2A opinião A GAZETA CUIABÁ, SEGUNDA-FEIRA, 3 DE OUTUBRO DE 2011 Dejamil Jovens, violência e mortes T Editorial odas as estatísticas apontam para o aumento da violência em Cuiabá. Mais do que isso, revelam que cada vez mais os jovens estão perdendo vidas devido a esse fato. A situação fica mais uma vez comprovada por um estudo elaborado pela mestranda do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Karla Fonseca de Matos revelando a evolução nos casos de mortes violentas que atinge o ápice exatamente nesta faixa etária. Os números causam grande preocupação pois apontam que a cada 3 dias, um jovem morre de forma violenta em Cuiabá. São 89,3% do sexo masculino e 90% com idade entre 15 e 24 anos. O estudo revela também que das 131 mortes de É cada vez maior a jovens registradas em 2009 pelo violência e pouco Instituto Médico Legal (IML), está se fazendo 66,4% foram causadas por homicídios, suicídio ou lesão para mudar a corporal e o restante por situação acidentes. Não é necessário dizer que muito ainda é preciso se fazer para conter a escalada da violência. Chama atenção o fato do estudo revelar que até os 10 anos de idade predominam os acidentes e, a partir daí vai crescendo o número de vítimas de violência de forma assustadora. São diversos os fatores apontados como causadores do crescimento da violência. A começar pela falta de lares estruturados e a baixa escolaridade que, combinados, criam um perigoso grupo de risco. Não é difícil explicar. Ocorre que, longe da escola e do acompanhamento possível por meio de educadores e sem boas referências familiares, o jovem potencializa seu ímpeto em uma fase de início de sua necessidade de afirmação. Geralmente tem dificuldade de combater suas frustrações. Então, quando não há a proximidade com pessoas que possam servir de exemplo positivo, ele fica mais suscetível a se arriscar. Isso sem contar as drogas que, em todo o mundo, são as principais responsáveis pelo vertiginoso aumento nos índices de violência. Vale frisar que não são somente as chamadas drogas ilícitas. Tanto nos homicídios como nos acidentes, o álcool é um forte componente que ajuda a explicar as altas taxas de mortes registradas. As drogas estão presentes em 90% dos casos de homicídio de pessoas de qualquer faixa etária e são consideradas fator multiplicador do risco de morte entre jovens. Morre-se por desentendimento com outros usuários ou por “justiçamentos” ocasionados por furtos realizados para o sustento do vício. O aspecto econômico também deve ser levado em consideração nas mortes de crianças e adolescentes. Para mudar este quadro, que, se nada for feito, tende a piorar, os especialistas concordam em apontar a implementação de políticas públicas. O grande problema é que o caminho a ser seguido todos estão cansados de saber. O que falta mesmo é vontade do governo em implementar as políticas públicas e a própria sociedade se conscientizar que o problema é de todos. Todo mundo pode contribuir para mudar o lamentável quadro. Lula no reino da fantasia O ex-presidente Lula estará entrando numa fria caso atenda o convite do deputado Henrique Fontana para participar, terçafeira, num auditório do Senado, de ato público em favor da reforma política. Primeiro porque CARLOS CHAGAS o projeto, de autoria do deputado, será votado no dia seguinte na Comissão Especial da Câmara e, se porventura aprovado, seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça. Depois, o plenário. Mais tarde para o Senado, enfrentando igual tramitação. Numa palavra: ainda que por milagre a proposta de Henrique Fontana se transforme em lei, não valerá para as eleições de 2012. O prazo fatal para a votação de mudanças eleitorais é de um ano antes das eleições. As próximas estão marcadas para 7 de Ainda que por outubro do ano que vem. Quanto a votar milagre a proposta agora alterações que valerão apenas em 2014, como prever a tendência do atual de Henrique Congresso às vésperas de ser renovado? Fontana se Mas tem mais, nessa incursão do transforme em lei, Lula pelo reino da fantasia. O projeto de Henrique Fontana vem despertando não valerá para as mais rejeição do que apoio. Constitui eleições de 2012 mera ilusão, em muitos de seus aspectos. Propõe, por exemplo, o financiamento público das campanhas, mas abre a possibilidade de as empresas privadas doarem recursos para um fundo eleitoral, proibidas de mandar dinheiro diretamente para um partido ou um candidato. ‘Me engana que eu gosto‘, responderá a Justiça Eleitoral, porque não haverá uma empreiteira, sequer, capaz de esconder por mais de quinze minutos os objetos de sua “ A “ caridade. Como irá cobrar, depois, em termos de contratos, serviços e sucedâneos? Acresce a reação nacional a ser registrada: um país que não consegue fazer funcionar os hospitais públicos disporá de centenas de milhões para distribuir aos políticos? Outra sugestão inviável é a tal votação dupla para deputado. O eleitor votaria primeiro em listas partidárias, elaboradas pelos caciques, depois no candidato fulanizado, dividindo-se pela metade o número de vagas em cada estado. Traduzindo: 35 dos 70 deputados eleitos por São Paulo não precisariam fazer campanha e nem preocupar-se com popularidade ou em conquistar votos. Comporiam a lista por eles mesmo elaborada. Só isso? Nem pensar. Pelo projeto do deputado, os mandatos de senador seriam reduzidos de oito para quatro anos. Já consultaram o Senado? Que tipo de reação terão os senadores, a não ser uma gargalhada e a ameaça de, em retribuição, reduzirem os mandatos de deputado, de quatro para dois anos. Junte-se a limitação do prazo para filiações partidárias, que passaria de um ano para seis meses. Não faltará quem apresente emenda dispondo duas semanas. Em suma, despertará mais recusas do que adesões o projeto referido, como qualquer outro que exprima modificações fundamentais nas regras do jogo. Suas Excelências estão exercendo seus mandatos graças à legislação vigente. Por que iriam alterá-la, podendo prejudicar-se? CARLOS CHAGAS É JORNALISTA EM BRASÍLIA. E-MAIL: [email protected] A GAZETA www.gazetadigital.com.br Propriedade da Gráfica e Editora Centro-Oeste Ltda. Rua Professora Tereza Lobo, 30 Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fone: (0xx65) 3612-6000 Redação - fax: (0xx65) 3612-6330 DEPARTAMENTO COMERCIAL Rua Professora Tereza Lobo, 30 Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fone: (0xx65) 3612-6199 - Fax: (0xx65) 3612-6306 [email protected] [email protected] Assinatura - 3612-6110 [email protected] Serv. atendimento ao assinante [email protected] - 3612-6166 Classificados - 3612-6167 [email protected] REPRESENTAÇÃO COMERCIAL FTPI - Matriz: Alameda dos Maracatins, nº 508 - 9 andar - Moema - São Paulo Capital - CEP: 04089-001 Fone/Fax - (0xx11)2178-8700 www.ftpi.com.br que nos é bombardeado de comidas, e é quase impossível não se render a um apelo tão forte que incessantemente nos ensina comer e beber como se isso fosse o principal foco de interesse da vida. Como seres humanos, temos obrigação de avançar no sentido de preservação consciente direcionada para o nosso melhor, para nossa evolução, para ir mudando paradigmas que nos auxiliem em nossa caminhada, para que possamos vivê-la de forma saudável e plena. Comer é um prazer, porém não dá para agradar gregos e troianos. Saber escolher e comprar os alimentos são os primeiros passos para ter uma boa saúde. Há um desleixo total por parte do consumidor em não atentar para a qualidade do que ingere. Para manter o peso e ficar longe de hospitais o melhor é ser informado do que vai colocar na dispensa e geladeira, não repetir a porção durante as refeições e cortar em vários pedaços pequenos o alimento que ingere, mastigando com calma e de preferência não tomando líquidos durante a refeição, principalmente gelados. É difícil? Bem, pode ser, mas mais difícil é ter carteirinha fixa nos hospitais. MARCO PUCCI É ASTRÓLOGO E ESCREVE PARA A GAZETA ÀS SEGUNDAS - FEIRAS . E-MAIL : MARCO . PUCCI @UOL .COM .BR ADMINISTRAÇÃO DIRETOR SUPERINTENDENTE João Dorileo Leal [email protected] DIRETOR ADMINISTRATIVO Adair Nogarol [email protected] DIRETORIA COMERCIAL José Carlos Teixeira de Carvalho [email protected] Carlos Eduardo Dorileo Carvalho [email protected] RESULTADO PARCIAL Você concorda com a retirada dos camelôs da região central de Cuiabá? Sim, se a retirada é baseada em um planejamento sério e com responsabilidade em não deixar essas pessoas sem trabalhar. Pode ser bom para todos um lugar só para os camelôs. Não. Tanta coisa para se preocupar como saúde, segurança, vem se preocupar com barraca? Deixe-os lá ou arruma primeiro um lugar para essas pessoas ficarem. Sim. A cidade até ficou com um aspecto mais bonito. Mas penso que o poder público poderia encontrar um local adequado para os camelôs trabalharem OLIMPIA LEITE, 32, AUXILIAR DE COZINHA RALF ROBERTO NUNES, 32, MOTORISTA JANAINA SOUZA, 30, FISCAL DE CAIXA A saúde em primeiro lugar s metas de uma sociedade aturdida por estímulos contrários ao bem comum levam inevitavelmente a viver constantemente com sobressaltos em relação à saúde. Há uma preocupação excessiva e até MARCO PUCCI doentia em relação à frequência com que se procura um médico. Conheço várias pessoas que vivem fazendo exames, descobrindo novos médicos, frequentando hospitais com o prazer de quem vai a um restaurante. A saúde sempre deve estar em primeiro lugar, pois sem ela não somos nada e principalmente quando a perdemos é que conseguimos Como seres mensurar exatamente o quanto dependemos dela para tudo. humanos, temos O grande problema é que cuidar da obrigação de saúde, antes de tudo e, sobretudo, começa avançar no sentido pela mesa. Hábitos errôneos, falta de de preservação conhecimento e muitas vezes de interesse consciente em tê-los, ocasionam um cotidiano alimentar que em verdade é uma bomba direcionada para o relógio que mais cedo ou mais tarde vai nosso melhor explodir. Existe uma gangorra midiática que não há Cristo que consiga equilibrar em relação a tudo Enquete EDITORA DE POLÍTICA Valéria Carvalho (0xx65) 3612-6318 EDITOR DE ESPORTE Oliveira Junior (0xx65) 3612-6322 EDITOR EXECUTIVO Daniel Pettengill (0xx65) 3612.6327 EDITORA DE ECONOMIA Fabiana Reis (0xx65 ) 3612-6319 EDITORA DO VIDA Liana D’ Menezes (0xx65) 3612-6324 [email protected] [email protected] EDITORA DE GERAL Andréia Fontes (0xx65) 3612-6321 EDITORA DO ZINE Leidiane Montfort (0xx65) 3612-6358 [email protected] [email protected] EDITOR DE ARTE Cláudio Castro (0xx65) 3612.6315 [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] 34% Não Ponto Contraponto esde o fim de semana, a quantidade de s commodities agrícolas tiveD etanol anidro misturada à gasolina caiu A ram em setembro o pior dede 25% para 20%. A medida foi tomada pelo sempenho desde o ápice de crise fi- governo como precaução, em função das incer- nanceira detonada pela quebra do bantezas em relação à safra de cana-de-açúcar co Lehman Brothers, em 2008. Cotas: demagogia ou necessidade? Conselho Superior de Ensino e Pesquisa (Consepe) MAURELIO MENEZES da UFMT, a toque de caixa, vai votar a adoção de cotas para alunos oriundos do ensino público. Estão previstas duas votações para que a medida entre em vigor já a partir do próximo ano letivo. Estranho, muito estranho, pois em momento algum a administração superior da universidade debateu, nem mesmo entre os integrantes da administração, essa possibilidade. Atomada de decisões sem se ouvir a comunidade acadêmica tem se tornado uma perigosa regra na universidade, apontando para um viés autoritário, incompatível com os tempos pós modernos e com o próprio discurso da administração, hoje. Quando adotou o ENEM como única forma de ingresso na UFMT a reitora, professora Maria Lucia Cavalli Neder, ingenuamente ou não, confessou que o fez por determinação do Ministério da Educação que se comprometerá a liberar mais verbas para universidade. À época houve protestos e o resultado foi uma calamidade. Cursos que nunca tiveram vagas ociosas estão até hoje, dois anos depois com “alunos de menos” ou com vagas preenchidas por matrículas, mas com os alunos jamais tendo assistido aulas. Isso sem contar os cursos que na metade do ano ainda estavam fazendo chamadas. Medicina, por exemplo, teve 13 chamadas. Anovidade da cota para alunos de escola pública está cheirando a mais uma determinação. Com ela adotada poder-se-á afirmar que esse é um país que inclui, que combate as injustiças. O triste é que não se analisa porque alunos de escolas públicas têm menos condições de ingressar em cursos de ponta como Medicina e Direito. Isso é fato. Aliás, nestes dois cursos alunos de escolas particulares também têm dificuldades. E muito. É só fazer uma análise de quantos alunos destas escolas prestam vestibular para estes cursos e quantos entram. Mas este é apenas um dos argumentos para não se concordar com o que pretende a administração superior agora. Um dos diretores da UBES, que defende a medida afirma que nas escola públicas não existem laboratórios, computadores, acesso á cultura, livros, cinema e teatro . E o que a UBES tem feito para mudar essa situação? Há manifestações contra o fim da meia passagem, mas nunca vi ninguém invadir o gabinete do governador ou fazer greve exigindo essas melhorias para o ensino médio, responsabilidade do Estado. Assim O esta posição está parecendo muito mais um golpe de oportunismo do que uma preocupação social, da mesma forma que a posição da administração superior da UFMT parece muito mais um lance demagógico para atender a ordem de Brasília. Pode até não ser. Mas se não é, porque não debater com a comunidade acadêmica? Porque não amadurecer democraticamente esta ideia por meio do debate, da análise desprovida de interesses provavelmente inconfessáveis? Quando Hillary Clinton esteve no Brasil, ao conversar com estudantes na UNB comentou que quando a política de cotas foi implantada nos Estados Unidos, foram adotadas diversas medidas para que o motivo que justificava a adoção não fizesse dela um política permanente. Mas e aqui? O que está se fazendo agora neste sentido? Aquestão da política de cotas é polemica. Todos concordam com isso. Mas como está sendo adotada aqui, com a “tropa de choque” da administração superior convocada para comparecer em peso na sessão do Consepe dia 3, não vai resolver nada. O ingresso universal na universidade pública só será resolvido quando a educação fundamental for tratada com seriedade. E isso é responsabilidade de todos nós. O governo do estado teve dinheiro para comprar maquinários e desviar, de acordo com o Ministério Público, 44 milhões de reais. Será que não tem algum para montar os tais laboratórios que estariam faltando (embora em muitas escolas eles existam e sejam melhores até que os das particulares). Se a UFMT quer mesmo corrigir uma injustiça, porque não assume uma luta de melhorar o ensino fundamental por meio de projetos e, quem sabe, até mesmo a oferta de cursos de extensão nos moldes do Cuiabavest, criado pelo ex prefeito Wilson Santos e do MTvest criado nos mesmos moldes.? Qualquer outra medida que não seja essa é empulhação pura, algo como um FIES para a UFMT, No FIES, as particulares arrumam vagas para alunos de escolas públicas e o governo libera verbas para elas. Agora provavelmente troca as vagas da UFMT por mais verba, verba aliás, que poderia ser aplicada na melhoria do ensino fundamental. Mas isso seria uma política séria de educação e política séria para educação não faz parte da cartilha do atual governo federal. MAURELIO MENEZES, JORNALISTA É MESTRE EM CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO/JORNALISMO PELA ECA/USP, É PROFESSOR DA HABILITAÇÃO JORNALISMO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA UFMT EDITORA DE SUPLEMENTOS Rita Comini (0xx65) 3612-6323 ARTICULISTAS NACIONAIS Arnaldo Jabor, Ricardo Noblat, Reginaldo Leme, Drauzio Varella, Paulo Coelho, Gaudêncio Torquato, Arthur Virgílio, Silio Boccanera, Pio Penna Filho e Aquiles Rique Reis. GAZETA DIGITAL ARTICULISTAS LOCAIS Alfredo da Mota Menezes, Lourembergue Alves, Elias Januário, Claudinet Coltri Júnior, Pedro Nadaf, Hélcio Corrêa Gomes e Giancarlo Piazzeta. JORNAL A GAZETA E PORTAL GD - PABX (065) 3612-6000 DIRETORA DE REDAÇÃO Margareth Botelho (0xx65) 3612.6309 66% Sim [email protected] Editora Executiva/Cleci Pavlack [email protected] (0xx65) 3612-6316 COLUNISTAS Fernando Baracat, Ungareth Paz, Saulo Gouveia, Zecka Pereira e Bia Willcox. Cartas para as seções de Opinião e Do Leitor: Rua Professora Tereza Lobo, 30 - Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fax: (0xx65) 3612-6330 [email protected] AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS Estado, Folha, Associated Press, Carta Z, Canal 1, Agência Brasil e Alô Comunicação. Os artigos de opinião assinados por colaboradores e/ou articulistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores