Estudo Clínico-Patológico de 21 casos de Retinoblastoma Unilateral Ana Lucia Amaral Eisenberg; Sílvio Constantino Valle; Andréia Soares Barbosa Divisão de Patologia, Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro – RJ INTRODUÇÃO Retinoblastoma é o tumor intraocular maligno mais comum na infância. Podem ser bilaterais/trilaterais (tumores hereditários, relacionados a fatores genéticos exibindo mutações germinais no alelo Rb) e unilaterais (tumores esporádicos, não hereditários, exibindo mutações somáticas). A detecção precoce e a terapia neoadjuvante em pacientes com carac ter ísticas histopatológicas de alto r isco reduzem, significativamente, a mortalidade. OBJETIVO Descrever as características clínicas e histopatológicas de 21 casos de retinoblastoma unilateral, tratados com enucleação com ou sem terapia neoadjuvante, no Instituto Nacional de Câncer, entre junho 1996 e dezembro 2010. MATERIAL E MÉTODOS Figura 1 – Retinoblastoma - Rosetas Flexner-Winterstriner RESULTADOS E CONCLUSÕES A idade dos pacientes variou de 9 a 60 meses (média=30; mediana=36 meses); 11 (52%) pacientes eram do sexo feminino e 10 (48%), do masculino; 13 (62%) tumores eram localizados no globo ocular direito e 08 (38%), no esquerdo; o tamanho do tumor variou de 0,7 cm a 2,0 cm (média=mediana=1,5 cm); 10 pacientes (48%) receberam terapia neoadjuvante e todos os tumores responderam (9 com calcificação; 7 com necrose; 4 com fibrose; 2 com maturação; 1 com células gigantes tipo corpo estranho), com resposta variando de 5 a 100% (média=67,5; mediana=80%); sementes vítreas estavam presentes em 6 tumores (29%); invasão de coroide, em 12; extensão extraocular, em 1; invasão do nervo óptico, em 11; os limites cirúrgicos do nervo óptico estavam comprometidos em 2 tumores; metástases à distância ocorreram em 5 pacientes (líquor e óssea). O seguimento dos pacientes variou de 3 a 50 meses, (média=25; mediana=21 meses); seis pacientes foram ao óbito (28,6%). A sobrevida geral dos pacientes com retinoblastoma foi de 68,7% e a sobrevida média, de 38,6 meses (IC95%=31,0-46,3). A sobrevida média dos pacientes que foram ao óbito variou de 8 a 21 meses (média=13,5; mediana=13), enquanto que a dos pacientes que ainda estão vivos, de 3 a 50 meses (média=30,2; mediana=36). Embora estatisticamente não significativo, os pacientes que foram ao óbito apresentavam, em sua maioria, fatores histopatológicos de alto risco (invasão de coroide, invasão do nervo óptico e limites cirúrgicos do nervo óptico comprometidos); cinco destes pacientes (83,3%) apresentaram metástases à distância. Figura 2 – Sementes vítreas no globo ocular Figura 3 – Invasão maciça da coroide e do nervo óptico. Figura 4 – Resposta ao tratamento neo-adjuvante (necrose/ calcificação/ células gigantes). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 - Abramson DH; Schefler AC. 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Projeto Gráfico: Serviço de Edição e Informação Técnico-Científica / CEDC / INCA Variáveis estudadas, levantadas de prontuários médicos e revisão de lâminas histopatológicas: idade; sexo; lateralidade; tamanho do tumor; tipo de resposta à terapia neoadjuvante; percentagem de resposta histopatológicas à terapia neoadjuvante; presença ou ausência de sementes vítreas, de invasão de coróide, de extensão extraocular, de invasão do nervo óptico; estado dos limites cirúrgicos do nervo óptico; presença ou ausência de metástase à distância; localização da metástase à distância; seguimento dos pacientes. Análise estatística através de média, mediana, variação (para as variáveis contínuas) e, frequências totais e parciais (variáveis discretas). Análise de sobrevida: Kaplan-Meier e teste log-rank. Aprovado CEP/INCA: 09/2011.