Apostila 3 A CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA – SÉCULOS XVIII E XIX Elementos formadores da nossa individualidade: contextualização histórica Os acontecimentos históricos são imperativos e contribuem sobremaneira para moldar nosso jeito de ser. A Época Moderna forjou a noção de indivíduo que hoje consideramos “natural” a todos nós. Enfrentamento de uma série de elementos, como a Igreja, o Estado, a sociedade e a própria natureza da época. Uma série de eventos contribuíram para vencer essa resistência: 1. A Reforma Protestante (séc. XVI) 2. O Renascimento (antropocentrismo) 3. As Revoluções Científicas 4. O Iluminismo (Ilustração) Do século XVII para os dias atuais houveram muitas mudanças. O processo de industrialização altera significativamente o cenário político, social e econômico da maior parte dos países ocidentais. A Biologia e a Sociologia radicalizaram na posição “nova” de um indivíduo submetido à natureza e à sociedade. O darwinismo – séc. XIX – descentrou o homem. Desequilíbrio. A contextualização histórica – século XX Consolidação do capitalismo monopolista. Características: Decadência do estado nação e de suas estruturas institucionais Definição da conquista global de territórios fundada na expansão em nome da expansão como padrão de governo O racismo como justificativa biológica da dominação de povos conquistados Primeira Guerra Mundial e suas consequências Esse período foi marcado pela aceleração das transformações científicas e tecnológicas: a energia elétrica, o cinema, o automóvel, o telefone, o avião, provocavam uma “vertigem”, uma compressão do tempo e do espaço que era sentida e contribuiu para formar um “novo homem”. Tudo parecia acelerar-se e a reflexão deixou de ser imperiosa. O “penso, logo existo” deu lugar ao “ajo para existir”. A Filosofia também buscou respostas diferentes para estes novos cenários. Correntes de pensamento desenvolveram-se no século XX, principalmente na Europa, para tentar recolocar o homem neste mundo marcado por tantas novidades catastróficas, como as guerras e o totalitarismo (Nazismo e a experiência do holocausto). “saber para prever, prever para prover”. Ordem e progresso. O Holocausto pôs em crise a ideia de uma razão humana sempre renovadora e em “evolução”. A contextualização histórica – o mundo de hoje É no processo de educação, sobretudo por meio da palavra, que “recebemos” as análises da realidade feitas pelas gerações anteriores, os comportamentos, os estereótipos, os modos de ver e de pensar. Com o processo educacional aprendemos também a elaborar o novo, fazendo avançar a história. O processo de recepção pela palavra que educa é uma tarefa da família, da escola e da mídia (principalmente TV e internet). A ideia de mundo que recebemos hoje está formatada pela tela da televisão e do computador. Mutabilidade constante e a rapidez incontrolável. Pasteurização criada pela mídia. Vivemos no mundo e com o mundo, diz Paulo Freire, portanto, temos o poder de intervenção na história. A intenção da Filosofia é a mesma que vem estimulando homens e mulheres durante os últimos 2500 anos: pensar a nossa condição humana e buscar a felicidade. DIREITOS E CIDADANIA Os direitos básicos dos cidadãos devem ser garantidos pelo Estado. Alguns povos da Antiguidade tiveram suas normas e leis registradas por escrito. As leis babilônicas reforçavam o poder do Estado e as atenienses definiam as instituições da democracia. Foi somente a partir do século XIII, na Inglaterra, que se criaram as primeiras cartas e estatutos que asseguravam alguns desses direitos: Magna Carta (1215-1225) – protegia apenas os homens livres; Petition of Rights (1628) – requeria o reconhecimento de direitos e liberdades para os súditos do rei. Bill of Rights (1689) – submetia a monarquia à soberania popular, transformando-a numa monarquia constitucional. No século XVIII, quando as colônias inglesas da América do Norte se tornaram independentes, foram criados alguns documentos importantes, como a Declaração de Direitos da Virgínia (1776) e a Constituição de 1787. Direitos para todos Com a Revolução Francesa (1789), os direitos baseados nos princípios da liberdade e da igualdade foram declarados universais Os direitos expressos na Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão aprovada pela Assembléia Nacional francesa, não se estendiam às mulheres. Os documentos originados da Revolução Francesa e da independência dos Estados Unidos são a base da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas (ONU), criada em 1948. Estendendo a liberdade e a igualdade de direitos, até nos campos econômico, social e cultural, a todos os seres humanos. Todos nascem livres e iguais... Mas nem tanto Thomas Hobbes (1588-1679) – os seres humanos são naturalmente iguais e, por terem excessiva liberdade, lutam uns contra os outros na defesa de interesses individuais, havendo a necessidade de um acordo (contrato) para evitar a autodestruição. John Locke (1632-1704) – somente os homens livres e iguais podem fazer um pacto com o objetivo de estabelecer uma sociedade política (os que possuem propriedade a zelar). Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) – a igualdade só tem sentido se for baseada na liberdade (igualdade jurídica) – Todos devem ser iguais perante a lei. Ao propor a igualdade de todos perante a lei, criava-se um direito igual para desiguais. A igualdade apregoada por muitos era a mais grave ameaça aos privilégios sociais da burguesia e da aristocracia. A liberdade apregoada como maior valor. Para Karl Marx, o trabalhador seria a representação burguesa do indivíduo e não um cidadão. Só uma revolução social poderia tornar realidade a igualdade social. Para Émile Durkheim, a ideia de cidadania está vinculada à questão da coesão social estabelecida com base na solidariedade orgânica, que é gerada pela divisão do trabalho. Seu papel de cidadão é o de cumprir suas obrigações e desenvolver uma prática social que vise à maior integração possível, desenvolvendo plenamente sua cidadania.