Os cuidados no armazenamento e transferência das embalagens de CME Profª Dra. Kazuko Uchikawa Graziano - EEUSP Exercício motivacional Responda: Prazo de validade de esterilidade Indefinido de um material esterilizado é: a) impossível e irresponsável; b) possível, desde que a embalagem, a selagem e os eventos relacionados estejam sob controle; c) possível, desde que utilize mantas de polipropileno como embalagem; d) possível, desde que utilize papel crepado de terceira geração como embalagem; e) possível, desde que a embalagem não seja tecido de algodão Responda: Verdadeira ou Falsa ( ) material autoclavado em tecido de algodão controlado tem prazo de validade de esterilidade menor do que aqueles embalados em papel grau cirúrgico. ( ) a avaliação das embalagens dos produtos deve considerar se o material é crítico ou semi-crítico ou não crítico. ( ) a abertura da embalagem em “pétala” é imprescindível para a segurança da transferência asséptica do material crítico. Finalidade das embalagens Permitir o transporte e o armazenamento do artigo utilizado na assistência à saúde e mantê-lo esterilizado até o momento do seu uso. Fala-se hoje em embalagens 1ºárias, 2ºárias e 3ºárias. Importância das Embalagens • É o determinante principal do prazo de validade de esterilidade dos materiais, juntamente com a selagem segura e controle de eventos relacionados. ...” Quando um produto é embalado, selado transportado e armazenado adequadamente, a arcaica prática de estabelecer prazo de validade não é (JEVITT, 84). necessária” •Controle de •Qualidade da Eventos embalagem Relacionados (transporte e armazenagem) •Qualidade da selagem Contaminação do produto •Localização •Tráfego •Manipulação Indefinido tempo de esterilização …….. Amém JEVITT,D-1943 (data do jornal) 1977 estéril •Controle do inventário Validação das embalagens-Vida de prateleira depende dos eventos relacionados Houve algum evento que agrediu a embalagem? Caiu no chão? Foi “apalpado”? Exposto a sol, chuva, granizo...? Foi aberto e fechado novamente? Foi carregado debaixo dos braços? Foi colocado elásticos, barbante? Foi “amassado” colocando pesos ou guardados em gavetas apertadas? Indefinido tempo de esterilização …….. Amém JEVITT,D-1943 (data do jornal) 1977 estéril EMBALAGENS •contêineres rígidos (válvula e filtro) • tecido de algodão •filmes •Papel crepado Penetrância Dificuldades variadas •manta de SMS •papel grau cirúrgico •Tyvek Pergunta • Qual é a característica da embalagem que você mais valoriza? Justifique. EMBALAGENS:REQUISITOS (papel, tecido, tecido não tecido, filmes e outras) Livre de microfuros e irregularidades Barreira microbiana Permeável ao ar e ao agente esterilizante Durabilidade Selagem satisfatória Não delaminar Resistente a rasgo, Tração, vácuo, umidade e calor Memória≈algodão Partícula Não tóxico Dimensão Inodoro Repelente à umidade Aceitável nível de limpeza pH= 5 a 8 cloreto= 0,05% sulfato= 0,25% Indicador químico (preferencialmente) Custo Variação Registro no MS •não delaminar •abertura asséptica •memória •visibilidade do conteúdo •indicador químico •selagem segura •indicacão para abertura •lote de fabricação •repelência tamanhos variados Tecido de algodão NÃO controlado Papel manilha Papel toalha Papel Kraft DOCUMENTAÇÃO EXIGIDA PARA EMBALAGENS Registro no Ministério da Saúde Produto correlato - Classe 1 – baixo risco (notificado- licença para comercialização-5 anos) Normas Regulamentadoras – Tecido – NBR 13734/96 – Papel Grau-Cirúrgico – NBR 12946/93, NBR 13386/95 (ETO), NBR 13387/95 (Radiação), BS-EN 868 (Partes 5,6 e 7) – Papel Crepado e Não Tecido – projeto da ABNT e BS-EN 868-2 – TyvekR - só literatura e contêineres rígidos – BS-EN 868-8 RESPONSABILIDADES DO FABRICANTE Validação da Embalagem (papel grau cirúrgico) Permeabilidade ao agente esterilizante (duas ou mais camadas) Barreira microbiana eficaz (aerossol de esporos bacterianos) Teste de envelhecimento acelerado (37oC , 50oC e geladeira 06 meses) Regularidade do papel (exame visual contra a luz) Porosidade com porosímetro Gurley Resistência à penetração de água por método Cobb Resistência mecânica-tração por dinamômetros Resistência a estouro por método Müllen Resistência a rasgo por método Elmendorf (ABNT/93) Métodos de esterilização • TERMORRESISTENTES: autoclavação estufa • TERMOSSENSÍVEIS AUTOMATIZADOS: MANUAL: (agentes químicos) ►Óxido de etileno ►Glutaraldeído ► Vapor a baixa ►Ácido peracético temperatura ► Ortoftaldeído e formaldeído ► Plasma de peróxido RDC Nº 8 de 27/2/2009 hidrogênio TECIDO DE ALGODÃO NBR 13.917/97 : sarja T1 ou T2 VANTAGENS • Memória e Resistência “padrão ouro” DESVANTAGENS •Difícil controle da forma e do no dos reprocessamentos (65 vezes segundo RODRIGUES, 2000) •Restrito a vapor Considerando que um campo de algodão duplo utilizado como embalagem para material utilizado na assistência à saúde seja reprocessado pelo menos 5 x por semana: 1 mês = 4 semanas X 5 = 20 reprocessamentos por mês. 1mês = 20 reprocessamentos 3 meses = 60 reprocessamentos Reposição dos campos a cada 3 meses (jan-mar=azul/abr-jun=cru/jul-set=verde/out-dez=rosa) Outras experiências de controle.... • Identificar a data do início do uso; • Registrar a cada uso (quando passar pela área do preparo) X X X X X X X X X X X X X X X 28/08/2010 Outras experiências.... Algodão tecido sem controle de reuso - como embalagem secundária - Filme plástico -como embalagem terciária- PAPEL GRAU CIRÚRGICO (NBR 12946 / BS-EN 868-5) VANTAGENS DESVANTAGENS •Seguro/regulamentado •Compatibilidade c/vapor ETO,autoclave de vapor a ⇓ Tº e formaldeído e radiação • Baixo custo • IQ impregnado na embalagem • Disponibilidade em várias formas, tamanhos e com filme • Incompatível com calor seco e Sterrad® • Frágil (exige cuidadoso controle de eventos relacionados-embalagem terciária.) PAPEL CREPADO (BS-EN 868-2) VANTAGENS • Eficiência de filtragem microbiana. Regulamentado. • Compatibilidade com vapor, ETO, autoclave de vapor a ⇓ Tº e formaldeído, radiação. • Flexível, baixa memória DESVANTAGENS • Incompatível com calor seco e Sterrad® • Frágil (exige cuidadoso controle de eventos relacionados-embalagem terciária.). Há a opção dos “resinados”. FILMES TRANSPARENTES (Compondo estruturas da embalagem: Polietileno, polipropileno, poliester, poliamida, PVC,poliestireno, acetado de celulose, EVA e outros) VANTAGENS • Visualização do conteúdo dos pacotes • Alta capacidade de barreira, resistência (inclusive à umidade) • Permite selagem segura. DESVANTAGENS •Permeabilidade variada ao ar e aos agentes esterilizantes •Propriedades diversificadas na selagem TYVEK VANTAGENS • Compatível com todos os processos de esterilização a ↓T ( - ) • Superior resistência mecânica e à umidade • Excelente barreira microbiana • Não contém celulose • Selagem resistente • Disponível TYVEC / filme com indicador DESVANTAGENS • Custo elevado quando comparado a outros tipos de embalagem • Único fabricante (Du Point®) TECIDO NÃOTECIDO (SMS) (BS-EN 868-2) VANTAGENS • Eficiência de filtragem microbiana. Regulamentado. • Compatível com todos os processos gasosos e vapor. • Disponibilidade. DESVANTAGENS • Difícil de amoldarse ao artigo memória. • Pode não evidenciar quebra de integridade, recomendando embalagem terciária. ARMAZENAGEM “Todo material processado deve possuir local adequado para armazenagem de forma que não haja risco de recontaminação e que facilite a distribuição.” “O prazo de validade de esterilização está diretamente relacionado à qualidade da embalagem , da selagem , das condições de armazenagem e transporte” O local adjacente à área de esterilização, distantes de fonte de água, janelas abertas, portas, tubulações expostas e drenos; • Trânsito limitado de pessoas, manipulação mínima e cuidadosa; • Em cestos aramados, sem empilhamento, de forma a facilitar a identificação dos itens, protegidos ao máximo da deposição de poeira; • Não armazenar pacotes quentes (exceção: quando em cestos aramados); • O suporte dos cestos ou as prateleiras devem apresentar distância de no mínimo 20 cm do piso, 5 cm das paredes e 45 cm do teto. Prateleiras de madeira não devem ser utilizadas, podendo ser de aço inox, fórmica ou material plástico; • Manter o ambiente limpo (frequência diária) em uma temperatura de 18 a 220C e umidade relativa • de 35 a 50 % ????????? NÃO! Camila Quartim Bruna, 2010 (CARDO;DRAKE, 1996). Polêmica • Materiais molhados/úmidos após autoclavação e armazenamento contaminam-se? Materiais e método Preparo e esterilização 40 caixas embaladas em SMS 160 grupo experimental 160 grupo controle Peso antes e depois Argola de cilindros de porcelana 8 por caixa Secagem interrompida Ciclo completo Custos e benefícios das embalagens de Uso Único RSS (responsabilidade social) Qualidade de biobarreira Por outro lado.... Tecido de algodão.... Consome recursos naturais e polui o eco-sistema com detergentes. SELEÇÃO DE EMBALAGENS Ideal: comitê multiprofissional Participação obrigatória da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar Basear-se em informações fidedignas: 1º literatura NBR/ISO/BS-EN/DIN/FDA 2º documentação 3º outros usuários 4º fabricante REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE ESTUDOS E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR. Limpeza, desinfecção e esterilização de artigos em unidades de saúde. São Paulo: APECIH, 2010. 324p GRAZIANO, K. U. Embalagens. In: LACERDA, R. A. Controle de Infecção do Paciente Cirúrgico: Mitos, Fatos e Controvérsias. São Paulo: Atheneu, 2003. Cap 12, p. 163-211 Profa. Dra. Kazuko Uchikawa Graziano e-mail: [email protected]