Princípios do Treinamento Corporal São os conceitos ou abordagens que formam a base das idéias desta área do conhecimento, essenciais para se atingir resultados satisfatórios dentro de um trabalho. São baseados nas várias ciências que lhes dão sustentação teórica (fisiologia, psicologia e pedagogia etc); e são estas “regras” que sistematicamente norteiam o desenvolvimento do treinamento, tentando manter em foco, de forma eficiente, o objetivo proposto. Os princípios do treinamento são parte de um conceito “total” e não devem ser enxergados como elementos isolados. Princípio da individualidade biológica “Chama-se individualidade biológica o fenômeno que explica a variabilidade entre elementos da mesma espécie, o que faz com que se reconheça que não existem pessoas iguais entre si”. (Tubino – 2003) “O indivíduo deverá ser sempre considerado como a junção do genótipo e do fenótipo, dando origem ao somatório das especificidades que o caracterizam”. Genótipo + Fenótipo = indivíduo (Dantas 1995) De alguma forma a idéia da influência do ambiente está implícita no conceito de fenótipo, mas é importante ressaltar que a individualidade não é só biológica: ela é social (econômica, cultural, geográfica, política), psicológica (motivação, prazer, capacidade mental, percepção do esforço), de maturidade motora dentre outros (Cruz 2009). PRINCÍPIO DA ADAPTAÇÃO Segundo Hegedus (1969) os diferentes estímulos produzem diversos desgastes que são repostos após o término do trabalho, e nisso podemos reconhecer a primeira reação de adaptação, pois o organismo é capaz de restituir sozinho as energias perdidas (Tubino e Moreira 2003). Se diz da capacidade de nosso organismos de responder (SE ADAPTAR), de forma positiva ou não a um determinado estímulo (Cruz 2005). Conceitos importantes ligados a este princípio Homeostase = estado de equilíbrio mantido entre os sistemas constitutivos do organismo vivo, e o existente entre este e o meio ambiente. (Dantas 1995) SAG (Síndrome de adaptação geral) = quando o organismo é estimulado disparam mecanismos de compensação para responder a um aumento das necessidades fisiológicas ou seja (Segundo Selye 1956) é a reação do organismo ao estímulos que provocam adaptações ou danos ao mesmo. Stress: todo tipo de estímulo atuante sobre o organismo pode se tornar um fator estressante. TIPOS DE AGENTES ESTRESSANTES Stress físico = É provocado por qualquer agente de natureza física, como a temperatura, a umidade, o vento, os choques ou o esforço físico. Stress mental = são todos aqueles que têm origem na mente, provocados por fatores como ansiedade ou as preocupações. Stress bioquímico farmacológica. = são causado por qualquer agente de natureza Níveis de estímulo Estímulos débeis – não provocam adaptação. Estímulos médios – apenas excitam. Estímulos de médio para forte – provocam adaptações. Estímulos muito fortes – causam danos. (a aplicação de estímulos neste nível de intensidade por muitos microciclos pode levar ao Strain ou over-training) Fases da SAG (SINDROME DA ADAPTAÇÃO GERAL) Fase de alarme = o organismo se coloca em um estado de alerta. Fase da resistência = fase na qual o organismo consegue se adaptar ao estímulo aplicado. Fase de exaustão = o organismo começa a entrar em fadiga não conseguindo responder mais aos estímulos podendo chegar a falência total. Aplicação de cargas excessivas de treinamento “por tempo muito prolongado podem provocar o over training (strain ou sobre treinamento). Agentes stressantes que podem levar ao over training Esforço acima das capacidades individuais. Alimentação inadequada. Falta de aclimatação. Presença de condições patológicas. Estado psicológico anormal Ausência de repouso e revigoramento. Mudanças bruscas das rotinas diárias. Evidências de que um indivíduo pode estar em over training) Falta de apetite Perda de peso Diminuição do bem estar geral Dores articulares e musculares Aumento da freqüência cardíaca basal e de repouso Excitabilidade Problemas digestivos Irritabilidade Diminuição da capacidade de concentração Aumento da tensão arterial Angústia Hipóxia(deficiência de O2) Transtornos no metabolismo Princípio da sobrecarga Sobrecarga: Para induzir mudanças positivas no estado de um indivíduo é necessário aplicar um exercício com sobrecarga. A adaptação do treinamento tem lugar somente se o nível de sobrecarga é maior do que o nível habitual. Consideramos duas formas para induzir a adaptação, uma é elevar a sobrecarga de treinamento (intensidade, volume) a outra é mudar o exercício (método de treinamento) (Zatsiorsky 1999). VOLUME Maior número de séries Maior número de repetições Maior número de grupos musculares trabalhados Maior número de exercícios INTENSIDADE Aumento dos pesos das anilhas Aumento da velocidade de execução Diminuição do intervalo entre as séries Aumento da amplitude do movimento Período de depleção = o organismo utiliza suas reservas de energia para realizar o trabalho proposto. Período de restituição (restauração) = o organismo após a atividade repõe suas reservas de energia até os níveis iniciais. Período de supercompensação (restauração ampliada) = o organismo acumula uma maior energia para próximos estímulos. Assimilação compensatória = período de restituição + supercompensação. Representação gráfica do princípio da sobrecarga. (Zatsiorsky 1999) Aprofundamento: Princípios do treinamento. Princípio da sobrecarga para a ruptura do efeito de adaptação: Princípio da sobrecarga eficaz: O princípio da sobrecarga efetiva compreende a necessidade de que a sobrecarga deve ultrapassar uma determinada intensidade para que haja um aumento de desempenho (Weineck 2005). Princípio da sobrecarga individualizada: compreende respeitar a demanda de estímulos que correspondem às necessidades individuais de cada pessoa (Weineck 2005). Princípio da sobrecarga progressiva: resulta de uma relação entre estímulo adaptação e aumento da sobrecarga. De acordo com esta abordagem as exigências feitas ao indivíduo devem ser aumentadas sistematicamente quanto aos seguintes parâmetros – condicionamento, coordenação, técnica, tática, força de vontade (Tieb/Schanabel/Baumann 1980 apud Weineck 2005). Ciência e Prática do Treinamento de Força - Vladimir M. Zatsiorsky São vários os fatores que influenciam em um processo de treinamento: biológicos, psicológicos, sociais, metodológicos e o conhecimento destes tem um enorme peso na qualidade do trabalho realizado. Princípio da Adaptação: Se a rotina do treinamento é planejada corretamente, o resultado dos exercícios sistemáticos é o desenvolvimento da capacidade física do indivíduo, tão logo o corpo se adapte à sobrecarga física. Em um senso mais amplo a palavra adaptação significa o ajustamento do organismo ao meio ambiente, o organismo modifica-se para sobreviver. (Zatseorsky 1999). (dia 22/08). Este mesmo autor propõe as seguintes características para se desenvolver a adaptação – magnitude do estímulo (sobrecarga), acomodação, especificidade e individualidade. Sobrecarga: Para induzir mudanças positivas no estado de um indivíduo é necessário aplicar um exercício com sobrecarga. A adaptação do treinamento tem lugar somente se o nível de sobrecarga é maior do que o nível habitual. Consideramos duas formas para induzir a adaptação, uma é elevar a sobrecarga de treinamento (intensidade, volume) a outra é mudar o exercício (método de treinamento). - Níveis de sobrecarga: Estimulante: a magnitude da sobrecarga de treinamento é maior que o nível neutro e a adaptação positiva pode ter lugar. Manutenção: a magnitude está na zona neutra, na qual o nível de condicionamento é mantido. Destreinamento: a magnitude da carga leva a um decréscimo na performance, nas capacidades funcionais do atleta ou e ambos. Característica da acomodação: “se os atletas empregam um mesmo exercício, com a mesma sobrecarga de treinamento, em um período muito longo, existe um decréscimo dos ganhos de desempenho, esta é uma manifestação da lei biológica da acomodação. De acordo com esta lei geral da acomodação a resposta de um determinado objeto biológico a um dado estímulo constante diminui através do tempo”. Princípio da Sobrecarga: A qualquer variação no nível de estímulo aplicado a determinado indivíduo temos uma variação da sobrecarga, mas para que haja eficiência no processo de adaptação precisamos controlar adequadamente o nível do estímulo aplicado. Estímulos débeis – não provocam adaptação. Estímulos médios – apenas excitam. Estímulos de médio para forte – provocam adaptações. Estímulos muito fortes – causam danos. (Strain ou over-training) (Cruz 2007) Princípio da Continuidade “Os estímulos de treinamento devem ter uma seqüência continuada e estudada de aplicação, para obter progressos no treinamento e se encaminhar aos objetivos propostos”. Princípio da interdependência volume intensidade A estimulação destas variáveis deve estar relacionada a fase do treinamento em que o atleta se encontra, considerando o volume como a quantidade de treino e a intensidade como a qualidade (ritmo de execução) do mesmo, a relação das duas normalmente será inversamente proporcional sempre que uma aumentar a outra diminui.. (Tubino 2003). Princípio da especificidade “ O treinamento deve ser montado sobre os requisitos específicos para performance desportiva em termos de qualidade físicas intervenientes, sistema energético preponderante, segmentos corporais envolvidos e coordenações psicomotoras utilizadas”. (Dantas 1995) Princípio da treinabilidade “Um indivíduo ao participar continuamente de um treinamento gradativamente vai se aproximando do seu limite pessoal para performance, suas respostas adaptativas são influenciadas por peculiaridades genéticas”. “Mesmo possuindo idênticas condições de treinamento pessoas podem responder de maneira diferente ao mesmo”. (Tubino – 2003). Alguns princípios com abordagem mais pedagógica: Princípio do desenvolvimento multilateral. “É imperativo que o professor resista a tentação de desenvolver um treinamento especializado prematuramente. Uma base ampla e multilateral de desenvolvimento físico, especialmente em relação à preparação física geral é uma condição básica para se obter um alto grau de especialização e maestria técnica” Bompa 2002. Princípio da participação ativa. “o atleta deve ser esclarecido e informado continuamente dos elementos constitutivos do seu treinamento para que este se sintam igualmente responsável pelos resultados que ele pode vir alcançar ou não” Bompa 2002. Densidade: em todo treinamento existem dois parâmetros - a carga ou estímulo e a pausa ou recuperação. Como já mencionado, a carga produz um desajuste dos sistemas e durante a recuperação, por meio da reação do organismo, ocorre a adaptação e supercompensação. Essa recuperação demanda um tempo de repouso, ou diminuição da carga, para produzir todos os efeitos regenerativos e supercompensatórios. Essa relação temporal entre a aplicação da carga e a recuperação denomina-se densidade. A correta utilização dessa relação determina a eficácia do treinamento.