2A opinião A GAZETA CUIABÁ, SÁBADO, 7 DE MAIO DE 2011 Dejamil Desarmamento já E Editorial xatamente um mês depois da ataque à escola Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste carioca, em que 11 crianças foram brutalmente assassinadas por Wellington Menezes de Oliveira, foi lançada a Campanha Nacional do Desarmamento 2011 - Tire uma arma do futuro do Brasil. A tragédia, que chocou o país pela brutalidade, reacendeu as discussões em torno da facilidade de comprar e portar armas de fogo. Muitos chegaram a defender a realização de um novo plebiscito para ouvir a população novamente, a fim de proibir definitivamente o porte de arma, a não de alguns casos específicos. O assassino executou as crianças e depois se suicidou usando duas armas compradas ilegalmente. Ele portava um farto volume de munição e um carregador automático que lhe permitiu Retirar as armas fazer um grande número de ilegais do convívio disparos em pouco tempo. social e limitar a A campanha deste ano comercialização é uma traz quatro novidades: o anonimato para quem medida importante entregar a arma; a inutilização da arma já no ato da entrega; a agilidade no pagamento da indenização (depois de 24 horas até, no máximo, 30 dias após a entrega) e a ampliação da rede de recolhimento: além das delegacias da Polícia Federal, outros locais serão credenciados gradualmente pelo Ministério da Justiça. O valor de cada arma entregue vai variar de R$ 100 a R$ 300. Na última campanha foram recolhidas 500 mil armas e, segundo o Ministério da Justiça, estudos como o Mapa da Violência mostram a redução nos índices de criminalidade, principalmente homicídios, com a realização de campanhas anteriores. Prova de que a iniciativa é positiva, ao contrário do que muita gente tenta pregar, especialmente os que integram correntes favoráveis ao uso de armas. Não é preciso uma investigação muito a fundo para constatar que a facilidade de se ter uma arma de fogo leva a situações trágicas, senão na mesma dimensão da ocorrida na escola carioca, mas de efeitos igualmente devastadores na vida de famílias que perdem seus filhos em crimes banais, em acidentes domésticos, em execuções que poderiam ser evitadas, maridos e mulheres que se matam no calor da raiva, balas perdidas que não deveriam ser disparadas. Um sem-fim de situações que só acontecem porque alguém teve acesso a uma arma de fogo sem estar devidamente preparado e fez um mau uso dela. Os defensores do uso de armas de fogo alegam a questão da segurança. No entanto, está mais do que provado que estar armado não é garantia de nada. Ao contrário, cidadãos armados que são alvo de violência, na maioria das vezes, tornam a situação ainda mais grave e, em muitos casos, fatal. Retirar as armas ilegais do convívio social e limitar a comercialização é uma medida importante, fundamental mesmo, para que fatos como o ocorrido na escola carioca não venham a acontecer novamente. Mas também que as pequenas tragédias que se acumulam em todo o país deixem de ser coisas corriqueiras e não mais engrossem as estatísticas de homicídios brasileiras. Nossas crianças, jovens e adultos merecem ter uma vida e um futuro tranquilo, sem que sejam ceifadas pelo disparo de uma arma. O bullying na política O estilo é a marca principal do político, a estética de sua ação. O senador Roberto Requião que o diga. Faz do estilo montaria de batalha. São muitos os episódios em que o ex-governador do Paraná aparece dando vazão a um repertório de manifestações, gestos e atitudes que dão GAUDÊNCIO TORQUATO realce a um ator cujo desempenho poderia surpreender o renomado mestre da arte teatral Constantin Stanislavski. Pois Requião ‘vive‘ intensamente o papel, não fica na mera interpretação. Daí parecer autêntico, sem meias palavras, despachado, um cabra da peste. O recente episódio em que tomou o gravador de um repórter que lhe perguntara sobre a aposentadoria vitalícia ocorreu para se defender de uma imprensa ‘absolutamente provocadora e irresponsável‘, a quem acusa de praticar bullying. O conceito, como se recorda, ganhou ênfase no meio da discussão provocada pelo assassinato de 12 crianças numa escola de Realengo, no Rio de Janeiro. Trouxe à tona a história do assassino Wellington Menezes, que, em carta, lembrou os atos de violência psicológica a que foi submetido A intenção de Requião ao quando estudante naquele acusar a imprensa de estabelecimento. O tema está na ordem do dia dos praticar bullying seria mero educadores, pela gravidade que tem artifício para justificar a assumido nos espaços escolares. Puxá-lo, agora, para a arena política e, ‘perda de paciência’ mais ainda, pela expressão de um senador da República é um ato que carece fundamentação. A intenção de Requião ao acusar a imprensa de praticar bullying seria mero artifício para justificar a ‘perda de paciência’, caracterizada pelo gesto de arrancar o gravador das mãos do repórter (e depois devolvê-lo sem a gravação), ou ele está mesmo convencido de que jornalistas e programas, como os citados CQC e Pânico, invadem a esfera pessoal de entrevistados com ‘doses de provocação’, praticando, por conseguinte, violência psicológica? Confunde escopos. Programas humorísticos não são eixos centrais da imprensa. Suas funções essenciais são as de informar, interpretar e opinar. Entreter é uma função secundária. Quando um jornalista perquire um mandatário sobre patrimônio, proventos, benesses, prêmios, viagens, ações, gestos e atitudes, ele o faz porque tal acervo é de interesse daqueles que ele representa. O homem público precisa prestar contas de todos os atos que, de forma direta ou indireta, têm relação com os bens e valores da República. Pelo que se sabe, a entrevista com o senador versaria sobre sua aposentadoria vitalícia, garantida por uma liminar que, posteriormente, foi revogada pelo Tribunal de Justiça do Paraná. O tema, portanto, era pertinente, eis que a aposentadoria vitalícia, prevista pela própria Constituição federal, deverá ser objeto de “ apreciação pelo Supremo Tribunal Federal. Sob esse prisma, não se justifica o rompante agressivo do ex-governador. Não se tratava, pois, de abordagem humorística, e sim de pauta jornalística. Um alto representante congressual não pode deixar de discorrer sobre assunto de significação social e muito menos ‘perder a paciência‘ com repórteres provocativos. Provocar, aliás, é um verbo conjugado pela missão investigativa da mídia. Vejamos, agora, a questão sob o ângulo do entretenimento, pois tanto o senador Requião quanto outros políticos e celebridades carimbam certos programas de humor como ‘excrescência, apelativos e constrangedores’. O entretenimento, como se sabe, faz parte do menu da comunicação de massa. Levado ao território dos olimpianos - artistas, cantores, políticos, famosos em geral -, incorpora condimentos azeitados com aspectos da vida pessoal. Não raro os entrevistados passam por uma bateria de perguntas embaraçadoras, sarcásticas e, convenhamos, insultuosas em certos casos. Neste ponto, convém lembrar que o universo das celebridades - incluindo os políticos - cultiva certo gosto pelo dandismo, e este estilo afetado cai bem no perfil de atores do teatro midiático. Não são poucos os que apostam no preceito de que serão mais festejados e glorificados ao ‘se fazerem notar a qualquer preço’. Tal noção lhes impõe uma estética exuberante (indumentária chocante) e uma semântica estrondeante (estrupícios linguísticos). Celebra-se, assim, um casamento de conveniências, o que dá ‘liberdade’ a determinados programas de TV às tais ‘provocações’ - com derrapadas pelo terreno da infâmia - e consequentes conflitos entre as partes. Não raro ocorre interpenetração dos espaços dos verbos ‘zoar, gozar, tirar sarro, brincar, ironizar’ e dos corredores dos verbos ‘discriminar, humilhar, ofender, agredir, perseguir, ameaçar’. Quem se sente atingido na honra pode apelar aos tribunais. São inúmeros os casos de pessoas que recorrem à Justiça para se defenderem de calúnia, injúria e difamação. Já o bullying nas escolas de nosso país deve ser matéria prioritária de educadores, governantes e políticos. A humilhação infligida a milhares de crianças ensombrece nosso amanhã pela ameaça de termos parcela de uma geração atrofiada pela violência física e psicológica. Por último, seria conveniente que os tocadores da banda midiática que assedia celebridades e políticos usassem a régua do bom senso. GAUDÊNCIO TORQUATO É JORNALISTA, PROFESSOR TITULAR DA USP, CONSULTOR POLÍTICO E DE COMUNICAÇÃO E ESCREVE EM A GAZETA AOS SÁBADOS. E-MAIL: [email protected]/TWITTER: @GAUDTORQUATO Jovens na contramão E m plena Era do Conhecimento, os jovens brasileiros caminham na contramão da tendência do mercado de trabalho e passam à margem das escolas. Essa é a constatação de estudo da Fundação Getúlio Vargas e do Instituto Votorantim, segundo o qual, entre 2006 e LUIZ GONZAGA BERTELLI 2008, o número estudantes de ensino superior caiu de 7,5 milhões para 6,9 milhões, o que corresponde a uma contração de superior a 7%. O coordenador da pesquisa, Marcelo Neri, conclui: “Não basta ter apenas escolas de qualidade, o jovem precisa ser conquistado; é preciso dar informação, mostrar que a educação formal é a base e convencê-lo a frequentar a escola”. A afirmativa dá o diagnóstico do problema, sem apontar soluções e, o que é pior, sem surpreender demasiadamente aqueles que vêm, há décadas, Quem investe em educação tem defendendo profundas salário 12,94% mais alto já ao reformas na educação brasileira. Não é de hoje entrar no mercado de trabalho que as diretrizes educacionais do país se mostram ultrapassadas, seja pelo descompasso com a realidade fora dos muros escolares, seja “ A GAZETA www.gazetadigital.com.br Propriedade da Gráfica e Editora Centro-Oeste Ltda. Rua Professora Tereza Lobo, 30 Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fone: (0xx65) 3612-6000 Redação - fax: (0xx65) 3612-6330 DEPARTAMENTO COMERCIAL Rua Professora Tereza Lobo, 30 Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fone: (0xx65) 3612-6199 - Fax: (0xx65) 36126306 [email protected] [email protected] Assinatura - 3612-6110 [email protected] Serv. atendimento ao assinante [email protected] - 3612-6166 Classificados - 3612-6167 [email protected] REPRESENTAÇÃO COMERCIAL FTPI - Matriz: Alameda dos Maracatins, nº 508 - 9 andar - Moema - São Paulo Capital - CEP: 04089-001 Fone/Fax - (0xx11)2178-8700 www.ftpi.com.br pela quebra do diálogo entre professores e alunos. Outro ponto de estranheza, evidenciado pelo estudo, indica que quem investe em educação tem salário 12,94% mais alto já ao entrar no mercado de trabalho, além de uma possibilidade 38% maior de conseguir um emprego de carteira assinada. Isso quer dizer que abandonar os bancos escolares é limitar o futuro profissional a cargos aquém das potencialidades do jovem, inclusive quanto à remuneração. O jovem que não está matriculado em instituição de ensino não pode ser contratado como estagiário e, assim, perde a oportunidade de dar o primeiro passo da carreira escolhida, a exemplo da maioria dos gestores de sucesso. país e educadores devem acompanhar mais de perto o interesse desses adolescentes, mostrando a importância de terminar seus estudos. No mais, os próprios estudantes precisam estar convencidos de que essa fase será decisiva para sua vida, comprometendo-se com a obtenção do diploma, por mais que a sala de aula não os atraia. Os únicos beneficiados serão eles mesmos. LUIZ GONZAGA BERTELLI É PRESIDENTE EXECUTIVO DO CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA-ESCOLA (CIEE) E DIRETOR DA FIESP. CONTATO: [email protected] DIRETOR ADMINISTRATIVO Adair Nogarol [email protected] DIRETORIA COMERCIAL José Carlos Teixeira de Carvalho [email protected] Carlos Eduardo Dorileo Carvalho [email protected] DIRETORA DE REDAÇÃO Margareth Botelho (0xx65) 3612.6309 EDITOR DE POLÍTICA Valéria Carvalho (0xx65) 3612-6318 [email protected] [email protected] EDITORA EXECUTIVA Janã Pinheiro (0xx65) 3612.6327 EDITORA DE ECONOMIA Fabiana Reis (0xx65 ) 3612-6319 [email protected] [email protected] EDITOR DE ARTE Cláudio Castro - (0xx65) 3612.6315 EDITORA DE GERAL Andréia Fontes (0xx65) 3612-6321 [email protected] [email protected] EDITOR DE ESPORTE Oliveira Junior (0xx65) 3612-6322 [email protected] EDITORA DO VIDA E ZINE Liana D’ Menezes (0xx65) 3612-6324 [email protected] RESULTADO PARCIAL Você aprova a instalação de radares em algumas BRs de Mato Grosso? Sim. Quem está acostumado a obedecer as leis e a sinalização de trânsito não se importará com a localização dos radares. Saberá compreender a sua necessidade. Sim. É necessário que os motoristas de Mato Grosso convivam com os radares. O número de acidentes nas estradas é lamentável. Pessoas morrem todos os dias por imprudência. Sim. Assim como nas BRs os equipamentos têm que ser instalados em Cuiabá e na vizinha Várzea Grande. Todos os dias vejo cenas no trânsito que são um desrespeito às leis e à vida. RAFAEL ALEX, 15, VENDEDOR ANDERSON ANTÔNIO, 30, VENDEDOR CLAITON MARCELO, 29, COMERCIANTE 58% Sim 42% Não Ponto Contraponto inistro de Minas e Energia, Edison esquisa do Instituto Ipsos mostra M Lobão, afirma que o preço dos P que 48% da população brasileira combustíveis deve baixar na próxima acredita que a inflação vai subir e 50%, semana, com o aumento da safra de álcool. por conta disso, pretende cortar gastos. Ser mãe S er mãe vai muito além de um THIAGO FRANÇA segundo domingo de maio, e tudo isso, porque o dia das Mães não se limita à data, a nada, e deve ser comemorado todos os dias. Mas neste dia em que escolhemos para celebrar uma data tão especial como esta, sonhamos com todas as mulheres deste planeta, uma sociedade igualitária, na qual mulheres e homens sejam capazes de olhar-se nos olhos com ternura e amor. Ser mãe, não é padecer no paraíso, é orgulhar-se deste privilégio que Deus lhe concedeu. E Deus ao criar o mundo, criou a mulher à imagem e semelhança do amor. Em seu peito depositou o sentimento da maternidade e em seu ventre seria gerada a liberdade. Em seus olhos colocou uma fonte límpida de lágrimas transparentes ou peroladas conforme a dor. Em suas mãos depositou a harmonia da família, e suas pernas foram revestidas de força para caminharem ao encontro à evolução pacífica da humanidade. Em sua boca colocou palavras de carinho e de candura. Em seus lábios colocou a doçura. Aos seus braços destinou o REDAÇÃO Fone (065) 3612-6000 ADMINISTRAÇÃO DIRETOR SUPERINTENDENTE João Dorileo Leal [email protected] Enquete EDITOR DE SEGUNDA-FEIRA Waldemir Felix (0xx65) 3612-6317 [email protected] EDITORA DE SUPLEMENTOS Rita Comini (0xx65) 3612-6323 [email protected] GAZETA DIGITAL [email protected] (0xx65) 3612-6320 acalento da ternura. Em seu pensamento inscreveu a sabedoria. Em seu coração plantou a semente da fraternidade. Em seu peito fez com que habitasse a paz e em seu ventre seriam geradas todas as crianças do planeta. Ser mãe é poder exercer esse dom supremo que Deus nos proporcionou, que é do amar e ser amado. É inconcebível falar do ser humano ‘Mãe’, e não mencionar o amor. E não porque este seja o mais belo de todos os sentimentos, mas porque a mãe, e tão somente a mãe, sabe do poder e do alcance deste sentimento, e sabe principalmente, que a verdadeira medida do amor, é não ter medida. Ser mãe não se restringe apenas a proporcionar carinho, esperança e afeição. Ser mãe ultrapassa barreiras, não tem limites. É saber valorizar um simples sorriso, é comemorar o sucesso e consolar os fracassos de seus filhos. Ser mãe é ter sensibilidade para expressar a um filho ‘Eu te amo‘. Ser mãe é sacrificar, é doar, é amar, e tudo isso, porque mãe é sinônimo de amor! À mulher-mãe, que gesta, acolhe e alimenta a vida, o meu fraterno abraço. THIAGO FRANÇA É ADVOGADO EM CUIABÁ. E-MAIL: [email protected] ARTICULISTAS NACIONAIS Arnaldo Jabor, Ricardo Noblat, Reginaldo Leme, Drauzio Varella, Paulo Coelho, Gaudêncio Torquato, Arthur Virgílio e Aquiles Rique Reis. ARTICULISTAS LOCAIS Alfredo da Mota Menezes, Lourembergue Alves, Eliás Januário, Claudinet Coltri Júnior, Pedro Nadaf e Giancarlo Piazzeta. COLUNISTAS Fernando Baracat, Ungareth Paz, Saulo Gouveia e Dani Viana. 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