Diarréia Congênita Ana Beatriz Rocha Gabriel Residente de 4º ano da Disciplina de Gastropenterologia Pediátrica da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP Introdução Diarréias congênitas são enteropatias crônicas raras, caracterizadas por etiologia heterogênea, na maioria dos casos estão relacionadas a um defeito genético, identificado ou não, geralmente herdado de maneira autossômica recessiva. DDC representam uma das doenças mais desafiadoras aos gastroenterologistas pediátricos, devido à gravidade do quadro clínico e da ampla gama de condições em seu diagnóstico diferencial. Nas primeiras semanas de vida, os pacientes afetados pela DDC apresentam geralmente diarréia grave que dentro de algumas horas leva a de risco de vida devido a acidose metabólica e a desidratação. Introdução Na grande maioria dos casos, a terapêutica adequada deve ser iniciada imediatamente. Algumas formas da DDC, com quadro clínico mais leve podem permanecer sem diagnóstico até idades mais avançadas, devido à mutações no gene da doença com efeito mais brando. Na maior parte dos casos das DDC o gene é conhecido. Assim, a análise molecular tornou-se uma importante vantagem na abordagem do difícil diagnóstico na suspeita de DDC. Introdução Recentemente, foi proposta uma classificação das DDC em quatro grupos: Defeitos da digestão, nutrientes e eletrólitos. Defeitos da diferenciação do enterócito e polarização. Defeitos de diferenciação das células Enteroendócrinas. Defeitos da modulação da resposta imune intestinal. absorção e transporte de Introdução A abordagem diagnóstica para a DDC é um processo de várias etapas que inclui a avaliação cuidadosa dos dados de anamnese e exame físico, exames séricos e análise molecular. História familiar positiva de diarréia crônica de início precoce, polidrâminio e/ou alças intestinais dilatadas no ultrassom durante a gravidez são altamente sugestivos de DDC. Freqüentemente DDC leva a trabalho de parto prematuro. No entanto, na abordagem de um recém-nascido ou criança com suspeita de DDC é importante lembrar que também nesta idade, infecções, alergia alimentar e malformações do trato gastrointestinal são causas freqüentes de diarreia crônica. Introdução Quando suspeitado, o passo fundamental no processo de diagnóstico de DDC é a identificação de um mecanismo osmótico ou secretor Introdução Quando um mecanismo osmótico é suspeitado o próximo passo da investigação laboratorial inclui gasometria, glicemia, amônia, albumina, triglicérides e colesterol, aminoacidúria e a busca de substâncias redutoras nas fezes, esteatócrito. A biópsia intestinal com exame histológico é crucial para o diagnóstico da maioria das DDC, principalmente para as formas secretoras. Epidemiologia A incidência exata da maioria dos DDCs ainda não foi estabelecida. O conhecimento da incidência da DDC em países específicos e grupos étnicos poderia ajudar no diagnóstico precoce. Algumas DDC são mais freqüentes em grupos étnicos, onde os casamentos consangüíneos são habituais. Por exemplo, a deficiência de lactase congênita (LD) é particularmente frequente na Finlândia, deficiência de sacarase-isomaltase congênita (SID) pode afetar até 5% da população da Groenlândia, Alasca e Canadá. Diarreia Congênita Osmótica É caracterizada por má absorção de carboidratos levando a fermentação por bactérias e subsequente aumento da concentração de ácido láctico nas fezes, levando a detecção de substâncias redutoras nas fezes. pH das fezes entre 5 e 6. Na DDC osmótica, o aparecimento de sintomas após a ingestão de alimentos específicos, ou a presença de sintomas extra-intestinais poderia ajudar no diagnóstico. Diarreia Congênita Secretora A maioria dos pacientes desenvolve uma enteropatia perdedora de proteína com perda de α-1-antitripsina nas fezes e hipoalbuminemia. Diarréia muitas vezes começa nos primeiros 3 meses de vida, porém um início mais tardio, tem sido ocasionalmente descrito. Defeitos na digestão, absorção e transporte de nutrientes e eletrólitos Deficiência congênita de Lactase Deficiência congênita de Sacarasa-Isomaltase Má absorção de Glicose-Galactose Má Absorção Congênita de Frutose Acrodermatite Enteropática Cloridorréia Congênita Diarréia congênita perdedora de sódio Deficiência Congênita de Sais Biliares Deficiência de Enteroquinase Diarréias relacionadas aos defeitos nos quilomícrons Deficiência congênita de LACTASE Doença autossômica recessiva rara. Diarréia inicia com introdução de leite humano ou fórmula contendo lactose (gal+gli). Pode ser fatal se não diagnosticada precocemente. BID mostra pouca concentração ou ausência de lactase. Tratamento: formula infantil isenta de lactose. Defeitos na digestão, absorção e transporte de nutrientes e eletrólitos Deficiência congênita de Lactase Deficiência congênita de Sacarase-Isomaltase Má absorção de Glicose-Galactose Má Absorção Congênita de Frutose Acrodermatite Enteropática Cloridorréia Congênita Diarréia congênita perdedora de sódio Deficiência Congênita de Sais Biliares Deficiência de Enteroquinase Diarréias relacionadas aos defeitos nos quilomícrons Deficiência congênita de SACARASE‐ISOMALTASE Está presente na borda em escova e é responsável pela hidrólise da sacarose (gli+fru) e outros CH como isomaltose. Início com a introdução de sacarose. Diagnóstico: dosagem enzimática na BID. Tratamento: retirada enzimática (Sucraid). da sacarose e terapia Defeitos na digestão, absorção e transporte de nutrientes e eletrólitos Deficiência congênita de Lactase Deficiência congênita de Sacarasa-Isomaltase Má absorção de Glicose-Galactose Má Absorção Congênita de Frutose Acrodermatite Enteropática Cloridorréia Congênita Diarréia congênita perdedora de sódio Deficiência Congênita de Sais Biliares Deficiência de Enteroquinase Diarréias relacionadas aos defeitos nos quilomícrons Má absorção de GLICOSE‐ GALACTOSE Transportadores de glicose: difusão falicitada (GLUs) e cotransportadores Na+/Gli (SGLTs). Vários tipos de SGLTs, sendo o principal do intestino o SGLT1. Quadro clínico: diarréia osmótica por má‐ absorção de glicose, galactose e sódio. Diagnóstico: Teste H2 com glicose e galactose. Tratamento: substituição de glicose e galactose da dieta sendo a Frutose uma opção. Defeitos na digestão, absorção e transporte de nutrientes e eletrólitos Deficiência congênita de Lactase Deficiência congênita de Sacarasa-Isomaltase Má absorção de Glicose-Galactose Má Absorção Congênita de Frutose Acrodermatite Enteropática Cloridorréia Congênita Diarréia congênita perdedora de sódio Deficiência Congênita de Sais Biliares Deficiência de Enteroquinase Diarréias relacionadas aos defeitos nos quilomícrons Má‐absorção de FRUTOSE Presente na dieta de várias formas: mono ou dissacarídeo e em formas polimerizadas. Metade da população não consegue absorver completamente 25g de frutose. Principal transportador: GLUT 5. Diagnóstico: teste de H2. Sintomatologia similar as outras má‐absorções de CH. Tratamento: retirada da frutose da dieta. Defeitos na digestão, absorção e transporte de nutrientes e eletrólitos Deficiência congênita de Lactase Deficiência congênita de Sacarasa-Isomaltase Má absorção de Glicose-Galactose Má Absorção Congênita de Frutose Acrodermatite Enteropática Cloridorréia Congênita Diarréia congênita perdedora de sódio Deficiência Congênita de Sais Biliares Deficiência de Enteroquinase Diarréias relacionadas aos defeitos nos quilomícrons Acrodermatite Enteropática Defeito no gene codificador da proteína ZIP4, responsável pelo transporte de zinco no enterócito. Tríade: dermatite (periorificial e sacral, eczematosa, erosiva), alopécia e diarreia. Diagnóstico diferencial: dermatite atópica- causa lesão eczematosa na região inguinal e joelhos. Associados a baixos níveis séricos de zinco. Tratamento: reposição oral de zinco 3mg/kg/dia. Ocorre recidiva após suspensão de zinco. Associada a anorexia, déficit de crescimento, imunodeficiência e alterações neurológicas (letargia e anormalidades neurossensoriais) associadas. J Korean Med Sci 2010; 25: 1818-1820 J Korean Med Sci 2010; 25: 1818-1820 Defeitos na digestão, absorção e transporte de nutrientes e eletrólitos Deficiência congênita de Lactase Deficiência congênita de Sacarasa-Isomaltase Má absorção de Glicose-Galactose Má Absorção Congênita de Frutose Acrodermatite Enteropática Cloridorréia Congênita Diarréia congênita perdedora de sódio Deficiência Congênita de Sais Biliares Deficiência de Enteroquinas Diarréias relacionadas aos defeitos nos quilomícrons Cloridorréia Congênita Mutação no gene codificador da proteína que age fazendo a troca de ânions Cl‐ e HCO3‐ entre o plasma e a membrana no ileo terminal e colon. O sintomas variam conforme a idade. Diagnostico é feito com presença de cloro nas fezes em grande quantidade, alcalose hipoclorêmica e hipopotassêmica. Pode ser feito HD durante a gestação: USG com polidraminio e aumento das alças intestinais- inicio da diarréia intrautero. Ao nascimento pode apresentar abdome distendido, alças intestinais visíveis. A diarréia pode passar despercebida sendo confundida com urina. No RX abdome pode-se observar níveis hidroaéreos. Acta Gastroenterol Latinoam 2005;35:99-103 Cloridorréia Congênita Pode ser fatal se não tratada. Complicações: doença renal, hiperuricemia, inguinais, espermatocele, infertilidade. Atraso no DNPM. Tratamento: Administração de KCl, NaCl e água. Terapia com butirato (Sal de ácido graxo de cadeia curta) pode ter efeitos benéficos. hérnias Acta Gastroenterol Latinoam 2005;35:99-103 Defeitos na digestão, absorção e transporte de nutrientes e eletrólitos Deficiência congênita de Lactase Deficiência congênita de Sacarasa-Isomaltase Má absorção de Glicose-Galactose Má Absorção Congênita de Frutose Acrodermatite Enteropática Cloridorréia Cogênita Diarréia congênita perdedora de sódio Deficiência Congênita de Sais Biliares Deficiência de Enteroquinase Diarréias relacionadas aos defeitos nos quilomícrons Diarréia congênita perdedora de sódio Doença rara: início perinatal com diarréia grave e concentração aumentada de sódio, levando a hiponatremia e acidose metabólica, com alta mortalidade. Associado com: atresia anal, atresia de coanas, hipertelorismo e erosões de córnea. Genética ainda desconhecida. Foi relacionada a defeitos na troca H+/Na+ da borda em escova. Tratamento: nutrição parenteral prolongada Reposição com citrato de sódio. Defeitos na digestão, absorção e transporte de nutrientes e eletrólitos Deficiência congênita de Lactase Deficiência congênita de Sacarasa-Isomaltase Má absorção de Glicose-Galactose Má Absorção Congênita de Frutose Acrodermatite Enteropática Cloridorréia Congênita Diarréia congênita perdedora de sódio Deficiência Congênita de Sais Biliares Deficiência de Enteroquinase Diarréias relacionadas aos defeitos nos quilomícrons Diarréia Congênita Por Sais Biliares A reabsorção intestinal de sais ocorre principalmente no íleo terminal e é mediada por cotransportador de sal biliar dependente de Na- ASBT. Um defeito do ASBT leva à saída de sais biliares pela superfície basolateral. Essa mutação leva a diarréia congênita secundária à má absorção de ácidos biliares. J Pediatr Gastroenterol Nutr, Vol. 32, No. 4, April 2001 Diarréia Congênita Por Sais Biliares Defeito nesta proteína leva a: ◦ Maior concentração de sais biliares no cólon ◦ Aumento na secreção de água e sódio ◦ Aumento da motilidade ◦ Aumento na produção de muco ◦ Aumento da permeabilidade da mucosa Tratamento: ligadores de sais biliares: – Colestiramina: liga‐se aos sais biliares, formando moléculas complexas, não absorvíveis. – Colesevelam: afinidade mais específica. J Pediatr Gastroenterol Nutr, Vol. 32, No. 4, April 2001 Defeitos na digestão, absorção e transporte de nutrientes e eletrólitos Deficiência congênita de Lactase Deficiência congênita de Sacarasa-Isomaltase Má absorção de Glicose-Galactose Má Absorção Congênita de Frutose Acrodermatite Enteropática Cloridorréia Congênita Diarréia congênita perdedora de sódio Deficiência Congênita de Sais Biliares Deficiência de Enteroquinase Diarréias relacionadas aos defeitos nos quilomícrons Deficiência de Enteroquinase É uma protease da borda em escova do duodeno e jejuno. É secretada inativa (proenteroquinase), ativada pela tripsina ou duodenase. Quando ativa, converte tripsinogênio em tripsina, que por sua vez ativa o quimiotripsinogênio, proelastase, procarboxipeptidase e prolipase. A deficiência de enteroquinase leva a diarréia, atraso no desenvolvimento, hipoproteinemia e edema. sendo Defeitos na digestão, absorção e transporte de nutrientes e eletrólitos Deficiência congênita de Lactase Deficiência congênita de Sacarasa-Isomaltase Má absorção de Glicose-Galactose Má Absorção Congênita de Frutose Acrodermatite Enteropática Cloridorréia Congênita Diarréia congênita perdedora de sódio Deficiência Congênita de Sais Biliares Deficiência de Enteroquinase Diarréias relacionadas aos defeitos nos quilomícrons Diarreias Relacionadas Aos Defeitos Nos Quilomícrons Hipocolesterolemia familiar. Quilomícrons: principais carreadores de lipídeos. Desnutrição, atraso no DNPM, baixo peso, deficiência de vitamina E. Diagnóstico: dosagem baixa de colesterol com TG normais, endoscopia com depósito de gordura nos enterócitos. Tratamento: dieta com baixo teor de gordura, oferta calórica adequada, com ácidos graxos essenciais, reposição de vitaminas lipossolúveis. Defeitos de diferenciação do enterócito e da polarização Doença de Inclusão Microvilositária Enteropatia Congênita formadora de Tufos Doença de inclusão das microvilosidades Diarréia secretória intratável iniciada logo após o nascimento (causa mais comum excluindo infecção). Bx: microvilosidades curtas, atrofia vilositária, aumento das glândulas secretórias dentro dos enterócitos. Defeito na membrana apical dos enterócitos. Taxa de sobrevida no primeiro ano de vida é inferior a 25%. A nutrição parenteral total (NPT) e o transplante intestinal ou combinado (intestinal-hepático, quando se desenvolve insuficiência hepática secundária) são o único tratamento para a DIM. Diagnóstico: BID Tratamento: nutrição parenteral até transplante de intestino. J Pediatr Gastroenterol Nutr, Vol. 38, No. 1, January 2004 RNT, sexo feminino, sorologias maternas negativas, Apgar de 9/10, Pn: 2545g, En:46 cm, PC:33 cm, eliminação de mecônio nas primeiras 48 horas de vida. Iniciou alimentação com leite hipoalergênico, devido a baixa produção de leite pela mãe, teve alta hospitalar com 72 horas de vida. Teve boa evolução clinica até o 5º dia de vida quando iniciou recusa alimentar, irritabilidade e diarréia líquida. No dia seguinte foi admitido ao Hospital por desidratação grave (perda ponderal de 25%), acidose metabólica (pH:6,9; Bic:5 mmol/L) e insuficiência renal (creatinina:2,14 mg/dl; ureia:93 mg/dl). Foi realizado rastreio infeccioso e apesar de negativo foram instituídas antibioterapia intravenosa e hidratação com suplemento de bicarbonato de sódio IV. Após correção do desequilíbrio hidroeletrolítico e metabólico, mantendose em pausa alimentar, a diarréia persistia com débitos fecais de 60– 100 ml/Kg/dia, tendo iniciado nutrição parenteral total por perda ponderal significativa. Aos 10º dia de vida foi reintroduzido alimentação enteral com dieta hipoproteica, com proteínas inteiras e lactose, por suspeita de EIM, tendo ocorrido um agravamento da diarreia, perda ponderal e acidose metabólica. A pesquisa de substâncias redutoras nas fezes foi positiva. Ao 28º dia de vida foi realizada EDA com biopsia duodenal que evidenciou duas úlceras gástricas na grande curvatura, com características de úlceras de stress. O resultado do exame histológico da biopsia duodenal não permitiu avaliar adequadamente a morfologia vilositária, por deficiente inclusão do fragmento, tendo-se observado infiltrado linfo-plasmocitário no córion da mucosa. A biopsia duodenal e retal foi repetida ao 78º dia. Na primeira, observaram-se vilosidades intestinais alargadas e encurtadas com infiltrado inflamatório discreto no córion e epitélio de revestimento colunar com microvacuolização do citoplasma apical. A técnica histoquímica de PAS após diastase evidenciou borda em escova mal definida e presença de pequenos vacúolos no citoplasma apical dos enterócitos. Vacuolização Atrofia Vilositária do citoplasma A coloração irregular Iinear da membrana da borda em escova J Port Gastrenterol. vol.18 no.6 Lisboa nov. 2011 J Pediatr Gastroenterol Nutr, Vol. 38, No. 1, January 2004 Conclusão Após introdução gradual da alimentação (incluindo dieta semielementar, elementar, isenta de glicose e galactose) verificouse agravamento clínico com reinício de diarréia, acidose metabólica, diminuição do pH fecal e presença de açúcares redutores nas fezes, compatível com quadro de diarréia do tipo osmótico. Nos períodos de pausa alimentar o ionograma fecal evidenciava um aumento do sódio, sem gap osmótico, a favor de uma diarreia do tipo secretora. Portanto, a existência de diarreia, de início no período neonatal, com um componente misto fala a favor de uma enteropatia com alteração vilositária como a enteropatia autoimune, a enteropatia formadora de tufos ou a doença de inclusão das microvilosidades (DIM). O exame histológico permite o diagnóstico diferencial entre estas entidades. Defeitos da diferenciação enterócito e da polarização Doença de Inclusão Microvilositária Enteropatia Congênita formadora de Tufos Enteropatia congênita formadora de tufos Também conhecida como displasia do epitélio intestinal. Defeito na codificação da molécula de adesão celular epitelial (epCAM), responsável pela adesão de células. Geralmente associada a déficit de crescimento e dismorfismo facial. Autossômica recessiva rara. Primeiros meses de vida: diarréia crônica. Bx: atrofia vilositária, hiperplasia críptica, pouco ou nenhum infiltrado, ausência de LIE. Característica: presença de tufos de enterócitos no epitélio com aspecto de “gota de lágrima”. Diagnóstico: BID Tratamento: nutrição parenteral até transplante de intestino. J Pediatr Gastroenterol Nutr, Vol. 38, No. 1, January 2004 Defeitos de diferenciação celular Enteroendócrinas Anendocrinose entérica Anendocrinose Entérica 1ª descrição em 2006 por Wang et al. Disgenesia das células enteroendócrinas. Diarréia mal absortiva enteroendócrinas. Causa: falta de ação da Neurog‐3: importante proteína na diferenciação de células tronco em células epiteliais, células mucosas, células enteroendócrinas, e células de Paneth. Poucos casos para diferenciar quadro clínico, mas a diarréia parece ser osmótica. Associação com hiperglicemia. Tratamento: NP até transplante de intestino. grave, com ausência de células Defeitos da modulação da resposta imune intestinal Enteropatia Ligada ao X (IPEX) Enteropatia Auto-Imune Síndrome da desregulação imune, poliendocrinopatia, enteropatia ligada ao X (IPEX) Doença rara ligada ao X. O gene da doença (FOXP3) codifica uma proteína envolvida no desenvolvimento do embrião. Diarréia secretora, associada a dermatite, diabetes mellitus, tireoidite e alterações hematológicas. A síndrome tem muitas manifestações intestinais em comum com enteropatia auto-imune, incluindo atrofia das vilosidades com uma infiltração acentuada de células T ativadas na lâmina própria. Fatal se não tratada com imunossupressores ou transplante de medula óssea. Início aos 3 meses de idade. Diarréia associada a sangue e muco, com perda de proteína e hipoalbuminemia. Tratamento: Imunossupressores (corticóides, ciclosporina, MMF, tacrolimus, infliximab, ciclofosfamida...). Transplante de medula óssea. J Pediatr Gastroenterol Nutr, Vol. 38, No. 1, January 2004 Defeitos da modulação da resposta imune intestinal Enteropatia Ligada ao X (IPEX) Enteropatia Auto-Imune Enteropatia Auto‐Imune Etiologia: autoantígeno expresso no enterócito codificado pelo gene MMC2. Diarréia de início no primeiro ano de vida. Atrofia vilositária inflamatória com infiltrado de células T na lâmina própria. linfócitos intraepiteliais estão presentes tanto na superfície do epitélio quanto na cripta. Pode ter alterações também no estômago e cólon. Manifestações extraintestinais de autoimunidade. Tratamento: imunossupressores (corticóides, tacrolimus, infliximab, ciclofosfamida...). ciclosporina, MMF, J Pediatr Gastroenterol Nutr, Vol. 38, No. 1, January 2004 Enteropatia Auto‐Imune x IPEX Atualmente consideradas mesma doença. Pacientes com enteropatia auto‐ imune submetidos a estudos genéticos apresentam defeito no FOXP3.