AESVISA – ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO FAINTVISA - FACULDADES INTEGRADAS DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO TOPOGRAFIA: UM INCENTIVO PARA O ESTUDO DE TRIGONOMETRIA JOZEILDO JOSÉ DA SILVA Projeto de Pesquisa apresentado à Coordenação de Prática Pedagógica sobre a solicitação do professor Edson Álvares, titular da disciplina Prática Pedagogia III do Curso de Licenciatura Plena em Matemática das Faculdades Integradas de Vitória de Santo Antão, para análise e avaliação do rendimento acadêmico VITÓRIA DE SANTO ANTÃO, NOVEMBRO DE 2004 JUSTIFICATIVA Na perspectiva de despertar em alunos do Ensino Médio o gosto pelo estudo de matemática e em particular da trigonometria, este projeto visa uma forma direta da aplicação de tal campo, uma vez que conhecimento sem aplicação acarreta desinteresse pelos mesmos. Pois é de fundamental importância que se tenha consciência de que o ensino de trigonometria em escola públicas de Pernambuco apresenta-se de forma decadente (resultado da última avaliação do SAEPE). Um dos fatores que contribuem para esse fracasso é que essa área da matemática, muitas vezes, não é ministrada pelos professores ou não é explorada de maneira acessível pelos alunos. A finalidade do projeto é mostrar que a topografia é um estimulante para o estudo e aplicação da trigonometria no cotidiano, pois alguns de seus conhecimentos são utilizados em trabalhos topográficos. É claro que o aluno não tem obrigação de saber topografia de maneira aprofundada. Entretanto, é óbvio que o bastante a aplicar os conhecimentos de trigonometria. A idéia é buscar um entrosamento do aluno com a matemática. Para isso, faz- Foto: José Gonçalves Topógrafo de Orobó-PE conhecimento básico dessa área o ajudará se necessário uma boa orientação do professor, pois o trabalho será realizado em campo e apresentado em sala de aula. Pesquisas realizadas na área de Educação e Ciências Exatas em particular, mostram que os alunos adquirem uma aprendizagem mais sólida quando o conteúdo é explorado de maneira concreta, ou seja, o aluno precisa saber: para que estudar algo e qual a sua aplicação. É com essa visão que esse projeto busca uma relação direta da trigonometria e sua aplicação por meio da topografia, já que tal conteúdo é indispensável nessa área. Outra visão do projeto, é fazer com que o aluno sinta-se mais responsável e consciente da importância da matemática como ciência e sua relação com o cotidiano. Nesse sentido, buscamos mostrar que a matemática é uma ciência presente constantemente em nossa sociedade e “quebrar” a velha visão de que matemática é apenas um conjunto de regras, números e uma infinidade de cálculos mecânicos que não possui nenhuma utilidade. 1 OBJETIVOS Geral Analisar junto aos professores de matemática e alunos do Ensino Médio a importância da Topografia como um instrumento de incentivo ao estudo da trigonometria. Objetivos Específicos - Incentivar o aluno ao estudo e aplicação dos conhecimentos de trigonometria em trabalhos topográficos; - Proporcionar ao aluno o gosto pelo estudo da matemática e a importância de sua aplicação em outras áreas; - Auxiliar professores de Ensino Médio a fazer com que seus alunos desenvolvam o gosto pela matemática, através de trabalhos extra-classe, bem como trabalho de campo; - Aplicar o teorema dos senos e o teorema da área de triângulos em trabalhos topográficos; - Conscientizar o aluno sobre a importância do trabalho em grupo; - Estimular o aluno ao estudo de geometria através da construção geométrica, por meio da utilização e manuseio de instrumentos de medida, bem como medição e construção de ângulos; - Possibilitar aos alunos a construção e análise, de maneira consciente, de: planilhas, gráficos, construções geométricas, etc. 2 4. Fundamentação Teórica Em termos teóricos, o trabalho ora proposto é pertinente ao campo da matemática e em particular da trigonometria. No entanto, para que seja posto em prática é preciso que os alunos tenham uma boa noção sobre tal conteúdo. Em si tratando de conhecimento científico, o professor deve transmitir o conteúdo de maneira implícita, ou seja, de modo que seus alunos não percebam a meta que se deseja alcançar. Para isso, é importante a utilização dos diversos meios presentes na prática docente, sempre propondo uma relação direta do conteúdo com o cotidiano. O conteúdo deve ser trabalhado com o objetivo de proporcionar ao aluno uma visão da necessidade de sua compreensão para execução de atividades presentes em seu dia-a-dia. Segundo SMOLE (2001, p 287), “(...) os trabalhos de topografia eram feitos ainda com aparelhos muito rudimentares, como o grafômetro, pouco mais de um transferidor de madeira graduado, fixo a uma régua e a um tripé (...)” . É importante que o aluno tenha consciência de que o conteúdo vivenciado em sala de aula tem uma relação direta com o cotidiano. Além do mais, essa relação serve de incentivo, pois o ele pode perceber que até mesmo os instrumentos mais simples, usados em atividades didáticas, tem sua aplicação voltada para a necessidade na execução de trabalhos do dia-a-dia. A partir da introdução e do desenvolvimento do conteúdo, o professor deverá fazer com o aluno se aprofunde mais nesse campo de estudo, uma vez que ele já tem noção do que está estudando e de sua aplicação na sociedade. Conforme o PCN de Matemática (2001, p 127), o professor deverá trabalhar com sua turma através de problemas presentes no dia-a-dia que exijam um nível de conhecimento gradual. “(...) é fundamental propor atividades para que o aluno seja estimulado a progredir na capacidade de estabelecer pontos de referência em seu contorno, para efeito de localização”. Com essa visão, o professor estará inserindo o aluno em situações que resultem em questões do tipo: o que fazer? Como proceder? O que utilizar?, contribuindo para o seu desenvolvimento intelectual. Pois, é importante que os trabalhos propostos sejam executados em grupo, pois os alunos precisam: discutir, levantar hipóteses e determinar soluções para tais problemas. No que diz respeito ao processo histórico-evolutivo da matemática e em particular da trigonometria, IEZZI, (2004, p 378) busca uma interação do aluno com essa área do conhecimento através de esclarecimento sobre as razões que levaram ao seu estudo. Segundo ele, “A preocupação com as relações entre segmento e ângulos era antiga, a propósito, as 3 pirâmides egípcias eram construídas de maneira que todas tivessem praticamente o mesmo seqt, o que denominamos hoje de cotangente, corresponde a um ângulo de cerca de 42º”. O conhecimento sobre o processo histórico de determinado conteúdo de uma área é essencial para que se tenha noção de seu desenvolvimento evolutivo e tecnológico entre a sociedade. Pois a aquisição de tais informações, sana as curiosidade dos alunos em relação aos termos empregados em determinado campo de estudo. A topografia, tema da pesquisa, é uma das principais aplicações da trigonometria e já era utilizada pelos egípcios desde os tempos mais remotos em: demarcação, localização e representação geografia de uma região, por exemplo. Hoje, sabe-se que devido ao grandes avanços tecnológicos, a topografia tem evoluído de maneira bastante significativa. Segundo LUDWING (1988, p 11), “(...) a Topografia, proporciona familiarizar com o modelado do solo, permitindo um aproveitamento mais perfeito dos caminhamentos e acidentes do terreno, em uma construção, por exemplo(...)” Mas a topografia, além do que foi proposto, serve de ferramenta que conduz o incentivo pelo estudo de trigonometria, através de seu cálculo, elaboração e planilhas, representação por meio de construções geométrica, etc. Nessa pesquisa, os melhores aportes sobre temas assemelhados são dos autores citados acima, que estão presentes na bibliografia. Mas vale destacar ainda, que outras obras também foram analisadas, no entanto, foram descartadas por não se enquadrarem no objetivos da pesquisa. Uma vez que visamos abolir a prática pedagógica voltada, apenas para um conjunto de cálculos mecânicos, em que o alunos é levado a decorar regras, sem ter consciência da importância de tal conteúdo. 4 5. Metodologia Parte da metodologia empregada será a confecção do material utilizado como ferramenta para execução do projeto, que será relatada abaixo. 5.1 Materiais - Trena - Transferidor – 360º - régua - papel ofício e/ou milimetrado - Calculadora Científica -Teodolito Vamos Construir um Teodolito - 1 pote de requeijão (pequeno); - 1 fio de arame de 9 cm de comprimento; - 1 cano de 10 cm de comprimento e 8 mm de diâmetro; - Xerox de um transferidor de 360º; - 1 tábua 14 cm x 14 cm; - Fita duréx transparente; - Plástico adesivo; - 1 prego; - Suporte de madeira (tipo tripé). Como Construir - Cole a xérox do transferidor na tábua, de modo a deixá-lo bem visível; - Após colar a xérox, envolva com plástico adesivo; - Fixe o cano com fita duréx no fundo do pote de requeijão; - Perfure o pote de requeijão na parte superior de modo a atravessá-lo e enfie o arame, envergando as pontas para baixo; - Prenda a tampa do pote de requijão com o prego, de modo a ficar no centro do transferidor; - Encaixe o pote em sua tampa; - Pronto! Está contruído o teodolito - O arame servirá para indicar o ângulo descrito em uma situação. 5 Como utilizar Para utilização tem que haver pelo menos 3 pontos A, B e C, formando um triângulo. Após isso, coloca-se o teodolito sobre o ponto A, apontando para B, em seguida gira-o até o ponto C e verifica-se qual o ângulo descrito. Esse será o ângulo BÂC formado a partir do triângulo. Para medir os outros ângulos, procede-se da mesma maneira. B A C 5.2 Como utilizar a Calculadora Científica Em sua calculadora, aperte MODE DEG. Para obtermos o valor de um seno, digitamos o ângulo correspondente a ele e digitamos a tecla SIN. Quando se conhece o valor de um seno e se que saber o ângulo, basta digitar esse valor e em seguida SHIFT SIN -1, o mesmo pode ser empregado para cosseno, tangente, etc. Para que o valor de um ângulo seja expresso em graus, minutos e segundos, digitamos SHIFT º „ “ e para que graus, minutos e segundos sejam expressos em números, digitamos apenas º „ “. É importante destacar que, devido a variedade de calculadoras científicas, as orientações acima pode não se enquadrar em determinadas marcas ou modelos. 6 5.3 Executando o Projeto O projeto será executado através de pesquisas de campo e os alunos se colocarão no papel de topógrafos. Vamos aqui relatar a metodologia aplicada na execução do projeto, através de um exemplo que será relatado a partir do próximo parágrafo. Para um levantamento das deverão começar medindo, com maior precisão, um distância fixa AB, com o auxílio de uma trena, como é mostrado na figura abaixo. Da extremidade A da base AB, Foto extraída da Internet www.cefetbambui.edu.br características de um terreno, os alunos eles medirão, com teodolito, o ângulo que está representado na figura pelo número 1, visando os pontos B e C (C deve ser um objeto bem visível, como uma árvore, por exemplo). Feito isso, da extremidade B, os alunos medirão o ângulo representado pelo número 2, visando os pontos AC. Eles Têm, assim, a medida de um dos lado AB e de dois ângulos do triângulo ABC. Desse modo, podem calcular o outro ângulo, pois em todo triângulo qualquer, a soma dos ângulos internos é igual a 180º e também, os comprimentos BC e AC utilizando o teorema ou lei dos senos e uma calculador científica. Em seguida, os alunos fixarão outros pontos no terreno e formarão novos triângulos adjacentes ao primeiro. Sabendo as medidas do triângulo ABC e medindo os ângulos dos novos triângulos com teodolito, os alunos calcularão os lados desses triângulos. 7 Assim, determinadas todas as distâncias, os alunos, poderão calcular todas as áreas dos triângulos através do teorema da área e somá-las, determinando a área total do terreno. Ao término do trabalho de campo, os alunos construirão uma Foto : José Gonçalves (Topógrafo) e seu auxiliar (ao lado) planilha (tabela) que conste: todos os pontos marcados, correspondente a o cada ângulo triângulo, identificando-os por números, a medida de cada ângulo e ao lado seu seno, cada lado dos triângulos e seus respectivos comprimentos. A última coluna deverá constar a área correspondente a cada triângulo. A última linha da planilha será reservada para a área total do terreno. Feito isso, os alunos farão uma representação gráfica do local, utilizando uma escala que seja mais adequada a situação, através de lápis grafite, régua e transferidor. A planilha da próxima página exemplifica o levantamento topográfico de terreno mostrado na figura da página anterior. É importante destacar que para seu total preenchimento, será necessário um trabalho minucioso e é bom que seja realizado em um local calmo e agradável. 8 Planilha – Levantamento Topográfico PONTO A B C B A D C B E B F E B D F A G C ÂNGULO MEDIDA SENO LADO 1 33º 0,54 BC 2 125º 0,82 AC 3 22º 0,37 AB 4 25º 0,42 AD 5 52º 0,79 BD 6 103º 0,97 AB 7 69º 0,93 BE 8 31º 0,51 CE 9 80º 0,98 BC 10 79º 0,98 EF 11 78º 0,98 BE 12 23º 0,39 BF 13 100º 0,98 DF 14 31º 0,51 BF 15 49º 0,75 BD 16 35º 0,57 CG 17 120º 0,86 AC 18 25º 0,42 AG ÁREA TOTAL DO TERRENO MEDIDA (m) 68,60 104,20 47,00 20,30 38,30 47,00 65,10 35,70 68,60 65,10 65,10 25,90 81,90 25,90 38,30 69,00 104,20 50,90 ÁREA (m²) A1 1.322,40 A2 377,00 A3 1.138,80 A4 826,40 A5 795,40 A6 1.509,80 5.969,80 Para o preenchimento da planilha foram necessários alguns cálculos que serão mostrados nas duas tabela abaixo, sendo que a primeira é referente ao cálculo dos lados, por tanto, aplica-se a lei dos senos. A segunda é referente ao cálculo da área de cada triângulo, em que é usado o teorema da área. Cálculo dos Lados BC AB sen 1 sen 3 BC 47,00 0,54 0,37 BC = 68,60 AC AB sen 2 sen 3 AC 47 0,82 0,37 AC = 104,20 ... e assim por diante Cálculo da Área A1 BC . AC . sen 3 2 A1 68,60 . 104,20 . 0,37 2 A1 = 1.322,00 A2 AD . BD . sen 6 2 A1 20,30 . 38,30 . 0,97 2 A2 = 377,00 ... e assim por diante 9 Planificação do Terreno Para construir a planta de um terreno, os alunos deverão proceder de acordo com os dados da planilha. É importante que seja adotada uma escala para a realização da tarefa. Para que a matemática seja depositada em cada um de nós, em forma de aprendizagem, é preciso que professores e alunos arregacem as mangas e juntos busquem uma melhor maneira de torná-la um veículo entre a sociedade. Projetos como esse e outros, são de fundamental importância para a evolução do ensino da matemática. Pois é chegada a hora de extinguir a “velha visão” que muitos que fazem parte da sociedade ainda têm. 10 6. Cronograma FASES DA PESQUISA SET OUT Escolha do título e conteúdo da pesquisa X Análises de livros didáticos, artigos eletrônicos, revistas educativas, jornais, etc Relato Manual da pesquisa X X X X Teste de aplicação do projeto X Digitação do Projeto X NOV X Revisão e correção X Impressão do projeto X Apresentação do projeto na FAINTVISA DEZ X 11 7. Bibliografia BRASÍLIA. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática, 3ª ed. 2001. IEZZI, Gelson et al. Matemática – Ciência e Aplicações, 1ª série: Ensino Médio, 2ª Ed. São Paulo: Atual, 2004. LUDWING, 1º Tem. PM Roberto. Noções de Topografia Militar, 1978. SMOLE, Kátia Stocco & DINIS, Maria Ignez. Matemática – Ensino Médio, vol 1, 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 12