universidade enquanto instituição formadora de saberes e profissionais tem o compromisso social de colaborar diretamente nesta discussão e acima de tudo na construção coletiva de uma escola inclusiva. Este processo de construção de mudanças atitudinais perpassam pela mudança na cultura escola, o que significa também ter acesso as discussões e saberes que sustentam, ou podem dar corpo a tais transformações. Investir na formação dos profissionais da educação, se faz pertinente e necessário, para que assim possamos galgar mudanças efetivas em direção à construção de escolas inclusivas. REFERÊNCIAS BAPTISTA,Claudio E.,JESUS,Denise M. Avanços em Políticas de Inclusão:O contexto da Educação Especial no Brasil e em Outros Países- Porto Alegre:Mediação/CDV/FACITEC,2009. BIANCHETTI,Lucídio.In/Exclusão no Trabalho e na Educação:Aspectos mitológicos, históricos e conceituais-Campinas,SP:Papirus,2011. BRASIL, Ministério da Educação e Desporto. Política Nacional da Educação Especial. Brasília, 1994. BRASIL, Ministério da Justiça. Declaração de Salamanca e Linhas de Ação. Brasília, 1997. 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