Seguimento de 12 anos de
usuários de CRACK
Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira
INPAD – Instituto Nacional de
Políticas do Álcool e Drogas - CNPq
PRIMEIRO FOLLOW-UP
Esta linha de pesquisa teve início em 1994:
-131 pacientes dependentes de crack (CID 9)
-internados entre o final de 92 e meados de 94
-instituição pública de internação (HGT)
-procura espontânea
-avaliados 02 anos após a alta (1995-6)
AVALIAÇÃO
Parâmetros investigados:
-padrão de consumo e ou abstinência de crack e outras substâncias
-situação ocupacional e escolar dos usuários
-possível envolvimento em atividades ilícitas
-ocorrência de óbitos
-procura por outros tratamentos após a alta
CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DOS 131 USUÁRIOS DE
CRACK NA ÉPOCA DA INTERNAÇÃO NO HGT (1992 - 1994)
RESULTADOS
A.
N
%
PERÍODO DA INTERNAÇÃO (1992 – 1994)
DADOS DEMOGRÁFICOS
SEXO (N=131)
MASCULINO
FEMININO
116
15
88,5
11,5
IDADE [ANOS] (N=131)
10 - 14
15 - 19
20 - 24
25 - 29
30 - 34
35 - 40
40 - 45
3
35
48
20
12
8
5
2,3
26,7
36,6
15,3
9,2
6,1
3,8
RAÇA (N=130)
BRANCA
NEGRA
97
33
74,6
25,4
QUASE 2/3
•
SEXO MASCULINO (88,5%)
•
BRANCOS (75%)
•
SOLTEIROS (67%)
•
BAIXA ESCOLARIDADE (56%)
ERAM
MENORES
DE 25 ANOS
MENOS DE 8 ANOS DE ESTUDO
ESTADO CIVIL (N=130)
SOLTEIRO
CASADO
AMASIADO
SEPARADO
87
28
7
8
66,9
21.5
5,4
6,2
•
ESCOLARIDADE (N=102)
ESTUDOU MENOS DE 8 ANOS
ESTUDOU MAIS DE 8 ANOS
57
45
55,9
44,1
•
ATIVIDADE NA ÉPOCA DA
INTERNAÇÃO (TRABALHO E/OU
ESTUDO) (N=124)
SIM
NÃO
FORA DA ESCOLA E / OU MERCADO
DE TRABALHO (69%)
IDADE
MÉDIA
=
23,6
(md=22, mo=21, σ= + 6,7)
38
86
30,6
69,4
ANOS
APENAS
DOS
UM
RESULTADOS
QUINTO
PACIENTES
B.
NÃO
UTILIZAVA CRACK HÁ
SEGUIMENTOS (1992 – 1999)
FOLLOW-UP DE 2 ANOS (1994 – 1995)
MAIS DE UM ANO.
60
38,2%
n = 50
PORCENTAGEM (%)
50
40
30
A MAIOR PARTE DA AMOSTRA
UM QUINTO DOS PACIENTES
ERA COMPOSTA POR USUÁRIOS
NÃO FOI LOCALIZADO
UM
QUINTO
22,1%
EVOLUIU COM
n = 29
MAU
DOS
PACIENTES
DESFECHOS DE
PROGNÓSTICO:
21,4%
PRISÃO,
n = 28
DESAPARECIMENTO E MORTE
9,9%
20
n = 13
6,9%
n=9
10
1,5%
n=2
0
ABSTINENTES
USUÁRIOS
PRESOS
DESAPARECIDOS
MORTOS
NÃO-LOCALIZADOS
SEGUNDO FOLLOW-UP
• O segundo acompanhamento (98-99) da mesma
amostra foi realizado por Araújo após 05 anos da
alta.
• O autor privilegiou a investigação de um desfecho
pouco estudado na literatura: mortalidade
acometendo usuários de crack.
RESULTADOS
B.
INVERSÃO DO NÚMERO DE
USUÁRIOS E ABSTINENTES
SEGUIMENTOS (1992 – 1999)
FOLLOW-UP DE 5 ANOS (1998 – 1999)
ENTRE OS FOLLOW-UPS.
60
39,7%
38,2%
n = 52
n = 50
MELHORA DO MÉTODO DE
BUSCA
PORCENTAGEM (%)
50
AUMENTO DOS ÍNDICES DE MAU PROGNÓSTICO
40
ENTRE OS FOLLOW-UPS.
30
22,1%
21,4%
n = 29
n = 28
21,4%
17,6%
n = 28
n = 13
12,2%
20
9,9%
n = 16
n = 13
6,9%
5,3%
n=9
10
3,8%
1,5%
n=7
n=5
n=2
0
ABSTINENTES
USUÁRIOS
PRESOS
DESAPARECIDOS
MORTOS
NÃO-LOCALIZADOS
PERFIL DOS 23 USUÁRIOS DE CRACK MORTOS ENTRE A ALTA DO
HGT (1992 - 1994) E O SEGUNDO SEGUIMENTO (1998 - 1999).
RESULTADOS
C.
N
MASCULINO
FEMININO
22
1
95,7
4,3
RAÇA
BRANCOS
NEGROS
16
7
PERFIL DOS PACIENTES MORTOS
%
SEXO
69,6
30,4
MORTALIDADE
•
23 MORTOS (17,6%)
•
SEXO MASCULINO (96%)
•
BRANCOS (70%)
•
SOLTEIROS (65%)
•
IDADE MÉDIA = 27,1 ANOS
ESTADO CIVIL NA ÉPOCA DA INTERNAÇÃO
SOLTEIRO
CASADO / AMASIADO
SEPARADO
15
6
2
65,3
26,0
8,7
MÍNIMA: 18 ANOS
MÁXIMA: 40 ANOS
(md=26, mo=20, σ= + 6,6)
IDADE NA ÉPOCA DO ÓBITO
15 - 20
21 - 25
26 - 30
31 - 35
36 - 40
5
6
6
3
3
21,8
26,1
26,1
13,0
13,0
QUASE METADE DOS PACIENTES
MORREU ANTES DOS 25 ANOS.
RESULTS
4,3%
C.
CAUSA MORTIS
HEPATITE B n = 1
AIDS
MORTALITY
n=6
26,1%
56,5%
HOMICÍDE n = 13
MOTIVES
Drowning n = 1
According to the family
4,3%
Drug traffickers - Police.
OVERDOSE n = 2
8,7%
RESULTADOS
C.
MORTALIDADE
TAXAS DE MORTALIDADE
TAXA DE MORTALIDADE BRUTA DO ESTUDO
35,1
(MORTES / 1000 HABITANTES)
TAXA DE MORTALIDADE AJUSTADA PARA O MUNICÍPIO DE SÃO PAULO (SEXO & IDADE) (1996)
24.9
EXCESSO DE MORTALIDADE
21,6 7,6
RAZÃO DE MORTALIDADE
TAXA DE MORTALIDADE SP (1996)
A MORTALIDADE ENTRE OS
3,3
PACIENTES DO ESTUDO É
QUASE 8 VEZES MAIOR DO
QUE A ESPERADA PARA A
POPULAÇÃO DE SÃO PAULO.
FOLLOW-UP DE 5 ANOS
MUNÍCIPIO DE SÃO PAULO
SUJEITOS
RESULTADOS
MORTOS
EM RISCO
C.
126
1,0
6†
120
1,0
CURVA DE SOBREVIDA
7†
3†
111
0,95
,9
107
4†
86
0,90
0,87
3†
39
O
0,84
DE SOBREVIDA
0,80
1,0 = 100%
REVELA,
PORTANTO, QUE 20% DA
CORRIA
ESTUDADA
RISCO
DE
MORTE AO FINAL DOS 5
ANOS, APÓS A ALTA DO
,7
HGT.
,6
,5
0
12
24
36
48
60
Meses a pós a alta
CURVA DE SOBREVIDA NUMA AMOSTRA DE 126 PACIENTES DEPENDENTES DE CRACK. O
NÚMERO
ESTUDO
AMOSTRA
PROBABILIDADE
,8
MORTALIDADE
DE
PACIENTES
EM
RISCO
126, 120, 111, 107, 86 E 39, RESPECTIVAMENTE.
NO
INÍCIO DE
CADA INTERVALO FOI DE
TERCEIRO FOLLOW-UP
Diante da relevância dos resultados obtidos até então e
da possibilidade de:
-ampliar o tempo de acompanhamento da mesma amostra
(absorvendo avanços e recuos dos eventos)
-aperfeiçoar os procedimentos de coleta e investigação
Realizou-se um terceiro follow-up - 12 anos decorridos
da alta.
INOVAÇÕES
• Algumas questões que ampliam o espectro e
detalhamento das informações disponíveis foram
acrescentadas:
•
•
•
•
•
tempo de uso na vida (crack e demais substâncias)
comportamento sexual de risco
histórico das migrações de vias de administração
período de auge do consumo de crack
Problemas físicos decorrentes do uso
Foram entrevistados familiares de presos, mortos e desaparecidos (dados do ano anterior ao desfecho)
RESULTADOS
O tipo de entrevista e a pessoa entrevistada:
No seguimento anterior
-70,2% das entrevistas aconteceram por telefone
-60,5% dos entrevistados foram somente familiares
No seguimento atual esta situação se inverteu
favorecendo dados mais fidedignos
-70,8% de entrevistas domiciliares
-60,8% dos entrevistados; os próprios pacientes
Com relação ao tempo de coleta dos dados
-segundo follow-up: janeiro de 98 a dezembro de 99
(24 meses)
-terceiro follow-up: setembro de 05 até outubro de 06
(13 meses)
Durante as visitas
domiciliares – no caso dos
usuários – foi possível
realizar encaminhamentos
para tratamento quando
solicitado.
Esta redução do
tempo se deve ao
aperfeiçoamento do
planejamento e
execução do estudo.
60
52
50
50
36
40
30
29
36
28
24
20
23
28
25
16
13
9
10
8
2
5
7
2
0
Abstinent
Using
Dead
Follow-up1
Jail
Follow-up2
Missing
Nlocalizado
Follow-up3
-Entre os vivos há predomínio da condição de abstinência que segue
inalterada desde o segundo follow-up.
-Os óbitos mantiveram-se estáveis no seguimento atual.
Evolução das mortes no decorrer do tempo de seguimento
E
v
o
l
u
ç
5
ã
o
10
9
9
8
7
6
5
4
3
2
2
2
3
2
1
1
0
0
ano 1993
ano 1994
ano 1995 ano 1996
ano 1997
ano 1998
ano 1999
0
ano 2000
1
0
ano 2001
ano 2002
ano 2003
Verifica-se:
-aumento significativo da mortalidade (pico) durante o primeiro seguimento (1995);
coincidindo com a chegada e expansão do crack em São Paulo; período de acentuada
violência e disputa pela comercialização da droga.
-nova elevação dos óbitos (97) no decorrer do segundo seguimento.
-declínio e estabilização da mortalidade no seguimento atual.
RESULTADOS
PRESOS
Condição atual dos 16 presos
do seguimento anterior:
vivos e em liberdade: 08
ainda presos: 04
(familiar entrevistado)
não localizados: 04
Atualmente, dos 08 presos
localizados 04 advêm do follow-up
anterior e 04 ingressaram no
período deste seguimento (novos
presos).
GRUPO RELIGIOSO
61,4% relatou já ter frequentado
ou frequentar atualmente
Envolvimento religioso bastante
presente na vida destas pessoas;
possivelmente como fator de
proteção.
A procura por tratamento ao longo dos anos pós-alta
Tratamento
(Vivos) n:57
Ambulatorial
(após a alta)
Internação
(após a alta)
Frequência
Atual
Sim
22
35
61,4%
7
Não
31
Não
Soube
Informar
4
19
3
47
80,2%
3
-61,4% da amostra
chegou a procurar
internação - pelo menos
uma vez após Taipas –
como modalidade
prioritária de
tratamento.
-Em vista deste tipo de
demanda o período de
assistência tende a ser
limitado e descontínuo.
-Este dado permite
compreendermos a
informação de que
80,2% não frequenta
atendimento atualmente.
-Estes pacientes estão
se valendo de outras
estratégias para
manterem-se
abstinentes ou até
mesmo consumindo
(qualitativo).
CONCLUSÃO
-Houve melhora dos padrões de abstinência entre os usuários de
crack ao longo dos doze anos.
-A chance de sobrevida foi de 80% após 5 anos; embora a
ocorrência de mortalidade tenha decaído no terceiro follow-up.
-Para esta amostra a mortalidade tende a ser principalmente por
homicídios.
CONCLUSÃO
-No terceiro follow-up, a redução do tempo de coleta de dados e a
alteração na forma da entrevista (domiciliar com o paciente)
permitiram otimização dos resultados e detalhamento das
informações obtidas.
-A maior procura por internação como modalidade de tratamento
se traduz em períodos de acompanhamento circunscritos e
descontínuos.
-Ainda precisamos compreender melhor o histórico pós alta destes
pacientes (estratégias de cessação e/ou manutenção do
consumo / qualitativa).
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CRACK 12y Cebrid