Níveis de linguagem
Os textos: jornalístico e publicitário.
Linguagem erudita
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Total apego à gramática, às regras.
Formal, especializada e de vocabulário amplo.
Mais escrita do que falada.
Usada por acadêmicos, intelectuais, cientistas.
Linguagem erudita
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“Minando à surda na touceira, queda a vívida
centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem,
por débil que seja, e levanta-se a língua de fogo
esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa
e vacilante os espaços imensos que se abrem diante
dela” (Taunay).
Linguagem familiar
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Relativo apego à gramática.
Uso de gírias, coloquialismos.
Mais informal.
Falada e escrita.
Usada pela mídia em geral.
Familiar
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A gente pensa, quando é apaixonado por alguma
coisa, que todo mundo tem a mesma disposição.
Amar a linguagem, a arte e a comunicação me
fazem crer que todos têm de amar essas questões...
Linguagem popular
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Total desapego às regras, à gramática.
Falada, apenas. Só será escrita em situações
estritamente específicas.
Usada por camadas populacionais quase sem
escolaridade.
Popular
Nóis vai la atrais, mais nóis vorta correndinho...
Nóis capota, mais num breca...
Nóis temo que sabe fazê tudo...
Pra mim levá o dia adiante, é só nóis pensá que no
finar do dia, nóis discansa...
Textos Jornalísticos, científicos e da oralidade.
Contexto jornalístico
Linguagem predominantemente formal.
Notícia – predomínio da narração:
narrador – quem conta a história
 personagem – quem vive a história.
 ação – o que aconteceu
 tempo – quando aconteceu
 lugar – onde aconteceu
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Contexto jornalístico
Opinião: forma de persuasão
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Ironia – dizer indiretamente
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Comparação – ligar fatos não totalmente semelhantes.
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Eufemismo – suavizar o que se diz.
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Suposição – imaginar um fato-exemplo
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Hipérbole – exagero.
Contexto da oralidade
Linguagem predominantemente informal.
Predomínio da descrição.
Pode ser composta por: repetições, regionalismos, gírias, frases feitas,
expressões populares.
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Uso dos sentidos: visão, tato, audição, olfato e paladar.
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Linguagem corporal.
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Predomínio da emoção sobre a razão.
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Presença da imaginação.
O Texto Publicitário:
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O texto publicitário não costuma seguir normas rígidas.
Procura estabelecer a comunicação por meio de palavras
simples, por vezes até mantém o trato coloquial importante
para fornecer a informação para determinado público alvo.
Contudo, precisa cuidar para não extrapolar o uso corrente e
vivo da língua, evitando redundâncias.
O Texto Publicitário:
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Esses textos possuem alta circulação social, circunstância
que os torna cada vez mais comuns em virtude das
características da sociedade em que vivemos, baseada na
produção e no consumo de mercadorias.
São essencialmente persuasivos e estão preocupados com
o alcance rápido e efetivo da mensagem pelos
expectadores.
Exemplo interessante da importância da redação na
publicidade pode ser visto na campanha da W/Brasil a
seguir:
Tem gente achando que você é analfabeto, e você nem
desconfia
O anúncio abaixo foi publicado no dia 13 de agosto de 2001 no Valor Econômico. O
objetivo do mesmo era provar para cada cliente que é possível ter anúncios com textos
sedutores e vendedores. Provando para cada publicitário que é possível criar textos
inteligentes, instigantes e criativos.
O resultado foi surpreendente. Foram mais de 400 mensagens enviadas a W/Brasil.
Empresários, homens de marketing, advogados, jornalistas, engenheiros, publicitários,
pessoas lacônicas ou tagarelas, gente de Brasília, Salvador, São Paulo, Praia Grande,
Floripa, Rio de Janeiro, Centralina, Lages, Lisboa e muitos outros lugares escreveram.
Com isso a W/Brasil publicou um livro contendo 227 páginas com esses relatos.
Aí vai o anúncio:
"Semana passada, eu recebi um convite para fazer um anúncio para você.
Na verdade, nós: eu (meu nome é Ruy) e o diretor de arte Javier Talavera, também da W/Brasil. Aí,
colocamos os pés em cima da mesa, pois é assim que se faz nas agências de propaganda quando é
preciso pensar num assunto muito importante. O tema era livre, poderíamos anunciar qualquer coisa
que quiséssemos, já que o espaço tinha sido cedido pelo jornal Valor Econômico para estimular a
criatividade no mercado publicitário.Nós nem tínhamos começado o trabalho, e uma coisa já parecia
resolvida: bastavam um título intrigante, um visual interessante, duas linhas de texto, e o anúncio
estaria pronto. Pois é exatamente isso que algumas pessoas imaginam que você espera de um
anúncio. E essas pessoas são as mesmas que têm falado algumas coisas bem desagradáveis sobre
você nas salas de reunião. Eu tenho escutado que você não gosta muito de ler, que tem preguiça de
textos longos, que jamais perderia seu tempo lendo propaganda.
Por incrível que pareça, quem tem falado isso é gente bem-intencionada, são gerentes de marketing,
donos de empresas, pessoas que garantem que conhecem você como ninguém, que fizeram
pesquisas, falaram com seus amigos, conhecem sua mulher, seus hábitos em detalhes. São
profissionais sérios, gente que decide propaganda, o que você vai ver num anúncio, o que vai ler e
também o que não vai ler. Eu confesso que, nessas ocasiões, tenho discutido muito, insistido em
dizer que, além de ler jornal todos os dias, você também gosta de ler notícias do produto que vai
comprar.
Embora eu não tenha instituto de pesquisa, não conheça você pessoalmente, não saiba sua idade,
nem mesmo se você é homem ou mulher, de uma coisa eu tenho certeza: você é uma pessoa
sensível, interessante e, principalmente, alfabetizada.
(...) Tenho garantido aos clientes que você aprecia o humor, gosta e precisa de informação, adora ler e é
justamente por isso que assina ou compra jornal. Tenho lutado para que os anúncios não saiam das salas
de reunião frios, burocráticos, chatos, sem graça nem emoção. Agora, confesso que várias vezes tenho
sido derrotado nessas discussões, levando como lição de casa a tarefa de diminuir o texto para 2 ou 3
linhas e aumentar o logotipo do cliente em 4 ou 5 vezes.Por isso, o Javier e eu decidimos não fazer um
anúncio nesta página vendendo alguma coisa, mas resolvemos aproveitar este espaço para contar tudo
isto para você, para mostrar o que andam falando e pensando de você.
E não existe espaço melhor para isso do que as páginas de um jornal. Por isso, se você leu este anúncio
até aqui, para nós é uma grande vitória. Temos certeza que, se estivéssemos falando de um produto
interessante para uma pessoa interessada como você, ele teria sido lido mesmo que o texto fosse tão
longo como este. Por isso, obrigado por você ter confirmado que nós estávamos certos. E, se você quiser
aproveitar a oportunidade para reforçar seu ponto de vista, mande um e-mail para a gente, pois, na
próxima vez que um cliente falar que você não lê, nós vamos mostrar a ele o seu depoimento.
Vamos provar que tem gente inteligente lendo anúncios, sim, senhor, gente que gosta de ouvir uma boa
argumentação, gente que adora dar risada diante de um anúncio divertido, gente que quer se emocionar,
gente que, antes de ser Classe B1, do sexo masculino, com rendimento de 10 salários e idade entre 25 e
55 anos, é gente. Gente que não quer ser tratada como analfabeta nem desligada só porque o mundo está
cada vez mais rápido, mais visual e mais instantâneo.
Mande seu e-mail. Talvez assim nós tenhamos anúncios melhores e consumidores mais bem informados.
Como você, por exemplo."
[email protected] [email protected]
Criação: Ruy Lindenberg e Javier TalaveraW/Brasil
Liberação da Linguagem e do Pensamento
Enumeração- enumerar é um dos modos básicos de se redigir um texto, um
modo milenarmente praticado, muito importante na literatura.
Enumeração
Enumerar é relacionar uma série de elementos – idéias,
acontecimentos, coisas, pessoas, paisagens, ações, memórias, etc.
– que representem o teme proposto.
É uma escrita muito mais solta, em que o fluxo das idéias vai se
fazendo cada vez mais livre; a enumeração pode ser produzida
com mais fluência e com mais intensidade do que a redação
discursiva.
Veja o seguinte exemplo de Bertolt Brecht:
Felicidades
O primeiro olhar da janela da manhã
O velho livro perdido e reencontrado
Rostos animados
A neve, a sucessão das estações
Jornais
O cachorro
A dialética
Tomar um banho, nadar um pouco
A música antiga
Sapatos macios
Compreender
A música nova
Escrever, plantar
Viajar, cantar
Ser camarada
(Bertolt Brecht – Poemas)
Manifesto sobre a cegueira
Seis horas, desperta para a rotina, maratonista cotidiana, mal humor, esta
roupa, emagrece, engorda, escova dentes, louça suja, cadê as chaves?
Trânsito, cabelo, signo, sono, beba isso, coma aquilo, use e abuse, em
nome do pai do filho e do espírito santo, farol, farol, farol, promoção,
atraso novamente, sapatos, bolsa, pente, gente, gente, gente, delinqüente,
não tenho trocado.
Direita, esquerda, segunda, terceira, cinqüenta, sessenta, setenta por hora,
olha a hora, lotado, vaga de deficiente, foda-se, corra, cabelo, sapatos,
espelho, cliente, lucro.
Gente, bom dia, bom dia, bom dia, bom dia, que dia, quem diria atração,
sábado, quem sabe? Café.
Telefone, relatório, gráficos, gramática, menstruação, ação, bom dia, bom
dia, sobe, desce, diminui, cresce, promoção, ascensão, vestido, sapatos,
cores, sabores, eu sabia.
Café, obrigada, agenda, obrigada, e-mail, obrigada, telefone, obrigada,
almoço, obrigada, café.
Celular, células, celulite, gastrite, eno, espelho, aniversário, casamento,
sábado, quem sabe?
Comunista, fluminense, fértil, atraente, boa gente, mãe, pai, come, bebe,
suja, lava, empregada, cão, peixes, sagitário, quem é essa?
Tchau, beijos, abraços, obrigada, eu mereço, eu sabia, inteligência,
influência, coerência, concorrência, esperteza, foda-se.
Carros, carros, carros, carros, pan, self, pet, sexy, mac, farol, farol, farol,
farol, coitado, cuidado, não tenho trocado.
Alarme, corredor, elevador, corredor, chaves, novela, batom, calça, xampu,
leia, seja, esteja, assista, beijo, beijo, beijo, tiros, tiros, tiros, enchente,
gente, gente, gente, gente, gente, gente, solidão.
Seis horas.
Fernando C. Rodrigues
Descrição
Descrever é caracterizar uma cena, um estado, um
momento vivido ou sonhado através de nossa
percepção sensorial e de nossa imaginação criadora.
A visão, o olfato, o paladar, a audição e o tato –
nossos cinco sentidos - constituem os alicerces da
descrição.
Experiências descritivas
“Tudo o que parece morto, palpita. Não apenas coisas da poesia, estrelas, lua, bosque, flores, mas
também um botão brilhando numa poça de lama de uma rua...
Tudo tem uma alma secreta, que guarda silêncio com mais freqüência do que fala.
(...) Uma rua pode ser observada através do vidro de uma janela , de modo que seus ruídos nos
cheguem amortecidos, seus movimentos se volvam fantasmagóricos, e toda ela, apesar da
transparência do vidro rígido e frio, apareça como um ser “do outro lado”. Ou se pode abrir a
porta, sair do isolamento, aprofundar-se no “ser de fora”, tornar-se parte, e as pulsações da rua
são vividas com sentido pleno. (...) O homem não é um expectador através de uma janela, mas
penetra na rua. A vista, ouvido, nariz atentos transformam mínimas comoções em grandes
vivências. De todas as partes fluem vozes e o mundo inteiro ressoa. Como um explorador que se
aventura por territórios desconhecidos, fazemos nossas descobertas no cotidiano. O ambiente,
quase sempre mudo, começa a expressar-se em um idioma cada vez mais significativo. Assim,
tornam-se símbolos os signos mortos e o que era morto ressuscita.”
Vassili Kandinsky
Narração
Narrar é contar histórias, tecer enredos, criar personagens, fundir imaginação e
realidade: coisas sonhadas, vividas, o que podia ter sido e não foi, o que pode vir a
ser, saberes de diversas raízes, de diferentes procedências constituem a matéria-prima
do texto narrativo.
Narrar é imaginar, tecer possibilidades infinitas de novas histórias, novas maneiras de
repetir o mesmo que nunca será exatamente o mesmo, mas que se renovará, se
fecundará de novos sentidos, porque foi narrado.
Dissertação
“Nunca deve valer como argumento a autoridade de qualquer homem, por
excelente e ilustre que seja... É sumamente injusto submeter o próprio sentimento a
uma reverência submetida a outros; é digno de mercenários ou escravos e
contrário à dignidade humana sujeitar-se, submeter-se; é uma estupidez crer por
costume inveterado; é coisa irracional conformar-se com uma opinião devido ao
número dos que a têm... É necessário procurar sempre, em compensação, uma
razão verdadeira e necessária... e ouvir a voz da natureza.” ( Giordano Bruno)
Dissertação
Dissertar é debater, discutir, questionar. Apresentar nosso
ponto de vista a partir de um tema que nos é proposto.
Esta apresentação se dá através da argumentação, ou seja, a
defesa, a fundamentação, a justificação, a explicação, a
exemplificação. Enfim formas de expormos nossas idéias que
levam ao convencimento.
Dissertação
A capacidade de dissertar se transforma em uma capacidade
maior, a de compreender mais livre e mais lucidamente a própria
vida e de participar mais criticamente e criadoramente das lutas
de transformação da vida.
Dissertação
Três paixões, simples mas devastadoramente poderosas,
governaram minha vida: um ardente desejo de amor, a busca do
saber e uma insuportável piedade diante dos sofrimento dos
homens.
(Bertrand Russel – Autobiografia)
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
PIGNATARI, Décio. Comunicação poética. São Paulo: Ateliê
Editorial, 2005.
VANOYE, Francis. Usos da linguagem. São Paulo: Martins
Editora, 2007.
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