A ESTÉTICA E O BELO 8ª série/9° ano ARTE Prof. Juliana Sena A estética é um campo filosófico que repercute como um reflexo direto das manifestações artísticas de cada época. Como vimos em aulas anteriores, as questões acerca do valor da arte, ou de determinadas obras de arte, surgem quando procuramos fundamentar o que dizemos aos outros ou a nós próprios sobre as obras de arte. E a grande maioria das nossas considerações sobre as obras de arte, é, de uma forma ou de outra, juízos de valor. Quando afirmamos que vale a pena ver um filme ou que o trabalho de um escritor específico deveria ser mais divulgado, estamos a mostrar aos outros que atribuímos valor às referidas obras. Supostamente, como estas são obras de arte, estamos a atribuir-lhe valor estético, ainda que possamos acreditar que estas possuem também valor moral, religioso ou até econômico. Etimologicamente essa palavra de origem grega “Estética” significa sensação . Seria uma espécie de filosofia que se dedica ao estudo de uma teoria geral da sensibilidade . Assim, muitos a conceituam hoje, focando em seu objeto, como sendo a ciência do belo ou a filosofia da arte, ficando dessa forma o objeto da Estética sendo portanto o “Belo” . As tentativas de esclarecer as questões acerca do valor estético são variadas e muitas vezes contrárias. Especialmente com Platão e Aristóteles - a estética era estudada fundida com a lógica e a ética. O belo, o bom e o verdadeiro formavam uma unidade com a obra. A essência do belo seria alcançada identificando-o com o bom, tendo em conta os valores morais. Na Idade Média surgiu a intenção de estudar a estética independente de outros ramos filosóficos. o que é o Belo? Para Platão o Belo é a verdade. Para outros o Belo é o que agrada, pois para os teóricos sensoriais , aquilo que causa sensação aos sentidos é belo . Assim enquanto o homem esclarece ao longo do tempo o aspecto da Estética vai também ao longo da jornada de vida conceituando o Belo de acordo com seus ângulos , como bem fez Aristóteles no capitulo VII de poética . Lá dizia ele que :“O Belo consiste na ordem e na grandeza”. Para boa parte dos doutrinadores a fundamentação que consegue consagrar esses estudos do Belo e da Estética, reside no seguinte enunciado “A educação do gosto é possível pelo estudo da Estética, que é a base teórica e filosófica do Belo, é pela apreciação do das obras de valor artístico , que sedimenta , na prática, o aperfeiçoamento do gosto”. Mas não é possível definir absolutamente o belo, mas estudaremos suas várias acepções no curso da história. A dificuldade de conceituar o belo acompanha a história da filosofia, desde a Grécia Antiga. Aristóteles, na Metafísica, afirma que: "As principais formas de beleza são a ordem , a simetria e a definição clara“. Já Platão em O Banquete, diz que: a beleza é determinada pela experiência de prazer suscitada pelas coisas belas. O duplo modo de conceituação da beleza é utilizado ao longo da história da arte, desde a Grécia Antiga. Ele é reanimado na oposição entre o belo clássico: objetivo, universal e imutável - e o belo romântico: que se refere ao subjetivo, ao variável e ao relativo. Se a dicotomia belo clássico/belo romântico tem utilidade para definir contornos mais amplos, não deve levar ao estabelecimento de uma oposição radical entre os modelos, que se encontram combinados em diversos artistas e obras. O belo clássico define-se na arte grega com base em um ideal de perfeição, harmonia, equilíbrio e graça que os artistas procuram representar pelo sentido de simetria e proporção. As formas humanas apresentam-se como se fossem reais e, ao mesmo tempo, exemplares aperfeiçoados. A arte renascentista italiana retoma o projeto de representação do mundo com bases nesses ideais. A visão romântica anuncia a ruptura com a estética neoclássica e com a visão racionalista da Ilustração. Se o belo clássico remete à ordem, ao equilíbrio e à objetividade, o belo romântico apela às paixões, às desmedidas e ao subjetivismo. O belo romântico, longe de ser eterno, é social e historicamente condicionado. O cerne da visão romântica do mundo é o sujeito, suas paixões e traços de personalidade, que comandam a criação artística. A imaginação, o sonho e a evasão; os mitos do herói e da nação; o acento na religiosidade; a consciência histórica; o culto ao folclore e à cor local são traços que definem os contornos do ideal romântico do belo. A arte moderna do século XIX - romantismo, realismo e impressionismo - assume uma atitude crítica em relação às convenções artísticas e aos parâmetros do belo clássico, sancionados pelas academias de arte. A industrialização em curso e as novas tecnologias colocam desafios ao trabalho artístico, entre eles, as relações entre arte, técnica e ciência, exploradas por parte significativa das vanguardas construtivas do século XX. A disputa entre o belo, o útil e o funcional assume o primeiro plano com a Bauhaus e com o construtivismo russo, por exemplo, que almejam matizar as fronteiras entre arte, artesanato e produção industrial. Nos movimentos considerados anti-arte como o dadaísmo, por sua vez, as distâncias entre arte e vida cotidiana são abolidas, o que obriga a redefinição da arte e de suas interpretações A ampla e variada produção do século XX impõe a reavaliação das medidas de aferição do trabalho artístico. Greenberg indica a impossibilidade de aplicar normas, padrões e preceitos para a emissão de juízos críticos. Os "juízos estéticos", diz ele, "são imediatos, intuitivos, não deliberados e involuntários (...)." Somente a experiência, e a reflexão sobre ela, permitiria distinguir a arte de boa qualidade das demais. E na segunda metade do século XX - com a arte pop e o minimalismo, quando as categorias usuais para pensar a arte (pintura e escultura) perdem a razão de ser, a discussão sobre os juízos artísticos se torna ainda mais complexa. A associação entre o belo e o bom teve por consequência a associação entre o feio e o mau. Assim, as personagens más das histórias infantis são feias, como as bruxas, enquanto as heroínas são formosas. Satanás é representado em formas monstruosas nas catedrais góticas, e sua feiura tem por finalidade colocar o fiel no caminho da virtude através do medo. Se toda a arte de estilo clássico desde os gregos buscava ser bela, o século XX vai resgatar o feio como um instrumento da luta modernista contra o classicismo. Ao abandonar o belo, as vanguardas abriram todo um leque de novos sentimentos estéticos. O objeto feio pode ser expressivo, trágico, grotesco, perturbador ou inventivo e, é claro, sua observação pode causar grande prazer. O século XX desenvolveu um gosto pelo feio. Formalmente, podemos definir o feio como o oposto visual do belo, isto é, como o que se apresenta disforme, desordenado ou desproporcional.