XI Salão de Iniciação Científica PUCRS Ocorrência de enteroparasitoses em crianças atendidas pelo Programa Primeira Infância Melhor (PIM) no município de Uruguaiana, RS. Liara Merlugo1, Denise Lima Feksa1, Angélica Aparecida Güilich1, Tânia Cristiane Hofmann1, Rafael dos Santos Hernandes1, Ricardo dos Santos Hernandes1, Cleci Menezes Moreira1,2 1 Faculdade de Farmácia, Fundação Universidade Federal do Pampa, UNIPAMPA 2 Professora Orientadora Resumo Introdução As enteroparasitoses constituem um sério problema de saúde pública, estando distribuídas praticamente em todo mundo (MACEDO, 2005). A prevalência destas parasitoses torna-se maior conforme as condições sanitárias e socioeconômicas da população, observando-se índices elevados em países em desenvolvimento, como o Brasil. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 25% dos habitantes do planeta estão parasitados com algum tipo de helminto, sendo as crianças as mais suceptíveis a contaminação (BAPTISTA et al., 2006). As parasitoses intestinais provocam o desenvolvimento de doenças que quase sempre são negligenciadas e esquecidas, já que os sintomas clínicos são inespecíficos ou confundidos com os de outras doenças (ARAÚJO & FERNÁNDEZ, 2005). Em crianças, as enteroparasitoses, dependendo do agente etiológico, podem ocasionar quadros graves de desnutrição e anemia. Esses fatores refletem diretamente no rendimento escolar, promovendo a incapacidade física e intelectual dos indivíduos parasitados (MACEDO, 2005). Diante do exposto, procurou-se determinar a incidência de enteroparasitoses em crianças atendidas pelo Programa Primeira Infância Melhor (PIM) no município de Uruguaiana, Rio Grande do Sul, por meio da realização de exames coproparasitológicos. 788 Metodologia O estudo foi executado, no período de março de 2009 a maio de 2010, em 10 bairros do município de Uruguaiana, RS. Em cada bairro foi realizada uma palestra informativa com os responsáveis pelas crianças, preenchimento do termo de consentimento e entrega do frasco coletor. As amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Parasitologia da UNIPAMPA e processadas através da técnica Baermann-Moraes. Foram analisadas três lâminas por amostra individual. Os laudos com resultados positivos foram encaminhados para o médico do Posto de Saúde Municipal, para a prescrição da medicação, a qual foi dispensada pela Farmácia Básica do Posto Central. A entrega da medicação e a atenção farmacêutica foram realizadas pelos autores do trabalho. Resultados e Discussão Das 393 amostras analisadas, 26,46% resultaram positivas (figura 1). Amostras Positivas 26,46% Amostras negativas Amostras positivas 73,54% Figura 1 Porcentagem de amostras com resultados positivos Dentre as amostras positivas observou-se uma maior freqüencia de infestação por Giardia lamblia (62,5%), Ascaris lumbricoides (23,08%), Trichuris trichiura (14,42%), Entamoeba sp.(11,54%), Hymenolepis sp. (7,69%), Taenia sp. (0,96%) e Ancilostomídeo (0,96%) (figura 2). Frequência de diferentes parasitos encontrados nas análises id eo sp . sp . to m ci lo s An Ta en ia . sp en ol ep is oe ba Hy m t ri ch iu ra nt am E Tr ic hu ris bl ia la m ia lu m As ca ris G ia rd br ico id es 70 60 50 40 30 20 10 0 Figura 2 Diferentes parasitas encontrados nas amostras analisadas O elevado índice de Giardia lamblia e Ascaris lumbricoides,observados no trabalho, coincidem com os dados de um estudo realizado em creches municipais de Uruguaiana (CHAVES et al., 2006) e com resultados obtidos de um trabalho semelhante realizado no município de Vespasiano, MG (SANTOS et al., 2006). 789 Conclusão Acredita-se que os índices de enteroparasitoses encontrados sejam reflexos da precariedade das condições de saneamento básico, assim como das condições de moradia e hábitos de higiene das crianças residentes nos bairros até então analisados. Os achados deste trabalho demonstram a necessidade de sensibilização da população frente à importância do diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos casos positivos, cabendo as políticas públicas preocuparem-se em melhorar as condições sanitárias básicas da população. Referências ARAÚJO, C. F.; FERNÁNDEZ, C. L.; Incidência de enteroparasitoses em localidades atendidas pelo comando da aeronáutica pelo estado do Amazonas. Revista Médica da Aeronáutica do Brasil. Vol. 55, Nº 01-02 (2005), pp. 40 - 46. BAPTISTA, C. S; BREGUEZ, M. M. J; BAPTISTA, P. C. M; SILVA, S. M. G; PINHEIRO, O. R; Análise da incidência de parasitoses intestinais no município de Paraíba do Sul, RJ. Revista Brasileira de Análises Clínicas. Vol. 38, Nº 4 (2006), pp. 271 - 273. CHAVES, S. M. E; VAZQUEZ, L; LOPES, K; FLORES, J; OLIVEIRA, L; RIZZI, L. FARES, Y. E; QUEROL, M; Levantamento de Protozoonoses e Verminoses nas sete creches municipais de Uruguaiana, Rio Grande do Sul – Brasil. Revista Brasileira de Análises Clínicas. Vol. 38, Nº 1 (2006), pp. 39 - 41. MACEDO, H. S. Prevalência de Parasitos e Comensais Intestinais em Crianças de Escolas da Rede Pública Municipal de Paracatu (MG). Revista Brasileira de Análises Clínicas. Vol. 37, Nº 4 (2005), pp. 209 - 213. SANTOS, M. E. S.; OGANDO, T.; FONSECA, B. P. V.; JÚNIOR, C. E. G.; BARÇANTE, J. M. P.; Ocorrência de enteroparasitoses em crianças atendidas pelo programa de saúde da família de uma área de abrangência do município de Vespasiano, Minas Gerais, Brasil. Revista Eletrônica de Enfermagem. Vol. 08, Nº 11 (2006), pp. 29 - 25. 790