opinião 2 A A GAZETA CUIABÁ, SEGUNDA-FEIRA, 6 DE ABRIL DE 2009 Editorial O Investimento no sistema carcerário sistema prisional de Mato Grosso vive uma situação lastimável. E não é nova essa situação. Muito pelo contrário, o problema vem se agravando a cada ano com o aumento da criminalidade e O governo promete os poucos investimentos em construir novos infraestrutura para melhorar o sistema presídios e isso precisa carcerário em seus mais diferentes acontecer aspectos. Os números revelam o caos atualmente. Das 53 cadeias urgentemente existente públicas de Mato Grosso, sete estão interditadas, total ou parcialmente. Só em março foram 4 decisões judiciais, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), que apontou falhas graves do sistema prisional, como superlotação, falta de higiene e infraestrutura para a manutenção dos presos nestes locais, entre outras irregularidades. Ainda sobre números é bom destacar que o Estado de Mato Grosso oferece 2,5 mil vagas, mas abriga em seu sistema carcerário quase o dobro nas unidades. A cada fechamento ou interdição parcial, aumenta o número de presos nas celas, reduzindo o espaço disponível e superlotando ainda mais as unidades. Isso quer dizer que é praticamente impossível alcançar a meta de ressocialização nas atuais condições. Não é sem motivos que muitos criticam o sistema e afirmam que as cadeias há muito tempo se transformaram em verdadeiras “fábricas de marginais”. Não existem programas específicos para a ressocialização. Há poucas semanas uma denúncia sobre o Centro de Ressocialização de Cuiabá, o antigo Carumbé, aponta que o local Abominável mundo novo Enquete RESULTADO PARCIAL 90 80 passou a ser comandando por um grupo de evangélicos, que ditam as ordens e definem o destino dos presos. Isso acontece pelo fato das cadeias, superlotadas, não terem estrutura e muito menos pessoal qualificado para o trabalho de ressocialização. A situação é grave e precisa de providências. O governo promete construir novos presídios e isso precisa acontecer urgentemente, já que cada vez mais é maior o número de presos. As despesas com presos são grandes e os resultados nem sempre são compensadores. Não é mais novidade saber que presos comandam grupos criminosos de dentro de presídios. Por várias vezes isso já foi comprovado em Cuiabá. Enfim, o problema é grave e precisa de providências. O governo conhece a real situação. Portando é trabalhar logo para resolver essa situação. Como você avalia a situação das ruas em Cuiabá? 79% 70 60 50 40 30 18% 20 3% 10 0 Péssima Boa Regular REGULAR. Os bairros mais afastados do centro são os mais afetados, muitos nem possuem asfalto, quando existe asfalto os buracos tomam conta da rua. BOA. Não tenho do que reclamar das ruas da capital. TATIANE FONTANA, 22, ENFERMEIRA Sempre utilizo o REGULAR. Nem todas as ruas de transporte público, e as ruas Cuiabá são boas, existem ruas que os tanto da minha casa, como os buracos tomam conta, bairros como da linha de ônibus estão em Alvorada são exemplos do abandono perfeita condição. da prefeitura. FLÁVIA ARRUDA, 32, JOSÉ RICARDO, 21, ESTUDANTE VENDEDORA ‘O cara’ é... nosso N obrigações e a sugestão de comportamentos que jamais se cobraria de figuras obscuras. A partir do momento em que é considerado positiva e internacionalmente como ‘o cara’, nosso presidente não pode, jamais, sofrer qualquer escorregão administrativo e muito menos político. Tem de tomar extremo cuidado ao conduzir sua sucessão - embora já tenha declarado que Dilma Rousseff é sua pré-candidata - e precisa terminar o seu governo em alta. Lula, já perseguido por ser ‘de esquerda’ e hoje festejado pelos maiores líderes mundiais, tem de aproveitar o bom momento para remover obstáculos que nos prejudicam nas relações com as grandes economias. Não pode transigir na questão amazônica. Confirmar o seu prestígio trabalhando forte para quebra de barreiras protecionistas enfrentadas pelos nossos produtos. Lutar pelo fortalecimento do Mercosul e, principalmente, buscar a cooperação internacional para resolver o grande passivo social do Brasil que, apesar de sua pujança, ainda não consegue dar emprego, moradia, saúde, educação e o sustento para muitos de seus cidadãos, hoje submetidos às esmolas oficiais. É necessário garantir condições para que os assistidos de hoje caminhem com as próprias pernas no amanhã. unca, jamais, um governante brasileiro teve a gama de elogios e afagos que Lula tem encontrado mundo afora, nos últimos tempos. Na semana passada, o presidente Barack Obama disse gostar dele e afirmou, no sentido positivo, ser Lula ‘o cara’. Para nosso orgulho, o retirante nordestino, que veio para o sul num pau-de-arara e chegou a conhecer a fome, é o maior exemplo de resistência, valor e progresso do homem brasileiro. A outrora desprezada ‘república de bananas’ chegou, justamente durante o seu governo, à condição de oitava economia do mundo e hoje figura como um dos bastiões e exemplo de resistência à crise econômica mundial, entre outras vantagens. Certo que os bons indicadores de hoje são consequências de décadas de trabalho de toda a sociedade - governos, empresariado, entidades e povo -, mas ninguém pode negar que Lula deu continuidade e implementou novos conceitos de Economia e a boa notícia veio durante o seu mandato. Que o seu carisma, sensibilidade política e senso de coordenação fizeram a sua ascensão à primeira magistratura do país. Há que se reconhecer também que o mundo de hoje é outro, a ponto de um negro ser o presidente dos EUA, situação inimaginável até há bem pouco tempo. Inteligentemente, o próprio Lula procura minimizar os elogios que os governantes das maiores potências do mundo lhe dirigem. Mas é bom se precaver, pois essa notoriedade traz DIRCEU CARDOSO GONÇALVES É TENENTE E DIRIGENTE DA ASSOCIAÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DOS POLICIAIS MILITARES DE SÃO PAULO (ASPOMIL) E-MAIL: [email protected] Ponto Contraponto Caixa Econômica Federal deverá fechar o primeiro trimestre deste ano com mais de R$ 5 bilhões em financiamentos imobiliários concedidos. Itens in natura foram responsáveis por 78% da taxa do Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1) de março, que subiu 0,51%. A ntes que o ano político comece de verdade, coisa prevista para esta semana, e que tenhamos de atormentar a paciência alheia com filigranas partidários, ministeriais ou até presidenciais, vamos aproveitar o ócio parlamentar e executivo com tema bem mais importante. CARLOS CHAGAS Reparou o leitor nos detalhes do seu dia-a-dia? Pois é. A gente é acordado e levanta da cama por conta de um desses irritantes relógios de cabeceira que ignoram nossas variáveis horas de sono, ficam apitando e, sem que tenhamos manifestado nossa opinião, interligam-se com um programa de rádio ou de televisão, daqueles que nesta manhã não nos interessam. Pouco importa a essa máquina diabólica, por sinal chinesas, se tivemos insônia ou não, durante a noite, e se gostaríamos de ficar mais quinze minutos deitados. A parafernália da máquina de fazer café emite sinais os mais variados, solta fumaça e, se não estivermos diante dela no momento certo, espalhará pelo mármore da pia bebida fria ou pelando. Ao abrir a geladeira para pegar um mamão, é bom não esquecer a porta aberta por mais de um minuto, senão ela começa a imitar a radiopatrulha, com detestáveis e intermináveis bips. Partindo do princípio de que preferimos banho frio, deixamos de ligar o chuveiro elétrico, mas, se precisarmos ligar, cuidado: ele fatalmente fará cair o disjuntor e cortar toda a eletricidade da casa. Na hora de sair, será preciso apertar mil teclas em código para acionar o alarme, mas não há um dia na semana em que, errando o dedo indicador, não recebamos um aviso da empresa de segurança sobre já estarem O elevador não vindo gorilas para enfrentar um ladrão inexistente. funciona, há que Na garagem, um horror. Primeiro, a subir oito andares. maquininha que abre o portão automático, Depois, o médico se sempre em desacordo com nossas intenções, ávida por emperrar a grade e levar-nos à chave queixa de que não manual. Quando não nos atingem ainda em fazemos exercício meio à retirada. No veículo, um vestibular inteiro de cibernética: a tecla que abre a porta, a outra que liga o motor, a que baixa o vidro e a que aciona o ar refrigerado, todas funcionando apenas se estiverem de bom humor. O rádio, Deus nos livre. Jamais acertamos a emissora das notícias, agredidos com mil botões que tocam música caipira e anunciam produtos que, de raiva, jamais compraremos. No caminho para o trabalho, começa a luta entre mocinhos e bandidos. Onde estarão, hoje, os pardaizinhos camuflados que nos obrigam a trafegar a cinquenta quilômetros por hora, com a opção de multas de duzentos reais a cada poste? No escritório, as mil chaves para abrir a porta que qualquer meliante terá aberto antes. Há que ligar o computador, mesmo velho, e tem início as estações do calvário. O motor escondido no chão, as teclas de ligação, as de ingresso da Internet e, se não tiver havido um desarranjo que apagou a memória e mudou o tipo das letras, seguir-se-á a inglória luta para abrir os e-mails enviados durante a noite. Anúncios aos montes de miraculosos produtos para evitar a ejaculação precoce, para performances sexuais dignas do Casanova, para assinar tais ou quais jornais e para manter encontros com maravilhosas garotas de programa que, se “ www.gazetadigital.com.br Propriedade da Gráfica e Editora Centro-Oeste Ltda. Rua Professora Tereza Lobo, 30 Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fone: (0xx65) 36126000 - Redação - fax: (0xx65) 3612-6330 DEPARTAMENTO COMERCIAL Rua Professora Tereza Lobo, 30 Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fone: (0xx65) 36126199 - Fax: (0xx65) 3612-6306 [email protected] [email protected] Assinatura - 3612-6110 [email protected] Serv. atendimento ao assinante [email protected] - 3612-6166 Classificados - 3612-6167 [email protected] REPRESENTAÇÃO COMERCIAL FTPI - Matriz: Alameda dos Maracatins, nº 508 - 9 andar - Moema - São Paulo Capital - CEP: 04089-001 Fone/Fax - (0xx11)2178-8700 www.ftpi.com.br DIRETOR ADMINISTRATIVO Adair Nogarol [email protected] DIRETORIA COMERCIAL José Carlos Teixeira de Carvalho [email protected] Carlos Eduardo Dorileo Carvalho [email protected] CARLOS CHAGAS É JORNALISTA GAZETA ÀS SEGUNDAS-FEIRAS EM BRASÍLIA E ESCREVE EM A A origem de todos os problemas O Por que isso ocorre? Porque convém tanto a candidatos vazamento das quanto a doadores de campanha. Convém a alguns candidatos informações sobre a porque, ao adotarem o caixa 2, eles passam a trabalhar com operação Castelo de dois orçamentos: um oficial, para o público externo (mídia e Areia, da Polícia Federal, traz de sociedade), e outro informal, mas real, para consumo interno volta ao noticiário um problema (deles próprios e de seus principais auxiliares). Assim pode-se recorrente na política nacional: o evitar, por exemplo, exposições desnecessárias: às vezes, não financiamento das campanhas convém aos candidatos revelarem certas ligações eleitorais. Como se sabe, elas têm se políticas e/ou eleitorais. tornado cada vez mais caras, em todos ÁLVARO PEREIRA O mesmo raciocínio vale para os contribuintes os níveis. É comum um candidato a de campanha. Seria tão mais fácil e menos arriscado deputado federal, ou fazer contribuições de forma transparente e legal, mas também mesmo a deputado estadual, investir mais de Como se vê, o as empresas preferem, muitas vezes, não revelar suas ligações R$ 1 milhão para deslocar-se pelo estado, modelo político político-eleitorais. A motivação é semelhante à dos contratar cabos eleitores e divulgar suas candidatos: evitar que, no futuro, mídia e sociedade possam propostas para o eleitorado. Alguns investem atual favorece o fazer ilações sobre as ‘relações íntimas’ da empresa com o muito mais do que isso: dois, R$ 3 milhões. financiamento ilegal Imaginem, a partir daí, quanto custa uma candidato eleito. Outra preocupação é evitar constrangimentos em relação a candidatos não beneficiados pela doação. Por campanha de candidato ao Senado, ou aos de campanhas que não eu? - eles sempre poderão dizer, especialmente se governos estaduais... eleitorais forem eleitos. Neste caso, a empresa corre o risco de ser Nos relatórios encaminhados à justiça discriminada nas licitações. eleitoral, os candidatos omitem as chamadas despesas ‘não Como se vê, o modelo político atual favorece o contabilizadas’, ou seja, aquelas realizadas informalmente, financiamento ilegal de campanhas eleitorais. Enquanto por meio de caixa 2. Trata-se de um expediente ilegal, que, persistir o modelo, assistiremos a escândalos periódicos se comprovado, pode levar à perda do mandato do deputado, envolvendo doadores e candidatos. senador ou governador. Mas o fato é que o caixa 2 continua a ser praticado com regularidade, como mostram as gravações telefônicas divulgadas pela mídia sobre a última ÁLVARO PEREIRA É JORNALISTA EM BRASÍLIA E ESCREVE EM A operação da PF. GAZETA EXCEPCIONALMENTE HOJE NESTE ESPAÇO “ REDAÇÃO Fone (065) 3612-6000 ADMINISTRAÇÃO DIRETOR SUPERINTENDENTE João Dorileo Leal [email protected] acionarmos a tecla para apreciar suas fotografias, mostrarão aos remetentes o número de nossas senhas e de nossas contas bancárias. Se precisarmos tirar algum dinheiro do banco, ou fazer transferências, a hecatombe é universal. No fim, verificaremos não haver saldo, em meio a mil taxas de serviços que pagamos por depositar nosso dinheiro nos bancos, aqueles que tempos atrás pagavam juros pelos nossos depósitos. Intervalo para o almoço, que precisamos deglutir na própria mesa de trabalho. Se pedirmos, via Internet, um sanduíche de ovo frito sem bacon, a certeza é de que virá um misto quente com bacon e sem ovo frito. Haverá que escrever, no caso dos jornalistas, o artigo diário para os assinantes, mas as agências encarregadas de distribuí-los fatalmente avisarão haver recebido versículos da Bíblia ou contos eróticos do Marquês de Sade em vez do texto combinado. Nesse meio tempo tocou mil vezes a mais diabólica das máquinas inventadas pela humanidade, o telefone celular. ‘Quem fala, é o Carlos? Aqui é a Margarida. Você não gostaria de trocar de provedor?’ Não adianta dizer que estamos no trânsito ou ocupados com uma gravação, porque a malsinada interlocutora ligará de novo perguntando se chegamos bem ou se gravamos um comentário criticando o governo Lula. O tempo passa, recebemos pelo correio montes de propaganda inócua. Pedidos para ingressarmos na ONG que tenta salvar as barbas do camarão do Mar Vermelho e a memória de Ramsés II. Como descobriram nosso endereço é um mistério, mas fica pior quando os próprios entram em nosso computador para indagar se vamos à festa do centenário da descoberta dos besouros que não voam ou à quermesse para a recuperação dos gatos cegos. Se precisarmos sair para uma entrevista ou conversa com alguma autoridade, é o fim do mundo. Exigem, no Congresso ou fora dele, identificações, cartões de identidade, declarações de fidelidade a este ou aquele partido político, gravata, meias pretas e provas de que votamos no candidato preferido do nosso interlocutor. Depois, à volta para casa. Na caixa do correio, notificações do Imposto de Renda para apresentarmos os recibos de despesas médicas da década de oitenta. Exigências da Previdência Social para comprovarmos haver trabalhado 40 anos nesta ou naquela empresa, apesar das evidências impressas em livrões que a gente cultiva, não sei se por egoísmo, vaidade ou maldade. A ameaça é de deixarmos de receber nossas miseráveis aposentadorias. Além de convites aos montes para a inauguração de novos centros comerciais, exposições de artistas desconhecidos e fabulosas chances de enriquecer depositando mensalidades a preços módicos. O elevador não funciona, há que subir oito andares. Depois, o médico se queixa de que não fazemos exercício. A chave não entra na fechadura. As teclas do dispositivo antiladrão confundem-nos com o próprio, voltam a apitar e precisamos provar aos seguranças que somos os proprietários. O lanche deixado pela empregada no forno de micro-ondas queimou, ela esqueceu de desligá-lo. No dia seguinte, começará tudo de novo. Por conta desse abominável mundo novo, percebemos porque Sócrates, Platão e Aristóteles brilharam tanto na busca do conhecimento e da sabedoria. Tinham muito tempo para pensar... DIRETORA DE REDAÇÃO Margareth Botelho (0xx65) 3612.6309 [email protected] EDITORA EXECUTIVA Janã Pinheiro (0xx65) 3612.6327 [email protected] EDITOR DE POLÍTICA Jorge Estevão (0xx65) 3612-6318 [email protected] EDITORA DE ECONOMIA Glenda Cury (0xx65) 3612-6319 [email protected] EDITOR DE GERAL EDITOR DE ARTE Cláudio Castro - (0xx65) 3612.6315 Andréia Fontes (0xx65) 3612-6321 [email protected] [email protected] EDITOR DE ESPORTE Oliveira Junior (0xx65) 3612-6322 EDITOR DE SEGUNDA-FEIRA Waldemir Felix (0xx65) 3612-6317 [email protected] [email protected] EDITORA DO VIDA E ZINE Liana D’ Menezes (0xx65) 3612-6324 EDITORA DE SUPLEMENTOS Rita Comini (0xx65) 3612-6323 [email protected] [email protected] GAZETA DIGITAL [email protected] (0xx65) 3612-6320 ARTICULISTAS Alexandre Garcia, Carlos Monforte, Mônica Waldvogel, Carlos Chagas, Lourembergue Alves e Alfredo Menezes AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS Estado, Folha, Associated Press, Carta Z, Agência Brasil e Alô Comunicação. COLUNISTAS Fernando Baracat e Ungareth Paz Os artigos de opinião assinados por colaboradores e/ou articulistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores Cartas para as seções de Opinião e Do Leitor: Rua Professora Tereza Lobo, 30 Bairro Consil - Cuiabá-MT - CEP 78.048-700 - Fax: (0xx65) 3612-6330 [email protected]