Desenvolvimento: Egle Bellintani (CRP 06/94496) Consolidação e Formatação: Shocrats Patrício da Guarda A Palavra do Coordenador Preocupada com a proliferação do uso de drogas, especialmente o avanço do crack, a Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa de São Paulo realizou no primeiro semestre de 2011 um levantamento junto aos municípios paulistas para mapear a intensidade do problema. Gestores públicos de 325 municípios, onde se concentram 76% da população do Estado, responderam a um questionário com dez perguntas enviado pela Frente Parlamentar. O resultado é extremamente preocupante. A análise dos dados aponta que o crack é hoje a droga mais presente nos municípios paulistas. Não importa o tamanho deles. Em algumas Regiões Administrativas do Estado – elas são quinze - o crack aparece na mesma intensidade que o álcool. O levantamento aponta que o avanço do crack é mais acentuado em municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes. Dos 325 municípios que responderam o questionário, 12% recebem ajuda financeira do governo federal; outros 5% do governo estadual. A maioria dos municípios -79% - não dispõe de leitos públicos para tratar os dependentes químicos, que se encontram na faixa etária entre 16 e 35 anos de idade. A reincidência no tratamento dos dependentes químicos é superior a 50%. Em municípios com população entre 5 mil e 50 mil habitantes, a reincidência se acentua. O levantamento também aponta que 37% dos municípios – a maioria com população entre 50 mil e 100 mil habitantes - ajudam financeiramente entidades que atendem dependentes químicos. Este levantamento é uma contribuição dos deputados da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas para o aprofundamento do debate e a construção de estratégias para enfrentar este grave problema de saúde pública que atinge toda a sociedade, indistintamente. O levantamento completo, inclusive por Regiões Administrativas, encontra-se neste CD. Membros da Frente Parlamentar Antonio Mentor, Ana do Carmo, Afonso Lobato, Carlos Bezerra Jr.,Carlos Pignatari Celso Giglio, Donisete Braga, Enio Tatto, Ed Thomas, Edson Ferrarini, Edinho Silva, Geraldo Cruz , Fernando Capez, Gerson Bittencourt, Hamilton Pereira, Jooji Hato, José Cândido, João Antonio, Major Olímpio, Regina Gonçalves, Marcos Martins, Mauro Bragato, Orlando Bolçone, Orlando Morando, Roque Barbieri , Telma de Souza, Ulysses Tassinari, Vinicius Camarinha . Índice 1. Introdução - Objetivos - Cronologia 2. Visão Geral 3. Drogas Mais Presentes 4. Análise de Leitos Públicos 5. Análise por Faixa Etária 6. Análise de Reincidência 7. Auxílio a Entidades Comunitárias 8. Auxílio do Governo Estadual 9. Auxílio do Governo Federal 10. Conclusão 11. Análises por Região 01 Introdução Objetivos União de forças entre a Frente Parlamentar de Enfrentamento ao CRACK e outras Drogas e os municípios paulistas com o intuito de apresentar um levantamento referente ao ano de 2010 sobre a situação do CRACK e outras drogas no Estado de São Paulo, e nas quinze Regiões Administrativas. Para tanto, foi enviado questionário com dez perguntas para os 645 prefeitos do Estado. Quais as drogas mais presentes? Os municípios recebem recursos do Governo Estadual para o enfrentamento às drogas? Qual o volume de atendimento a dependentes químicos no sistema público? Os municípios recebem recursos do Governo Federal para o enfrentamento às drogas? Qual a faixa etária dos usuários? Quais os recursos necessários para o enfrentamento às drogas em seu município? Qual o grau de recuperação? Existem leitos para atendimento aos dependentes químicos no sistema público? Quais as regiões mais afetadas? Os municípios ajudam instituições ou entidades comunitárias de assistência aos dependentes químicos? 01 Introdução Cronologia do Levantamento Levantamento sobre o Crack e outras Drogas - 2010 Jan 1º Fase Fev Mar Definição do modelo Abr Mai Jun Divulgação do material Jul Ago Set Nov Dez Coleta de Dados 2º Fase Tabulação dos Dados 3º Fase Formatação das Informações Final Out Divulgação do Material Questionário fechado Ofício da Frente Parlamentar 09 Questões de respostas fechadas Questionário via Correio 01 Questão aberta Questionário via E-mail 02 Visão Geral Cidades Participantes Percentual de Abrangência Populacional por Região Administrativa 35% 65% 46% 54% 31% 56% 43% 45% 62% 65% 69% 44% 55% 57% 35% Cidades Participantes Municípios 64% 31% 44% 95% 84% 80% 77% 5% 16% 20% 23% 38% 36% 56% 69% Cidades Não Participantes População 325 31,707,859, 76% 9,984,809, 24% 320 Participantes Não Participantes População Cidades Participantes População Cidades não Participantes 03 Drogas Mais Presentes nos Municípios Paulistas Geral 49% 31% 10% 9% 0.59% Alcool Crack Cocaína Maconha Sintéticas ALERTA A análise dos dados do levantamento aponta que o CRACK está presente em 31% das respostas, figurando como a droga ILÍCITA mais presente nos municípios paulistas no ano de 2010, sendo que apenas o ÁLCOOL (droga lícita) aparece com volume maior de citações (49%). 03 Drogas Mais Presentes nos Municípios Paulistas Análise por Tamanho do Município 66% 51% 45% 38% 38% 32% 34% 21% 6% 7% Até 5.000 Alcool 12% 10% 11% 11% 2% 1% 0% 5.001 a 50.000 Crack 50.001 a 100.000 Cocaína Maconha 9% 6% 0% >100.000 Sintéticas ALERTA A observação detalhada dos dados do levantamento, levando-se em conta o número de habitantes, mostra um cenário mais preocupante nos municípios com população média entre 50.001 e 100.000 habitantes, onde o CRACK (droga ILÍCITA) aparece com um numero de citações semelhante a do ÁLCOOL (droga LÍCITA). 04 Análise de Leitos Públicos nos Municípios Paulistas Há leitos hospitalares do SUS destinados aos dependentes químicos? Consolidado Tamanho do Município 85% 91% 75% 69% 21% 79% 31% 25% 9% Sim Não 15% Sim Não Observando-se as informações cedidas pelos municípios, nota-se que o problema da falta de leitos públicos destinados ao tratamento de dependentes químicos é ainda mais acentuado nos municípios com população de até 50 mil habitantes. 05 Análise por Faixa Etária Qual a faixa etária entre os dependentes químicos atendidos no sistema público? Consolidado Na consolidação dos dados sobre a faixa etária dos usuários de drogas do Estado de São Paulo, 80% das citações indicam que em média os usuários encontram-se na faixa etária de 16 a 35 anos. 80.73% 19.27% Nos municípios com população entre 5 mil e 100 mil habitantes nota-se que o problema está acentuado entre os mais jovens, onde 57% das citações apontam que os usuários encontramse na faixa entre 16 e 25 anos. De 16 a 35 anos Geral Até 5.000 5.001 a 50.000 50.001 a 100.000 >100.000 De 9 a 15 3% 4% 4% 4% 0% Demais Idades De 16 a 20 25% 25% 27% 25% 18% De 21 a 25 27% 21% 28% 32% 26% De 26 a 30 17% 16% 17% 13% 22% De 31 a 35 12% 9% 12% 9% 17% Mais de 35 16% 25% 12% 18% 16% 06 Análise de Reincidência Qual o índice de reincidência nos tratamentos dos dependentes químicos? Consolidado No geral, a consolidação dos dados apontou que 54% das cidades participantes (175 cidades) afirmaram que a reincidência nos tratamentos a dependentes é superior a 50%. 10% 36% 54% Reincidencia até 50% Reincidencia maior que 50% Menor de 10% De 11 a 30% Geral Até 5.000 5.001 a 50.000 50.001 a 100.000 >100.000 25 13 10 1 1 42 11 23 4 4 Não Respondeu Nos municípios com população entre 5 mil e 50 mil habitantes, nota-se que o percentual de cidades com reincidência superior a 50%, sobe para 61% (95 cidades de 155 participantes). De 31 a 50% De 51 a 70% De 71 a 90% 50 4 28 6 12 60 9 33 5 13 65 10 36 6 13 Maior que 91% Sem resposta 50 12 25 6 7 33 13 17 1 2 07 Auxílio às entidades comunitárias Seu município ajuda financeiramente alguma instituição ou entidade comunitária que atende dependentes químicos? Consolidado Tamanho do Município 75% 71% 62.5% 53% 47% 37% 37.5% 63% Até 5.000 Sim Não 29% 25% 5.001 a 50.000 Sim 50.001 a 100.000 >100.000 Não Neste item nota-se que a ajuda financeira as entidades comunitárias que atendem a dependentes químicos é mais presente entre os municípios com maior densidade populacional. 08 Auxílio do Governo Estadual Seu município recebe recurso do Governo Estadual para ações de enfrentamento ao CRACK e outras drogas? Consolidado Tamanho do Município 97% 99% 93% 90% 5% 95% 7% 3% Até 5.000 Sim Não 10% 1% 5.001 a 50.000 Sim 50.001 a 100.000 Não >100.000 Os dados encaminhados indicam que apenas 5% dos municípios participantes recebem recursos do Governo Estadual para o enfrentamento as drogas. Este percentual é ainda mais baixo nos municípios com menor densidade populacional. 09 Auxílio do Governo Federal Seu município recebe recurso do Governo Federal para ações de enfrentamento ao CRACK e outras drogas? Consolidado Tamanho do Município 100% 94% 93% 65% 88% 12% 35% 0% Até 5.000 Sim Não 7% 6% 5.001 a 50.000 Sim 50.001 a 100.000 Não >100.000 No caso do auxílio proveniente do Governo Federal, percebe-se que existe um número maior de municípios que declararam receber estes recursos, porém, a exemplo do que ocorre com o Governo Estadual, a ajuda está concentrada em municípios de maior densidade populacional. CONCLUSÃO O Levantamento realizado pela frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas nos municípios paulistas apontou que o crack avançou nos últimos anos, desbancando as demais drogas e provocando uma verdadeira epidemia, atingindo todas as regiões do Estado. O crack é obtido a partir da mistura da pasta-base da cocaína com bicarbonato de sódio e água. Atualmente a pedra do crack pode ser comprada por até R$ 2,00. Um custo baixo que ajuda na sua proliferação. Além de barata, é devastadora. O uso crônico causa diversas complicações clínicas, como emagrecimento e favorecimento de infecções, além de quadros de psicose, agressividade, paranóia e alucinações. A longo prazo, o usuário se torna um “zumbi” ou, na linguagem popular, um “nóia”. O crack não faz escolhas no universo social, atinge todas as classes, indistintamente. Em algumas regiões, como Barretos, Ribeirão Preto, São José dos Campos e região Central do Estado, conforme apontou o Levantamento, o crack está tão presente quanto o álcool nas citações. O levantamento também mostrou que o crak avança com velocidade maior nos municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes, num total de 50 no Estado. A grande maioria deles não recebe recursos nem do governo estadual nem federal. Os dados apontam que os municípios paulistas estão desamparados, clamando recursos públicos, recursos humanos e equipamentos para enfrentar o avanço do crack. Reivindicam a implantação de Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas – (CAPs AD). Hoje existem 68 CAPs AD no Estado de São Paulo, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, sendo que 20 deles estão na Capital. O alto índice de reincidência no tratamento dos dependentes químicos – que são jovens entre 16 e 30 anos de idade - apontou a necessidade de se aprofundar o debate sobre esta questão especificamente. Depreende-se deste Levantamento, realizado pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas, que o Estado de São Paulo carece de uma Política Estadual de Combate às Drogas. Uma Política de Estado, e não de governos, pois estes passam. Uma Política de Estado que contemple todos os 645 municípios, mas que dê atenção especial aos mais atingidos, com ações permanentes e integradas envolvendo os Poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, a sociedade civil organizada, universidades e redes comunitárias. Falamos de ações voltadas à prevenção, promoção, reinserção social e profissional, bem como a repressão ao tráfico do crack e outras drogas. “Mais vale um grama de ação do que toneladas de teorias”, nos ensina a filosofia alemã. Receita para o enfrentamento ao crack e outras drogas já existe. Portanto, é hora de ação. Em nome dos deputados membros desta Frente agradeço aos prefeitos, secretários e funcionários municipais que participaram deste Levantamento. Deputado Donisete Braga Coordenador da Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa de São Paulo. 11 Análises por Região Análise por Região Administrativa Araçatuba Baixada Santista Barretos Bauru Campinas Central Franca Marília Pres. Prudente Registro Ribeirão Preto S. J. Campos S. J. Rio Preto São Paulo Sorocaba De 50.001 a 100.000 Habitantes + de 100.000 Habitantes Análises Complementares Região do ABC Até 5.000 Habitantes De 5.001 a 50.000 Habitantes