COMPARAÇÃO POLÍNICA ENTRE A PRÓPOLIS DOS MUNICIPIOS DE FÊNIX E
PEABIRU
Mayra Stevanato, (IC, CNPq), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected]
Mauro Parolin, (OR), Unespar – Câmpus de Campo Mourão, [email protected]
RESUMO: A complexa mistura das substancias de várias plantas e acréscimo de secreções
glandulares das abelhas, tem por resultado a própolis, um produto com valor medicinal. A
melissopalinologia, área pertencente à palinologia, se preocupa em estudar os produtos apícolas uma
vez que estes apresentam grandiosa quantidade de pólen, devido a forma como são preparados.
Buscou-se nesta pesquisa determinar os tipos polínicos encontrados nas própolis produzida pela abelha
Apis Mellifera, nos municípios de Fênix e Peabiru, sendo a extração polínica operada via acetólise.
Foram encontrados poucos pólens nas amostras (<42) todavia foi identificado a preferência da A.
Mellifera por determinadas famílias botânicas, uma vez que os pólens de ocorrência mais significativa
foram das famílias Mirtaceae, Asteraceae, Fabaceae e Mimosaceae.
Palavras-chave: Palinologia. Melissopalinologia. Pólen.
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa propôs o estudo da própolis produzido pela abelha Apis Mellifera, comparando a
diferenciação polínica do produto produzido no município de Fênix com o do município de Peabiru.
A própolis é resultado de uma mistura de substancias que são colhidas pelas abelhas em
variados tipos de plantas. Sua principal função para as abelhas é a de vedação de frestas e fendas na
colmeia, ou seja, funciona como forma de proteção para o enxame (MENEZES, 2005). A mistura é
complexa, de resina contendo vitaminas, sais minerais, compostos fenólicos como flavonóides, ácidos
graxos, álcoois aromáticos e ésteres, 30% de ceras, 5% de pólen, 15% de substâncias voláteis e
matérias estranhas e 13% de substâncias desconhecidas (MARCUCCI, 1995). Durante este processo
de produção da própolis, as abelhas acrescentam secreções de suas glândulas da cabeça à resina
colhida, conferindo um valor medicinal ao produto final (BARTH et al. 1999).
A resina contida na própolis é extraída da vegetação que cerca a colméia, uma vez que, o vôo
de uma abelha A. mellífera abrange um raio de 4-5 km, é neste raio de vôo em torno da colmeia que à
coleta do néctar e da resina é realizada (TEIXEIRA et al., 2005). Estudos especializados já atestaram à
diferenciação da própolis devido às características da vegetação da região, assim como acontece com o
mel. Isso acontece devido às reservas de pólen da região, causando variação inclusive nas atividades
farmacológicas da própolis. Sendo que sua composição varia ainda de acordo com a sazonalidade,
região e raça de A. melífera (MENEZES, 2005).
A composição da própolis é determinada segundo suas composições fitogeográficas, que são
definidas pelas espécies botânicas encontradas ao redor da colmeia (KUMAZAWA et al., 2004). Por
isso a análise palinológica se faz importante, uma vez que através dela podemos identificar as
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diferentes espécies vegetais e fazer a identificação da região produtora, além de fazer o levantamento
das diferenças entre essas regiões. Através da palinologia também poderemos apontar a estação do ano
em que foi produzida a própolis, pois as plantas liberam seu pólen em épocas de floração, em alguma
determinada época, e não durante todo ano. Esse pólen liberado poderá chegar às colmeias de forma
entomófila (levado pelas abelhas) ou de forma anemófila (levado pelo vento). Em ambas as formas ele
se fixara ao produto.
Em nossa região, a produção e comercialização de produtos apícolas, principalmente no que
tange a própolis, ainda são muito incipientes, em alguns casos seu comércio não está sequer
legalizado. Este fato pode ter como causa, a falta de assistência técnica e melhor orientação aos
apicultores. A coleta da própolis deve ser feita pelo apicultor, através da raspagem de certas partes da
colmeia. Porém, a produtividade e a qualidade da própolis coletada por raspagem são baixas, e o
número de impurezas elevado, dificultando a comercialização desta forma. Para fins comerciais, o
apicultor deve utilizar de técnicas que aumentem a produção (LOPES et al. 2010).
A pesquisa realizada está em busca de novas formas de manejo, orientando de maneira
substancial a produção de própolis, pois o entendimento do trabalho das abelhas na sua preparação
entenda-se, tipo de pólen usado na composição da própolis, ajuda no manejo e localização das
colmeias além de indicar corpos microscópicos indesejados ou mesmo contaminantes na sua
composição.
Objetivou-se determinar a composição polínica da própolis produzida nos dois municípios.
Buscar produtores que comercializassem o produto na região, e assim qualificar a composição polínica
deste produto, determinando assim os grupos botânicos mais representativos e que oferecem maior
produtividade de própolis com base na ocorrência dos grãos de pólen.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho concentrou ações nos municípios de Peabiru e Fênix, ambos localizados na
mesorregião Centro-Ocidental (Figura 1), que situa-se no Terceiro Planalto Paranaense.
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Figura 1. Localização dos municípios de Peabiru e Fênix.
Fonte: STEVANATO, Mayra (escala??)
Fez-se o levantamento de parte dos apicultores, que comercializam a própolis nos dois
municípios, e coletadas amostras de própolis bruta (a) e própolis já processada (c) em um apiário do
município de Fênix e própolis pré-processada (triturada) (b) do município de Peabiru (Figura 2 a, b, c).
Figura 2 a, b, c: Própolis coletada nos municípios de Fênix e Peabiru.
Fonte: STEVANATO, Mayra (2013).
Destas amostras coletadas foram preparadas laminas para extração dos grãos de pólen,
utilizado o padrão estabelecido por Barth et. al. (1999) conforme segue: foram extraídos grãos de
pólen 0,5 gramas de própolis, limpa e selecionada, com 15ml de álcool absoluto durante pelo menos
24 horas. O sedimento obtido após a centrifugação será fervido durante 2 minutos em KOH a 10% em
banho-maria, lavando-se em água destilada, filtrada, permanecendo em ácido acético glacial durante
12 horas. Em seguida, a mistura foi submetida à acetólise (oxidação do sedimento numa mistura 9:1 de
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anidrido acético e ácido sulfúrico em banho-maria até alcançar a temperatura de 80ºC por cerca de três
minutos).
Após o processamento das amostras, foi realizado cuidadosa lavagem em água destilada, e
depois preparadas com sedimento lâminas de microscopia em Entellan®.
Junto às amostras de própolis foram também coletadas amostras de plantas em torno das
colmeias. Essas plantas foram classificadas pelo Herbário da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná – Campus de Campo Mourão e processadas através de uma leve acetólise para extração do
pólen das mesmas, com o intuito de se comparar os polens das plantas com os polens encontrados na
própolis.
Após a preparação das laminas iniciou-se a contagem para identificação e qualificação dos
grãos de pólen de cada amostra. Sendo contados três transectos por lâminas, de três lâminas por
amostra.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
As lâminas de ambas as amostras passaram por uma avaliação qualitativa, a fim de se
identificar os pólens existentes. Percebeu-se a predominância de determinadas espécies polínicas, que
condizem com as espécies coletadas na região de localização das colmeias.
Assim notou-se a preferência das abelhas por determinadas famílias polínicas (Tabela 1). Os
grãos de pólens predominantes encontrados nas amostras foram das famílias Mirtaceae, Asteraceae,
Fabaceae e Mimosaceae (Figura 6).
Tabela 1- Famílias botânicas encontradas nas amostras.
Família Botânica
Número de Grãos Pólens
Mirtaceae
42
Asteraceae
30
Fabaceae
28
Mimosaceae
15
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Figura 6. (A) Mirtaceae; (B-C) Asteraceae; (D) Fabaceae; (E) Mimosaceae; (F) Matéria orgânica não
decomposta. Barra= 17,5 µm.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foram encontrados poucos grãos de pólen nas amostras analisadas (< 42), porém pode-se
compreender a preferência das abelhas por espécies das famílias: Mirtaceae, Asteraceae, Fabaceae e
Mimosaceae. Considera-se importante que os apicultores se certifiquem da existência de espécies
destas famílias no entorno da colmeia, uma vez que acredita-se que a presença destas podem causar
um aumento significante à produção da própolis e acréscimo de sua qualidade.
REFERÊNCIAS
BARTH, O. M.; DUTRA, V. M. L. ; JUSTO, R. L. . Análise Polínica de Amostras de Própolis do
Brasil. Revista Ciência Rural, Santa Maria - RS, v. 29, n.4, p. 663-667, 1999.
KUMAZAWA, S.; HAMASAKA, T.; NAKAYAMA, T. Antioxidant activity of própolis of various
geographic origins. Food Chemistry, v.84, n.3, p.329-339, 2004.
LOPES, M. T. R et al. Produção de própolis. EMBRAPA do Meio-Norte. 2010. Disponível em: <
http://www.cpamn.embrapa.br/publicacoes/new/folder/folder_pdf/2010/producao_propolis.pdf>
acesso em: 11 abr. 2013.
MARCUCCI, M. C. (1995) Própolis: chemical composition, biological properties anda therapeutic
activity. Apidologie 26(2) : 83-99.
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MENESES, H. Própolis: uma revisão dos recentes estudos de suas propriedades farmacológicas. São
Paulo, v.72. 2005. Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br/docs/arq/V72_3/menezes.PDF>
acesso em: 11 abr. 2013
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