1 ESTRATÉGIAS ALIADA A GESTÃO DE CUSTOS NA OBTENÇÃO DE VANTAGEM COMPETITIVA: UM ESTUDO DE CASO NA ALPARGATAS S.A. CAMPINA GRANDE, PB Luzivalda Guedes Damascena Mestranda - Programa Multiinstitucional e Inter-Regional em Ciências Contábeis UNB/UFRN/UFPB - Vínculo Institucional: UFPB Endereço: R- Rosiberto Santos Correia-46/Eitel Santiago Santa Rita/PB CEP: 58.300-970 - Fone: 83-8808-7816 E-mail: [email protected] Janayna Rodrigues de Morais Luz Mestranda - Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós-graduação em Ciências Contábeis UnB/UFPB/UFRN - Vínculo Institucional: UFPB Endereço: R- Engenheiro Saturnino de Brito Filho, Nº 800, Apt 202 A/Residencial Montreal/Bairro Itararé, Campina Grande – PB Fone: (83) 3337 1607/ 9994 1903 E-mail: [email protected]/[email protected] Karla Roberta Castro Pinheiro Alves Mestranda - Programa Multiinstitucional e Inter-Regional de Pós-graduação em Ciências Contábeis UnB/UFPB/UFRN - Vínculo Institucional: UFPB Endereço: R- Professora Luisa de Castro, 146 – Alto Branco. Campina Grande/PB Fone: (83) 8732-4692 / 3321-6817 Email: [email protected] RESUMO A perda de relevância da contabilidade gerencial levou a gestão de custos e o processo de tomada de decisão a novos caminhos nas grandes empresas, surgindo a necessidade de aprimorar a gestão de custos com ampliação dos olhares ao conceito de estratégia para obter e sustentar uma vantagem competitiva. A Alpargatas insere-se nesse contexto tendo em vista a sua liderança no mercado calçadista com as sandálias Havaianas®, e sua busca pela internacionalização. Assim, a pesquisa possui o seguinte problema: Quais as estratégias aliada a gestão de custos utilizadas pelos gestores da Alpargatas para obtenção de vantagem competitiva? O objetivo é verificar quais as estratégias em conexão com a gestão de custos utilizadas pelos gestores da Alpargatas para alcançar vantagem competitiva. A pesquisa classifica-se como exploratória, estudo de caso e qualitativa, sendo utilizado para coleta de dados a entrevista semiestruturada. O resultado obtido, no estudo de caso, revela que as informações de custos são gerenciadas por meio de um Sistema gerencial integrado - SAP para o controle e gestão dos custos; a cadeia de valor é utilizada como um diferencial na vantagem competitiva e o que define o posicionamento estratégico são a liderança nos custos e a diferenciação do produto. Quanto aos direcionadores de custo, os mais utilizados são mãode-obra direta e hora máquina no processo produtivo. Identificou-se que a maior limitação da empresa está relacionada com o volume de vendas. Palavras-chave: Gestão de custos. Estratégias. Vantagem competitiva. 2 1. INTRODUÇÃO A perda de relevância da contabilidade gerencial descrita pelos autores Johnson e Kaplan na obra Relevance Lost em 1987, levou a gestão de custos e o processo de tomada de decisão a novos caminhos nas grandes empresas. De acordo com Borinelli et al. (2005) a referida obra foi um marco para contabilidade gerencial, pois os autores afirmavam que os sistemas tradicionais já não eram mais adequados para aquele ambiente vivido pelas organizações empresariais. Na verdade, os sistemas tradicionais de custos, eram destinados apenas à medição e controle dos custos de produtos e/ou serviços, não sendo suficientes para lidar com novas realidades econômicas e tecnológicas em desenvolvimento. O cenário tecnológico, econômico e político a partir do Relevance Lost descreve um novo contexto de gestão de custos, com ampliação dos olhares ao conceito de estratégias para obter vantagem competitiva devido ao aumento da concorrência, exigindo novas ações estratégicas que beneficiem o gestor e sua empresa em relação às novas realidades de mercado que surgiam rapidamente. O conceito de estratégia “representa o conjunto de objetivos, fins ou metas, além das políticas e planos mais importantes para alcançá-los, que devem ser estabelecidos de forma que fique definida em que classe de negócio a empresa opera, em qual vai operar e que tipo de negócio pretende ser” (BRUNI; FAMÁ, 2008, p. 308). Por sua vez, a gestão estratégica é definida como um conjunto de análises, decisões e atividades realizadas por uma organização para criar e sustentar uma vantagem competitiva (EL-DYASTY, 2007). Com o conhecimento destes conceitos, revela-se a motivação de Johnson e Kaplan para realizarem a obra Relevance Lost, no qual, para Borinelli et al. (2005) constitui-se um desabafo dos autores a respeito dos sistemas de custos na época. Após a referida obra, as empresas passaram a utilizar a gestão estratégica de custos como uma ferramenta poderosa para obtenção de vantagens competitivas e para maximizar lucros no curto prazo e no longo prazo (EL-DYASTY, 2007). Não obstante, segundo Nascimento Neto e Miranda (2003), as empresas têm dado atenção aos diversos aspectos estratégicos de custos a fim de superar a forte concorrência nos mercados locais, internacionais e, atualmente, também o mercado on line. Nesse ambiente de relações competitivas, como pressuposto de sobrevivência no mercado, El-Dyasty (2007) afirma que as empresas devem concentrar-se na qualidade para alcançar a satisfação do cliente. A agregação de valor do produto tem o seu papel destacado no ambiente de competição dado que, grandes empresas tem buscado maneiras de agregar valor aos produtos, seja por um maior controle dos custos, seja obtendo maior diferenciação, ou até unindo estas forças, isto é, investindo em marketing, expansão de mercado e gestão de recursos em geral. No entanto, o êxito pode ser alcançado com um forte investimento em todos os processos da cadeia de valor, sempre visando às forças e as estratégias competitivas dentro de um contexto global. Assim, surgem também as discussões sobre a Gestão Estratégica de Custos (GEC). A GEC é entendida de maneira mais abrangente que a contabilidade gerencial, extrapolando seu campo de atuação ao vislumbrar toda a cadeia de valor do produto (SHANK; GOVINDARAJAN, 1997). O estudo da vantagem competitiva abrange diversos conceitos e definições que completam o entendimento dessa temática, porém o enfoque dado nesta pesquisa delimita-se à estratégias de uma indústria em conexão com a gestão de custos compreendidas nos pilares conceituais da GEC descrita por Shank e Govindarajan (1997). Esses pilares são formados 3 pela cadeia de valor, posicionamento estratégico e pelos direcionadores de custos, por entender que esta é a base para a realização das estratégias de uma entidade. Isto é, entende-se, conforme referencial teórico, que para uma indústria alcançar resultados positivos perante seus concorrentes é necessário analisar, controlar e executar as tarefas relacionadas as estratégias de custos com o propósito de que os resultados otimizados internamente atinjam o ambiente externo de forma mais eficaz. A Alpargatas S.A., daqui por diante chamada apenas de Alpargatas, insere-se nesse contexto tendo em vista a sua liderança no mercado calçadista com o seu principal produto, as sandálias Havaianas®, e sua busca pela internacionalização com o objetivo de tornar-se uma empresa globalizada. Emerge, portanto, o seguinte questionamento: Quais as estratégias aliada a gestão de custos utilizadas pelos gestores da Alpargatas para obtenção de vantagem competitiva? Assim, o objetivo geral é verificar quais as estratégias em conexão com a gestão de custos utilizadas pelos gestores da Alpargatas para alcançar vantagem competitiva. Objetivase especificamente: conhecer as informações estratégicas na gestão de custos que auxiliam na vantagem competitiva; descrever o posicionamento estratégico e a cadeia de valor; e apresentar os direcionadores de custos do processo produtivo. Acredita-se que conhecer como uma empresa de grande porte e líder no mercado toma decisões, como é o caso da Alpargatas, aguça novas pesquisas para melhor compreensão sobre este assunto, contribuindo com a ciência por meio de discussões sobre o tema com relação as práticas adotadas pelos gestores. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Gestão Estratégica de Custos A GEC pode ser utilizada como importante instrumento de gestão na condução dos negócios. Segundo Hansen e Mowen (2003) o objetivo da Gestão Estratégica de Custos é reduzir custos enquanto, simultaneamente, fortalece a posição estratégica escolhida. Os autores ressaltam ainda, que uma vantagem competitiva está amarrada aos custos. Logo, não é viável uma empresa buscar vantagem competitiva sem tratar dos custos que ela incorre. Shank e Govindarajan (1997, p.4), entendem que a Gestão Estratégica de Custos é “uma análise de custos vista sob um contexto mais amplo, em que os elementos estratégicos tornam-se mais conscientes, explícitos e formais. Aqui, os dados de custos são usados para desenvolver estratégias superiores a fim de se obter uma vantagem competitiva”. Corroborando com a mesma idéia, Martins (2003, p. 300) consegue de forma mais abrangente conceituá-la como sendo: [...] análises que vão além dos limites da empresa para se conhecer toda a cadeia de valor: desde a origem dos recursos materiais, humanos, financeiros e tecnológicos que utiliza, até o consumidor final. Passa a não ser apenas importante conhecer os custos da sua empresa, mas os dos fornecedores e os dos clientes que sejam ainda intermediários, a fim de procurar, ao longo de toda a cadeia de valor (até chegar ao consumidor final), onde estão as chances de redução de custos e de aumento de competitividade. Shank e Govindarajan (1997), afirmam que a Gestão Estratégica de Custos faz uma clara associação entre as informações de custos e baseia-se em três pilares conceituais: análise da cadeia de valor; análise de posicionamento estratégico; análise de direcionadores de custos. Dessa maneira, pode-se afirmar que esses pilares permitem a implantação de medidas corretivas que visem um melhor desempenho da empresa, com base na possível redefinição 4 de prioridades essenciais como contratação de mão-de-obra, aumento de produtividade, redução de desperdício dentre outras medidas emanadas pela administração. 2.2 Vantagem Competitiva “A vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pela empresa” (PORTER, 1989, p. 2). Nesse sentido, a utilização dos custos dentro de um contexto estratégico, traz para entidade a premissa de uma vantagem competitiva sustentável. Para Porter (1989, p. 9) a vantagem competitiva sustentável é “a base fundamental do desempenho acima da média a longo prazo” de uma indústria. Esta vantagem se inicia na definição de gestão estratégica que, por sua vez, é definida como um conjunto de análises, decisões e atividades realizadas por uma organização (EL-DYASTY, 2007). Portanto, essas análises e decisões que compõem as atividades de uma empresa sustentam a definição de vantagem competitiva, pois Porter (1989) afirma ainda que em qualquer indústria, seja ela nacional ou internacional e produza um produto ou um serviço, as regras da concorrência estão reunidas em cinco forças competitivas: a entrada de novos concorrentes, a ameaça de substitutos, o poder de negociação dos compradores, o poder de negociação dos fornecedores e a rivalidade entre os concorrentes existentes, conforme evidencia figura 1. Essas forças determinam a rentabilidade da indústria porque influenciam os preços, os custos e o investimento necessário das empresas em uma indústria (PORTER, 1989). O autor não trata essas forças competitivas como uma cadeia de valor, mas observa-se que toda essa estrutura agrega valor a indústria quando administrada de forma correta, contribuindo de forma sistemática com a vantagem competitiva que se deseja obter, analisando todos os elos como os fornecedores e compradores; e analisando pró-ativamente o espaço de mercado em que a empresa está inserida, frente às ameaças inerentes ao ambiente competitivo. Figura 1 - As cinco forças competitivas que determinam a rentabilidade da indústria Fonte: Adaptado de Porter (1989) Ainda segundo Porter (1989), existem dois tipos básicos de vantagem competitiva que uma empresa pode possuir: baixo custo ou diferenciação. Essas tipologias combinadas com o escopo de atividades levam a três estratégias genéricas para alcançar o desempenho acima da média de uma indústria: liderança de custo, diferenciação e enfoque, no custo e/ou na diferenciação (PORTER, 1989), conforme evidencia a figura 2. 5 Figura 2 - Três estratégias genéricas Fonte: Adaptado de Porter (1989) As empresas que adotam as estratégias de menor custo são altamente produtivas e, normalmente, possuem boas relações e acesso favorável às matérias-primas, além de deter uma vasta linha de produtos e atender aos diversos clientes (PORTER, 2004). A entidade deve descobrir e explorar todas as fontes de vantagem de custo. Elas podem incluir a busca de economias de escala, tecnologia patenteada, acesso preferencial a matérias-primas etc. (PORTER, 1989). Um ponto importante das estratégias de menor custo é que, embora a redução de custos seja o tema central de toda a estratégia, qualidade e assistência não podem ser ignoradas (PORTER, 2004). Já as estratégias de diferenciação buscam transformar o produto ou serviço oferecido pela empresa, como algo que seja considerado único no âmbito escolhido (amplo ou limitado) e os métodos utilizados para esta diferenciação podem ser, entre outras, o projeto ou imagem da marca, a tecnologia, as peculiaridades, os serviços sob encomenda e a rede de fornecedores (PORTER, 2004). E ainda, a diferenciação do produto pode residir na sua durabilidade, conforto, atendimento, ampla rede de lojas ou pontos de atendimento e, atualmente, outro destaque tem sido a imagem repassada pela empresa no que se refere à sustentabilidade ambiental. Por sua vez, através da estratégia de enfoque, a empresa procura obter uma vantagem competitiva num segmento ou num grupo de segmentos de mercado e pode ser dividido em enfoque no custo (quando a organização procura uma vantagem de custo no seu segmento alvo) e em enfoque na diferenciação (quando a organização procura a diferenciação no seu segmento alvo) (PORTER, 1989). Mas, em última análise, os compradores precisam estar dispostos a pagar o preço por um produto acima de seu custo de produção, ou a empresa não sobreviverá a longo prazo. 2.3 Competitividade aliada a custos A análise do posicionamento estratégico, importante conceito da Gestão Estratégica de Custos e também importante para obtenção de vantagem competitiva, é decorrente da identificação das oportunidades ambientais, dos recursos existentes, da definição de metas e de um conjunto de planos de ação para realizá-los (SHANK e GOVINDARAJAN, 1997). Um questionamento deve ser feito no estudo sobre vantagem competitiva aliada aos custos: qual o fator que define o posicionamento estratégico, custos ou diferenciação do produto? A resposta dessa pergunta é importante para que os agentes econômicos consigam identificar claramente qual o objetivo que deve ser perseguido por todos os agentes para ganhar competitividade (PORTER, 2004). É relevante enfatizar que, segundo Shank e Govindarajan (1997), as implicações do posicionamento estratégico para a contabilidade gerencial não são bem exploradas, uma vez que a diferenciação e a liderança de custos envolvem diferentes posturas administrativas e também diferentes perspectivas de análise de custos. As estratégias competitivas genéricas (descritas na figura 2) são evidenciadas nesse contexto da competitividade aliada aos custos, pois caso os agentes se posicionem pela 6 liderança nos custos, terão de desenvolver formas de avaliar, acompanhar e gerir a evolução dos custos dos produtos ao longo da cadeia, perseguindo reduções contínuas. Por outro lado, se posicionarem pela diferenciação do produto, terão de incrementar formas diferenciadas do produto, criando algo que seja único no âmbito de toda a indústria e que sejam percebidas pelo cliente, agregando valor ao produto (SILVA, 1999; PORTER, 2004). Outro importante ponto a ser discutido, refere-se à análise da cadeia de valor, pois propicia a compreensão das oportunidades e a redução dos custos que permite a identificação e a prática de vantagens competitivas. Consiste ainda, em analisar o conjunto de atividades que agregam valor ao produto desde as fontes de matérias-primas (fornecedor) até que o produto seja entregue ao consumidor final eliminando, assim, os desperdícios. (SHANK e GOVINDARAJAN, 1997; MARTINS, 2003; PORTER, 2004; NAKAGAWA 2007) Segundo Carr (2000), o mapeamento da cadeia valor pode ser informal, quando se baseia principalmente na experiência do gestor, ou formal e detalhada quando se baseia em estudos extensivos de todos os componentes do setor. Para este mapeamento o gestor deve identificar: o fluxo de produção desde a aquisição e logística de entrada até as vendas ao consumidor; a participação dos custos e ativos em cada etapa do processo, bem como as respectivas vendas; e os respectivos elos de ligação. Completando o terceiro pilar conceitual a ser discutido tem-se, de forma mais sucinta, no quadro 1, a apresentação de conceitos e definições dos direcionadores de custos de acordo com alguns autores: Shank e Govindarajan (1997) Nakagawa (2007) Martins (2003, p. 96) Garrison, Noreen Brewer (2007) Hansen e Mowen (2003) e Na contabilidade gerencial o custo é uma função e o único direcionador de custos é o volume de produção. No gerenciamento estratégico de custos, o volume de produção é visto como captando muito pouco da riqueza do comportamento de custos. São cinco escolhas estratégicas da empresa que direcionem sua posição de custos: escala (investimento, pesquisa, desenvolvimento e marketing), escopo (grau de integração vertical), experiência, tecnologia (usadas em cada fase da cadeia de valor) e complexidade (amplitude da linha de produtos ou serviços). “a análise dos direcionadores de custos é feita para descobrir a relação de causa e efeito dos custos em diversas atividades, ou seja, “é o fator que determina o custo de uma atividade” “Como as atividades exigem recursos para serem realizadas, deduz-se que o direcionador é a verdadeira causa dos seus custos” a base de atividade é, às vezes, indicada como um direcionador de custos, por exemplo, a mão-de-obra, as horas-máquina, as unidades produzidas e as unidades vendidas etc. Apresentam os direcionadores: organizacionais e os de execução. Os organizacionais estão relacionados aos recursos existentes e às alternativas possíveis de aplicá-los, tais como a escala de produção, tamanho do investimento, escopo ou grau de integração vertical, experiência, tecnologia e complexidade. Já os direcionadores de execução constituem todos os fatores associados à execução do projeto, tais como: participação da força de trabalho, gestão de qualidade total, utilização da capacidade produtiva, eficiência do layout, configuração do produto e exploração da ligação com fornecedores para a cadeia de valor, os quais visam analisar a realização do custo e a capacidade de executar bem. Quadro 1: Conceitos e definições de direcionadores de custos Fonte: Adaptado pelas autoras Verifica-se que com os conceitos e definições apresentados no quadro 1, na contabilidade gerencial, as empresas utilizam como direcionadores de custos o volume de produção e na visão estratégica de custos, esse posicionamento dos direcionadores pode ser apresentado de duas formas: organizacionais e de execução. 7 3. METODOLOGIA A pesquisa é do tipo exploratória tendo em vista o “pouco conhecimento sobre a temática a ser abordada” (BEUREN, 2006, p.80), por haver escassez de estudos sobre vantagem competitiva com enfoque em custos. Como procedimento técnico, utilizou-se o estudo de caso que, segundo Yin (2001), é o estudo aprofundado de um fenômeno social, à medida que ele se desenvolve. Nesse sentido, a empresa estudada é a Alpargatas, localizada em Campina Grande, no Estado da Paraíba, sendo escolhida pela conveniência e acessibilidade aos dados que dispunha os pesquisadores. Foi autorizada apenas a coleta de dados qualitativa, não abarcando os dados (numéricos) de custos propriamente ditos, restringindo-se a mesma à abordagem qualitativa. Para tanto, utilizou-se como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada, com questionamentos apoiados em teorias, conforme referencial teórico abordado, pois de acordo com Yin (2001, p. 54) “a utilização da teoria, ao realizar estudos de caso, não apenas representa uma ajuda imensa na definição do projeto de pesquisa e na coleta de dados adequados, como também torna-se o veículo principal para a generalização dos resultados do estudo de caso”. Para Beuren (2006) a entrevista é bastante utilizada em pesquisas qualitativas por ser um dos principais instrumentos que o pesquisador dispõe. O roteiro da entrevista foi discutido e avaliado por nove alunos de mestrado do Programa Multiinstitucional UnB/UFPB/UFRN, a fim de verificar possíveis vieses na estrutura e nos questionamentos. Isto é, com intuito de aprimorar o instrumento utilizado, tanto em relação ao conteúdo abordado quanto aos procedimentos a serem seguidos. Debateuse durante seminários e discussões com a equipe de alunos de mestrado os pontos abordados na entrevista a fim de minimizar problemas inesperados durante a coleta de dados, caracterizando dessa forma os passos descritos por Yin (2001) para realização de um estudo de caso. A entrevista obedeceu uma estrutura pré-formulada e separada em seis partes para melhor entendimento e a análise dos resultados, sendo estas partes distribuídas da seguinte forma, nessa ordem: Caracterização da empresa e do respondente; Aspectos de custos; Cadeia de Valor; Posicionamento estratégico; Direcionadores de custos; e Fluxo de informações que alimentam a tomada de decisões estratégicas. A entrevista foi realizada com três responsáveis de áreas distintas, área de custos, tomada de decisões e compras de materiais, respectivamente, sendo um Analista Sênior de engenharia indústrial, um Supervisor Administrativo e um Analista sênior de estoque que aceitaram contribuir com a pesquisa desde que as informações fornecidas fossem basicamente do tipo qualitativas, tendo em vista o caráter sigiloso das informações (numéricas) de custos que a empresa se reserva. Salienta-se que as informações obtidas são, em alguns momentos, complementares, devido a diversidade das funções dos entrevistados, pois alguns deles detém maior conhecimento em uma área da indústria do que em outra. Os resultados expressam, conforme Yin (2001), as evidências encontradas de forma neutra, tanto com informações que sustentam a abordagem dada no referencial teórico, quanto informações que podem vir a ser contestadas por críticos, por ser esta uma das características do estudo de caso. 4. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA A empresa estudada é uma das Unidades da São Paulo Alpargatas S.A., localizada na cidade de Campina Grande, Estado da Paraíba. Tal Unidade, também chamada de Fábrica 22, segundo os respondentes da pesquisa, é considerada a maior fábrica da São Paulo Alpargatas S.A., e é a única que produz as legítimas sandálias Havaianas®. Essa fábrica foi inaugurada em 1985 e conquistou uma trajetória empresarial baseada na produção em grande escala e hoje atende a demanda não só regional, mas também mundial. Atualmente, emprega cerca de 8 5.496 mil colaboradores diretos na região e tem uma produção diária de aproximadamente 625.000 pares de sandálias (de borracha) e exporta para 80 países. Conforme Relatório Anual de 2008 a meta da empresa é através da estratégia de crescimento se consolidar no mercado brasileiro e buscar a internacionalização com o objetivo de tornar-se uma empresa globalizada, pois a empresa já atua na Argentina, Estados Unidos, Europa e atualmente tem buscado mercado Japonês. No Setor de Têxteis1 em 2008, por vendas, a Alpargatas ocupa a 1ª Posição, segundo a Revista Maiores & Melhores de 2009, sendo líder no mercado de sandálias de borracha. 4.1 Características da produção Para melhor entendimento e análise dos resultados, faz-se necessário obter-se um breve conhecimento do processo produtivo da fábrica 22 de Campina-Grande – PB que compõe-se das seguintes etapas: • Cilos de resíduos: preparo de resíduos; • Autoclavas: esquenta o material para depois triturar; • Moinho e peneira: tritura da matéria-prima (borracha) para virar pó; • Mistura semi-final: mistura do pó mais outros materiais, tais como pigmento, caulim, carbonato, esponjante dentre outros; • Casa da borracha: descanso das mantas por 24 horas; • Moinho: preparação final para ir para prensa; • Prensa: setor de vulcanização; • Setor de Estabilização: para o processo de condensação das mantas. • Acabamento: silk (serigrafia), colar a bandeirinha, controle de qualidade, corte; • Injetora: fabrica as furquilhas (as correias da sandália); • Embalagem: Individual e coletiva onde vai para a esteira elétrica; • Centro de distribuição: utilização de esteira elétrica para facilitar a estocagem e distribuição. A seguir, o quadro 2 evidencia as informações das quantidades de materiais necessários para a produção de 1.000 pares de sandálias: Descrição Borracha Óleo plastificante Caulim Carbonato Produtos Auxiliares Acelerador Pigmentos Esponjante Embalagem individual PVC Cabide Cartucho individual Caixa Coletiva Quantidades para produção de 1.000 pares 101,82 kg 31,21 litros 33,27 kg 21,04 Kg 12,27Kg 9,56Kg 39,75Kg 13,59Kg 1 und 15,20 kg 1.000 unidades 1.000 unidades 84 unidades Quadro 2: Descrição dos Materiais para produção de 1000 pares Fonte: estudo de caso 2009 1 O Setor de Têxteis é uma classificação da Revista Maiores & Melhores. Neste setor estão dispostas 28 empresas com características de produção diversas, como calçados e vestuários. 9 Verifica-se pelos dados apresentados, em Kg, a participação da borracha como o componente de quantidade relevante em relação aos demais materiais. Destaca-se ainda, que o Caulim, importante componente na produção, é a matéria-prima obtida na cidade de Equador - PB, e o esponjante é o elemento que dá a flexibilidade da sandália. A participação dos materiais mais utilizados na produção para fabricação de 1000 pares das sandálias é assim distribuída: borracha 101,82 kg, pigmentos 39,75Kg e o Caulim 33,27 kg. Apesar da quantidade do esponjante utilizada na produção de 1.000 pares ser inferior aos produtos citados, esse componente é considerado o mais caro dos materiais e sua origem é da Coréia. 5. RESULTADOS 5.1 Caracterização dos Respondentes O quadro 3 apresenta as características dos respondentes, no que se refere a titulação acadêmica, função e tempo de atuação no mercado e na empresa. Ressalta-se que todos os respondentes iniciaram sua carreira no mercado de trabalho dentro da empresa estudada. Respondente Formação profissional e função Tempo de atuação na empresa A Graduado em matemática, especialização em engenharia de produção e MBA em gestão de projetos. Função: Analista da engenharia indústrial sênior e ocupa o terceiro nível hierárquico da gerencia da produção. 18 anos B Graduado em Administração Função: Supervisor administrativo e ocupa terceiro nível de fábrica. 23 anos C Graduação: Administração (Em Andamento) Função: Responsável pelas compras de Materiais. 18 anos Quadro 3: Formação profissional e função dos respondentes Fonte: Estudo de caso 2009 O respondente A é o responsável pelos cálculos dos pré-custos, consumos de materiais, projetos de produtos. O entrevistado B é responsável por controle de despesas gerais, custos indústriais, análise contábil e elaboração de inventário. O respondente C é responsável pela aquisição das compras de todos os materiais utilizadas na produção. As informações geradas pelas atividades dos entrevistados são executadas com a utilização de um sistema integrado de gerenciamento, conhecido na empresa como SAP. O SAP é definido pelos respondentes como um sistema de gerenciamento dos dados de custos, que tem como objetivo a integração das informações da companhia. Este sistema é utilizado para planejar, executar e ter um melhor gerenciamento das atividades dentro da produção, como o controle dos custos por cada unidade fabril, onde a fábrica apura seus custos e a controladoria (sediada em São Paulo) tem os dados sempre atualizados. É válido salientar, que a empresa estudada chama-o de sistema SAP, no entanto, o nome do programa é, na verdade, R3. Este, por sua vez, sofreu adaptações e adições realizados pela Alpargatas, para melhor se adequar a realidade da empresa. Portanto, o sistema é exclusivo e único, conforme afirmação do respondente A. 5.2 Aspectos de Custos O quadro 4 mostra as respostas dos respondentes quando indagados sobre a finalidade da contabilidade de custos na empresa, por prioridade. 10 Respondente Finalidade da contabilidade de custos A Controle orçamentário (utilização do custo padrão), preparação das demonstrações contábeis e cálculo de custos; B C Gerenciamento dos custos, definição do mix do produto e análise e desempenho da produção; Controlar e mensurar os custos. Quadro 4: Finalidade da Contabilidade de custos na opinião dos respondentes Fonte: Estudo de caso 2009 Conforme o respondente A, na empresa não existe um método de custeio específico. Parte do processo produtivo adota custeio por absorção (setor de produção e customização) e parte o custeio por atividade (setor de acabamento). Os responsáveis pelo controle dos custos da fábrica 22 são os setores da engenharia indústrial e de custos que após apuração dos mesmos envia os dados para controladoria, onde esse departamento recebe todas as informações das unidades fabris, para a apuração e mensuração dos custos da companhia. Essas informações de custos são mais solicitadas pelos seguintes departamentos, em ordem de classificação do tipo 1º, 2º, etc.: desenvolvimento de produto, marketing, controladoria, laboratório e produção. 5.3 Cadeia de Valor A cadeia de valor da Alpargatas, conforme figura 3, foi adaptada com base na cadeia de valor do setor petrolífero apresentada por Hansen e Mowen (2003 p. 426) a fim de exprimir ou representá-la conforme informações dos respondentes. Fornecedores de Matéria- Prima Produção Distribuição de pontos de vendas Consumidor final Descarte do produto Figura 3: Cadeia de Valor Fonte: Estudo de caso 2009 A empresa mantém bom relacionamento com seus fornecedores, garantindo a pontualidade e a barganha dos preços. De acordo com a cadeia de valor apresentada pelo respondente C, os fornecedores são de origem nacional (RS, SP, BA, PE representando 65% 11 dos materiais utilizados na produção) e parte de origem do exterior e a necessidade de vendas é quem define o volume de produção. Quanto à distribuição dos produtos acabados, só há vendas por atacado não tendo como objetivo a distribuição de vendas a varejo. Nesse sentido, a evolução de entrega anual (em milhões de pares) nos últimos cinco anos foi de 21,8%, sendo que, em 2009 houve uma queda em relação a 2008 de 187,9 milhões de pares para 182,3 milhões de pares. Com isso ocasionou uma redução do quadro funcional de 6.558 (2008) para 5.496 (2009). A causa principal dessa redução foi atribuída pela crise mundial de 2008, provocando medidas de contenção de custos, devido à queda nas vendas de produtos da fábrica - 22. No processo produtivo das Alpargatas, os resíduos (descarte de produto) recebem o seguinte tratamento: há o reaproveitamento dos resíduos para a própria produção, e o que não é reaproveitável é queimado em uma fábrica de cimento. Este serviço de queima é pago pela Alpargatas. Assim, a estrutura da cadeia de valor é utilizada para garantir e controlar o processo que é baseado no volume (625.000 mil pares diários). 5.4 Posicionamento estratégico Além de sua distribuição de produtos serem efetuados diretamente a atacadistas, e também atender a encomendas especiais de empresas que procuram itens personalizados, a Alpargatas, segundo respondentes, possui como proposta futura a abertura de franquias. Quanto às capacidades individuais identificadas pela empresa, existem incentivos para estudos dos funcionários e antes de ocorrer processos de seleção externa é realizada seleção interna (prioridade no processo seletivo). Segundo os respondentes, a empresa possui apenas um grande concorrente, entretanto a maior preocupação não é com a concorrência e sim com o volume de produção (gestão de processos, custos e recursos). Assim, os critérios competitivos mais significativos para a empresa são qualidade, redução de custos, produtividade e flexibilidade na produção. As informações de custos fundamentais que auxiliam na vantagem competitiva são: apuração correta dos custos, análise das variações dos elementos de custos para medidas corretivas. Essas informações são quanto ao consumo de insumos (representam 72% do custo do produto), mão de obra direta (representam 8% do custo do produto) e gastos gerais de fabricação (20% do custo do produto). Os fatores que definem o posicionamento estratégico, de acordo com os entrevistados, são liderança nos custos e diferenciação no produto, uma vez que, a Alpargatas possui fontes de vantagens de custos por meio de economia de escala, tecnologia patenteada e tecnologia de terceiros (facção, ou seja, parte da produção feita em uma unidade fabril terceirizada). Por ex: não é vantagem a empresa manter um setor de customização dentro do setor fabril, então esse processo é feito em uma facção). É importante enfatizar que o baixo custo do produto é atribuído pelo volume de produção e ao mesmo tempo é o fator limitador da implantação do Just-in-time. 5.5 Os direcionadores de custos Outro item indagado aos respondentes referia-se aos direcionadores de custos utilizados na produção. Verificou-se que tais direcionadores não possuíam uma combinação, sendo apenas utilizados para identificar o custo que prevalece em cada parte do processo produtivo. O quadro 5 evidencia as atividades e os direcionadores de custos da Alpargatas, conforme respondentes: 12 Processo produtivo Cilos de resíduos Moinho e Peneira Moinho Prensa Setor de Estabilização Injetora Acabamento Atividades Preparação de resíduos Preparação de mistura primária Preparação de mistura Final Vulcanizar a borracha Estabilizar solados Enjetar as furquilhas Cortar, furar, montar o solado, embalagem individual e coletiva Aplicar estampa (SILK) Colar bandeirinha Direcionadores de custos Mão-de-obra direta Mão-de-obra direta e hora-máquina Mão-de-obra direta e hora-máquina Mão-de-obra direta e hora-máquina Mão-de-obra direta e hora-máquina Mão-de-obra direta e hora-máquina Mão-de-obra direta e hora-máquina Mão-de-obra direta Mão-de-obra direta e hora-máquina Quadro 5: Direcionadores de custos Fonte: Estudo de Caso 2009 Dos processos produtivos apenas a preparação de resíduos e acabamento utilizam somente a mão de obra como direcionadores de custos. Os restantes apresentam nos seus processos produtivos e sua respectiva atividade mão-de-obra direta e hora-máquina. Atribuem os direcionadores de custos somente mão-de-obra direta para preparação de resíduos e acabamento (serigrafia) devido ao elevado números de horas utilizadas nestas atividades. O quadro 6 descreve a hora mão-de-obra nos principais processos para a produção de 1000 pares da sandália slin (modelo de sandália com uma correia mais fina): Descrição - sandália slin - branca Processo semi-final Peneirar resíduo Processar final de sola Prensar cartucho Estabilizar cartucho Injetar forquilha Preparar Dry Bland Cortar/escarear/montar Horas de MOD para produção de 1.000 pares 1,58 hs 1,00 h 2,43 h 3,70 h 1,00 h 1,00 h 0,20 h 13 h Quadro 6: Descrição de horas de MOD/ produção 1000 pares Fonte: Estudo de caso 2009 O setor de acabamento onde as atividades são cortar, escorear e montar levam 13 horas para a produção de 1000 pares, sandália slin. Os demais processos mantêm um valor de horas/MOD bem menor do que o acabamento. Quanto o processo de preparar o Dry Bland, significa preparar o PVC para enviar para a injetora e definir a cor da forquilha de acordo com a programação, tem menor valor de hora de MOD (0,20 h). 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS É notório que a busca por uma vantagem competitiva venha atrelada a diversos itens de diferenciação e enfoques no intuito de uma empresa se manter numa posição de satisfação interna e externa, dado a extrema concorrência em alguns setores. No entanto, a indústria estudada, segundo os entrevistados, não possui grandes concorrentes, mas nem por isso há uma despreocupação frente ao mercado concorrente. Assim, a Alpargatas faz uso de estratégias com base em sua gestão de custos para obter vantagem competitiva frente a sua única grande concorrente e diante de um público diverso, exigente e fiel a marca Havaianas®. Essas estratégias foram de forma objetiva discutidas nos resultados, ainda que qualitativamente devido a limitação da pesquisa. 13 Considera-se que todos os entrevistados possuíam propriedade nas respostas, haja vista o tempo e a experiência vivida na Alpargatas, não sendo inferior a 18 anos. No entanto conforme Yin (2001), as respostas não sofreram intervenção dos autores sendo apresentadas de forma neutra, contendo respostas que sustentam a abordagem dada no referencial teórico, e respostas que podem vir a ser contestadas por críticos, por ser esta uma das características do estudo de caso. Constatou-se que os critérios competitivos mais significativos para a empresa são qualidade, redução de custos, produtividade e flexibilidade na produção e que a estratégia em conexão com a gestão de custos inicia-se fundamentalmente na apuração correta dos custos e análise das variações dos elementos de custos para medidas corretivas. Foi possível identificar que a cadeia de valor é empregada como um diferencial na vantagem competitiva, pois auxilia no processo da logística, fazendo com que a empresa consiga, principalmente por meio de seu elo com seus fornecedores, obter sempre que necessário suas matérias-primas no prazo estipulado, com uma margem de tempo necessária devido as condições portuárias, dado que muitos dos materiais serem importados. Nesse sentido, a empresa controla seu estoque de forma que a produção não pare caso haja algum imprevisto com suas matérias-primas. As demais relações dentro da cadeia de valor são resolvidas e trabalhadas dentro das metas da empresa até o descarte final dos insumos, com o reaproveitamento e queima, por questões ambientais. Os fatores que definem o posicionamento estratégico são liderança nos custos e diferenciação no produto, uma vez que, a Alpargatas possui fontes de vantagens de custos por meio de economia de escala, tecnologia patenteada e tecnologia de terceiros Verificou-se que todas as informações relacionadas a custos são gerenciadas por meio do SAP que, de acordo com os intrevistados, este sistema é utilizado para o controle e gestão dos custos, a fim de melhorar os resultados da empresa por meio da apuração correta dos dados, análise das variações e medidas corretivas em tempo real. Os direcionadores de custos mais utilizados são a mão-de-obra direta e a hora máquina nas etapas do processo produtivo e o direcionador menos utilizado foi mão-de-obra direta no setor de resíduos e acabamento. Quanto aos direcionadores verifica-se ainda a prática da contabilidade gerencial em detrimento da gestão estratégica de custos uma vez que o volume de produção é o direcionador de custo utilizado, permanecendo assim a visão e ações tradicionais. Finalmente observou-se que a empresa pesquisada apresentou outros instrumentos que estão sendo implantados para buscar uma melhoria da Gestão Estratégica de Custos, como por exemplo, a utilização do custo meta e do sistema de custeio ABC atrelado ao JIT e o TQC (Controle de qualidade total). A maior limitação da empresa está relacionada com o volume de produção, onde os entrevistados enfatizam que esse é o maior desafio da indústria, ou seja, administrar os recursos materiais e imateriais, maximizando resultado tanto operacional quanto o financeiro e de vendas. Sugere-se que novas pesquisas ampliem o número de respondentes, fazendo uma abordagem quantitativa dos dados no que diz respeito à análise dos pilares da gestão estratégica de custos: cadeia de valor, direcionadores de custos e vantagem competitiva, confrontado a teoria com a prática. REFERÊNCIAS BEUREN, Ilse Maria – Organizadora. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 2006. 14 BORINELLI, et al. Relevance Lost: Uma Releitura. In: Anais do 5º Congresso USP de Controladoria. São Paulo, 2005. CD-ROM. BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de Custos e Formação de Preços: com aplicações na calculadora HP 12c e Excel. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2008. CARR, Lawrence. Value-Chain Analysis and Management for Competitive Advantage. In Guide to Cost Management, edited by Barry J. Brinker. – Jonh Wiley and Sons, 2000. EL-DYASTY, Mohamed M. A Framework to Accomplish Strategic Cost Management. Mansoura University. 2007. 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