2 A - opinião A GAZETA CUIABÁ, QUARTA-FEIRA, 6 DE NOVEMBRO DE 2013 Dejamil O desafio da polícia O Editorial Índice de Confiança da Justiça brasileira (ICJBrasil), da Fundação Getúlio Vargas, foi publicado ontem e evidenciou o desprestígio da segurança pública no país. Cerca de 70% dos entrevistados disseram não confiar nas polícias, porcentagem que aumentou quase 9% em relação ao primeiro semestre de 2012. O estudo vai integrar a 7ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). A desconfiança do brasileiro em relação à autoridade policial se aproxima da desaprovação aos partidos políticos (95% disseram não confiar nessas agremiações), cuja classe historicamente é malvista pela população. Os responsáveis pelo A desconfiança do brasileiro levantamento não citaram uma possível em relação à autoridade influência da repressão policial se aproxima da violenta da Polícia desaprovação aos partidos Militar de São Paulo aos primeiros protestos de políticos, cuja classe é junho/julho na malvista pela população composição do resultado final da amostragem, mas é inegável que esse episódio maximizou não apenas o teor das manifestações, como também contribuiu para elevar o tom de questionamento em relação à ação policial. Despreparo e truculência são características frequentemente associadas aos procedimento dos policiais, sobretudo os militares, que fazem o trabalho ostensivo. De acordo com o Anuário, 5 pessoas morrem todos os dias no Brasil vítimas de alguma ação policial. No ano passado, os mortos nessa circunstância somaram 1890. Por outro lado, a taxa de mortes de policiais, em serviço ou não, também é uma das maiores do mundo. A conclusão é de que ‘a polícia brasileira está matando e morrendo muito’. Na realidade, antigas dificuldades que jamais o aparelho estatal conseguiu resolver no que se refere à segurança pública se intensificam a cada protesto público mais tenso, a cada ataque do poder paralelo e a cada operação que requer planejamento e execução arrojada. Os policiais militares, especialmente, continuam ganhando menos do que deveriam, atuando muitas vezes sem a capacitação correta e o preparo psicológico adequado para enfrentamento, sem falar nos índices de desvio de conduta, sempre significativos. Este ano já foram registrados repetidos casos de morte de inocentes, entre eles crianças, em razão de disparos de armas feitos por policiais. A reação popular, obviamente, é de revolta e de crescente crítica à violação dos direitos humanos e das liberdades civis. O estado, além de direcionar de forma correta os investimentos na área, deve refletir sobre o papel dos agentes que zelam pela lei. Não podem ser forjados como máquinas de matar e, apesar de falíveis, devem agir com a força proporcional à gravidade de cada caso. Mas, acima de tudo, ganhar o respeito da população sem amedrontá-la. Reformas e melhor competitividade O Brasil está no último lugar do ranking dos 30 países que mais arrecadam impostos (proporcionalmente) e que mais retornam serviços públicos à população. Austrália e Coreia do Sul (além dos EUA) têm cargas tributárias HÉLCIO CORRÊA GOMES respectivas de 25% do Produto Interno Bruto. E são os que mais devolvem impostos na figura de serviços coletivos. Aplicam menos no custeio da máquina administrativa. O Brasil apenas arrecada muito e ocupa 84º lugar na linha do desenvolvimento. Aqui impostos empregados na máquina governamental têm um patamar avantajado de até 35% da riqueza nacional produzida. Tal distorção somente poderá ser corrigida com reformas políticas estruturais e com foco de que o Estado deve servir e não apenas servir preferencialmente aos próprios quadros. O Brasil tem que arrefecer mais O Brasil tem que rápido os tributos, que recaem de arrefecer mais modo abusivo no consumo (hoje 50% das fontes). Além de promover rápido os tributos, dos incentivos fiscais sem que recaem de modo redução qualquer retorno social prefixado. abusivo no consumo Convergir maior parcela de gastos em infraestruturas. Tem que instituir sistema de tributos progressivos (ou seja, quem mais ganha, mais paga). Até desagregar dados da Receita Federal permitindo avaliação mais ampla para que a própria sociedade compreenda benefício e malefício da política nacional no contento. Aqui reforma tributária não pode ser um sinônimo de apenas diminuir a carga tributária nacional. O Centro-Oeste, por exemplo, precisa de investimento de R$ 36,4 bilhões até 2020 para garantir escoamentos ágeis da produção agropecuária. Valor de 106 projetos para modernizar as infraestruturas nos transportes de cargas, de acordo com a Confederação Nacional da “ Indústria. Afinal, o setor agropastoril tem dispêndio anual de R$ 60,9 bilhões com logísticas defasadas e depauperadas. 90% dos gastos privados referenciados podem desaparecer com projetos concluídos nas malhas viárias e logísticas. Não se pode esquecer que a região CentroOeste produz metade dos grãos no Brasil. A própria pecuária anda sustentando superávits reiterados em prol da balança comercial brasileira positiva. As análises indicam que a melhoria da competitividade regional depende de investimento fora do eixo sul/sudeste. Afinal, a produção acima do Paralelo nº 16 (56% da produção nacional) tem apenas 14% indo aos portos do Norte. O que congestiona os portos ao sudeste e encarecem desnecessariamente os custos da produção. Hoje apenas 16,4% das obras prioritárias estão em processo de andamento, segundo a Confederação Nacional da Indústria. Estão identificadas 205 infraestruturas para que se possa promover melhoria significativa na competição nacional no âmbito internacional. Isto significa investimentos na ordem de R$ 55 bilhões em 7 anos. Tal melhoria não se traduz apenas como possibilidades de mais-valia, mas também como mais postos de trabalhos disponíveis no país. A escolha do futuro social brasileiro deveria pertencer à população (plebiscito) e não somente aos políticos. Reformas estruturais definem a qualidade e grau do desenvolvimento nacional. Aqui não se deve admitir restrição ou sufocar pelo interesse imediato ou eleitoral, que notabiliza por engavetar reiterado de propostas inovadoras, que o Brasil necessita para se tornar nação mais competitiva no mercado global e com melhores serviços públicos para a população em geral. E “ A GAZETA www.gazetadigital.com.br Propriedade da Gráfica e Editora Centro-Oeste Ltda. Rua Professora Tereza Lobo, 30 Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fone: (0xx65) 3612-6000 Redação - fax: (0xx65) 3612-6330 DEPARTAMENTO COMERCIAL Rua Professora Tereza Lobo, 30 Bairro Consil - Cuiabá-MT CEP 78.048-700 - Fone: (0xx65) 3612-6307 - Fax: (0xx65) 3612-6306 [email protected] [email protected] Assinatura - 3612-6170 [email protected] Serv. atendimento ao assinante [email protected] - 3612-6331 Classificados - 3612-6167 [email protected] REPRESENTAÇÃO COMERCIAL FTPI - Matriz: Alameda dos Maracatins, nº 508 - 9 andar - Moema - São Paulo Capital - CEP: 04089-001 Fone/Fax - (0xx11)2178-8700 www.ftpi.com.br O Rio de Janeiro passou a multar aqueles que jogam lixo nas ruas. Você acredita que Cuiabá deveria adotar esta estratégia? Acho uma solução muito drástica. É da cultura do brasileiro jogar lixo no chão. O que deve haver é mudar isso, tem que haver educação desde criança para mudar essa cultura. Só a multa ajuda, mas não soluciona a base do problema, que é a falta de educação. FAGNER LUIS DA COSTA, 22, PUBLICITÁRIO, MORADOR DE VÁRZEA GRANDE Sou a favor de multa em Cuiabá. Ia melhorar muito a cidade, ia ficar limpinha. RAFAEL SOUTO, 16 ANOS, OPERADOR DE CAIXA, MORADOR DE NOVA VÁRZEA GRANDE Claro que deve haver multa. Só quando mexe no bolso é que a população toma consciência. Mas também tem que haver uma fiscalização adequada para isso.Ò FREDERICO MIL HOMENS, 31, MÉDICO, MORADOR DO BAIRRO QUILOMBO 95% Sim Não 5% ENQUETE REPRODUZIDA NO PORTAL GAZETA DIGITAL. DÊ SUA OPINIÃO, ACESSANDO O ENDEREÇO WWW.GAZETADIGITAL.COM.BR Esquina dos pecados O assassinato de índios no Brasil. Os dados lá apresentados, desde o insuspeito Conselho Indigenista Missionário-CIMI, anexados aos que foram apresentados aqui em Cuiabá no inicio deste mês, em um excelente encontro para operadores da justiça (terras quilombolas) são alarmantes. Demarcação, titulação e retomada de terras indígenas e quilombolas caiu vertiginosamente nos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff, em níveis nunca ocorridos. Avaliações apontaram que não há nenhuma esperança com este último governo, fechando todos os acordos com a base aliada e um retrocesso sem precedentes no capitulo dos Direitos Humanos e mercantilização da terra e da natureza. Não há limite ético para garantir a possibilidade de reeleição. Passamos uma tarde em um aldeia, a Panambyzinho, terra Guarany-Kayowá. Muita alegria, mulheres, homens e crianças com pinturas e adereços rituais, cantos belos, comoventes das mulheres, falaram 10 delas, somente na língua Guarany. O Brasil não superou a herança colonial, impondo um imenso desprezo e afastamento de seus povos tradicionais. Foi triste e indignante ouvir pelos próprios protagonistas, a realidade do massacre do povo Guarany-Kayowá. O grito uníssono de todos: não moraremos mais nas beiras das estradas! A realidade cruel Guarany-Kayowá tem o mesmo cenário em Mato Grosso. WALDIR BERTÚLIO É PROFESSOR DA UFMT. E-MAIL: [email protected] ONOFRE RIBEIRO É JORNALISTA EM MATO GROSSO. E-MAIL: [email protected]. SITE: WWW.ONOFRERIBEIRO.COM.BR HÉLCIO CORRÊA GOMES É ADVOGADO E DIRETOR-TESOUREIRO DA ASSOCIAÇÃO DOS ADVOGADOS TRABALHISTA DE MATO GROSSO (AATRAMAT). E-MAIL: [email protected]. ADMINISTRAÇÃO JORNAL A GAZETA E PORTAL GD - PABX (065) 3612-6000 PRESIDENTE João Dorileo Leal [email protected] DIRETOR DE REDAÇÃO Mauro Camargo (0xx65) 3612.6309 EDITORA DE POLÍTICA Valéria Carvalho (0xx65) 3612-6318 EDITOR DE ESPORTE Oliveira Junior (0xx65) 3612-6322 EDITORA DE SUPLEMENTOS Rita Comini (0xx65) 3612-6323 VICE-PRESIDENTE ADMINISTRATIVO Adair Nogarol [email protected] EDITOR EXECUTIVO Daniel Pettengill (0xx65) 3612.6327 EDITORA DE ECONOMIA Fabiana Reis (0xx65 ) 3612-6319 EDITORA DO VIDA Liana D’ Menezes (0xx65) 3612-6324 SUBEDITORA EXECUTIVA Michely Rosa de Figueiredo (0xx65) 3612-6323 [email protected] [email protected] VICE-PRESIDENTE COMERCIAL Carlos Eduardo Dorileo Carvalho [email protected] RESULTADO PARCIAL ano de 2014 deverá ter eleições, ainda que o ambiente político mostre claras tendências de azedar até lá. Há alguns dias assisti a uma ONOFRE RIBEIRO palestra muito reservada, onde se discutiu os cenários políticos das eleições de 2014. Prevê-se muitas manifestações de rua que vão recrudescer antes e durante a copa do mundo, e deverão se estender às eleições. Seria a continuidade do atual clima de crise nas ruas. Alguns acidentes políticos conjunturais de demorada solução marcam a origem dessa indignação: as medidas provisórias, as emendas ao orçamento da União e as coligações partidárias. Individualmente cada um é explosivo por si mesmo. Somados, tiveram a capacidade de implodir o Brasil a partir do desmonte da gestão pública e da corrupção de todo o sistema político brasileiro. A Medida Provisória é constitucional desde 1988, para normatizar quaisquer assuntos, bastando para isso um interesse político, social ou qualquer outro capaz de despertar o interesse do Presidente da República. Dá ao Chefe do Poder Executivo, excepcionalmente, capacidade para a utilização de um instrumento normativo que ao ser publicado, entra em vigor imediatamente com “força de lei”. Serve para resolver problemas que suscitam relevância e urgência legislativa. Mas tornou-se moeda de troca com o Congresso Nacional e permite extrapolações do poder do presidente da República. Já as emendas permitem a cada parlamentar reivindicar algo como R$ 13 milhões, somando perto de 7 bilhões por ano, em 2013. É outra moeda política que desvirtuou as relações do Congresso Nacional com o Executivo. A ideia seria a emenda ajudar a base eleitoral do parlamentar. Como moeda nas votações as emendas são negociadas caso a caso. Com isso, parlamentares aos poucos se transformaram em despachantes porque o valor tem múltiplos usos, incluindo a corrupção congressual e das relações institucionais entre os poderes Legislativo e Executivo. Já as coligações partidárias mataram o planejamento governamental na medida em que a gestão governamental precisa ser compartilhada entre partidos coligados. Como cada um constrói a sua parte do poder político usando o governo, planejar centralizado seria uma afronta ao modelo político brasileiro. Tudo isso é complexo demais para ser corrigido sem uma imensa e desejada reforma política. Isso não existe de modo algum. Encerro dando razão àquele palestrante citado no começo do artigo. Um longo caminho está traçado de agora até as possíveis eleições de 2014, depois da Copa do Mundo com todas as suas previsíveis turbulências. Terras Ancestrais stive em Dourados-MS no Seminário Nacional sobre terras indígenas e quilombolas no Brasil, encaminhado pelo Congresso da Associação Nacional dos Docentes de Ensino Superior-Andes-SN. Presentes WALDIR BERTÚLIO professores de várias universidades públicas brasileiras, acolhidas pelas Associações de Docentes das Universidades Federal e Estadual de Dourados. Ali ficou bastante marcada a ação/omissão do Estado brasileiro contra estes povos. Os expositores principais, desde a abertura ao encerramento foram lideranças como dos Guarany Kayowá e Terena. Reafirmam que não recuarão da retomada de suas terras, apesar dos entraves e morosidade do governo federal, Congresso Nacional e da Justiça. Reafirmaram que irão ampliar o retorno às suas terras ancestrais ocupadas por fazendeiros. Não esperam mais nada por parte dos Demarcação, titulação e poderes da República. Da retomada de terras justiça, ‘só quando por sorte aparece um juiz ligado a Justiça indígenas e quilombolas caiu vertiginosamente nos Social‘. Homenagearam Marçal governos Lula e Dilma, em Guarany, assassinado há 30 anos, como ícone da sua luta. níveis nunca ocorridos Afirmam que só há duas opções: serem mortos, como vem acontecendo historicamente, ou que prendam ou encarcerem os 40 mil índios que lá estão, desde as fronteiras do Paraguai. Mato Grosso do Sul é o 1º no ranking de Enquete EDITOR DE ARTE Cláudio Castro (0xx65) 3612.6315 [email protected] [email protected] EDITORA DE GERAL Andréia Fontes (0xx65) 3612-6321 [email protected] [email protected] EDITOR ESPECIAL Editora Executiva/Cleci Pavlack Wademir Félix GAZETA DIGITAL (0xx65) 3612-6316 [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] [email protected] GERENTE INDUSTRIAL Edvaldo Carneiro (0xx65) 3612-6317 Fone: (0xx65)3612-6203 [email protected] [email protected] ARTICULISTAS Arnaldo Jabor, Ricardo Noblat, Paulo Coelho, Gaudêncio Torquato, Silio Boccanera, Pio Penna Filho e Aquiles Rique Reis. Cartas para as seções de Opinião e Do Leitor: Rua Professora Tereza Lobo, 30 - Bairro Consil - CuiabáMT - CEP 78.048-700 - Fax: (0xx65) 3612-6330 [email protected] Alfredo da Mota Menezes, Lourembergue Alves, Elias Januário, Claudinet Coltri Júnior, Pedro Nadaf, Hélcio Corrêa Gomes e Giancarlo Piazzeta. 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