Abedin Raietparvar Talouki Alexandre Nakai Saito Bruno Cesar de Souza Ícaro Marostegan Paulo André de Souza Regina Coeli Teixeira da Silva Rodrigo Meneguetti Zaiden Vinicius Alberto de Souza PRÁTICAS DE GESTÃO E RESULTADOS: PROCESSOS GERENCIAIS Campinas Outubro, 2011 1 SUMÁRIO Administração Japonesa ......................................................................................... 2 Administração Participativa .................................................................................... 6 Administração Empreendedora .............................................................................. 8 Administração Holística ......................................................................................... 9 Corporação Virtual ................................................................................................ 10 Características Comum dos Novos Modelos de Gestão .................................... 11 Referências Bibliográficas ................................................................................... 12 2 ADMINISTRAÇÃO JAPONESA Contexto Sócio Econômico Japonês A Economia Japonesa é atualmente, a 2º maior do mundo, e para entender o porquê desse sucesso depois de muitas dificuldades encontradas ao longo da história, precisamos entender alguns valores milenares que os Japoneses carregam até os dias de hoje. São três valores importantes, que toda nação deveria levar a sério, mas o Japão é um dos que seguem a risca, que são a Pátria, a Família e o Trabalho. O sentimento de Patriotismo é muito forte no Japonês, para eles, o destino deles está ligado ao da nação, um exemplo disso são os kamikazes, que na 2º Guerra Mundial, em batalhas com os Americanos, jogavam seus próprios aviões contra os aviões inimigos, tirando sua própria vida em benefício da Nação. Outro valor importante é a família, onde a Pátria só será permanente, bem sucedida, através da família. Em uma família Japonesa, todos os integrantes têm funções, um papel dentro dela, e há por parte da família e da sociedade, uma expectativa muito grande de que cada um cumpra com seu papel, aquele que não cumpre, não é visto com bons olhos. O último e terceiro valor, o trabalho, que liga os dois valores anteriores, Pátria + Família, dando base ao modelo gerencial Japonês. O pensamento deles é de que se a Família é que vai garantir o caráter da Pátria, é o trabalho que sustentará economicamente a Família. O Japão foi um dos países fortemente prejudicado com as Guerras Mundiais nas décadas de 20 a 40. No final desse período de instabilidade, na década de 50, o país começa sua reconstrução com a ajuda do plano Marshall, onde os Estados Unidos escolheram por auxiliar economicamente os países mais afetados pela Guerra, permitindo então, que estes países iniciassem programas de reconstrução nacional. A partir daí, os japoneses começaram a iniciar a produção de automóveis. No começo, eles queriam utilizar métodos de produção em massa, mas essa tentativa não deu certo devido a vários fatores, segundo (AQUINO E MATTAR,1997) os problemas encontrados seriam: a) O mercado japonês era limitado e demandava diversos modelos diferentes, sendo que cada modelo não possibilitava escala para produção em massa; 3 b) A força de trabalho nativa do Japão se organizou formando sindicatos fortes que exigiam maiores garantias de emprego, conseguindo restringir bastante os direitos das empresas de demitir empregados, o que ocorre com frequência na produção em massa; e c) A economia do Japão não dispunha de recursos para realizar os altos investimentos necessários para a implantação da produção em massa. Para resolver essas questões, eles resolveram focar em uma Gestão fortemente baseada na participação direta do funcionário, ou seja, produtividade e experiência voltada para a Tarefa. Qualidade na Administração Japonesa - Qualidade Total (Total Quality Control) sobre o processo de produção, visando satisfazer a expectativa do cliente. - Círculos de Controle de Qualidade (CQC) que são grupos informais de trabalhadores que espontaneamente passam a buscar soluções criativas para os problemas da área ou da empresa. - Método “Ringi” de Decisão, onde a decisão é consensual, obtida através do comprometimento individual com o resultado ou meta decidida pelo grupo. - Just-In-Time, onde há integração da empresa com seus fornecedores, permitindo a eliminação de estoques com o suprimento atendido no momento da utilização dos componentes na produção. - Kanban, que é um sistema de programação e controle de produção que visa “enxugar” atividades-meio que não agregam valor ao cliente (supervisão, controles administrativos e outros). A produção é auto-gerenciada através de cartões ou painéis, permitindo o encadeamento de todas as atividades do processo, auxiliando na produção. - Kaizen, que é a filosofia da melhoria contínua, que tem como objetivo sustentar e garantir a qualidade através de pequenas melhorias no processo. - Manufatura Flexível, que é um sistema de produção que permite a fabricação simultânea de vários modelos e especificações de produtos, atendendo demandas individualizadas dos nichos de mercado. 4 - Keiretsu, um sistema empresarial caracterizado pela atuação e, redes verticais e horizontais de parceria, integrando todos os fornecedores de cadeia produtiva através da subcontração industrial. A partir daí, as empresas Japonesas se tornaram um diferencial das ocidentais. As grandes empresas japonesas são organizadas de dois modos principais: As keiretsus (ou redes verticais) são um conjunto de empresas que vivem em função de uma grande empresa especializada. As pequenas empresas são fornecedoras e prestadoras de serviços da empresa central. As maiores keiretsus giram em torno da Toyota, Toshiba, Nissan, Hitachi e Matsushita. Redes horizontais ou kigyo shudan são baseadas na conexão entre grandes empresas. São consideradas herdeiras da zaibatsu. Atualmente as principais redes horizontais são: Mitsui, Mitsubishi e Sumitomo. Características da Administração Japonesa: - Administração Participativa. - Visão Sistêmica. - Supremacia do coletivo. - Busca da Qualidade Total. - Produtividade. - Flexibilidade. - Recursos Humanos. - Manutenção. - Limpeza e Organização. - Relação com Fornecedores e Distribuidores. - Eliminação de Desperdícios. A tabela a seguir demonstra um comparativo de desempenho de produtores de automóveis dos 3 maiores mercados de carros do mundo: 5 (Fonte: A Máquina que Mudou o Mundo – Womack, James P., Jones, Daniel T, & Roos, Daniel – Ed. Campus, 1992) 6 ADMINISTRAÇÃO PARTICIPATIVA Administração Participativa é um modelo filosófico ou político, que consiste na participação de todas as pessoas envolvidas no processo para tomar as decisões administrativas das organizações. Onde não só os funcionários, mas os clientes, fornecedores e outros possam ajudar ou compartilhar nas decisões que possam afetar as mesmas. Essas pessoas compartilham seus conhecimentos, visando ajudar a agregar mais na qualidade das decisões para possuir uma maior satisfação e motivação. As pessoas que fazem parte da empresa necessitam se conscientizar dos benefícios e dos seus direitos, mas, também, das responsabilidades decorrentes dela. Neste sentido, é imprescindível que a empresa, antes de implantar a gestão participativa, defina claramente os objetivos ou resultados a serem alcançados, entre os quais, a melhoria da qualidade, maior produtividade, melhoria do clima de trabalho, enriquecimento das funções e flexibilidade na utilização de recursos. Para que possa seguir tal conceito é necessário que os gestores façam parte das decisões tomadas evitando que haja conflitos entres diferentes maneiras de conduzir a empresa para o objetivo definido, pois são os principais mobilizadores das pessoas para o processo participativo. Sendo assim precisa flexibilizar a estrutura organizacional, criando normas que sejam adaptáveis ao ambiente de trabalho e as necessidades de negócio. Para que funcione a gestão participativa, os dirigentes devem delegar algumas funções para os gerentes conscientemente, para que estes possam ser envolvidos mais intensamente, possibilitando que as tomadas das atividades sejam proferidas por terceiros, no caso de um dirigente para o gerente, ou de um gerente para os seus agregados. Deve-se evitar que não deleguem as mesmas funções para os gerentes, a fim de evitar que tomem decisões de áreas que não são de responsabilidades próprias. Uma vez tomada a iniciativa de delegar as responsabilidades para os gerentes, deve-se manter fielmente esse processo, para que a relação da empresa e os empregados estejam mais próximas com as decisões e o rumo que a organização toma, a fim de evitar frustações e quebra de relação. 7 Para as estratégias de administração participativa utilizam-se quatro categorias. Uma delas é o aprimoramento da informação, participação no processo decisório, participação na direção e participação dos resultados. Para a informação, aprimoram-se os canais de comunicação empresarial junto aos clientes, seus funcionários, intermediários e stakeholders. Para o processo decisório, vai além de uma simples comunicação, significa consultar as pessoas sobre os problemas no trabalho. Nesta estratégia de processo decisório, consiste em três modalidades principais: a decisão participativa, equipes autogeridas e co-gestão. Em decisão participativa, as decisões compartilhadas são aquelas em que há compromisso de acordo, sendo o consenso o produto desta decisão. Ou seja, quando se fazem consultas para pedir opiniões, a decisão é consultiva. Em equipes autogeridas, o Empowerment e o aprimoramento da comunicação dentro de um grupo são as características básicas desta estratégia de participação. E algumas características determinam esta modalidade, bem como a autonomia para decidir, a responsabilidade pelos próprios resultados, autocontrole e a auto-organização. A co-gestão mostra como participar institucionalmente da estrutura de poder da organização ou da Empresa. Para as participações nos resultados, os funcionários podem participar do faturamento, dos incrementos nas receitas das economias ou ganhos de produtividade, dos lucros e da propriedade da empresa. (Fonte: www.gestaodoconhecimento.net) 8 ADMINISTRAÇÃO EMPREENDEDORA O modelo de Administração Empreendedora surgiu da necessidade das empresas americanas de reagir ao crescimento e sucesso da economia japonesa nos anos 70. Mas somente a partir do início dos anos 80, que efetivamente eles compreenderam que tal crescimento era por conta da revolução gerencial que os japoneses realizaram, perceberam então, que não era apenas um sucesso passageiro. Esse modelo de administração tem como características principais: - Unidades independentes de negócios: dar autonomia operacional aos departamentos da empresa. - Equipes empreendedoras: um gerente lidera um grupo de funcionários com o intuito de desenvolver novos negócios e buscar oportunidades. -“Intrapreuneur”: com base em PINCHOT III (1989), é o funcionário que age como um gerente buscando inovação e resultados. - Alianças e parcerias: parcerias com outras empresas de pensamento empreendedor a fim de desenvolver lançamentos e abertura de novos mercados. - Participação nos resultados: funcionários ganham bônus com o lucro que a empresa obteve. Já visto no modelo de Administração Participativa. - Alternativas de carreira: estímulo à carreira empreendedora. Seja individualmente, em grupo ou subunidades organizacionais, essa autonomia constitui não uma autorização para cada um fazer o que bem entendesse, mas sim para fazer o necessário à obtenção da produção com qualidade, ou seja, sem defeitos. Essa autonomia era e ainda é incompatível com as empresas que adotam modelos tayloristas-fordistas. Apesar de ser um modelo flexível de gestão que pode ser complemento à outros modelos, como participativo e holístico, exige-se que se tenha alguns cuidados na sua implantação. Tem que estar muito bem preparado para implantar esse modelo de gestão, pois ele “confunde" os conceitos de autoridade e de responsabilidade. A independência das equipes ou a ênfase sobre os resultados individuais podem destruir os valores organizacionais. 9 ADMINISTRAÇÃO HOLÍSTICA Nas últimas décadas, (res)surgiu o chamado “movimento holístico”. De origem grega, a palavra hólos = todo, vem crescentemente penetrando nas abordagens cada vez mais complexas de todos os ramos do conhecimento humano. As ciências, de forma geral, foram construídas com base em paradigmas mecanicistas, numa visão cartesiana-newtoniana do mundo; tecnologia, educação, economia tudo baseado nesta visão. E na administração, o mesmo processo ocorreu, a partir da “administração científica” de Taylor e Fayol, reduzindo o trabalho humano ao nível da visão da tarefa. CAPRA (1989) tem sido um dos grandes influenciadores da visão holística. Ele tenta explicar como o paradigma cartesiano-newtoniano afetou tanto organizações como pessoas de forma extremamente negativa. A visão holística é uma das abordagens destes novos paradigmas das ciências, inclusive da Administração. Há um movimento emergente de todo tipo de pessoas que procuram colocar em prática tal abordagem. As principais práticas da administração holística são as seguintes: a) Os objetivos do indivíduo com os organizacionais se integram b) Não há uma estrutura formal, sendo baseada em diversas células autônomas de produção (policelular). c) É desenvolvida a “visão do todo” do seu conjunto de processos e tarefas. d) Não há especialistas e nem cargos formais; funcionários são polivalentes ou multifuncionais. Quanto à sua aplicabilidade, a principal dificuldade é de natureza cultural, a mudança comportamental é radical. Por ser um modelo de vanguarda na administração, cuidados na adoção deverão ser muito mais rigorosos. 10 CORPORAÇÃO VIRTUAL As empresas estão adotando empregando novos modelos gerenciais e novas tecnologias de trabalho, este modelo organizacional é chamado de “empresa do futuro” ou corporação virtual. Esta visão é formada por três aspectos: a) A maioria dos novos modelos gerenciais é baseada na redução da estrutura formal das empresas. b) As novas tecnologias facilitam a automação de diversos processos de trabalho, reduzindo a demanda por funcionários. Também estão surgindo “produtos virtuais” como “MP3” e “e-book”. c) Aumento da parceria empresarial buscando foco no negocio da empresa e integrando a logística das organizações através de redes de valor. Este é um modelo novo de gestão empresarial e ainda não está totalmente consolidado na prática, porém já é possível descrever algumas das principais características a partir experiências já existentes e de previsões: - capacidade para entregar de forma rápida e global, uma grande variedade de produtos sob medida. - produtos com serviços incluídos. - envolvimento dos clientes e fornecedores no desenvolvimento dos produtos. - bancos de dados atualizados sobre os clientes, produtos, fornecedores, metodologia de projeto e produção, visando atender o cliente em tempo real. - sistemas de informações integradas à rede de clientes e fornecedores, levando as empresas a operarem em rede de valor "networkings". - cargos desvinculados do poder: funções gerenciais e operacionais estarão no mesmo nível. - empresas permitindo trabalho à distancia. - uso de práticas gerenciais inovadoras, como produção por demanda, equipes de trabalho, fabricação informatizada, diminuição de níveis hierárquicos, qualidade total, entre outros. 11 - acordos de cooperação com concorrentes, compartilhando investimentos em tecnologia ou em custos operacionais (compras conjuntas, infraestrutura de transporte, armazenagem e comunicação, entre outros). A transição para o modelo virtual é um processo evolutivo, baseado na interface "pessoas x tecnologia". A maioria das empresas ainda não pratica este modelo virtual e para implanta-lo precisarão realizar grande mudança na cultura e comportamento em suas organizações. CARACTERÍSTICAS COMUNS DOS NOVOS MODELOS DE GESTÃO Os novos modelos de gestão são focados para 2 aspectos. O primeiro aspecto é focar cada vez mais no atendimento ao cliente. Pois é o cliente que mantém a estrutura em pé. O segundo aspecto é a democratização organizacional. A sociedade humana está encaminhando a cada vez mais para a democratização de sistema político marcando o fim de ditadura. Apesar de lucro ser o tema central de todas as empresas comerciais, mas a estrutura hierárquica, apesar de muitas vezes ser bastante funcional, está sendo deixada para trás. Existem três fases de evolução de organização de empresas. Na primeira fase as empresas tinham uma estrutura funcional orientada para controles. Gradativamente esta estrutura passou a ter menos níveis de controle hierárquico e se tornou mais horizontalizado. A tendência atual é ter uma rede de pequenas empresas interligadas por interesses comuns. Atualmente as empresas não consideram seu modelo de gestão como um modelo definitivo. Ele é considerado como ferramenta de transição na busca de um modelo que permita sua sobrevivência e competitividade. No momento não podemos prever um modelo futuro de administração. Sabemos que todos os modelos anteriores foram resultados de mudanças ambientais, mas não conseguimos vislumbrar o cenário futuro e sua implicações sobre os modelos gerenciais "pós-virtuais". 12 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://www1.serpro.gov.br/publicacoes/gco_site/m_capitulo01.htm, acessado em 20/09/2011. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jap%C3%A3o#Economia, acessado em 20/09/2011. http://arquivos.unama.br/nead/gol/gol_adm_2mod/evol_pensamento_adm/pdf/epa_i mpresso_aula12.pdf, acessado em 24/09/2011. http://www.slideshare.net/aldocosta2003/administrao-participativa, autor: Prof. Rodrigo Rangel Zaweriusckha, acessado em 02/10/2011.