A INCLUSÃO DE ALUNOS COM SURDEZ E AS CONTRIBUIÇÕES DAS SALAS
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DE RECURSOS MUNICIPAIS DE JI-PARANÁ
Jusiany Pereira da Cunha dosSantos2
Anamaria Silveira³
RESUMO: Este artigo focaliza o Atendimento Educacional Especializado (AEE) das Salas
de Recursos Multifuncionais do município de Ji-paraná- RO onde estão incluídos alunos
com Surdez, o trabalho pretende conhecer os locais onde os alunos estão inseridos, refletir
sobre os momentos oferecidos na escola, buscar estratégias e subsídios para melhor
atendê-los. Nessa pesquisa foram feitas observações e entrevistas com as professoras dos
alunos surdos, também com as pessoas que trabalham na escola e com os responsáveis
pelos educandos. Ao analisar os materiais coletados percebemosvários problemas que
precisam ser repensados com urgência: como a pouca comunicação em casa, muitas
informações que são negadas ao surdo pelo fato dos familiares não saberem como explicar,
dificuldade para expressar os sentimentos. Após essa pesquisa, organizamos o Plano de
Atendimento Educacional Especializado que já está sendo aplicado nas escolas, nosso
intuito é que as intervenções pedagógicas sejam ampliadas, que os familiares sejam
influenciados a despertar para melhorar a comunicação em casa com o aluno surdo.
Palavras Chaves: Surdez. Família. Atendimento Especializado.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo investigar práticas pedagógicas em
relação à inclusão dos surdos no ensino regular, enfocando os atendimentos
realizados nas Salas de Recursos. A motivação maior para desenvolver tal pesquisa
decorreu das muitas situações que os alunos surdos que cursam o Ensino
Fundamental vivenciam neste Município.
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Artigo Científico elaborado a partir do Manual de Artigo Científico do Athenas Grupo Educacional e
das Normas da ABNT.Pesquisa em andamento sobre A Inclusão de alunos com surdez nas escolas
municipais de Ji-Paraná-RO.
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Pedagoga. Especialista em: Libras, Tradução e Interpretação da Libras, Educação Especial e
Atendimento Educacional Especializado. Acadêmica no Programa de Pós Graduação Mestrado em
Educação- PPGE-UNIR- Porto Velho. Professora Municipal do AEE para Alunos com Surdez.
Intérprete nos Cursos de Libras para Formação de Docentes da SEMED. E-mail:
[email protected]
³Doutora. Professora da UNIR em Ji-Paraná. Líder do Grupo de Pesquisa- GEIPEI, Orientadora no
Programa de Pós Graduação Mestrado em Educação- PPGE- UNIR- Porto Velho.
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O Atendimento Educacional Especializado (AEE) acontece no horário inverso
ao da sala regular, duas vezes por semana nas escolas onde os alunos com surdez
estão incluídos, com Professora de AEE e os instrutores surdos que ensinam
LIBRAS. Sendo que esse Atendimento tem duração entre três e quatro horas
semanais.
Para tanto, foi elaborado entrevistas envolvendo as professoras2, pais e
familiares dos sujeitos pesquisados a fim de conhecer o ambiente que eles estão
inseridos, os conhecimentos dos mesmos sobre a Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) e também como é a comunicação deles no meio familiar.
Assim, atuando nesses dois ambientes foi possível perceber as dificuldades
tantopedagógica como metodológica desse público específico, razão pela qual se
optou em desenvolver a esta pesquisa.
O foco está em entender melhor os três momentos didáticos pedagógicos
compartilhar as diferentes estratégias pedagógicas e práticas inclusivas queforam
idealizadas para a realidade escolar citada no Plano de AEE, percebendo como
fundamental o respeito à diferença surda, concebendo os surdos enquanto sujeitos
com cultura e língua próprias.
Com base no entendimento que os surdos precisam ser respeitados em suas
diferenças, é que reafirmamos não poder reduzir a surdez a uma limitação auditiva,
mas sim considerar um viés cultural que não constitui uma condição de deficiência,
pois são pessoas capazes, que pensam agem e se comunicam e precisam ser
respeitados em suas diferenças.
Ao compartilharmos as experiênciascom outros docentes nas escolas,
podemos perceber que há dificuldades diversas nas abordagens e práticas
pedagógicas, sendo necessário repensar posturas e buscar alternativas para que
seja possível aos alunos construir aprendizagens dentro e fora dos muros escolares.
Frente a esse entendimento há necessidade da escola regular embasar-se no
bilinguismo para pensar a educação de surdos. Pois é por meio deste ambiente que
de fato os alunos têm possibilidades de realizar suas construções, partilhar saberes,
Neste texto usaremos a expressão “professoras”, gênero feminino que compõe o universo da
pesquisa.
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e até sentimentos, sendo a primeira língua a LIBRAS e a segunda a Língua
Portuguesa.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A trajetória dos surdos ao longo da história foi marcada por lutas políticas que
veem atualmente tendo resultados positivos, principalmente a partir da década de
1990. Um exemplo muito significativo é o da Língua de Sinais que era proibida e
considerada apenas mímicas e gestos, hoje vivemos diversas conquistas como a Lei
10.436 de 2002 que reconhece o estatuto linguístico da Língua Brasileira de Sinais,
passando a ter status e reconhecimento legal no Brasil, com gramática e estrutura
lexical próprias. O direito de escolarização em turno diferenciado, também ao AEE
regulamentado pelo Decreto 5.626/2005 no Cap. VI, Artigo 22, que diz:
Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do atendimento
educacional especializado para o desenvolvimento de complementação curricular,
com utilização de equipamentos e tecnologias de informação. (BRASIL, DECRETO
5.626/2005).
Anteriormente, havia apenas uma visão fortemente clínica da surdez e os
surdos eram conceituados exclusivamente como deficientes auditivos. Hoje a surdez
pode ser vista dentro de um enfoque antropológico-cultural, passando a criar e
constituir uma diferença política. Segundo PERLIN (2006, p.07) quando se olha para
o sujeito surdo preocupando-se apenas como pacientes doentes da orelha que
precisam de adaptação, deixamos de atender o aluno com surdez como sujeitos que
são capazes.
Um bom referencial teórico é oferecido peloMinistério de Educação e Cultura
(MEC)datado de 2004 e intitulado “O acesso de alunos com deficiência às escolas e
classes comuns da Rede Regular”, onde deixa claro que a inclusão é uma
responsabilidade governamental e o Ministério da Educação deve apoiar a
implementação de uma nova pratica social que atenda a TODOS, independentes de
suas necessidades educacionais especiais atendendo a Constituição Federal em
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seu Art. 206, Inc. I, (1988) que garante “Igualdade de condições de acesso e
permanência na escola”.
Existe também a LDBEN cujo Art. 58 em consonância com a Legislação em
vigor e Políticas de Educação Especial SEESP/MEC3, nas quais são fixadas
Diretrizes e Norma para Educação Especial na Educação Básica prevê o
Atendimento Educacional Especializado para alunos surdos, que atenda suas
especificidades, com intérpretes de Língua de Sinais, professores de português e
outros profissionais como fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, etc.
O Conselho Nacional de Educação aprovou a Resolução n° 02/2001, que
institui as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica
incluindo os alunos surdos no grupo daqueles com dificuldade de comunicação e
sinalização, diferenciada dos demais alunos, e que demandam a utilização de
linguagens e códigos aplicáveis. Conforme o parágrafo 2° do Art. 12 desta
Resolução:
Deve ser assegurada, no processo educativo de alunos que apresentam
dificuldades de sinalização diferenciada dos demais educandos, a
acessibilidade aos conteúdos curriculares mediante a utilização de linguagens
e códigos aplicáveis, como o sistema BRAILLE e a Língua de Sinais, sem
prejuízo no aprendizado de língua portuguesa, facultando-lhes e as suas
famílias a opção pela abordagem pedagógica que julgarem adequadas,
ouvindo os profissionais especializados em cada caso. (BRASIL,CNE/CEB Nº
2. 2001, p.06)
O município de Ji-Paraná tem como suporte o embasamento legal da
Resolução Estadual nº 138/1999 do Conselho Estadual de Educação/CEE do Artigo
37 até 48 que tratam da Educação Especial como modalidade para o atendimento
aos educandos com necessidades educacionais especiais.
Há também o Decreto 10.770 que regulamenta a Lei nº 1.535 de 26 de
Setembro de 2006, onde é autorizado o pagamento de gratificação mensal aos
professores da rede municipal, estabelecendo critérios e normas, sendo que a
gratificação é de 20% sobre o vencimento mensal.
A Lei nº 1.716 de 18 de dezembro de 2007 introduziu modificações na Lei nº
1.535 de 26 de setembro de 2006 sobre a gratificação dos professores que atuam
Atualmente SEESP passa a ser Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e
Inclusão/ SECADI.
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em educação infantil e em séries iniciais do ensino fundamental que tem alunos com
necessidades especiais e ao professor intérprete de LIBRAS bem como instrutores
de alunos surdos.
Sabemos que agora é um momento de transição e de diversas adaptações. E
somos conscientes que há muito por fazer no AEE para os alunos com Surdez,
nesta especialização é que conhecemos melhor cada um dos momentos que devem
ser oportunizados, algumas estratégias que podemos facilitar a construção
significativa destes alunos. Conforme cita Damázio:
A inclusão de pessoas com surdez na escola comum requer que se busquem
meios para beneficiar sua participação e aprendizagem tanto na sala de aula
como no Atendimento Educacional Especializado. DAMÁZIO (2007, p.14).
Com relação ao Pano de AEE e seus três momentos exploramos melhor na
Disciplina Pessoa com Surdez, e por meio dos textos do fascículo Abordagem
Bilíngue na Escolarização de Pessoas com Surdez compreendemos como inicia o
estudo das habilidades e necessidades educacionais dos alunos conforme ALVES:
A elaboração do Plano de AEE inicia-se com o estudo das habilidades e
necessidades educacionais específicas dos alunos com surdez, bem como
das possibilidades e das barreiras que tais alunos encontram no processo de
escolarização. ALVES, (2010, p. 10):
Para Damázio, o AEE precisa ser desenvolvido em três momentos didáticopedagógicos:
•
Atendimento Educacional Especializado de Libras onde o instrutor
surdo deverá ensinar Libras aos alunos com Surdez:
O professor e/ou instrutor de Libras organiza o trabalho do Atendimento
Educacional Especializado, respeitando as especificidades dessa língua,
principalmente o estudo dos termos científicos a serem introduzidos pelo
conteúdo curricular. Eles procuram os sinais em Libras, investigando em
livros e dicionários especializados, internet ou mesmo entrevistando pessoas
adultas com surdez... DAMÁZIO, 2007, p.32
•
Atendimento Educacional Especializado em Libras onde se trabalha os
conteúdos curriculares que estão sendo estudados na sala comum:
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Fornece a base conceitual dessa língua e do conteúdo curricular estudado na
sala de aula comum, o que favorece ao aluno com surdez a compreensão
desse conteúdo. Nesse atendimento há explicações das idéias essenciais
dos conteúdos estudados em sala de aula comum. Os professores utilizam
imagens visuais e quando o conceito é muito abstrato recorrem a outros
recursos, como o teatro, por exemplo. DAMÁZIO, 2007, p.29
•
Atendimento Educacional Especializado de Língua Portuguesa, neste
momento é ensinado aos alunos o português na modalidade escrita.
O ensino é desenvolvido por um professor, preferencialmente, formado em
Língua Portuguesa e que conheça os pressupostos lingüísticos teóricos que
norteiam o trabalho, e que, sobretudo acredite nesta proposta estando
disposto a realizar as mudanças para o ensino do português aos alunos com
surdez. DAMÁZIO, 2007, p.38
Após análise da legislação pesquisada, acreditamos que ainda possa haver
fragilidades no trato com alunos surdos, porém é possívelque através do AEE
possamos articular estratégias que melhor atendam as necessidades deste contexto
estudado.
3. OBJETIVOS
Os objetivos desta pesquisa se pautam em verificar os avanços ocorridos no
período de 2009 a 2012, no que se refere a inclusão dos alunos surdos da Rede
municipal de Ji-Paraná e o seu reflexo no processo de ensino/aprendizagem.
Inicialmente procurou-se analisar as políticas nacionais para a educação de
surdos, bem como os programas e projetos de formação continuada para os
docentes destes alunos ofertados pelo governo federal e em parceria com a
Prefeitura Municipal.
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Objetiva-se também identificar junto aos professores, gestores, supervisores e
pais os avanços acadêmicos desse público alvo, cujos docentes participam da
formação continuada voltada para esta necessidade especial.
Outra preocupação desta pesquisa é identificar as expectativas que pais,
professores, gestores e supervisores tem em relação ao ensino e aprendizagem
destes educandos.
Finalmente pretende-se relatar os avanços e descobertas dos docentes no
trabalho com os alunos da rede municipal de Ji-Paraná depois de participarem das
formações continuadas. Porém neste estudo apresentamos resultados parciais uma
vez que a pesquisa encontra-se em andamento.
4. METODOLOGIA
A metodologia utilizada na pesquisa será baseada na abordagem qualitativa
etnográfica, onde o pesquisador é o principal instrumento e o ambiente natural sua
fonte de dados, ou seja, o pesquisador mantém contato direto com o ambiente e a
situação que está sendo objeto de estudo.Nesta abordagem a pesquisa é flexível,
segundo LUDKE (1986, p.11): o pesquisador “evita definições rígidas e apriorísticas
de hipóteses”, e a partir do contato com a situação estudada e vai rever e aprimorar
o problema da pesquisa inicial.
Nesta abordagem qualitativa etnográfica em educação é relevante a
preocupação com um contexto cultural amplo, levando em consideração a vivência
do indivíduo, ao se pensar no processo ensino e aprendizagem.Conforme LUDKE
(1986, p.12):
Nestes estudos há sempre uma tentativa de capturar a “perspectiva dos
participantes”, isto é, a maneira como os informantes encaram as questões
que estão sendo focalizadas.
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Portanto os estudos qualitativos consideram os diferentes pontos de vista
dos participantes e permite clarear o dinamismo interno das situações que muitas
vezes não está visível ao pesquisador.
Para alcançarmos os objetivos inicialmente propostos, pretendemos realizar
um levantamento bibliográfico para verificar as formações realizadas, assim como a
legislação e todas as políticas públicas voltadas para a educação desurdos. Será
ainda necessário o trabalho de campo para verificar e compreender o reflexo da
formação no processo de ensino/aprendizagem destes alunos. Além das estratégias
acima apresentadas, realizar entrevistas, observações e questionários que objetivam
compreender a temática.
4.1 A investigação seguirá as seguintes etapas:
• Primeiramente o investigador vai priorizar o contato pessoal com a
realidade estudada no campo para entender a cultura e identidade do surdo para
uma análise comparativa entre a cultura surda e a ouvinte.
• Coleta de dados obtidos através de leituras e pesquisas sobre as políticas
públicas, leis, decretos, resoluções e portarias que tratam da educação dos Surdos,
bem como os cursos de formação continuada ofertados aos docentes envolvidos
com os educandos em questão.
• Verificar a manifestação dos agentes da pesquisa por meio das
observações e entrevistas abertas, depoimentos, fotografias das aulas ministradas
aos Surdos em salas regulares e salas de recursos.
• Capturar
as
perspectivas
dos
participantes:
docentes,
gestores,
supervisores e pais dos alunos.
• Análise dos Dados: onde se procura estabelecer articulações entre os
dados da pesquisa e os referenciais teóricos, promovendo a relação entre o
concreto e o abstrato.
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Espera-se
se que esta pesquisa possa ser relevante para implementação das
Políticas Públicas, que contribua para as formações dos docentes em questão e
para o favorecimento do processo de inclusão dos alunos surdos no Sistema de
Ensino.
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS PARCIAIS
O campo de pesquisa está caracterizado de cinco escolas Municipais onde
estão matriculados os nove alunos surdos. Destes alunos, oito são atendidos no
AEE nas respectivas escolas que estudam. Os nove educandos estudam nas salas
regulares, e sete deles no horário
horário oposto são atendidos nas salas de recursos
multifuncionais.
Durante os relatos deste trabalho não serão mencionados os nomes das
escolas, dos professores, gestores, pais ou alunos por questão de ética, para
preservação dos mesmos. Sendo que serão identificados
identificados por letras, conforme
consta no gráfico abaixo:
9
8
7
6
Alunos
5
Professores Salas Regulares
4
Pais ou responsáveis
3
Profissionais do AEE
2
1
0
Escola F
Escola J
Escola P Escola R
Creditos: Jusiany Pereira da Cunha dos Santos
Escola I
Total
10
Os sujeitos pesquisados têm entre 08 e 50 anos, destes dois educandos são
adultos e estudam na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Eles estão matriculados
respectivamente do segundo ao quinto anodo Ensino Fundamental.
Do universo pesquisado sete moram com os pais, um mora com os avós
paternos, um mora com irmã e um mora com a sobrinha.As famílias em sua maioria
são de baixa renda, dos que moram com seus pais ou avós apenas o pai ou avô
trabalham.
Segundo relato dos familiares a surdez foi percebida entre um e três anos de
idade, pois as crianças ainda não falavam. Percebeu-se que dentre os educandos
todos gostam de estar entre surdos que interagem muito bem. Nove deles se
percebem como surdos e sinalizam que as professoras do Atendimento Educacional
Especializado (AEE) são ouvintes.
Os sujeitos pesquisados são carinhosos e demonstram afeto para com as
professoras, também gostam de utilizar o computador, os menores preferemacessar
o site de brincadeiras.
Percebe-se que há falta comunicaçãonas famíliasde quase todosos surdos
pesquisados, que não valorizam a importância da Libras para eles, há relatos de
surdos que reclamam por não conseguirem se comunicar em casa e outras mãe que
vão até a escola para relatar situações em casa que não conseguiram compreender
o que seus filhos queriam dizer.
Temos um percentual de 50%4 destes familiares que sabem um pouco sobre
aLIBRAS, das famílias pesquisadas apenas um irmão mais novo teve interesse em
aprender a comunicar-se melhor com a irmã surda.
Nota-se que dos alunos Surdos observados cinco são concentrados,
aprendem com facilidade a LIBRAS, não possuem dificuldade para aprender
matemática, se percebem como surdos por conviverem com outros surdos usam a
língua de sinais para se comunicar. Sabem todas as letras do alfabeto, fazem contas
de matemática e tem uma boa fixação do conteúdo, escrevemseus nomes eo da
professora, conhecem várias palavras de memória.
4
Dados parciais extraídos da pesquisa feita com as famílias dos alunos surdos.
11
Porém os outrosquatro alunos investigados têm mais dificuldade de aprender,
emitem sons para comunicarem-se, sabem pouco de LIBRAS, tem dificuldades de
concentração e não conseguem fixar simples. Deste segundo grupo dois são adultos
e seu contato com LIBRAS é pouco, as duas educandas possuem surdez e atraso
neuropsicomotor.
Percebemos que é de estrema importância conhecer as pessoas da família
do aluno em questão e assim entender que suas necessidades e a importância do
ensino de LIBRAS, para que haja uma melhor interação e comunicação em casa. Se
a criança for assistida desde o nascimento e em cada fase da sua vida, certamente
estará pronta para lidar com as diferentes situações no futuro. Para Weinberg :
A família, primeiro agente socializante, com sua hierarquia e atribuição de
papeis, são importantes para compreensão do mundo, pois ela permite a
vivencia dos primeiros conflitos, frustrações, expectativas. Essas vivências e
esse tipo de organização primária podem vir a ser muito significativos e,
simbolicamente, alavancados nas primeiras frustrações enfrentadas pelos
jovens, sejam eles no âmbito escolar, social e afetivo. (WEINBERG, 2002, p.
144).
Após escolher os locais e buscar subsídios que pudessem embasar esta
pesquisa podemos afirmar que os alunos com Surdez possuem o direito de serem
Bilíngues, cabe á nós educadores dar voz á esses sujeitos, respeitando suas
particularidades e diferenças culturais para que tenham contato com as duas
comunidades linguísticas e sejam identificados como indivíduos capazes.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A intenção de pesquisar a inclusão de surdos no município de Ji-Paraná-RO
surgiu no decorrer dos estudos realizados através do Mestrado em Educação.
Porém, a opção pelo tema se deu em decorrência da experiência acumulada ao
longo de oito anos consecutivos de trabalho com alunos surdos e também por
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vivenciar a dificuldade dos professores que não sabem língua de sinais, e por ultimo
para compreender a escolarização dos alunos com Surdez.
Durante o período dos estudos foi possível repensar estratégias que por meio
das vivências propiciadas na pós-graduação e agora através do Mestrado na
Universidade Federal de Rondônia - UNIR, nos permitiu ter um novo olhar sobre a
educação dos surdos, rever as principais tendências pedagógicas, constatando o
quanto foram prejudicados no decorrer da história, e a acreditar que o bilinguismo
tem contribuído para o melhor atendimento a esses alunos.
Por meio de diversas leituras, dos documentos oficiais pesquisados, do
envolvimento com o sujeito da pesquisa, das visitas as escolas, das conversas com
as professoras, foi possível refazer alguns conceitos e perceber os vários pontos
que avançamos desde que começamos o atendimento aos alunos surdos em Jiparaná.
Hoje estamos ainda mais instigados a continuar buscando propostas e
estratégias que facilitem a construção dos saberes destes educandos, e acreditando
que através do ensino da LIBRASpodemos ter mais sucesso para que os alunos não
fiquem apenas integrados na escola, mas que possam participar de todos os
momentos do contexto escolar de forma prazerosa e significativa.
Por entender que a escola hoje precisa estar aberta para receber os
diferentes, julgamos ser de extrema importância que as professoras, por estarem
envolvidas nesse processo, busquem o aprimoramento de suas práticas com o
intuito de atender a todos independente dessas diferenças deficientes e não
deficientes construindo de fato uma escola para todos.
REFERÊNCIAS
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Escolar: abordagem bilíngüe na Escolarização das Pessoas com surdez.
Brasília: Ministério da Educação, SEESP; [FORTALEZA]: Universidade Federal do
Ceará,2010.
13
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Oficial, 1988.
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30/08/2011.
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2006/2005/decreto/d5626.htm
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Ji-Paraná/RO, 2006.
BRASIL. Secretaria Municipal da Educação - SEMED, Instrução Normativa. JiParaná/RO, nº 002/2008.
14
BRASIL. Secretaria Municipal da Educação - SEMED, Lei nº 1716. Ji-Paraná/RO,
dezembro, 2007.
DAMÁZIO, Mirlene F. Macedo. Atendimento Educacional Especializado: Pessoa
com Surdez. Brasília: SEESP/MEC, 2007.
LUDKE, Menga. Pesquisa em educação: abordagensqualitativas. São Paulo:
Editora EPU, 1986.
WEINBERG, Cybelle. Geração delivery adoecer no mundo atual. 2ª Ed. São
Paulo: Sá Editora, 2001.
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