XI Salão de
Iniciação Científica
PUCRS
Projeto para Avaliação das Propriedades Antimicrobiana e
Antineoplásica da Própolis das Abelhas Sem Ferrão, Tetragonisca
Angustula (Jataí) e Scaptotrigona Bipunctata (Tubuna)
Júlia Cisilotto1, Bruna Nicolini da Silva1, Denise Milão1 (orientador)
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Faculdade de Farmácia, PUCRS.
Introdução
A própolis é uma substância resinosa, coletada pelas abelhas, de diversas partes da
planta como broto, botões florais e exsudatos resinosos (PARK, 2002).
Um grupo de abelhas que ultimamente vem chamando a atenção de pesquisadores é o
das abelhas sem ferrão da tribo Melliponinae, que habitam as regiões tropicais da terra
(MENEZES et al., 2005). Existem vários estudos científicos em relação à composição
química e ações farmacológicas da própolis obtida da Apis mellifera, mas poucos estudos
relacionados à própolis originária da abelha sem ferrão Tetragonisca Angustula (Jataí) e
Scaptotrigona Bipunctata (Tubuna).
A composição química da própolis é muito complexa e variada, estando intimamente
relacionada com as plantas de cada região visitada pelas abelhas (MENEZES et al., 2005).
Devido a isso, várias são as atividades biológicas relatadas na literatura, tais como
antimicrobiana, anticariogênica, citotóxica, anti-inflamatória, imunomodulatória, antioxidante
e antitumoral. (CABRAL et al., 2009).
Devido à importância farmacológica e a grande disseminação do uso popular da
própolis de meliponíneos este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de desenvolver a
tintura de própolis, analisar sua composição química e avaliar a atividade antimicrobiana e
antineoplásica da própolis obtida da abelha nativa sem ferrão Tetragonisca angustula (Jataí) e
da abelha Scaptotrigona bipunctata (Tubuna).
Metodologia
A própolis será coletada a partir de colméias das abelhas da espécie Tetragonisca
angustula (Jataí), e da espécie Scaptotrigona bipunctata Holmberg, localizadas no Campus da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. A tintura será produzida de forma a
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obter uma tintura com as características sugeridas na Instrução Normativa nº3 de 19 de
Janeiro 2001 do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da
Agricultura, anexo VII.
Será realizada uma varredura nos comprimentos de onda de 200 até 600 nm em
espectrofotômetro UV-VIS (CARY 50, Varian) de solução preparada a partir do extrato de
própolis. A técnica analítica empregada para a análise de identificação de compostos químicos
da própolis será a Cromatografia de Líquidos de Alta Eficiência (CLAE), com detector de
espectrometria de massas.
A capacidade de ação antimicrobiana do extrato de própolis será examinada pela
metodologia da bioautografia indireta, conforme descrito por VALGAS, 2002. Para avaliação
da atividade antineoplásica serão utilizadas células de glioma de rato (C6) obtida da American
Type Culture Colection (ATCC). Para crescimento, as células serão adicionadas em meio
DMEM em jarra para cultura de células suplementando com 5% de soro fetal bovino. As
células serão mantidas a 37º C sob umidade controlada de 95 ± 5ºC em mistura de ar com 5%
de CO2. As células serão incubadas com diferentes concentrações da própolis em placas do
tipo Elisa. Após 24, 48 e 72 horas de tratamento das células C6 em cultura as mesmas serão
tripsinizadas, a proliferação celular avaliada por contagem em hemocitômetro e a viabilidade
celular medida pelo método MTT.
Resultados esperados
Este estudo tem a finalidade de obter dados que possam demonstrar a atividade
biológica da própolis e identificar constituintes químicos responsáveis por estas ações. De
acordo com estudos realizados por ALDEMANN et al., 2005 a partir de ensaios in vitro e in vivo
foi comprovado a atividade biológica antitumoral dos flavonóides presentes na própolis. Em outro
estudo, SU et al., 1994 demonstrou que o éster fenetílico do ácido cafeico (CAPE), obtidos de
extratos de própolis, inibe vários processos associados a carcinogênese, suprimindo o crescimento
de várias linhagens de células cancerígenas humanas. Além disso, em estudos realizados por
BANKOVA et al., 2007, a própolis das abelhas Jataí e Tubuna inibem o crescimento de
microorganismos. Desta forma, espera-se contribuir para o desenvolvimento econômico de
comunidades rurais que a partir da comprovação científica de atividades da própolis permita
sua utilização com finalidade terapêutica de forma mais segura. Também se espera contribuir
para estudos futuros e fornecer informações úteis sobre a própolis.
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Referências
ADELMANN, J. Própolis: variabilidade composicional, correlação com a flora e bioatividade
antimicrobiana/ antioxidante. Universidade Federal do Paraná, 2005. Dissertação (Mestrado
em Ciências farmacêuticas) - Setor de Ciências da Saúde.
BANKOVA, V., Popova M. Propolis of Stingless Bees: a Promising Source of Biologically
Active Compound. Pharmacognosy Reviews, Bulgaria, Vol. 1, 2007.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento. Instrução Normativa nº3,
de 19 de janeiro de 2001. Aprova os regulamentos técnicos de identidade e qualidade de
apitoxina, cera de abelha, geléia real, geléia real liofilizada, pólen apícola, própolis e extrato
de própolis, conforme consta dos anexos desta Instrução Normativa.
CABRAL, R. S. I. et al. Composição fenólica, atividade antibacteriana e antioxidante da
própolis vermelha brasileira. Química Nova, São Paulo, Vol.32, Nº 6 (2009).
MENEZES, H. Própolis: Uma revisão dos recentes estudos de suas propriedades
farmacológicas. Arq. Inst. Biol., São Paulo, Vol. 72, Nº 3 (2005), pp. 405-411.
PARK, Y. K. et al. Botanical Origin and Chemical Composition of Brazilian Propolis. J.
Agric. Food Chem., Vol. 50 (2002), pp. 2502-2506.
SILVA, M.S.S.A. et al. Triterpenóides tipo cicloartano de própolis de Teresina-PI] Química
Nova, v. 28, Nº 5 (2005), pp. 801-804.
SU, Z.Z.; LIN, J.; GRUNBERGER, D.; FISHER, P.B. Growth suppression and toxicity
induced by caffeic acid phenethyl ester (CAPE) in type-5 adenovirustransformed rat embryo
cells correlate directly with transformation progression. Cancer Research, Vol. 54, Nº 7
(1994), pp. 1865-1870.
VALGAS, Cleidson. Avaliação de método de triagem para determinação de atividade
antibacteriana de produtos naturais. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina;
2002. Tese (Mestrado em Farmácia).
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