ÉTICA NAS RELAÇÕES DE TRABALHO: UM ESTUDO
DE CASO NA EMPRESA KRAUSMAFFEI DO BRASIL*
Edna Francisco Vieira (FACEQ) **
Hadassa da Rocha Osório Ferreira (FACEQ) ***
Letícia Valverde (FACEQ) ****
Maria Clara Lopes Saboya (USP/FAFE/FACEQ)*****
Resumo
A partir do conceito de ética aplicado às relações de trabalho e da ética empresarial, esta
pesquisa se propôs a investigar e analisar, por meio de um estudo de caso, a conduta ética
dos colaboradores na empresa KraussMaffei do Brasil.
Palavras-chave: Ética. Relações de trabalho. Comportamento organizacional. Empresa.
Abstract
From the concept of ethics applied to labor relations and business ethics , this research
aims to investigate and analyze, through a case study, the ethical conduct of employees at
KraussMaffei company in Brazil.
Keywords: Ethics. Labor relations. Organizational behavior. Company.
Introdução
Vivemos em um período de turbulência e crise de paradigmas relacionados à
economia, ciência e tecnologia. Os avanços científicos e as novas metodologias exercem
influência sem precedentes no trabalho e na vida cotidiana, e os trabalhadores estão na
vanguarda da mudança. O processo de globalização progrediu desmedidamente e sem
*
Artigo resultante do Trabalho de Conclusão de Curso realizado pelas três primeiras autoras e apresentado à
Faculdade Eça de Queiros (FACEQ – UNIESP Jandira) em dezembro de 2014, como exigência parcial para
obtenção do título de Bacharel em Administração de Empresas, sob orientação da Professora Dra. Maria
Clara Lopes Saboya.
**
Bacharel em Administração pela Faculdade Eça de Queiros (FACEQ – UNIESP Jandira).
***
Bacharel em Administração pela Faculdade Eça de Queiros (FACEQ – UNIESP Jandira).
****
Bacharel em Administração pela Faculdade Eça de Queiros (FACEQ – UNIESP Jandira).
*****
Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP). Mestre em
Educação e Pedagoga, pela mesma instituição. Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais pela Faculdade de
Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP).
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controle, a preservação da natureza tornou-se imprescindível, exigindo que se redefinisse a
relação entre os seres humanos e seu habitat natural.
Profissionais altamente qualificados, gerentes e engenheiros estão no centro do
"dilema moral"; são esses colaboradores que desenvolvem novos produtos, tecnologia,
estratégias de marketing e abrem novos mercados. Suas decisões afetam o meio ambiente,
condições de trabalho e consumidores. Neste trabalho, estudamos o comportamento ético
nas relações humanas, na empresa KraussMaffei. Tratando-se de uma empresa de origem
alemã, foi possível estudar sua filial no Brasil, a fim de entender suas características, em se
tratando do comportamento organizacional e ético, os códigos de comportamento, como
eles se relacionam com a ética nos negócios. Entende-se que a ética deve ser parte
integrante de qualquer ação, na medida em que isso afeta positiva ou negativamente a
realização da excelência humana no trabalho.
Esta pesquisa é importante, para avaliarmos a conduta ética nas relações de
trabalho, conhecer a importância da relação ética na organização e assim contribuir para o
bom relacionamento entre os colaboradores e seus dirigentes. O objetivo proposto é
conhecer e mostrar quão importante é a ética nas relações de trabalho dentro da
organização e explicar a necessidade da ética entre as pessoas, no âmbito do trabalho.
Ao longo da pesquisa analisou-se a conduta ética dos colaboradores na empresa
KraussMaffei, com os seguintes problemas de pesquisa: Qual a receptividade dos
colaboradores quando o assunto é ética? Existe ética nas relações de trabalho? É possível
desenvolver treinamento com foco à abordagem ética? Com relação a esses problemas de
pesquisa, elaboramos as seguintes hipóteses: a) Desde que a empresa tenha interesse em
desenvolver esse treinamento com base nas diretrizes de um código de ética, haverá
receptividade dos funcionários, quanto ao assunto. b) Num primeiro momento todos se
dizem éticos, porém muitos não praticam os preceitos da ética. c) É possível desenvolver
treinamento com foco à abordagem ética, desde que a empresa tenha como objetivo
priorizar a ética comportamental.
Com a revisão da literatura sobre o tema e no intuito de alcançar os objetivos
propostos neste trabalho, foram apresentados os métodos e procedimentos metodológicos
utilizados na investigação da problemática apresentada. Os dados sobre a empresa foram
coletados por meio de pesquisa de campo com questionário misto (com questões abertas e
fechadas). Fez-se uso também das técnicas de observação no interior da empresa.
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1 Referencial teórico
1.1 Ética, missão, visão e valores
Na visão de Maria Lúcia de Arruda Aranha (2009), estamos constantemente
fazendo avaliações de valores, sobre pessoas e coisas. Esses valores podem ser lógicos,
utilitários, estéticos, afetivos, econômicos, religiosos e éticos. Diante dos seres (sejam eles
coisas inertes, seres vivos ou ideias) somos mobilizados pela nossa afetividade, somos
afetados de alguma forma por eles, porque nos atraem ou provocam nossa repulsa.
Portanto, algo possui valor quando não permite que permaneçamos indiferentes. É nesse
sentido que existe o conceito ''Os valores não são, mas valem'' (ARANHA, 2009, p.138).
Os valores são, num primeiro momento, herdados por nós. Ao nascermos, já
chegamos a um mundo cultural com um sistema de significados já estabelecidos, que são
avaliados como bons ou maus. Existem hoje diversos tipos de valores, mas vamos
considerar os mais importantes que são os valores éticos e morais, os quais observamos na
filosofia da empresa KraussMaffei.
Os conceitos de moral e ética, ainda que diferentes, são, com frequência, usados
como sinônimo. Moral vem do latim mos, moris, que significa “costume” e Ética vem do
grego ethos, que tem o mesmo significado de “costume”. A moral é o conjunto das regras
de conduta admitidas em determinada época ou por um grupo de pessoas. Ética ou filosofia
moral é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios
que fundamentam a vida moral (ARANHA, 2009, p. 139).
Segundo Aranha (2009) podemos definir a moral como o conjunto de regras que
determinam o comportamento dos indivíduos, de um grupo social ou de uma organização.
O comportamento moral varia de acordo com o tempo e o lugar, conforme as exigências
das condições nas quais as pessoas se organizam, ao estabelecerem as formas de
relacionamento e as práticas de trabalho. Mesmo considerando o caráter histórico e social
da moral, é preciso reconhecer que ela não se reduz à herança dos valores recebidos pela
tradição. A moral, ao mesmo tempo, é o conjunto de regras que determina como deve ser o
comportamento dos indivíduos do grupo, é também a livre e consciente aceitação das
normas.
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Nessa perspectiva, a vida moral se funde em uma ambiguidade fundamental,
justamente o que determina o seu caráter histórico. Por isso, a grande importância sobre a
parte histórica da organização. Ao caracterizar o ato moral como aquele que se adapta às
normas estabelecidas, privilegiaram-se os regulamentos, os valores dados e não discutidos.
Quando criamos valores, não o fazemos para nós mesmos, mas como seres sociais que se
relacionam com os outros. O ato moral efetivo será moral ou imoral, conforme esteja de
acordo ou não com a norma estabelecida. A formação ética é importante para o exercício
da cidadania, quando os interesses pessoais não se sobrepõem aos coletivos (ARANHA,
2009, p. 139).
Como cita Carlos Eduardo da Costa (2008), aprendemos que estabelecer a missão
e a visão de uma organização é estabelecer um caminho a seguir e um sonho a alcançar. A
missão de uma empresa está intimamente ligada não somente ao lucro, mas ao seu objetivo
social. Toda missão deve nortear os objetivos financeiros, humanos e sociais da
organização. Já a visão é o sonho da organização, é o futuro do negócio e onde a
organização espera estar nesse futuro.
Conforme Jeffrey S. Harrison (2005), as organizações necessitam de uma direção
estratégica, seja ela boa ou ruim. A empresa tem de ter uma declaração formal de missão;
essa declaração pode conter os indícios de uma direção positiva e estratégica. É de extrema
importância estabelecer metas e objetivos como a missão, visão e valores éticos em uma
organização, vai muito além de escrever algumas linhas e colocá-las no site ou mural da
empresa. A criação da missão, visão e valores éticos da organização tem que ser definida
de forma que os envolvidos no processo, colaboradores, acionistas, fornecedores e
sociedade, compreendam a sua importância e coloquem em prática sua filosofia.
De acordo com Jeffrey S. Harrison (2005), ética no trabalho é uma preocupação
constante. Em geral, o senso comum é empregado para tentar identificar quais os
comportamentos aceitáveis e quais os que ferem princípios ou são antiéticos. O autor
também afirma que, na convivência humana, há necessidade de ética porque há o outro ser
humano e a ética é uma atitude de amor pela humanidade. Toda educação é uma ação
interativa: faz-se mediante informações, comunicação, diálogo entre seres humanos. Em
toda educação há um outro, por tudo isso, a ética está implicada.
Para Jeffrey S. Harrison (op. cit.), a questão de se pensar a ética como ciência que
dirige a moral do comportamento humano já é uma questão filosófica que requer reflexão,
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principalmente num ambiente basicamente capitalista. Na busca por uma posição social
estável, abusa-se do poder, fraudam-se relatórios, sonegam-se impostos e burlam-se o
sistema governamental afim de melhor aproveitar o dinheiro da empresa, de forma
individual.
Hoje, praticamente todas as empresas possuem um código de ética, no sentido de
incentivar os colaboradores da organização a trabalharem de forma honesta, respeitando os
colegas e tendo uma conduta profissional esperada pela alta administração. Há alguns anos
esses valores coletivos avançaram, em uma tentativa de tornar os ambientes
organizacionais mais agradáveis. As primeiras preocupações com a ética no âmbito
empresarial surgiram na década de 1960 nos países de origem alemã, quando se pretendeu
elevar os trabalhadores como participantes dos conselhos de administração nas empresas
(Harrison, 2005).
Na década de 1970, o ensino de ética nas faculdades de Administração e Negócios
tomou impulso nos Estados Unidos, com a contribuição de alguns filósofos. Associando
formação acadêmica com a vivência profissional, os conceitos de ética começaram a ser
aplicados à realidade dos negócios, com foco na conduta ética pessoal e profissional. Nessa
mesma época, expandiam-se as empresas multinacionais, especialmente as americanas e
europeias, com subsidiárias em todos os continentes. Os choques culturais provocados pela
nova forma de fazer negócios conflitavam com as matrizes dessas companhias, o que
incentivou a criação de códigos de ética corporativos. Os anos 1990 foram caracterizados
pela expansão da ética empresarial, universalizando este conceito (ARRUDA;
WHITAKER; RAMOS, 2003).
De acordo com Antonio Lopes de Sá (2004), quando a vontade, como disposição,
como atividade ideomotriz (geração de ideias – o que vem da mente), esbarra nas áreas dos
sentimentos e das pressões, ameaça-se o critério de liberdade. Tal fato ocorre, muitas
vezes, nas empresas e nas instituições públicas onde as pressões irresistíveis levam ao
acobertamento de atos corruptos e viciosos, mesmo contra a vontade do profissional ou
com vantagens pecuniárias e ou de influências para os mesmos (SÁ, 2004, p. 104).
Observa-se que nos meios profissionais ocorrem fatos que são frutos de influência que
ferem a ética, há uma grande massa de pressões de diversas naturezas. A conduta pode
apresentar uma aparência ética, mas, na essência, não são condutas que contribuem para a
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virtude, nem podem ser consideradas como aceitáveis universalmente, cientificamente,
pois um conhecimento deve-se construir pela verdade.
A sociedade não nos impõe, mas nos impede, transcendentemente, à aceitação do
dever como princípio. Parece não ser imitação ou a obrigação por efeitos ambientais que
nos conduz a entender o dever ético, em seu sentido natural. É contraditório aceitar que o
homem tenha instinto gregário e que o gregário possa reger seu instinto. A causa não pode
ser o efeito, como este não pode ser a causa. As dimensões podem ocorrer até
simultaneamente, mas não podem ser confundidas, sob pena de perdermos a ótica das
percepções exigíveis racionalmente.
Diante da força de capitais, de poderes e de situações de pressão interna ou
externa sobre a sociedade, dificultando a liberdade individual e ameaçando a integridade
dos seres, os fatos são distorções do eticamente desejável e, embora mascarando- se como
ética de mercado são na realidade egoísmo, desconfiança, competição e medo da opressão.
Todas as pessoas desejam sentirem-se importantes e requerem atenção; o emocional muito
age nesse campo, mas, se aprimorado pela inteligência, pela razão, pelo superego, enseja o
máximo desempenho ético. Coordenar o sentimental com o racional (através da
inteligência emocional) beneficia a conduta, logo, a Ética.
A pessoa beneficiada por uma educação baseada nos preceitos a que nos referimos
possui conhecimento, maiores e visão holística dos problemas, tendendo a uma conduta
qualificada, especialmente em razão dos recursos oferecidos para o domínio das reações
impulsivas (Inteligência Emocional) (SÁ, 2004, p. 110). A tendência é de que a falta do
uso de uma inteligência emocional seja poderoso inimigo de uma conduta sadia, afetando,
portanto, o campo da ética.
Considera-se que a motivação é o complemento relevante na disciplina emocional
e a falta dela compromete a ação dos seres, uns perante os outros. A motivação age sobre o
emocional e o emocional age sobre o ético, sendo assim a motivação tem grande influência
sobre a ética. Não podem se estabelecer regras racionais que nos impeçam de entender
que o estudo da ética deva estar relacionado à inteligência Emocional embora não seja
aceito por alguns pensadores e estudiosos que entendem que o emocional e ético são
matérias absolutamente distintas (SÁ, 2004, p. 112). O ser homem, no sentido amplo, de
uma postura ética superior, requer, sem dúvida, um equilíbrio competente entre a emoção,
razão e os demais atributos do espírito humano.
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Empatia é o sentimento que representa o que gostaríamos de sentir em relação a
algo que alguém nos fizesse, ou seja, é se colocar no lugar de outrem em determinada
situação. Tal posicionamento é de rara importância para a execução das profissões, para a
prática da vida, pois é básico no campo da ética. Nosso semelhante é tão importante quanto
nós e se assim julgarmos, muitos defeitos da alma se dissolverão e a conduta tenderá a
aprimorar-se, cada vez mais. “Cicero, há 2.000 anos, já pregava, em sua obra sobre a
amizade, que o verdadeiro amigo é aquele que enxerga no outro sua própria pessoa,
fazendo a apologia de uma conduta que muito mais tarde surgiria como modernismo, nas
ciências da mente” (Cícero apud SÁ, 2004, p. 113).
A empatia, é proveniente da inteligência emocional, abre portas a uma especial
forma eficiente nos domínios da ética e raros são os códigos que não evocam a exigência
de consideração para com os colegas e diligência nos procedimentos (que deve ampliar-se
no campo emocional com a motivação pelo trabalho). A inteligência emocional tem
importante influência na conduta humana e muito de seus aspectos são de direto interesse
para a Ética (SÁ, 2004).
Empatia, em sua manifestação, envolve calma, receptividade e principalmente
saber como falar, sorrir e serenamente manifestar. Ter habilidade para expressar as
emoções é condição essencial para a empatia e porta aberta para o sucesso no campo da
conduta humana. O fenômeno coletivo que resulta de um controle das emoções, ao longo
da história, contribuiu para caracterizar povos e construir as tradições (e estas assentaram
sistemas religiosos, políticos, legais etc.). A crítica pode derivar-se apenas do fator
emotivo, mas, também, de dever ético, baseado na razão, no desejo do acerto (SÁ, 2004).
O perigo está em utilizar a crítica de maneira destrutiva, e nada melhor que o uso
da inteligência emocional, com ajuda ética, para transformá-la em algo construtivo, para
que não seja interpretada como uma ofensa, mais sim como forma de cooperar. As pessoas
reagem de maneira diferente diante da crítica, e esta pode ser de ordem fortemente
emocional, ferindo, inclusive a ética. Muitas pesquisas, no campo do relacionamento,
comprovaram que é significativo o número de rupturas, em todos os gêneros de sociedades
(conjugais, comerciais, de classe etc.), motivadas pelo uso mal feito da crítica (SÁ, 2004).
De acordo com Sá (2004), reprovar um ato praticado por nosso semelhante requer
mais que o uso da razão, exigindo sensibilidade e toque emocional. Nessa área soma-se a
inteligência emocional com a consciência ética para totalizarem-se em uma conduta eficaz.
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A ética não tem por objeto principal, essencial de seu conhecimento, o estudo da emoção
como base, mas não pode progredir, nem aprofundar-se, sem unir o indissociável, que é
essa ação de uma Inteligência Emocional e que, sendo associação de razão e emoção, pelo
que tem de racional, interessa, inequivocamente, ao campo da ética.
Para Sá (2004), o convívio em sociedade exige uma disciplina do homem em
grupo, havendo a necessidade de equilíbrio que é encontrada quando a harmonia dos
indivíduos se coordena na finalidade do todo. Os seres humanos não fogem a vocação, pois
em tudo há uma determinada tendência para a organização. Cada ser, assim como a
somatória deles em classe profissional, tem um comportamento específico, guiado pela
característica do trabalho executado. O conjunto de profissionais é conduzido pela
harmonia de um todo, para o desenvolvimento do trabalho em equipe, permitindo a partir
da conduta de cada um, mantendo sua autonomia no trabalho que conduza a regulação do
individualismo perante o coletivo. O bem geral deve ser preservado, inclusive o da própria
pessoa, como unidade, em um regime de interação benéfica.
O sentimento social é um imperativo na construção dos princípios éticos, e estes
são incompreensíveis sem aquele. Parece ser uma tendência do ser humano, como tem sido
objeto de referencias de muitos estudiosos, a de se defender, em primeiro lugar, seus
interesses próprios; quando, entretanto, esses são de natureza pouco recomendável,
ocorrem seriíssimos problemas. Quando o trabalho é desenvolvido com o intuito de obter
renda, em geral tem seu valor restrito. Os serviços realizados com amor, visando ao
benefício de terceiros, dentro de vasto raio de ação, com consciência do bem comum, passa
a existir a expressão social do mesmo. Aquele que só se preocupa com os lucros,
geralmente tem menor consciência de grupo, está preocupado com a situação monetária,
não se importando com o que ocorre com a sua comunidade e muito menos coma a
sociedade (SÁ, 2004).
O egoísmo desenfreado de poucos pode atingir um número significante de pessoas
e até, através delas, influenciar o destino de nações, partindo da ausência de conduta
virtuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com seus lucros. Ou seja, como bem
assevera Carrel (apud SÁ, 2004, p. 119): “Uma sociedade que reconhece o primado do
econômico não se dá a virtude, porque a virtude consiste essencialmente em obedecer às
leis da vida, e quando o homem se reduz à atividade econômica, logo deixa de obedecer,
quase que de todo, as regras da natureza”.
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Sabemos que a conduta do ser humano tende ao egoísmo, mas para o interesse de
uma classe, de toda a sociedade, é preciso se adequar às normas, porque estas devem estar
apoiadas em princípios de virtude. Como só a atitude virtuosa tem condições de garantir o
bem comum, a Ética tem sido o caminho justo, adequado, para o benefício geral. Como o
progresso do individualismo causa sempre o risco da transgressão ética, imperiosa se faz a
necessidade de uma tutela sobre o trabalho, através de normas éticas. Uma disciplina de
conduta tem sua importância e torna-se necessária visando proteção a todos, para que as
normas, regras etc. sejam respeitadas e cumpridas, evitando assim que o individuo tenha
conduta individualista transgredindo os diretos alheios, acreditando que tudo pode fazer,
mesmo que venha a prejudicar terceiros (SÁ, 2004).
1.2 A divisão do trabalho
O trabalho é divido entre os profissionais desde a Antiguidade, pois cada um tem
aptidão para determinadas tarefas e às circunstâncias que obrigam, às vezes, assumir esse
ou aquele trabalho ficou prático para o homem, em comunidade, delegar tarefas e executar
a sua. A união dos que realizam o mesmo trabalho foi uma evolução natural e hoje se acha
não só regulada por lei, mas consolidada em instituições fortíssimas de classe. Uma
espécie de contrato de classe gera o Código de Ética Profissional e os órgãos de
fiscalização do exercício passam a controlar a execução de tal peça magna. Tudo origina,
pois de critérios de conduta de um indivíduo perante seu grupo e o todo social (SÁ, 2004).
É evidente que o ser tenha sua individualidade, cada um realiza suas tarefas à sua
maneira, mas também a norma comportamental deve reger a prática profissional no que
concerne a sua conduta, em relação aos seus semelhantes. A ordem deve existir para banir
conflitos e evitar que se infame o bom nome e o conceito social de uma categoria. Quando
muitas pessoas exercem a mesma profissão é preciso que uma disciplina de conduta
ocorra. (Sá, 2004).
Toda estrutura se forma por meio de uma base filosófica. A partir da estrutura
traçam-se os planos. Tendo como principio estabelecer qual a forma que um profissional
será conduzido no exercício profissional, evitando prejuízo a terceiros e garantindo uma
qualidade eficaz de trabalho. As particularidades em um código de conduta profissional
abrangem diversos fatores, ligados à forma como a profissão se desempenha, ao nível de
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conhecimentos exigidos, ao ambiente em que é executada etc. Não existe padrão universal
aplicável com eficácia a todos os casos, embora as linhas mestras sejam comuns, pois
comuns são as principais virtudes de todas as profissões exigíveis. Para tanto existem
códigos de ética, e não apenas um código de ética, tendo como propósito objetivar o
exercício profissional ou de conduta de um grupo.
Para Sá (2004), os códigos por mais bem elaborados que sejam, sofrem alterações
com o decorrer dos anos, passando por aprimoramento, devido à evolução nas profissões, a
mudança de costumes, o avanço da tecnologia, as alterações nas políticas sociais, o
progresso das nações, a dilatação dos mercados, etc. exercem influencias nas condutas e os
códigos necessitam ser reformulados em suas questões, pois os aspectos da forma de
trabalhar são os mais sensíveis a modificações. Todavia quando a operacionalidade no
trabalho se altera, é possível que também se alterem formas de relacionamento pessoal e,
logicamente a conduta.
A conduta sadia do ser consigo mesmo e com seu ambiente, habita o sucesso.
Entre os muitos estudiosos da questão, Alexis Carrel (apud SÁ, 2004, p. 128), conseguiu
sintetizar sobre as relações ambientais, seus pontos de vista, em princípios aptos para a
felicidade, todos de índole ética. Embora não seja o exclusivo tratadista da matéria,
entendemos que foi com propriedade que objetivou os seguintes aspectos éticos:
• Considerar o triunfo da vida como nossa principal ocupação.
• Aceitar a ordem das coisas, resignando-se a uma voluntária limitação da
liberdade, para nos submetermos a uma regra.
• Optar pela ordem, em vez da fantasia, e pelo esforço constante, em vez da
despreocupação irresponsável.
• Utilizar, ao mesmo tempo, o saber e a crença, a inteligência e o sentimento.
• Utilizar todas as aquisições da humanidade, tanto à religião com a ciência.
• Incorporar nas formas racionais, os elementos passional, afetivo e religioso.
• Substituir pelos conceitos e princípios científicos aqueles conceitos e princípios
fisiológicos.
• Levar em conta o econômico, o que é uma condição necessária, mas não
suficiente, para o triunfo. Subordinar esse econômico ao humano.
• Tirar partido de todos os elementos humanos idôneos, tais como os liberais
sinceros e os intelectuais democratas; neutralizar os preguiçosos, os especuladores, o poder
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do dinheiro, os traidores, os avarentos, os criminosos e os loucos. É a qualidade que
importa, porque a quantidade não basta.
• Recordar a importância do desenvolvimento simultâneo e conjugado do
fisiológico e do intelectual.
• Recordar que o homem tem necessidades, e não direitos, e que essas
necessidades diferem segundo as funções. Os crentes não têm de se inquietar com a
substituição dos conceitos científicos pelas ideologias. Só uma verdade existe. Todas as
suas parcelas encontraremos encerradas nas ideologias (ALEXIS CARREL apud SÁ,
2004, p. 128).
Carrel estabelece, em seus princípios os caminhos que entende sejam os que
conduzem o homem ao triunfo. Denotam, em sua essência, um tipo de conduta que se
baseia na atenção em si mesmo, no próximo e nos objetivos definidos (apud SÁ, 2004, p.
129). Conforme Janes Felélis Tomellin e Norberto Siegel (2012, s/p):
Ao longo da história da humanidade, a ética foi entendida como parte integrante
do pensamento filosófico. Quer por sua vez, ficou conhecida como filosofia
moral. Os filósofos, cada um em sua época, procuraram estabelecer princípios e
pressupostos de compreensão da ética e da moral.
Ou seja, a ética é parte significativa em todas as relações entre pessoas, seja na
sociedade ou nas profissões. A evolução dos seus princípios deu-se com o processo
evolutivo da humanidade. Ela é insubstituível para a nossa conduta. Pois é através da ética,
que o ser humano define o que é bom e correto e o que ele deveria assumir, visando o bem
em comum.
Segundo Álvaro L. M. Valls (1994), tradicionalmente ética é entendida como um
estudo ou uma reflexão, científica ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os
costumes ou sobre as ações humanas. Mas também chamamos de ética a própria vida,
quando conforme aos costumes considerados corretos. A ética pode ser o estudo das ações
ou dos costumes, e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento.
Enquanto uma reflexão científica, que tipo de ciência seria a ética? Tratando de
normas de comportamentos, deveria chamar-se uma ciência normativa. Tratando de
costumes, pareceria uma ciência descritiva. Ou seria uma ciência de tipo mais
especulativo, que tratasse, por exemplo, da questão fundamental da liberdade.
Faz-se necessário dividir a Ética de modo a entender quais os problemas do
estudo da ética. Dividindo didaticamente esse estudo em dois campos: nos problemas
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gerais e nos problemas específicos, ressaltando que é uma divisão acadêmica uma vez que
na vida real não existe separação. A ética em cima do capital, da moral religiosa, ou
mesmo das relações interpessoais é variável de acordo com a sociedade e o tempo em que
esta se desenvolve, mas mesmo ai se busca determinar o que tem de igual nas passagens de
tempo e de sociedades para que possamos identificar uma atitude ética, este é um problema
levantado que ainda não possui solução adequada, mas todo o “esforço de teorização no
campo da ética se debate com o problema da variação dos costumes” (VALLS, 1994, p.
16).
Para Valls (1994), diversos filósofos de maneira universal explicam as atitudes
pessoais de aprendizado. A citação para elucidar esta busca se encontra principalmente nos
pensamentos de Sócrates (470-399 a.c) que foi o primeiro a tentar realizar uma “consulta
interior” questionando as tradições gregas através da vontade de compreender a justiça das
leis e Kant que buscava uma ética universal que colocasse a igualdade para todos os
homens, ambos dialogam intrinsecamente com a moral, a partir das ideias destes
pensadores diferentes discursos foram sendo construídos. Na Ética Grega Antiga, três
importantes filósofos, de modo geral, representam o pensamento grego. O ponto de vista
de Sócrates já foi citado para continuar seus estudos, Platão os sistematizou e colocou sua
visão de busca pelo bem e pela felicidade; felicidade entendida como prazer como
sabedoria prática e como verdade, não há ideia de felicidade contemporânea.
O homem deveria ser honrado, sendo uma imitação ou uma assimilação de Deus e
existiam os valores principais: Justiça, Prudência ou Sabedoria, Fortaleza ou Valor e
Temperança. Já para Aristóteles a questão não é tão teórica, mas um pouco mais pratica,
sem deixar de utilizar a contemplação e a base da busca do bem ele demonstra que o bem é
especifico de acordo com o grau de complexidade do ser, neste sentido a ética de
Aristóteles surge com um fim, então para o homem a busca do bem era algo que envolvia
diversos campos e diversas procuras. Lembrando que esta visão parte de uma sociedade
escravocrata em que os escritos foram pensados para uma aristocracia que não trabalhava e
tinha tempo de sobra para se dedicar as artes contemplativas (PLATÃO apud VALLS,
1994, p. 25). A busca por um ideal ético pode possuir diversas respostas para Platão,
Aristóteles e Sócrates, mas a busca da felicidade era o principal objetivo, já no cristianismo
os ideais éticos se identificam com os religiosos. Em Hegel o foco das ideias de ética recai
sobre a noção de estado.
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Na reflexão do século XX, a ideia é de que a sociedade não se comporta de forma
imoral, mas sim amoral. A liberdade à questão da liberdade é discutida partindo das ideias
de determinismo e de liberdade, existindo diversas definições de determinismo de acordo
com o momento vivido, mas ele é contrário a ética, da mesma forma o extremo oposto do
determinismo também nega sua função ética, nesse meio o poder da vontade, o chamado
idealismo também não pode ser considerado como um meio ético já que este é teórico de
tal forma que não consegue se enquadrar no homem real (VALLS, 1994, p. 51). Os dois
extremos, o bem e o mal, são partes de um mesmo estudo: a ética está ligada à ideia de
bem e à tentativa de evitar o mal. “Por mais que variem os enfoques filosóficos ou mesmo
as condições históricas, algumas noções, ainda que bastante absortas, permanecem firmes e
consistentes na ética” (VALLS, 1994, p. 67).
Para Kierkegaard, uma pessoa ética é aquela que age sempre a partir das
alternativas do bem e do mal, e quem vive optando entre uma ou outra, não vive
eticamente. “A questão atual é principalmente saber se, mesmo sabendo isto, os homens
de hoje ainda se sentem em condições de agir individualmente, isto é, agir moralmente”
(VALLS, 1994, p. 69). Na ética, atualmente, alguns aspectos são interessantes, a colocação
da família na ideia de ética, questões de fidelidade, de amor, relacionadas à sexualidade
como nos casos do celibato, feminismo e da homossexualidade, exigindo uma
reformulação doutrinária dos estudos.
E em relação ao Estado, a liberdade do indivíduo só se completa com a liberdade
de um estado livre e de direito. O estado só é livre se todos os indivíduos que o fazem
também sejam livres. E nos dias de hoje a luta ganha um caráter muito mais sutil: o poder
da imprensa, a dominação econômica, as massas podem ser dominadas mentalmente por
meio da disseminação de informações diretas que definem e/ou direcionam a população
para um determinado caminho. Segundo Maria Cecília Coutinho de Arruda e Maria do
Carmo Whitaker (2003, s/p), o código de ética é o “instrumento que busca a realização dos
princípios, visão e missão da empresa. Serve para orientar as ações de seus colaboradores e
explicitar a postura social da empresa em face dos diferentes públicos com os quais
interage”.
Outra definição de Código de Ética (ETHOS, 2000, p. 13) Código de ética ou de
compromisso social como um instrumento de realização da visão e missão da empresa, que
orienta suas ações e explicita sua postura social a todos aqueles com quem mantém
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relações. O código de ética e/ou compromisso social e o comprometimento da alta gestão
com sua disseminação e cumprimento são bases de sustentação da empresa socialmente
responsável.
Para que um Código de Ética seja bem sucedido, sua concepção deve envolver
todos os interlocutores com os quais a empresa se relaciona. É essa cumplicidade de
transparência que levara os participantes desse processo a contribuir e dar vida as intenções
presentes na origem do documento. Acordo explícito entre os membros de um grupo
social, uma categoria profissional, um partido político, uma associação civil etc. Seu
objetivo é explicitar como aquele grupo social, que o constitui, pensa e define sua própria
identidade política e social; e como aquele grupo social se compromete a realizar seus
objetivos particulares de um modo compatível com os princípios universais da ética
(ANSWERS, 2009).
Dessa forma, o Código de Ética está presente em qualquer agrupamento onde as
pessoas tenham um objetivo a ser atingido ou compartilhado, mas nem sempre é colocado
em prática, como exemplo, podem-se citar as questões de fraudes e corrupção nos meios
corporativos e políticos. Para fins deste estudo, esses dois comportamentos são
considerados como consequências da perda dos padrões éticos.
Segundo Robert H. Srour (2008), a ética é um saber científico que se estende até
as ciências sociais. É um conhecimento no todo que dá sentido aos fatos morais, que
evidencia e se confirma com a divulgação de costumes, já antes estabelecidos, mesmo que
hoje sejam considerados fora das normalidades e mesmo assim se assemelha aos fatos
sociais, que define o comportamento mutável em relação á espaço e tempo, pois depende
em que nível da sociedade o indivíduo está inserido.
Naturalmente, os diferentes padrões culturais desfrutam de justificações morais
que as sociedades lhes conferem. Assim, as morais são múltiplas e nenhum
sistema de normas morais consegue obter o selo da eternidade ou a aura da
universalidade. Porque os padrões morais fincam em suas raízes na história, nos
eventos singulares e em fluxo, donde seu caráter efêmero, transitório, provisório,
passageiro, mutável. (SROUR, 2008, p. 10)
Já para Robert C. Solomon (2006), a ética não proporciona um novo
conhecimento e sim um senso e uma visão renovada para atingir o estado dos negócios
atuais, pois a busca pela ética provém dos próprios executivos que desejam solucionar os
conflitos, por mais que haja algum tipo de constrangimento em discuti-la, deve ser usada
para que os problemas sejam compreendidos e resolvidos a fim de se ter um negócio bem14
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sucedido.
Conforme Srour (2008), a ética pode ser vista como uma regra teórica
caracterizada pelos seus princípios em definir o comportamento praticado pelas pessoas, a
maneira como age e como outras pessoas reagem para o bem ou para o mal, ou seja, a ética
estuda os princípios morais, que geram certos conflitos e podem resultar até em discussões,
pois é um assunto vasto e abrangem vários outros aspectos de comportamento, como por
exemplo, a solidariedade e a lealdade, porque diante de uma escolha a ser feita poderá tem
um lado em desvantagem.
Na visão de Srour (2008), em uma administração de recursos de terceiros,
gerenciados por corretora e por banco, pode existir algum conflito devido às informações
sigilosas que podem usar a seu favor, por mais que se tenha uma política a seguir, porém
nesse caso, a lealdade deve ser mantida entre os gestores e os clientes para que não se
tenha nenhum prejuízo e os serviços prestados sejam direcionados ao concorrente.
Solomon evidencia que:
Minha tese inegociável é que é ética nos negócios, compreendida de forma
correta, é simplesmente boa para os negócios. Isto não quer dizer que a virtude
sempre prospera, mas sim que a integridade da corporação e do indivíduo dentro
dela é o ingrediente essencial da viabilidade e da vitalidade do mundo dos
negócios. O que chamamos de “sucesso” exige tanto ética quanto excelência,
não simplesmente boa sorte na busca da riqueza. É importante negócios
estimular a integridade, e o ato de "vender-se” – um termo arcaico que talvez
esteja voltado à moda – marca os limites dessa integridade. Não quero idealizar o
sistema de livre empresa, mas defender seus valores e virtudes contra a
compreensão equivocada que ele tem de si próprio e o mau uso que faz de si.
(SOLOMON, 2006, p. 41)
Para Srour (2008), o conhecimento da ética equivale à ciência no todo, pois
permite constatar e definir a situação dos fatos morais, como elaborar conteúdos,
caracterizar normas, e com isso qualifica especialistas desse tema. De uma forma é
científica, pois abrange elementos sociológicos e históricos, entendível pelo estudo e pela
capacidade de presumir acontecimentos com uma grande possibilidade de tornar concreto.
De maneira reduzida, a teoria ética enquadra em padrões ligados a deveres e virtudes
estabelecidas. Já a teoria ética de responsabilidade está firmada nas consequências dos
atos, pois supõe, racionalmente, os resultados e riscos, que poderão ser obtidos, e ainda se
atenta às realizações de objetivos de todos, ou seja, confirma suas evidências pelo
experimento.
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2 O dilema dos valores
Srour ressalta que:
Em 1989, motivada pelo acidente ocorrido com o petroleiro Exxon Valdez, no
Alasca – vazamento que causou um dos piores acidentes ecológicos da história e
que teve no capitão do navio, embriagado, um dos principais responsáveis -, a
empresa norte-americana Exxon Corporation decidiu aplicar um exame de
drogas e álcool a seus funcionários. Todas filiais da empresa pelo mundo afora
tiveram que instituir o teste, com a recomendação de que fossem respeitadas as
normas legais de cada país. Afinal de contas, a legislação diferenciada poderia
gerar dúvidas quanto à aplicação prática. Acontece que, na maior parte dos
países, a legislação vigente mostrou ser absolutamente favorável à adoção.
(SROUR, 2008, p. 179)
A resolução da empresa, para Srour (2008), garantiu aos funcionários um local
livre de drogas, e apesar de ter enfrentado resistências, a Exxon estipulou isso como uma
regra até as empresas contratadas. Esse assunto levanta duas questões: respeitar os
funcionários em suas particularidades, evitando qualquer tipo de constrangimento ou
garantir que o local de trabalho esteja livre de entorpecentes? Nessas questões os valores
da privacidade do funcionário e do bem-estar do funcionário na empresa entram em um
atrito, pois os testes podem trazer um constrangimento á uma pessoa que tenha a
necessidade de fazer uso de substâncias químicas, devido á uma doença grave, por
exemplo. Nessa situação o que deve se conservar são os interesses gerais por mais que
outros interesses sejam prejudicados, pois usando o método racional alcança o ponto da
razão ética.
Para Solomon (2006), o conceito dos jogos classifica a “racionalidade” de grande
importância pessoal para lidar com a competição e conflitos, pois cada jogador entra em
campo tentando atingir seus próprios interesses, mas a solução se mostra segura porque é
baseada na razão. É esta visão que o autor leva para o mundo dos negócios na mesma
estrutura e comportamento.
2.1 A Lógica do Capitalismo
Na visão de Srour (2008), de forma geral, a moral se constitui nos princípios da
vida em coletividade e merece o respeito a um conjunto de regras para o bem comum.
Um funcionário desiludido da Nike levou a um consultor ambiental do Centro de
Recursos e Ação junto a Transnacionais um relatório interno sobre as condições
de trabalho nas fábricas do Vietnã. O relatório revelava que o carcinógeno
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tolueno estava presente no ar das fábricas 17 vezes acimado nível permitido, e
que mais de 75% dos trabalhadores tinham doenças respiratórias. Esses
trabalhadores não sabiam que os produtos químicos que usavam na montagem
dos tênis eram tóxicos. A história foi para na primeira página do The New York
Times, obrigando a Nike e outros fabricantes de tênis a modificar suas práticas.
(FOLHA DE SÃO PAULO, 1999 apud SROUR, 2008, p. 214)
Conforme Srour (2008), sem as pressões da imprensa, não teria sido alterada a
situação dos trabalhadores da fábrica de tênis, pois os empreendedores, empresários e
comerciantes não aceitam que suas lojas ou estabelecimentos sejam vistos de uma forma
negativa, porque isso pode gerar fiscalizações, greves e a perda do capital que foi
investido. Por outro lado, os trabalhadores também se sentem incomodados se não podem
estar inseridos no mercado, porque diante disso não se sentem úteis e não podem garantir o
sustento, para reduzir essas inquietações, o Estado oferece um respaldo “mínimo legal”
essencial para que se movimente o mercado, e aos trabalhadores também foram
conquistados direitos sociais para garantia e preservação do capitalismo social. Em
contrapartida, as empresas que são os negócios que geram o dinheiro, pagam caro para se
manterem, pois além da competitividade ainda são vigiadas pela sociedade civil que
estipula exigências para que ela esteja equiparada à responsabilidade social no mundo dos
negócios.
Ainda de acordo com Srour (2008), a seguir observa-se que o recall é aplicado, ao
contrário da convocação para a retirada de produtos a partir de uma oposição do governo
por considerar que a empresa não traz, com seus produtos, nenhum benefício para os
clientes: Em uma fábrica em Antuérpia, na Bélgica, foi utilizado um gás carbônico
inadequado, contendo sulfeto de hidrogênio. Além disso, grandes lotes de latas de
refrigerante, vindos da fábrica de Dunquerque, na França, foram impregnados por um
fungicida. As pessoas contaminadas apresentaram vários sintomas, como náuseas, dores de
cabeça, vômitos e diarreia. Em consequência, as ações da empresa chegaram a cair 10%
em Wall Street. Foi comunicado pelo presidente da Coca-Cola mundial, que afirmou que
todas as medidas necessárias, estavam sendo tomadas para garantir a qualidade dos
produtos, além dos pedidos de desculpas aos consumidores. Disse de uma forma direta,
que em 113 anos, o êxito da Coca-Cola tinha sido baseado na confiança dos consumidores
pela qualidade dos produtos; e para a instituição: saúde e segurança sempre foram mais
importantes do que negócios (FOLHA DE SÃO PAULO, 1999 apud SROUR, 2008).
Para Srour (2008), a partir disso se vê com clareza o fundamento da economia que
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aumenta o lucro, e associa a ética aos “ganhos sociais”, que pode ser vista se houver
alguma motivação política da cidadania, e de certo modo todos aproveitam dos valores
adquiridos, que ainda sendo pressionados a compartilhar o benefício, transformam essa
pressão em democratização. E mesmo essas organizações se preocupando com a reputação,
que está ligada à confiança que a empresa passa para as pessoas ao redor, pode-se
comprovar que é algo distante de ser.
3 Pesquisa de campo
3.1 Histórico da empresa
Neste trabalho, estudamos o comportamento ético nas relações humanas, na
empresa KraussMaffei, que possui 26 colaboradores. Tratando-se de uma empresa de
origem alemã, foi possível estudar sua filial no Brasil, a fim de entender suas
características, em se tratando do comportamento humano e ético, estudando os códigos de
comportamento, como eles se relacionam com a ética nos negócios e como a ação é
apresentada.
O grupo KraussMaffei localizado a Rua Adib Auda, 290 - Jardim Lambreta no
Município de Cotia, Estado de São Paulo está entre os principais fornecedores mundiais de
máquinas e sistemas para a produção e processamento de plásticos e borracha. Seus
produtos e serviços abrangem toda a linha de moldagem por injeção e reação e tecnologia
de extrusão, fazendo com que empresa ocupe uma posição única na indústria. O grupo
KraussMaffei é movido a inovação, fornecendo produtos, processos e serviços em forma
de soluções padrão ou personalizadas que sempre agregam valor à linha do cliente. As
marcas KraussMaffei Berstorff, KraussMaffei e Netstal atendem a clientes da indústria
automotiva, de embalagens, da área médica, da construção, elétrica, eletrônica e de
eletrodomésticos. Dando continuidade a uma longa tradição de excelência em engenharia,
o grupo KraussMaffei internacional conta atualmente com cerca de 4.000 funcionários. Ao
possuir uma rede global de mais de 30 filiais e mais de 10 unidades de produção, apoiadas
por cerca de 570 pontos de vendas e parceiros de serviços, a empresa está próxima aos
clientes de todo o mundo. A KraussMaffei está sediada em Munique desde 1838
(KRAUSSMAFFEI, 2014).
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As atividades da filial no Brasil iniciaram-se em 1999, substituindo a estrutura até
então existente de representantes comerciais, a empresa em estudo é composta por 26
(vinte e seis) colaboradores envolvidos no processo como todo. A KraussMaffei tem como
missão destacar-se como um fornecedor líder mundial das três tecnologias mais relevantes
para a produção e processamento de plásticos e borracha, quer ser a escolha dos clientes
em primeiro lugar como fornecedor do sistema. O objetivo da empresa, como um sistema
integrado tecnologia-driven, é gerar valor agregado para nos parceiros de negócios, através
de soluções de aplicações específicas de engenharia. Inovação incessante, de alto calibre,
no sentido de assegurar posição de liderança no mercado (KRAUSSMAFFEI, 2014).
A sua Visão diante do mundo é operar em nível internacional nos respectivos
mercados, de acordo com as leis e normas que regem a concorrência nacional e
internacional. No âmbito do Compliance e Código de Ética, define os princípios básicos
para a conduta profissional, que formam a base de orientação para os colaboradores e
parceiros de negócios que atuam em nome do Grupo KraussMaffei (KRAUSSMAFFEI,
2014).
Seus valores são norteados por cinco fundamentos. Em primeiro lugar e acima de
tudo está o compromisso com os clientes. Melhoria contínua é a chave para identificar e
eliminar erros de qualquer tipo. Trabalho em equipe, pois a empresa só terá sucesso se
todos trabalharem juntos. Responsabilidade pessoal, isto significa estar disposto a trabalhar
duro e não transferir culpa para outras pessoas. Reconhecendo os problemas, fica mais
fácil trabalhar no sentido de soluções, acreditando sempre no êxito da empresa
(KRAUSSMAFFEI, 2014).
3.2 Principais Concorrentes
A KraussMaffei vem priorizando um relacionamento de fidelidade e respeito com
o seu cliente, criando uma relação duradoura e de confiança, produzindo assim uma grande
sinergia entre os seus profissionais e seus clientes. Em meio a essa competitividade
podemos citar alguns concorrentes que fazem parte da história da KraussMaffei:
 A Engel do Brasil Ltda, empresa especializada em produção de polímeros
criada em 1999 no município de Viana, no Espírito Santo.
 A Sumitomo (SHI) DEMAG, com sua matriz no Japão, passa a ser uma das
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líderes mundiais no mercado de fabricação de Injetoras. Com 05 fábricas espalhadas na
Alemanha, Japão e China, desenvolvendo e produzindo máquinas injetoras da mais alta
qualidade, com mais de 3.000 colaboradores.
 Husky Injection Molding Systems Ltda é a maior fornecedora de marca do
mundo de soluções de fabricação, incluindo ferramentas, sistemas e serviços, para clientes.
3.3 Instrumento de Coleta de dados
A pesquisa foi realizada no período de 10/08/2014 à 10/09/2014, com 16
colaboradores atuantes nos setores financeiro, recursos humanos, serviços, logístico e
contábil na empresa KraussMaffei. A coleta de dados foi obtida por meio de questionário
misto, elaborado com 14 perguntas abertas e seis fechadas, que foi entregue pelas
pesquisadoras aos profissionais da empresa, mediante prévio agendamento.
3.4 Perfil dos entrevistados
A coleta de dados foi realizada com 13 (treze) homens na faixa etária entre 29
(vinte e nove) a 48 (quarenta e oito) anos, três mulheres na faixa etária entre 35 (trinta e
cinco) a 50 (cinquenta) anos; de todos os entrevistados oito são casados e com filhos, todos
com nível de escolaridade superior.
3.5 Análise dos dados sobre questionário específico relacionado à temática abordada
1)
O que você entende sobre ética?
Os dezesseis entrevistados responderam de forma parecida, indicando que a ética
é o conjunto de valores, princípios e regras, engloba valores morais, educacionais, respeito,
é o conjunto de leis não escritas, em que os indivíduos baseiam suas ações, ou seja, é a
forma que o homem deve se comportar no meio social é ser contundente com suas ações
em prol de um bom relacionamento obedecendo e respeitando os padrões estabelecidos
pela sociedade. Essa coletânea das respostas dos entrevistados se aproxima muito do que
Jeffrey S. Harrison (2005) define como ética, quando se refere a um conjunto de regras que
determina o comportamento dos indivíduos em um grupo social ou em uma organização.
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Voltada ao estudo da conduta humana para propor a ordem e disciplina no meio social,
define o comportamento mutável em relação a espaço e tempo, depende em que nível da
sociedade o indivíduo está inserido.
2)
Existe ética nas relações de trabalho?
Quatorze dos entrevistados responderam que sim, e que a ética é de fundamental
importância para a transparência nas relações de trabalho, visando diminuir conflitos
gerados no ambiente de trabalho. Um respondeu que no seu ponto de vista a ética é menos
aplicada dentro de um ambiente de trabalho e o outro disse que na maioria das vezes não
existe a ética. Essa síntese da resposta dos entrevistados lembra muito a definição do
Instituído Ethos (2000) quando ressalta que o Código de ética ou de compromisso social é
o instrumento utilizado para a realização da visão e missão da empresa, que orienta suas
ações e explicita sua postura social a todos aqueles com quem mantém relações. O código
de ética e/ou compromisso social e o comprometimento da alta gestão com sua
disseminação e cumprimento são bases de sustentação da empresa socialmente
responsável. As respostas dos outros dois entrevistados estão em desacordo com a teoria
em relação à ética no ambiente de trabalho.
3)
Quais valores você considera importantes no relacionamento com as
pessoas e no ambiente de trabalho? Explique.
Todos os entrevistados responderam que os princípios éticos básicos para o bom
relacionamento no trabalho, são o respeito, clareza, objetividade, caráter, honestidade,
humanidade, educação, responsabilidade, sinceridade, hierarquia, humildade, disciplina,
lealdade, coragem, missão, cooperação favorecem um ambiente de trabalho harmonioso e
agradável, criando um clima positivo dentro da empresa com atitudes que visam à
colaboração para com os colegas de trabalho e, consequentemente, maior nível de
produção. Estabelecer normas e diretrizes, distribuição de tarefas com equidade embasada
em metas claras e justas. As respostas dos entrevistados estão de acordo com o conceito de
Aranha (2009), que relata que quando criamos valores, não o fazemos para nós mesmos,
mas como seres sociais que se relacionam com os outros. O ato moral efetivo será moral
ou imoral, conforme esteja de acordo ou não com a norma estabelecida. A formação ética é
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importante para o exercício da cidadania, quando os interesses pessoais não se sobrepõem
aos coletivos.
4)
Em sua empresa há um código de ética?
Todos os entrevistados responderam que existe um código de ética na empresa. Foi
constatado no conceito de Jeffrey S. Harrison (2005) que hoje, praticamente todas as
empresas possuem um código de ética, no sentido de incentivar os colaboradores das
organizações a trabalharem de forma honesta, respeitando os colegas e tendo uma conduta
profissional esperada pela alta administração.
5)
Se em sua empresa há um código de ética, há ou houve treinamento
relacionado a esse código de ética?
Todos responderam que a empresa tem o código de ética, mas não receberam
treinamento. De encontro com os preceitos de Answers 2009, para que um Código de Ética
seja bem sucedido, sua concepção deve envolver todos os interlocutores com os quais a
empresa se relaciona. É essa cumplicidade de transparência que levara os participantes
desse processo a contribuir e dar vida as intenções presentes na origem do documento.
Acordo explícito entre os membros de um grupo social, uma categoria profissional, um
partido político, uma associação civil etc. Seu objetivo é explicitar como aquele grupo
social, que o constitui, pensa e define sua própria identidade política e social; e como
aquele grupo social se compromete a realizar seus objetivos particulares de um modo
compatível com os princípios universais da ética.
6)
A empresa disponibiliza para o seu conhecimento o código de ética?
Todos os colaboradores entrevistados responderam que a empresa disponibiliza o
código e que o mesmo encontra-se no mural da empresa para consulta em caso de dúvidas.
Ao analisar o conceito em relação à prática, Answers, (2009) diz que o Código de Ética
está presente em qualquer agrupamento onde as pessoas tenham um objetivo a ser atingido
ou compartilhado, mas nem sempre é colocado em prática, como exemplo, podem-se citar
as questões de fraudes e corrupção nos meios corporativos e políticos.
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7)
Você já foi penalizado por não cumprir com o regulamento do código
de ética?
Os entrevistados responderam que nunca foram punidos devido ao fato de não
terem infligindo o código de ética. Considerando que a disciplina de conduta tem sua
importância, segundo Sá 2004, torna-se necessária visando proteção a todos, para que as
normas, regras etc. sejam respeitadas e cumpridas, evitando assim que o individuo tenha
conduta individualista transgredindo os diretos alheios, acreditando que tudo pode fazer,
mesmo que venha a prejudicar terceiros.
8)
Conhece alguém que tenha sido penalizado por falta de ética? Explique.
Cinco dos entrevistados responderam que sim e declararam ter conhecido
profissionais que infligiram o código de ética seguindo de maneira errônea as normas e
regulamentos internos da empresa, não mantendo uma postura congruente ao seu cargo,
pagamento de propina, um dos funcionários usou de recursos da empresa para premiar
passagens aos seus clientes e dois foram demitidos um deles por extrapolar nos gastos com
viagens. As respostas dos colaboradores são coerentes com o que diz Srour (2008), a
política pela ética fixa um sentido entre norma moral e norma jurídico-política, regrada a
partir de uma seção punitiva da lei, com intenção de constranger à submissão, como um
operante que fica receoso a sofrer punições. De forma geral, a moral se constitui nos
princípios da vida em coletividade e merece o respeito a um conjunto de regras para o bem
comum.
9)
Consegue identificar falta de ética nas suas relações de trabalho?
Explique.
Seis responderam que não conseguem identificar falta de ética nas suas relações
de trabalho; 10 disseram que conseguem identificar falta de ética nas relações, que não
deve haver tratamento diferenciado, principalmente quando o assunto é coletivo, quando
alguém extrai para si materiais de consumo da empresa, e quando há contradição na
conduta de alguém. A falta de ética pode ser uma das causas do sofrimento humano, o
pensador Kierkegaard (apud VALLS, 1994, p. 69) coloca que uma pessoa ética é aquela
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que age sempre a partir das alternativas do bem e do mal e, quem vive optando entre uma
ou outra, não vive eticamente. “A questão atual é principalmente saber se, mesmo sabendo
isto, os homens de hoje ainda se sentem em condições de agir individualmente, isto é, agir
moralmente”.
10)
Para você existe diferença entre a ética e a moral? Explique.
Para todos os colaboradores existe diferença entre a ética e a moral afirmando que
a Ética é o conjunto de conhecimentos da investigação do comportamento humano ao
tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada em base cientifica. E que
a Moral influencia nas regras da conduta de uma pessoa. Tem como propósito estabelecer
um convívio social de acordo com o que é bem quisto pela sociedade. Esse argumento vai
de encontro ao conceito determinado pelo autor Aranha (2009), quando relata que a moral
e a ética, ainda que diferentes, são com frequência usada como sinônimo. Moral vem do
latim mos, moris, que significa “costume” e Ética vem do grego Ethos, que tem o mesmo
significado de “costume”. A moral é o conjunto das regras de conduta admitidas em
determinada época ou por um grupo de pessoas. Ética ou filosofia moral é a parte da
filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que fundamentam
a vida moral. A moral é o conjunto de regras que determina o comportamento dos
indivíduos e um grupo social ou em uma organização.
11)
O que você acha sobre conflito de interesse?
Seis colaboradores disseram que há conflito de interesses quando as partes
envolvidas em algum negócio ou disputa têm interesse oculto para favorecer outra pessoa.
Pode-se identificar, nas respostas dos colaboradores que o conflito de interesses sempre
existirá para o alcance de um espaço ao sol, desde que não inflija os bons costumes e a
moral para conquista do objetivo. Na análise comparativa o autor Jeffrey S. Harrison
(2005), relata a questão de se pensar na Ética como ciência que dirige a moral do
comportamento humano já é uma questão filosófica, que requer reflexão, principalmente
num ambiente basicamente capitalista.
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12)
O que você pensa, sobre assédio sexual, suborno, fraude, e pagamentos
impróprios?
Todos responderam que são atitudes criminosas que violam o código da conduta
do ser humano, atingindo de forma danosa e direta a sociedade. São atos abusivos de
profissionais que se aproveitam da posição frente à empresa para tirar proveito de
determinada situação. Cabe à pessoa envolvida denunciar, para que haja punição evitando
assim se propague o ato abusivo. No contexto avaliado na visão de Maria Lúcia de Arruda
Aranha (2009), estamos constantemente fazendo avaliações de valores, sobre pessoas e
coisas. E esses valores podem ser lógicos, utilitários, estéticos, afetivos, econômicos,
religiosos, éticos e etc. Diante dos seres (sejam eles coisas inertes, seres vivos ou idéias)
somos mobilizados pela nossa afetividade, somos afetados de alguma forma por eles,
porque nos atraem ou provocam nossa repulsa. Portanto, algo possui valor quando não
permite que permaneçamos indiferentes.
13)
Você é receptivo quando o assunto é ética?
Todos responderam que são receptivos quando se trata de ética e que o
comportamento ético é benéfico às pessoas e à empresa. Essa visão vai ao encontro do
conceito de Sá (2009): quando a pessoa é beneficiada por uma educação baseada nos
preceitos a que nos referimos possui conhecimento e visão holística dos problemas,
tendendo a uma conduta qualificada, especialmente em razão dos recursos oferecidos para
o domínio das reações impulsivas. A tendência é de que a falta do uso de uma inteligência
emocional seja poderoso inimigo de uma conduta sadia, afetando, portanto, o campo da
ética.
14)
Como você encara a ética no que se refere à conduta humana?
Para todos os colaboradores, a conduta ética é fundamental no processo evolutivo
humano. Considerando o argumento introduzido Janes Felélis Tomellin e Norberto Siegel,
(2012, s/p) a ética é parte significativa em todas as relações entre pessoas, seja na
sociedade ou nas profissões. A evolução dos seus princípios deu-se com o processo
evolutivo da humanidade. Ela é insubstituível para a nossa conduta. Pois é através da ética,
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que o ser humano define o que é bom e correto e o que ele deveria assumir, visando o bem
em comum.
Considerações Finais
O interesse pela pesquisa sobre ética surgiu porque o assunto foi abordado durante
o curso de Administração das autoras, demonstrando o quão importante é a ética nas
relações de trabalho. Embora os profissionais defendam o tema com afinco, é notória a
falta de ética dentro das organizações; isso fez com que nos aprofundássemos para
adquirirmos um conhecimento mais amplo sobre a ética na empresa.
Os entrevistados demonstraram interesse pelo assunto, tendo receptividade quanto
à ética nas relações de trabalho, confirmando-se assim a hipótese a) Desde que a empresa
tenha interesse em desenvolver esse treinamento com base nas diretrizes de um
código de ética, haverá receptividade dos funcionários, quanto ao assunto. As
respostas foram ao encontro dos conceitos abordados pelos autores em nosso referencial
teórico, confirmando a importância da ética nas organizações bem como na vida. Na
pesquisa de campo, os colaboradores disseram que os indivíduos baseiam suas ações na
ética, ou seja, é a forma que o homem deve se comportar no meio social agindo em prol de
um bom relacionamento, obedecendo e respeitando os padrões estabelecidos pela
sociedade.
Quanto à questão abordada sobre a existência da ética nas relações de trabalho
conclui-se que na concepção da maioria dos colaboradores é fundamental e importante a
transparência da ética nas relações de trabalho, visando diminuir conflitos e manter a
ordem da hierarquia na organização, indo ao encontro da pesquisa sobre a teoria do código
de ética ou de compromisso social, destacando que é o instrumento utilizado para a
realização da visão e missão da empresa, que orienta suas ações e explicita sua postura
social a todos aqueles com quem mantém relações. Sendo que a disseminação e o
cumprimento desse código são bases de sustentação da empresa socialmente responsável.
Na hipótese b) Num primeiro momento todos se dizem éticos, porém muitos
não praticam os preceitos da ética, constatou-se por meio da pesquisa que os
profissionais da referida empresa utilizam-se da prática da ética, porém afirmaram
conhecer profissionais que transgrediram os preceitos éticos e foram punidos. Com isso,
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chegamos à conclusão que para fazer valer determinado preceito deve prevalecer a punição
para que os valores sejam repensados e provoquem mudanças na postura dos envolvidos
nessa situação.
De acordo com a pesquisa realizada, a hipótese c) É possível desenvolver
treinamento com foco à abordagem ética, desde que a empresa tenha como objetivo
priorizar a ética comportamental, não se confirmou, tendo em vista que não há interesse
da gestão da instituição para que os funcionários tenham maior conhecimento das práticas
estabelecidas no código de ética da organização.
Para que a ética seja, de fato, bem sucedida é imprescindível que haja
envolvimento de todos que atuam na empresa, seja de forma direta ou indireta, pois ética é,
sobretudo, prática. Nesse sentido, não basta ter um código de ética bem estabelecido no
papel, sob a forma de um indicador prescritivo, se as pessoas não agem colocando em ação
esses preceitos. A ética, atualmente, não é apenas um elemento de valorização das
empresas, mas reflete a imagem da organização e a transparência necessárias para que ela
se mantenha competitiva e lucrativa no mercado.
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