MESTRADO EM ORGANIZAÇÕES E DESENVOLVIMENTO ANA CAROLINA RESENDE DE MELO BUSTAMANTE GESTÃO DO CONHECIMENTO: ESTUDO SOBRE OS CONHECIMENTOS TÁCITO E EXPLÍCITO NA PRODUÇÃO ACADÊMICA BRASILEIRA ENTRE 2000 A 2010 DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CURITIBA 2011 ANA CAROLINA RESENDE DE MELO BUSTAMANTE GESTÃO DO CONHECIMENTO: ESTUDO SOBRE OS CONHECIMENTOS TÁCITO E EXPLÍCITO NA PRODUÇÃO ACADÊMICA BRASILEIRA ENTRE 2000 A 2010 Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre, do Programa de Mestrado Acadêmico em Organizações e Desenvolvimento, FAE Centro Universitário. Orientador: Prof. Dr. José Henrique de Faria CURITIBA 2011 Dedico este trabalho à minha amada e maravilhosa filha Letícia, luz da minha vida e ao meu amado esposo Hélio que sempre apoiou minhas decisões. Agradecimentos Agradeço a todos o que conviveram comigo nesses últimos anos, porque de alguma forma colaboraram para a realização deste trabalho, especialmente: Ao meu maravilhoso esposo pela compreensão, amor, carinho e apoio. Obrigada por me fazer feliz. Te amo demais paixãozinha! À minha mãe pelo amor e incentivo. Ao meu irmão Léo “Fiote” pelo carinho, apoio e palavras de motivação. Aos meus familiares pelo afeto e torcida, em especial à gentil Tia Maria. Ao meu orientador, Prof. Faria, pela sua compreensão, ensinamentos, competência, profissionalismo e por me mostrar o caminho em diversas situações. À minha querida amiga Gislaine pelo carinho e palavras de consolo e incentivo. Aos professores do mestrado da FAE, pelos ensinamentos e convívio. À Mariana e Mônica pela cordialidade e colaboração. Às funcionárias da biblioteca pelo sempre pronto auxílio. Aos colegas de turma pela boa convivência. E principalmente a Deus por guiar e iluminar a minha vida. “Somente a força do conhecimento pode permitir ao homem realizar até as mais altas aspirações, porque é ela o maior estímulo a que pode ele aspirar. quanto mais conhecimento possua, mais força terá, e mais famosos serão os frutos de sua realização.” (Carlos Bernardo González Pecotche) RESUMO BUSTAMANTE, Ana Carolina Resende de Melo. Gestão do conhecimento: estudo sobre os conhecimentos tácito e explícito na produção acadêmica brasileira entre 2000 a 2010. 75p. Dissertação (Mestrado em Organizações e Desenvolvimento) - FAE Centro Universitário. Curitiba, 2011. De acordo com os discursos na área da gestão do conhecimento, as organizações vêm passando por diversas mudanças, enfrentando uma grande gama de desafios e para sobreviverem precisam saber aproveitar melhor o conhecimento acumulado que possuem seus empregados. Contudo a própria concepção de conhecimento não é problematizada, do que resultam apropriações conceituais do tipo “efeito apud”. Neste sentido a presente pesquisa tem como objetivo investigar como a gestão do conhecimento é concebida nos estudos acadêmicos no Brasil, no que se refere ao conhecimento tácito e explícito. Para essa pesquisa foi realizada uma revisão bibliográfica, utilizando-se de diversos autores que discorrem sobre o tema, principalmente as obras de Michael Polanyi que tratam dos conhecimentos tácito e explícito, os quais vêm sendo utilizados nos estudos em organizações. Esta pesquisa possui um caráter qualitativo. A coleta de dados realizou-se por meio de um levantamento sobre as produções acadêmicas publicadas nas principais revistas (RAC, RAE e RAP) e congressos na área de administração (ANPAD) no período de 2000 a 2010, que abordaram o tema Gestão do Conhecimento. O objetivo deste levantamento foi o de identificar e avaliar as expressões conceituais sobre o tema. Palavras-chave: gestão do conhecimento; conhecimento tácito; conhecimento explícito; organizações. ABSTRACT BUSTAMANTE, Ana Carolina Resende de Melo. Knowledge management: a study of the tacit and explicit knowledge in the Brazilian academic production between 2000 to 2010. 75p. Thesis (Master in Development Organizations) – FAE Centro Universitário. Curitiba, 2011. According to the speeches in the area of knowledge management, organizations have experienced several changes, facing a wide range of challenges and to know to make better use of accumulated knowledge that their employees possess. But the concept of knowledge is not problematic, resulting conceptual appropriations like "apud effect." In this sense, this research aims to investigate how knowledge management is conceived in academic studies in Brazil, with regard to the tacit and explicit knowledge. For this research was a literature review, using the various authors that discuss the topic, especially the works of Michael Polanyi dealing with the tacit and explicit knowledge, which have been used in organizations studies. This research has a qualitative character. Data collection took place by means of a survey on academic production published in major magazines (RAC, RAE and RAP) in the congress and administration area (ANPAD) in the period 2000 to 2010, that focused on Knowledge Management. The aim of this survey was to identify and evaluate the expressions on the conceptual theme. Keywords: knowledge management, tacit knowledge, explicit knowledge; organizations. LISTA DE QUADROS QUADRO 01 - DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO ............................................................. 32 QUADRO 02 - ETAPA DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDO ................................................................... 47 QUADRO 03 - ETAPA DA CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO .............................................................. 48 QUADRO 04 - REVISÃO DOS CONCEITOS DE GC PRESENTES NA LITERATURA ...................... 50 QUADRO 05 - QUANTIDADE DE ARTIGOS PUBLICADOS NOS EVENTOS E REVISTAS DA ANPAD .................................................................................................................. 52 QUADRO 06 - AUTORES MAIS UTILIZADOS COMO REFERÊNCIAS NOS ARTIGOS .................... 53 QUADRO 07 - UTILIZAÇÃO DE AUTORES EM OBRAS .................................................................... 54 QUADRO 08 - AUTORES E ABORDAGENS DOS TEMAS ................................................................. 55 QUADRO 09 - PRINCIPAIS ABORDAGENS E CONCEITOS SOBRE GC ......................................... 56 QUADRO 10 - PRINCIPAIS ABORDAGENS E CONCEITOS SOBRE CONHECIMENTO ................. 57 QUADRO 11 - PRINCIPAIS ABORDAGENS E CONCEITOS SOBRE CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO ................................................................................................. 57 QUADRO 12 - ANÁLISE DO CONHECIMENTO TÁCITO NA GC ....................................................... 58 QUADRO 13 - ANÁLISE DO CONHECIMENTO EXPLÍCITO NA GC .................................................. 58 LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 - ESPIRAL DO CONHECIMENTO .................................................................................... 39 FIGURA 02 - CONTEÚDO DO CONHECIMENTO CRIADO PELOS QUATRO MODOS ................... 40 FIGURA 03 - ESPIRAL DE CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL ........................... 41 FIGURA 04 - PROPOSTA DE MAPEAMENTO CONCEITUAL INTEGRATIVA DA GC ...................... 49 LISTA DE SIGLAS ANPAD - Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação ENANPAD - Encontro da Associação dos Programas de PósGraduação Em Administração CRM - Customer Relationship Management ENADI - Encontro da Administração de Informação ENGPR - Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho GC - Gestão do Conhecimento RAC - Revista de Administração Contemporânea RAE - Revista de Administração Executiva RAP - Revista de Administração Pública TI - Tecnologia da Informação SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 14 2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS ............................................................... 22 2.1 POLANYI E A TEORIA DO CONHECIMENTO .................................................................. 22 2.1.1 Conhecimento Tácito ........................................................................................................ 22 2.1.2 O Ato do Conhecer ............................................................................................................ 24 2.1.3 O Conhecimento Tácito no Processo de Articulação ................................................... 27 2.2 O CONHECIMENTO NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS ............................................. 28 2.2.1 Conceito e Caracterização ............................................................................................... 28 2.2.2 Criação e Conversão do Conhecimento ......................................................................... 36 2.2.3 Condições Capacitadoras da Criação do Conhecimento ............................................. 41 2.3 A TEORIA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES .......................... 44 2.3.1 Mudanças e Gestão do Conhecimento ........................................................................... 44 2.3.2 Conceitos de Gestão do Conhecimento ......................................................................... 47 3 A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL: 2000 a 2010 ......................................................................................................................... 52 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 62 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 65 APÊNDICE 01 ....................................................................................................................................... 70 14 1 INTRODUÇÃO Três significativas transformações aconteceram na história da Administração. No período de 1900 a 1950, viveu-se a chamada Era Industrial Clássica, na qual o trabalho era considerado mecanicista, ou seja, não exigia um grande conhecimento para a realização das atividades, as tarefas eram rotineiras e automáticas, previsíveis, o funcionário era visto como mera mão-de-obra e existia pouca mudança. Na era seguinte, a Industrial Neoclássica do período de 1950 a 1990, considerou-se o trabalhador como um homem social, que necessitava de convívio para realizar suas atividades. Neste período a previsibilidade se torna reduzida, pois as mudanças começam a aflorar, verifica-se a necessidade de inovação, o conhecimento começa a ser um assunto abordado nas organizações. A última era, após 1990, conhecida como Era da Informação, é marcada pela globalização, pela tecnologia da informação. As mudanças acontecem em um período de tempo nunca antes presenciado, as pessoas passam a ser consideradas colaboradores, detentores de conhecimento (ALVARENGA NETO, 2005). A Era da Informação deu origem aos novos conhecimentos e à assim chamada sociedade do conhecimento, que enfatiza a economia baseada na capacidade de agregar conhecimento aos produtos e serviços e não mais na riqueza ou na propriedade (STEWART, 2002). Esta concepção não é pacífica: Faria (2004), por exemplo, considera que se trata de uma formação social que possa a se apropriar mais intensivamente do saber dos trabalhadores e de sua subjetividade. É a partir da década de 1990 que a Gestão do Conhecimento (GC), ganhou e ainda vem ganhando espaço crescente tanto no meio acadêmico como nas organizações. Uma das razões disso está ligada ao conjunto de desafios que a gestão empresarial vem enfrentando. Observa-se a necessidade por parte das organizações de encontrar ferramentas que as auxiliem na difícil tarefa de sobreviverem a este ambiente mutável e dinâmico (TERRA, 1999). De acordo com Silva (2002), o impacto causado pela acentuada evolução da tecnologia da informação na sociedade, e as modificações resultantes de um modelo econômico que aposta em uma competitividade intensa, tem causado mudanças na 15 forma com que as organizações devem estruturar e trabalhar o conhecimento para desenvolver novos produtos, novos processos e novas formas organizacionais. Conforme Ulrich (2000), diversos fatores tais como a globalização e o desenvolvimento tecnológico, a exigibilidade da aceitação da inevitável mudança no ambiente, levaram as organizações a questionarem seus valores e estratégias, exigindo novas capacidades. Este processo levou a uma revisão desses valores, modelos e comportamentos praticados nas organizações. Desse modo, buscando vantagens competitivas, surgiram nas décadas de 1980 e 1990, novas abordagens conceituais que objetivaram entender qual o posicionamento que as organizações deveriam adotar em relação aos desafios desse novo ambiente mutável e competitivo. Essas abordagens baseadas em recursos apresentaram a valorização dos ativos intangíveis como diferencial de competitividade, conforme exposto por Vasconcelos e Cyrino (2000). Essa abordagem vai de encontro ao pensamento de Prahalad e Hamel (2000) que defendem que as organizações conseguirão ter sucesso nesse ambiente competitivo e dinâmico, se focarem no desenvolvimento das competências, no aprendizado coletivo da organização. Conforme Fleury (2001), as competências essenciais da empresa são compostas por conjunto de conhecimento e todo conhecimento é fruto de um processo de aprendizagem. Nonaka e Takeuchi (1997) corroboram este pensamento, quando mencionam que se vive em uma época em que a única certeza é a incerteza, que única fonte de vantagem competitiva é o conhecimento e que novos conhecimentos têm que ser criados continuadamente para que a empresa consiga sobreviver nesse ambiente mutável e competitivo. Os países, as empresas e as pessoas que detêm maior grau de conhecimento são mais bem sucedidos, produtivos e reconhecidos. Diante de tal realidade, o papel estratégico do conhecimento difunde-se cada vez mais (FLEURY, 2001, p.95). Entretanto, o conhecimento não pode ser tratado como simples abstração teórica. Afinal, de qual conhecimento se fala? Tomando por base Polanyi (1962;1983), o conhecimento se apresenta em duas dimensões: explícito e tácito. O conhecimento explícito pode ser expresso em números, palavras, é codificado e é transmissível formalmente. Pode ser encontrado em procedimentos, documentos, 16 entre outros. O conhecimento tácito é altamente pessoal, refere-se a insights, às experiências, crenças e valores do ser humano, e sendo de difícil transmissão. Nesse contexto cresce a importância da questão da GC, as organizações estão procurando descobrir como alcançar melhores resultados por meio da GC. Para Fleury (2001), a empresa precisa descobrir como o conhecimento pode ser disseminado e aplicado por todos os membros da organização como uma ferramenta para o sucesso da empresa. Ainda para a autora, a GC está relacionada a processos de aprendizagem e á conjugação dos processos de aquisição e desenvolvimento de conhecimento. Garvin (2000), afirma que a organização que aprende é a que dispõe de habilidades para criar, adquirir e transferir conhecimentos, e que é capaz de modificar seu comportamento de modo a refletir novas idéias e conhecimento. Para Garvin (2000), o conhecimento deve disseminar-se com rapidez e eficiência por toda a organização, pois as idéias causam maior impacto quando são compartilhadas amplamente e quando não são mantidas em poucas mentes. Para Stewart (2002), as empresas têm gastos excessivos em programas de GC, porém falham em descobrir qual é o conhecimento de que realmente necessitam e como administrá-lo. Entendendo que o conhecimento tem pelo menos duas dimensões, conforme Polanyi (1962;1983), ou seja, que não é uma abstração teórica universal (o conhecimento em si mesmo), mas um fenômeno concreto (conhecimento para si), evidencia-se um problema na área de estudos organizacionais: como os pesquisadores que estudam a GC praticada nas organizações tratam as dimensões tácitas e explícitas do conhecimento? Muitos autores que discorrem sobre a GC nas organizações consideram em maior proporção a dimensão explícita do mesmo, sem atentar muitas vezes para a dimensão tácita e o seu valor para a organização. Verifica-se que o conhecimento é em grande parte tácito, isto é, o conhecimento pessoal, aquele que se encontra na mente dos indivíduos, que está enraizado na suas experiências, bem como nas suas emoções, valores e ideais (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). Assim, a organização que souber administrá-lo terá um diferencial significativo frente ao mercado em que atua. A gestão desse 17 conhecimento pode ser considerada como uma ferramenta de competitividade para as organizações. Buscando responder à questão formulada, este estudo tem como objetivo pesquisar como a GC é concebida nos estudos acadêmicos no Brasil, no que se refere aos conhecimentos tácito e explícito. A hipótese que orienta este trabalho é a de que as pesquisas sobre a GC no âmbito dos estudos organizacionais estão voltadas predominantemente para o conhecimento explícito. A metodologia, como se sabe, contribui para a compreensão de todo o processo de elaboração pesquisas, permitindo entender melhor quais as abordagens e técnicas utilizadas para a realização de um estudo. A metodologia define a maneira como a pesquisa será organizada. “É a etapa da adequação metodológica conforme as características da pesquisa realizada” (FACHIN, 2005, p.115). Esta etapa fornece informações importantes acerca das ferramentas utilizadas para a coleta e análise dos dados observados. O presente estudo é uma pesquisa qualitativa. Segundo Fachin (2005, p.81), a variável qualitativa é caracterizada pelos seus atributos e relaciona aspectos não somente mensuráveis, mas também definidos descritivamente. Neste sentido, todos os dados observados na primeira etapa da pesquisa estão diretamente relacionados com os aspectos qualitativos, porque não existem dados numéricos a serem correlacionados, analisados e compreendidos. As informações numéricas tratam apenas de quantidades absolutas ou relativas que não permitem inferências estatísticas. Para Triviños (1987), há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito. A interpretação dos fenômenos e a atribuição dos significados são básicas na pesquisa qualitativa e o pesquisador é o instrumento fundamental na coleta de dados. Para Malhotra (2002), a pesquisa qualitativa objetiva alcançar uma compreensão qualitativa das razões e motivações subjacentes, utilizando diferentes formas de coleta de dados. 18 Pesquisa qualitativa é um conceito “guarda-chuva”, que abrange várias formas de pesquisa e nos ajuda a compreender e explicar o fenômeno social com o menor afastamento possível do ambiente natural... todos os tipos de pesquisa qualitativa se baseiam na visão de que a realidade é construída pela interação de indivíduos com o seu mundo social. (MERRIAN, 2002 apud GODOI; BANDEIRA-DE-MELLO; SILVA, 2006, p.91) Macias-Chapula (1998) citado por Leis e Zimmer (2007), afirmam que a análise da produção científica constitui-se num levantamento qualitativo da produção acadêmica em determinado período, de acordo com critérios estabelecidos pelos autores. Segundo Richardson (2010), a pesquisa social tem a finalidade de aquisição do conhecimento e como ferramenta para tanto, a pesquisa pode ter como objetivos: resolver problemas específicos, gerar teorias ou avaliar as teorias existentes. Estes objetivos podem se complementar. O presente estudo possui natureza analítica, pois de acordo com Collis e Hussey (2005), o objetivo desse tipo de pesquisa é o de entender fenômenos, descobrindo e mensurando relações causais entre eles. A pesquisa analítica é considerada uma continuação da pesquisa descritiva, sendo que o pesquisador vai além da descrição das características, analisando e explicando como os fatos estão acontecendo. De acordo com Stefanello (2007), Thomas e Nelson (1996), a pesquisa analítica envolve o estudo e a avaliação aprofundados de informações disponíveis na tentativa de explicar o contexto do fenômeno. Esse tipo de pesquisa pode ser categorizado em: a) Histórica: investiga eventos que já tenham ocorrido, utilizando métodos descritivos e analíticos, utilizando também o método histórico-descritivo para mapear a experiência passada, localizar no tempo e no espaço, eventos e tendências a fim de providenciar respostas para questões particulares. b) Filosófica: caracteriza-se pela investigação crítica na qual o investigador estabelece hipóteses, examina e analisa fatos existentes e sintetiza as evidências dentro de um modelo teórico estabelecido. 19 c) Revisão: avalia criticamente a produção recente em um tópico particular. O investigador deve estar informado sobre a literatura considerada, dominar os tópicos e procedimentos de pesquisa. Esse tipo de pesquisa envolve análise, avaliação e integração da literatura publicada, conduzindo a conclusões importantes a respeito dos resultados de pesquisas realizadas. d) Síntese (meta-análise): tipo de revisão de literatura que contém uma metodologia e quantificação definida dos resultados de vários estudos para estabelecer um padrão métrico, utilizando técnicas estatísticas para realização da análise. A categoria “Revisão” é aquela adotada aqui. Assim, como fonte de dados utilizou-se artigos publicados nas principais revistas e congressos da área de Administração no período de 2000 a 2010, bem como foram realizadas buscas no site da ANPAD - Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação, do qual foram extraídos artigos publicados nos seguintes encontros: Encontro da Associação dos Programas de Pós-Graduação em Administração (ENANPAD), e Encontro da Administração de Informação (ENADI). ANPAD é a Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração e áreas afins. O encontro anual da ANPAD, ENANPAD, congrega docentes, pesquisadores, alunos e outros profissionais de administração e áreas correlatas. [...] Trata-se de um fórum nacional por excelência para apresentação e debate de trabalhos acadêmicos de diferentes áreas temáticas e de questões contemporâneas da administração. Estas publicações possuem reconhecimento não apenas no Brasil, mas na América Latina (ANTONELLO, 2002, p.7) Os artigos consultados foram publicados nas principais revistas da área de Administração, Revista de Administração Executiva (RAE), Revista de Administração Contemporânea (RAC) e Revista de Administração Pública (RAP). A escolha dessas revistas se deu, devido à sua representatividade no meio acadêmico e sua classificação Qualis, sendo este um conjunto de procedimentos utilizados pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) para avaliar a qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação. Esses periódicos são considerados de grande relevância, são norteadores comunidades científica e acadêmica na área de Administração e Gestão. A coleta de dados foi estruturada em fases: das 20 - Fase 1: consulta ao site da ANPAD pelas palavras-chave “gestão do conhecimento”, “gestão de conhecimento”, “conhecimento”, “conhecimento explícito” e “conhecimento tácito”, primeiramente foi feita essa pesquisa na seção de eventos (Enanpad, Enadi, etc.) e a posteriori na seção de publicações (RAE, RAC e RAP); - Fase 2: encontrados os artigos que somaram um total de 91 (noventa e um) , fez-se uma leitura dos resumos e palavras-chave, buscando identificar os temas do estudo; - Fase 3: selecionados os artigos (sessenta e oito), passou-se a leitura integral de todos para a realização de uma investigação, descrição e análise de como os temas são abordados pelos diversos autores; - Fase 4: após a leitura dos artigos apresentou-se os parâmetros para o desenvolvimento da análise dos resultados. - Os parâmetros utilizados para o desenvolvimento da análise dos resultados foram: a) Número de artigos publicados sobre os temas, classificados por ano e por periódico; b) Apresentação dos autores mais utilizados nas referências dos artigos e em quantos artigos os mesmos são citados; c) Análise dos temas gestão do conhecimento e conhecimento, abordando o seu tratamento (conceitual, tipologia, etc.). Essa dissertação encontra-se organizada em quatro partes. A primeira parte refere-se a esta introdução, a qual descreve o problema, objetivo, hipótese e metodologia utilizada para sua elaboração. A segunda refere-se ao capítulo sobre a fundamentação teórica, que apresenta a concepção de Michael Polanyi sobre os conhecimentos tácito e explícito. A explanação sobre este autor é de extrema importância, devido à relevância de suas obras, que serviram de alicerce teórico para a construção das obras de alguns autores que são citados no corpo deste estudo. Este capítulo também discorre sobre o conhecimento, sua conceituação, tipologia, processo de criação e o processo de GC nas organizações. A terceira 21 parte expõe as principais análises da pesquisa realizada nas produções acadêmicas brasileiras. E a quarta e última parte é dedicada às considerações finais. 22 2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS Este capítulo apresenta a base teórica utilizada para elaboração deste estudo, sendo dividido em três partes: na primeira será tratado o estudo de Michael Polanyi sobre os conhecimentos tácito e explícito. Suas obras serviram de embasamento teórico para diversos autores elaborarem suas abordagens sobre conhecimento e a GC. A segunda parte apresenta o conhecimento, seu conceito, caracterização e as teorias que convergem em sua criação e conversão. E a terceira e última parte discorre sobre a teoria da GC, apresentando conceitos e abordagens de diversos autores. 2.1 POLANYI E A TEORIA DO CONHECIMENTO Esse tópico trata da teoria de Polanyi sobre os conhecimentos explícito e tácito, focando principalmente o último, apresentando alguns aspectos que estão relacionados com a aquisição e o uso do conhecimento. Para a sua elaboração utilizou-se duas obras do autor: Personal Knowledge e The Tacit Dimension. Ressalta-se que vários autores que serão citados nessa dissertação, tiveram Michael Polanyi como alicerce para a construção de seus estudos. Suas obras serviram de embasamento teórico, principalmente no que tange à explanação sobre as dimensões do conhecimento por ele denominadas: tácita e explícita. 2.1.1 Conhecimento Tácito Em sua obra The Tacit Dimension, Michael Polanyi afirma que não é possível tratar o conhecimento humano sem partir do principio de que “sabemos mais do que podemos dizer” (POLANYI, 1983, p.4). Esse princípio apresenta um dos pilares da concepção do conhecimento, a do conhecimento tácito, que trata do reconhecimento da existência de um conhecimento que não pode ser descrito em regras, palavras ou ser totalmente exposto. E para esclarecer isso, o autor exemplifica com o fato da nossa capacidade de conseguirmos distinguir o rosto de uma pessoa conhecida entre tantas outras, mas não sermos capazes de explicitar os particulares que compõem o todo. Aqui se encontram, os métodos usados pela polícia para fazer 23 retratos falados, utilizando uma vasta coleção de fotos de partes específicas do rosto, como narizes, bocas e outros detalhes. Em suas obras Polanyi (1962; 1983) cita dois tipos de conhecimentos. O primeiro é o conhecimento explícito, que o autor considera como conhecimento codificado, que é aquele que pode ser transmitido em linguagem formal, ligado às rotinas e procedimentos. E o conhecimento tácito que é pessoal, constituído de insights, conclusões que torna difícil sua expressão ou formalização por meio de métodos sistemáticos. Para o autor, a linguagem sozinha é insuficiente para tornar um conhecimento explícito, resultando assim que todo conhecimento ou é tácito ou é construído por meio de conhecimentos tácitos. Frade (2003, p.12) menciona que ao analisar os exemplos apresentados por Polanyi para ilustrar o conhecimento tácito, constata-se que este tipo de conhecimento está vinculado a uma prática, na qual quando se realiza uma tarefa que envolva tantos atos físicos quanto mentais (andar de bicicleta, ler ou escrever, entre outros), é acionado um processo interno de funcionamento de nossas ações cujo propósito é o de nos auxiliar na concretização dessa tarefa. E esse processo quando acionado, mobiliza um conjunto específico de conhecimentos que possuímos que funcionarão como instrumentos para que seja realizada a tarefa, bem como o monitoramento dessa realização. Frade (2003), citando Fischbein, (1989) e Stenberg (1995), mostra que cada um desses conhecimentos que são mobilizados para tal finalidade, significa um conhecimento tácito. E ainda complementa que para Polanyi tais conhecimentos são tácitos na medida em que são usados de maneira instrumental e não explicitamente como objetos. Desta forma, enquanto estão sendo mobilizados não são percebidos em si mesmos, mas sim, em termos daquilo que eles contribuem para a realização da tarefa. Portanto, analisar o que é tácito, vai depender do contexto. Mas por outro lado, esse processo interno de funcionamento das nossas ações também é tácito, no sentido de que se trata de uma habilidade pessoal, a qual não pode ser disponibilizada para outras pessoas, pois não sabemos explicar claramente como ocorre. 24 Além dos exemplos citados, em The Tacit Dimension, Polanyi (1983) indica que alguns estudos em laboratório mostram a capacidade de reação intuitiva a estímulos externos não compreendidos pela mente consciente. O autor cita os exemplos de testes psicológicos envolvendo "shock syllables" e "shock words". Nestes testes, verificou-se que as pessoas eram capazes de antecipar choques elétricos ao verem palavras e sílabas que, de fato, como parte da lógica do experimento, estavam associadas a choques, mesmo sem serem capazes, posteriormente, de explicitar a lógica do experimento. Verificou-se, também, em laboratório, através de câmaras escondidas de alta resolução, que muitos dos movimentos dos músculos, ditos "involuntários", poderiam ser, na verdade, estimulados externamente, mesmo sem a consciência humana. Para Polanyi (1983), o conhecimento tácito envolve duas coisas que se relacionam: um conhecimento específico, que recebe a nomenclatura de distal, que ele exemplifica em como "tocar piano", utilizar uma ferramenta, etc., e um outro do qual só se tem consciência à medida que ele serve ao anterior, que ele chama de proximal. Ainda para Polanyi (1983), a palavra conhecer significa uma combinação dos conhecimentos prático e teórico. Polanyi ilustra essa citação com o exemplo de um médico, sendo que sua habilidade consiste em combinar a arte de fazer com a arte de conhecer. O conhecimento prático advém das experiências e do uso mesmo do conhecimento acumulado, o que remete à identificação do conhecimento prático como conhecimento tácito, pelo fato de ser complicado descrever como são adquiridos os conhecimentos por meios de experiências. 2.1.2 O Ato do Conhecer Na epistemologia tradicional, os seres humanos, considerados como sujeitos da percepção adquirem conhecimento mediante a análise de objetos externos. Porém, Polanyi (1983), alega que os seres humanos criam conhecimento a partir de objetos, contudo o fazem por meio de envolvimento e compromisso pessoal. Grande parte do conhecimento é fruto do esforço voluntário dos seres humanos de lidar com o mundo. O ato de conhecer envolve um comprometimento pessoal, que se refere a um comprometimento intelectual, formulando assim o conceito de objetividade. A 25 objetividade trata de uma busca por explicações, por resultados devidos a uma superação de incapacidades através de um caminho para a realidade, para uma perseguição do conhecimento que vai além do que se percebe, do que se compreende. Isso significa que o homem ultrapassa a sua subjetividade para satisfazer seus comprometimentos pessoais na busca por padrões universais. Polanyi (1983, p. 10-11), afirma que o ato de conhecer envolve quatro aspectos estruturais, a saber: funcional, fenomênico, semântico e ontológico. No aspecto funcional, o conhecimento tácito envolve dois termos: o proximal e o distal. Sendo que o primeiro termo é aquele que está “próximo de nós”, porque somos cientes de sua existência, e somente depois da percepção desse primeiro termo é que é voltada a atenção para o segundo termo que encontra-se “longe de nós”. De acordo com Frade (2003), o conhecimento tácito pode ser identificado como um conhecimento subsidiário (termo proximal) que é mobilizado para realizar uma tarefa (termo distal). Exemplificando, a tarefa da primeira pessoa no processo de comunicação é a de compreender e integrar os significados do conhecimento tácito da segunda pessoa e a tarefa dessa segunda pessoa é a de comunicar um conhecimento tácito à primeira pessoa, mobilizando, assim, o conhecimento tácito dessas pessoas para a realização da tarefa. Quanto ao aspecto fenomênico, Polanyi (1983, p.13) afirma que este refere à relação parte-todo, isto é, reconhece o termo proximal (particular) do ato de conhecer no seu termo distal (objeto de atenção). O conhecimento tácito não é percebido em si mesmo quando o mesmo é utilizado como uma espécie de apoio, quando ele não é o foco de nossa atenção. Entretanto toma-se consciência desse conhecimento, quando a realização de uma tarefa se dá pela expectativa do que suas particularidades provocam nas pessoas, visualizando-o projetado nessas realizações. De acordo com Faria (2011a), Polanyi trata aqui da expectativa das relações, ou seja, o aspecto fenomênico, busca uma relação entre a particularidade e a totalidade no processo de conhecimento do objeto de tal forma que o conhecimento tácito pode passar desapercebido ou ser identificado na relação com outros indivíduos. No primeiro caso, o conhecimento tácito entra em ação sem que seja percebido, quando o mesmo aparece como conhecimento de apoio próprio do ato de conhecer. No segundo caso, a percepção do conhecimento tácito ocorre quando o conteúdo de suas particularidades, as 26 quais se encontram na realização de um ato, intervém na expectativa do outro. Quanto ao aspecto semântico, Polanyi (1983, p.12-13) afirma que este apresenta a diferença entre o significado e aquilo que produz o significado. Um conhecimento tácito não possui significado em si mesmo, mas na sua projeção naquilo que é o foco da atenção. Segundo Faria (2011a), este aspecto mostra que o objeto ou fato que produz o significado não é o que ele significa. Tal concepção segue a mesma indicação clássica de Spinoza quando este indica que “o conceito do cão não late”. Aquilo que dá o significado, no caso o cão, difere do que ele significa, no caso o conceito do cão. O real e o conceito do real constituem, respectivamente, o significante e o significado, concepção esta oriunda da tradição estruturalista. Quanto ao quarto aspecto, Polanyi (1983, p.13) afirma que o aspecto ontológico indica que o conhecimento tácito é um conhecimento de alguma coisa. O que está sendo conhecido tomará uma posição, um status de algo que pertence a uma entidade integrada construída pelos significados e particularidades do conhecimento tácito. À medida que se conhece algo, dá-se uma realidade a este, um status de entidade. É por meio dessas entidades que se enxerga o mundo, o que significa que o desenvolvimento está vinculado à criação de uma ontologia pelo sujeito. Para Faria (2011a), o aspecto do conhecimento em si mesmo ou o conhecimento sobre algo, indica uma opção fenomenológica de Polanyi, na medida em que a coisa só existe como coisa quando ela é construída pelos significados que produz e pelas particularidades do conhecimento tácito. A significação dada pelo objeto se relaciona com o conhecimento existente (tácito), permitindo a sua interpretação. Contudo, o significado do objeto não se encontra nele mesmo, mas na significação que o sujeito lhe atribui, seja pelo que é explícito, seja pelo que está implícito. Polanyi enfatiza que o conhecimento é socialmente construído, por meio da experiência pessoal da realidade, ou seja, para ele se adquire conhecimento quando existe o contato com situações que proporcionem novas experiências, que são assimiladas aos particulares que as pessoas dispõem. Tal concepção, segundo Faria (2011a), “é de natureza estruturacionista e se encontra na mesma direção da 27 de Berger e Luckmann (1987) acerca de uma sociedade sem história, construída socialmente no plano das relações presentes que a estruturam.” Além do ato de conhecer, Polanyi (1983) trata do ato de ocupação, identificando-o como interiorização do conhecimento tácito, isto é, ocupa-se das particularidades desse conhecimento de modo que o indivíduo incorpore em si mesmo. Polanyi dá como exemplo o fato de que quando busca compreender algo, a pessoa mobiliza um conjunto específico de conhecimentos que possui para alcançar a compreensão deste, e a medida que esses conhecimentos são utilizados como instrumentos, faz-se então, a interiorização. O ato de ocupação oferece condições para que uma pessoa incorpore os significados particulares do conhecimento tácito de outra pessoa. 2.1.3 O Conhecimento Tácito no Processo de Articulação Para Polanyi (1962), o conhecimento tácito, embora seja algo não declarado ou exposto por inteiro, pode ser compartilhado. Uma pessoa pode aprender o conhecimento tácito de outra pessoa utilizando um esforço inteligente para compreender algumas das particularidades, que podem ser identificadas por ações e palavras, entre outras formas. Mas a outra pessoa que está transmitindo o conhecimento precisa ter meios adequados para comunicar as particularidades do seu conhecimento tácito. Quando esse processo ocorre, realiza-se o que Polanyi chama de modelagem ativa de experiências realizadas que tem por objetivo perseguir o conhecimento. Todavia, Polanyi (1962) afirma que embora se possa integrar algumas particularidades do conhecimento da pessoa, não se pode transpor o que ela quer dizer. Assim, pode-se investigar a mente dessa pessoa com o intuito de entendê-la melhor por meio de pistas, dicas. Entretanto, essa pessoa cria representações internas, que se articulam internamente, sem que a mesma consiga concretizar em representação externa. Para tanto, Polanyi (1962) insere o conhecimento tácito nesse processo de articulação, examinando-o em três áreas, envolvendo os conhecimentos tácito e explicito em forma de cooperação. Esses domínios estão a seguir relacionados: 28 a) Domínio do inefável: a articulação é impossível de acontecer, pois o tácito predomina, ou seja, quando as particularidades não são expostas por completo, sua representação externa é vaga. b) Domínio intermediário: refere-se ao fato de se conseguir ler uma mensagem ou ouvir uma fala e entender o que está sendo transmitido. O que foi transmitido corresponde ao significado que lhe foi atribuído. O conhecimento tácito da mensagem, além de se manifestar, ultrapassa os limites da articulação interna, coincidindo com a representação externa. c) Domínio da sofisticação: neste caso o tácito e o explicito são independentes, isto é, não se consegue entender o que foi expresso (explícito) pelo conhecimento tácito, ocasionado pela inconfiabilidade que se tem dos pensamentos tácitos não coincidirem com as expressões externas, que aqui, Polanyi denominou de operações simbólicas. A partir do estudo de dois dos seus principais trabalhos sobre conhecimento tácito e explícito, pode-se concluir que Polanyi contribuiu expressivamente para uma nova abordagem epistemológica, elucidando estes dois tipos de conhecimentos (tácito e explícito) e a contínua interação entre ambos e enfatizando que a dimensão tácita é indispensável a qualquer conhecimento. 2.2 O CONHECIMENTO NOS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS Neste item serão apresentados os principais conceitos abordados por diversos autores sobre o tema conhecimento na área de estudos organizacionais, bem como o seu tratamento e conversão. Esta abordagem se faz importante para servir de explicação à explanação sobre a GC. 2.2.1 Conceito e Caracterização Diversos filósofos antigos tentaram conceituar o conhecimento, porém este termo assume diversos significados, que variam de acordo com o contexto em que está sendo empregado, podendo ser considerado um aprendizado, habilidade 29 experiência, percepção, competência entre outros. Na área dos estudos organizacionais, de acordo com Faria (2011a), a discussão ontológica e epistemológica sobre o conhecimento e a discussão sobre a Teoria do Conhecimento tem se mostrado superficial. Os autores desta área que trabalham com o tema do conhecimento tende a fazer menções genéricas sobre o assunto para, enfim, se fixarem em um conceito não historicizado e pouco problematizado. De fato, Nonaka e Takecuhi (1997), dois dos autores mais citados na área dos estudos organizacionais, indicam que o estudo do conhecimento humano é tão antigo quanto a própria história do homem e que no período grego esse tema já fazia parte dos estudos de filosofia e epistemologia. Complementam afirmando que foi Platão quem desenvolveu inicialmente a conceitualização do termo conhecimento sob uma perspectiva racionalista. Para Nonaka e Takeuchi (1997), Platão argumentou que o mundo físico é uma mera sombra do mundo perfeito das idéias, isto é, as idéias são conhecidas apenas através da razão pura, de modo que tudo se justifica por meio da matemática e através dela que se chega à verdadeira realidade. Para este filósofo, ainda de acordo com Nonaka e Takeuchi (1997), existem quatro graus de conhecimento, sendo eles: crença, opinião, raciocínio e indução. Já para Aristóteles, também na interpretação de Nonaka e Takeuchi (1997), sua perspectiva empirista enfatizou a importância da observação e da nítida verificação da percepção sensorial individual, sendo que as idéias para ele eram adquiridas pela experiência. Aristóteles destaca a existência de seis graus de conhecimento: sensação, raciocínio, intuição, percepção, imaginação e memória. Para ele não há diferença entre conhecimento sensível e intelectual, pelo contrário, um é a continuação do outro. Nonaka e Takeuchi (1997, p.26) argumentam que para Aristóteles: Da percepção sensorial surge o que chamamos de lembranças, e das lembranças da mesma coisa, repetidas com freqüência, desenvolvemos a experiência; pois diversas lembranças constituem uma única experiência. Da experiência novamente – ou seja, de sua totalidade universal, e hoje estabilizada, dentro da alma, um ao lado dos muitos que constituem uma única identidade dentro de todos eles – origina-se a habilidade do artesão e o conhecimento do cientista, a habilidade na espera do que virá a ser e a ciência do ser. Concluímos que essas etapas do conhecimento não são inatas de uma forma determinista nem se desenvolveram a partir de estados superiores de conhecimento, mas sim a partir da percepção sensorial. 30 E em Aristóteles se encerra a discussão de Nonaka e Takeuchi. Pode-se admitir, como argumenta Faria (2011b), que Platão e Aristóteles fundam as concepções epistemológica racionalista (Platão) e empirista ou pragmatista (Aristóteles), mas toda a filosofia que se segue até a contemporaneidade se apóia direta ou indiretamente, na discussão acerca do conhecimento. Assim, tal discussão sobre este tema na modernidade, desde Hobbes, Locke, Descartes, Nitsche, Hegel, Marx, Husserl, Merleau-Ponty, Sartre, Levy-Strauss e Ricouer, apenas para citar alguns do que se dedicaram ao mesmo, é complexo e profundo. Na área de estudos organizacionais que trata da questão do conhecimento e de sua gestão não se encontra nenhuma análise que se aprofunde nesta discussão. De Platão a Aristóteles passa-se a Polanyi, conforme se observa, por exemplo, em Nonaka e Takeuchi (1997). De fato, Zabot e Silva (2002, p.66), argumentam na mesma direção que Nonaka e Takeuchi (1997) ao afirmarem que: A importância do conhecimento não é uma descoberta nova. Desde os tempos mais remotos, sabe-se que os homens que detinham muito conhecimento eram os que destacavam dos demais. O grande problema foi que durante muito tempo o acesso ao conhecimento era, na verdade, restrito a alguns privilegiados, e o próprio conhecimento era, muitas vezes, utilizado como meio de domínio e opressão. O conceito de conhecimento para Zabot e Silva (2002), é uma abstração, conforme Faria (2011a), ou seja, “o que de fato, os homens detinham que os destacavam, o que era “restrito a alguns privilegiados”, o que era “meio de domínio e opressão”? Todas essas questões podem ser respondidas de várias maneiras: a) status; b) riqueza; c) poder; d) propriedades; e) símbolos. Até mesmo conhecimento. Assim, embora esse conhecimento tenha sido restrito a alguns privilegiados, Zabot e Silva (2002) se dão conta de que em diversos momentos históricos houve grandes pensadores e estudiosos que por apresentarem seus conhecimentos, suas descobertas consideradas revolucionárias, foram severamente intitulados de loucos e tiveram suas obras publicadas apenas após anos de sua elaboração. Essas obras serviram de alicerce para novas teorias que a posteriori realizaram uma verdadeira transformação nos meios acadêmico, literário, organizacional e até mesmo social. Para Zabot e Silva (2002), o conhecimento considerado “ativo de produção” é o aspecto central da nova sociedade. Sociedade essa globalizada e 31 interdependente, na qual o valor central está nas ideias e informações transformando-se em uma fonte de inovação e criatividade. Já Angeloni (2002), sugere que para se compreender melhor o que é conhecimento se faz necessário primeiramente distinguir dado, informação e conhecimento. Dados referem-se a elementos descritivos de um evento e são desprovidos de tratamento lógico ou de contextualização, informando um estado da realidade pura. A informação pode ser entendida como um conjunto de dados selecionados e agrupados logicamente para a consecução de um determinado objetivo. O conhecimento é composto de um conjunto de informações pertinentes a um sistema de relações críticas, significando a compreensão de todas as dimensões da realidade, captando e expressando essa totalidade cada vez mais ampla. Para Faria (2011a), a concepção de conhecimento para Angeloni (2002): Decorre de um processo linear de procedimentos de sucessão qualitativa, que vai do dado à informação (dado processado) e deste ao conhecimento (informação processada). Esta é uma visão etapista formal e hierarquizada, com um movimento unidirecional que desemboca em um momento mágico, o do conhecer. O primeiro processamento do “dado bruto” não é conhecimento e não produz conhecimento, pois é apenas informação. A informação passa a ser, portanto, a chave mestra da magia do conhecimento. Angeloni (2002) ressalta, ainda, que embora o conhecimento contenha um conjunto de informações articuladas, o mesmo não é sinônimo de acúmulo de informações. O conhecimento sem processamento seria, então, um desconhecimento? Para Faria (2011a), Angeloni (2002) confunde realidade com pensamento e este com conhecimento, pois pensar é conhecer, ou seja, pensar é a mediação necessária entre a realidade e a consciência que se tem da mesma. O conhecimento, portanto, é um processo que alcança sua plenitude temporária e transitória na consciência elaborada sobre o real pensado (FARIA, 2011a). Nesta mesma linha, Davenport e Prusak (1998), afirmam que o conhecimento pode ser entendido a partir de dados e da informação que são utilizados para sua construção. Os dados são registros estruturados de transações organizadas que criam a ilusão de exatidão cientifica e que não fornecem julgamento nem interpretação para a tomada de decisão. A informação pode ser representada por uma mensagem na forma de documento ou comunicação audível ou visível, trata-se 32 de um dado dotado de significado, relevância e propósito, que se movimenta na organização por meio de redes hard (infraestrutura) e soft (pessoas). Conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, ele costuma ser embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais (DAVENPOR; PRUSAK, 1998, p.6). Aqui, segundo Faria (2011a): Ocorre um problema de ordem paradoxal, pois se o conhecimento pode ser entendido “a partir” dos dados e informações utilizados em sua “construção”, o mesmo não pode “ter origem” e “ser aplicado” na “mente do conhecedor” como argumentam Davenport e Prusak (1998). Este paradoxo não é superado pela classificação que Davenport e Prusak (1998) apresentam. A proposta da composição de dados, informação e conhecimento conforme descritos no quadro a seguir, é a representação desta visão, agora adjetivada. QUADRO 01 - DADOS, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO Dados Informação Conhecimento Simples observação sobre estado de alguma coisa - - Facilmente estruturado - Requer unidade de análise - Facilmente obtido através do uso de máquinas - Exige consenso em relação ao significado - Frequentemente quantificado - - Facilmente transferível Exige necessariamente mediação humana - Contextual - Dados dotados de relevância e propósito a - Intuitivo e experiências usuário se refere a e valores do - Informação valiosa da mente humana - Inclui reflexão, contexto - De difícil estruturação - Difícil de máquinas - Frequentemente tácito e de difícil transferência ser síntese, obtido por FONTE: Adaptado de Davenport e Prusak (1998) Para Davenport e Prusak (1998, p.3) “o conhecimento deriva da informação da mesma forma que a informação deriva dos dados”, concepção esta que segue a mesma linha sequencial que é adotada por Angeloni (2002). Para tanto, Davenport e Prusak (1998) apresentam os quatro Cs (ações) que se referem ao processo de transformação da informação em conhecimento. Esse processo é composto dessas ações denominadas pelos autores como criadoras de conhecimento pertencentes ao ser humano. São elas: 33 - Comparação: de que forma as informações relativas a esta situação se comparam a outras situações conhecidas? - Conseqüências: que implicações estas informações trazem para as decisões e tomada de decisão? - Conexões: quais as relações deste novo conhecimento com o conhecimento já acumulado? - Conversação: o que as outras pessoas pensam desta informação? (DAVENPORT; PRUSAK, 1998, p.3) O conceito de conhecimento de Davenport e Prusak, em certa medida, vai de encontro aos de Fleury e Oliveira (2001) que entendem o conhecimento como informação associada à experiência, intuição e valores e também aos de Nonaka e Takeuchi (1997), que entendem estar o conhecimento ancorado nas crenças e compromisso de quem o detém e diretamente relacionado à ação humana. Este seria, portanto, o processo humano dinâmico de justificar a crença pessoal com relação à verdade. Para Neves (2004), o conhecimento vem das pessoas que estão imbuídas em um constante processo de aprendizagem. O conhecimento é fruto da aprendizagem em três níveis: individual, grupal e organizacional. Crawford (1994) complementa que a informação é muitas vezes confundida com conhecimento, porém, ele distingue que o conhecimento é encontrado somente no ser humano e a informação pode ser encontrada em objetos. Para tanto o autor destaca quatro características do conhecimento, a saber: a) o conhecimento é difundível e se auto-reproduz, o conhecimento aumenta à medida que é utilizado; b) o conhecimento é substituível, pode substituir trabalho e capital; c) o conhecimento é transportável, com a tecnologia o conhecimento pode se mover em velocidades cada vez menores; d) o conhecimento é compartilhável, o conhecimento pode ser transferido para várias pessoas. Para Faria (2011a) a proposta de Crawford (1994) chega remeter a uma concepção préplatônica. O conhecimento seria inoculado no sujeito sem qualquer elaboração, sem interação, por obra do espírito, em completa separação do objeto que conteria, também inexplicavelmente, informação. O objeto deixa 34 de ter o primado na construção do conhecimento, de forma que ao pensamento bastaria se apropriar de informações nele contidas, sem confrontá-las. A simplificação conceitual de Crawford (1994) é primária quando argumenta que o conhecimento pode substituir o capital e o trabalho. Nesta concepção, o conhecimento é um objeto ou uma mercadoria a ser trocado no mercado do saber. Deste modo, como algo substituível e transportável através da tecnologia, o conhecimento exterioriza-se do ser humano para deslocar-se em “velocidades cada vez menores” de maneira a se alojar em outro “ser humano”, pois para Crawford é só no “ser humano” que o conhecimento é “encontrado”. A transmissão ou transferência procede como uma transfusão, na mais adequada fórmula de Paulo Freire sobre a “educação bancária. Nesse sentido, ou seja, como coisa, é que se encontra a tipologia de conhecimento criada por Boisot (1985), citado por Choo (2003), que classifica o conhecimento no fato dele ser ou não codificável e difuso, sendo que para ele o conhecimento codificado é aquele que pode ser guardado ou colocado em forma escrita sem a perda de informação. Complementando, Choo (2003) sugere que o conhecimento de uma organização pode ser diferenciado em conhecimento tácito, conhecimento explícito e conhecimento cultural. Os dois primeiros são aqueles conceituados por Polanyi (1962, 1983). Para Choo (2003), o conhecimento cultural consiste em estruturas cognitivas e emocionais que são usadas pelos membros da organização para perceber, explicar, avaliar e construir a realidade. As suposições e crenças também são usadas para descrever e explicar a realidade. O conhecimento cultura é compartilhado por diversos membros da organização a fim de dar sentido e valor à informação, aos acontecimentos e às ações. Esse conhecimento não é codificado, mas é amplamente divulgado pelos membros da organização por meio de vínculos e relacionamentos que os ligam uns aos outros. Conforme Faria (2011a) “o conceito de conhecimento cultural proposto por Choo esbarra em uma redundância, em uma obviedade lógica, na medida em que “conhecimento é estrutura cognitiva.” O conceito da coisa é a própria coisa ou, em contraposição a Spinoza, o conceito do cão é a estrutura do cão. Não uma estrutura qualquer, mas compartilhada por todos seus elaboradores para dar sentido e valor ao que antecede e ao que se encontra fora da própria coisa (informações, acontecimentos, ações). E é isto, na estruturas cognitiva e afetiva, que se encontram divulgados por meio de “vínculos e relacionamentos”, sem resistências, contradições, enfrentamentos, etc.” Em outra direção Ponchiroli (2005), argumenta no âmbito da Filosofia que existem algumas possíveis formas para o processo do conhecimento, sendo: 35 - Quanto à origem do adquirido pela conhecimento: distingue experiência ou pela razão, conhecimento compreende o Racionalismo, Empirismo, Intelectualismo e Apriorismo; - Quanto à essência do conhecimento: considera a possibilidade ou não da existência de um mundo independente da consciência humana. Compreende o Realismo, Idealismo e Fenomenalismo; - Quanto à possibilidade do conhecimento: analise a possibilidade ou não do conhecimento do mundo tal qual ele se apresenta. Compreende o Dogmatismo, Ceticismo e Pragmatismo. - Quanto à forma do conhecimento: referencia o caminho que se faz para chegar aos resultados do conhecido. Compreende a Intuição, Analogia, Indução e Dedução. Na área da educação, Kuenzer e Abreu (2007), realizaram uma pesquisa em uma empresa do setor petroquímico buscando avaliar os impactos no processo de trabalho advindos de mudanças tecnológicas e a relação dos conhecimentos tácitos e científicos nesse âmbito, na qual verificaram que os trabalhadores mais antigos na empresa (que eram a maioria) se ancoravam nas experiências para realização de suas atividades, ou seja, nos seus conhecimentos e competências tácitas. Conhecimentos e competências tácitas são as adquiridas pelas experiências: pelo seu caráter prático, não são passíveis de sistematização teórica e em função disso não podem ser ensinadas; seu desenvolvimento depende da subjetividade, das oportunidades de acesso à informação, das oportunidades de trabalho, da cultura, das relações sociais vividas por cada trabalhador. São desenvolvidas e não adquiridas em processos sistematizados de ensino (KUENZER; ABREU, 2007, p.464). Para Kuenzer e Abreu (2007), o conhecimento tácito não se ancora na teoria, ele é marcado por seu caráter prático, referindo nesse sentido às práticas rotineiras que se desenvolvem sem apoio de teoria. O conhecimento tácito exerce forte influência sobre a introdução de inovações tecnológicas, necessitando da integração de conhecimento científico. As autoras citam Jones e Wood, os quais afirmam que há três dimensões do conhecimento tácito: a) a que diz respeito às práticas rotineiras, tanto mais eficientes quanto mais automatizadas, com menor intervenção da ação consciente. Refere-se ao campo da automatização pela memorização dos procedimentos físicos e mentais 36 pela repetição, que nos remete à educação taylorista; b) a que demanda diferentes graus de tomada de consciência para tomar decisões em situação que foge à normalidade, dependendo da complexidade da situação. Refere a diferentes níveis de consciência que são necessárias mobilizar; c) a das competências tácitas de natureza coletiva, derivadas da cooperação. Refere-se à tomada de consciência sobre o seu trabalho no processo de produção considerando os trabalhos dos demais da equipe. A partir destas reflexões de Kuenzer e Abreu (2007) e de Jones e Wood (1984) retoma-se a discussão inicial de Polanyi (1962, 1983), agora ampliada pela qualificação do conhecimento tácito que se apresenta nas dimensões da “memorização”, “níveis de consciência” e “consciência compartilhada”. 2.2.2 Criação e Conversão do Conhecimento Nesta etapa utilizou-se principalmente do estudo de Nonaka e Takeuchi (1997), devido a sua relevância nos meios acadêmicos, na área de estudos organizacionais. Esse estudo serviu de alicerce para os pesquisadores que a posteriori escreveram sobre este tema bem como sobre a GC. A teoria da criação do conhecimento vem sendo trabalhada e citada em diversos trabalhos, pois acreditase que essa teoria que inclui os métodos de conversão (conforme será explanado a seguir) é um diferencial e uma fonte de vantagem competitiva para as organizações que o conseguirem realizar. Para Faria (2011a), do ponto de vista de Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento adquire um caráter de valor de troca elaborado que cria vantagem competitiva (que cria valor sobre o valor). Esta é a “deixa” para despertar o entusiasmo dos gestores e de seus teóricos acadêmicos. Para Nonaka e Takeuchi (1997) a criação do conhecimento é realizada pelo ser humano. Sendo assim, as organizações dependem das pessoas, da sua intuição, das suas experiências no processo de aprendizagem e disseminação do conhecimento. De acordo com Nonaka e Takeuchi (1997), as pessoas é que são responsáveis pela criação e disseminação do conhecimento no ambiente organizacional. 37 Para Faria (2011a), não se pode deixar de observar a singeleza do argumento. Quem mais poderia ser responsável pela criação e disseminação do conhecimento? Ao mesmo tempo, não se pode deixar de observar a estreiteza do argumento. A realidade social e histórica é simplesmente reduzida ao ambiente organizacional, este oásis no deserto do saber, este lugar especial que transforma a ignorância em criação do conhecimento. A empresa que objetiva a criação do conhecimento, deve estar atenta aos insights e intuições dos empregados, para obter contribuições para a mesma a partir desses. Nada de novo no longo processo histórico de apropriação privada do conhecimento coletivo. Para Fleury e Oliveira Jr. (2001), o conhecimento organizacional é fruto das interações ocorridas no ambiente organizacional, desenvolvidas por meio de processos de aprendizagem. Este argumento segue o de Drucker (2000), que afirma que as organizações devem aprender a criar novos conhecimentos por meio de melhoria contínua, como, por exemplo, mantendo o processo de inovação com o intuito de responder aos desafios atuais e aumentar a sua competitividade. A criação do conhecimento engloba a capacidade de uma empresa criar um novo conhecimento, conseguir difundi-lo e incorporá-lo a produtos sistemas e serviços. Para Nonaka e Takeuchi (1997), a construção do conhecimento contém duas dimensões: epistemológica e ontológica. Na ontológica a criação não consegue criar conhecimento sem as pessoas, o conhecimento só é criado pelas pessoas. A organização lhes proporciona contextos para a criação do conhecimento, sendo esse processo realizado dentro de uma comunidade de interação. Na epistemológica a criação é conseguida quando a organização reconhece o relacionamento entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito e quando são elaborados processos sociais capazes de criar novos conhecimentos por meio da conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito1. Os autores consideram o conhecimento explicito como conhecimento formal, que é fácil de transmitir entre indivíduos e que pode ser expresso formalmente com a utilização de um sistema de símbolos, podendo também ser facilmente comunicado ou difundido. Já o conhecimento tácito é o conhecimento implícito, pessoal, que é difícil formalizar ou comunicar a outros, é usado pelos membros da organização para 1 Conversão é, assim, apropriação. 38 realizar seu trabalho, é difícil de ser verbalizado, de ser transmitido e compartilhado, pois é expresso por habilidades baseada na ação, nas experiências de um individuo, bem como suas emoções, valores e ideais, é o conhecimento que está embutido na mente das pessoas: cada um é detentor do seu conhecimento tácito. Esta concepção corresponde à de Polanyi (1962, 1983), que considera o conhecimento explicito como conhecimento codificado, que pode ser transmitido em linguagem formal, ligado às rotinas e procedimentos, e o conhecimento tácito que é na sua totalidade pessoal, constituído de insights, conclusões que torna difícil sua expressão ou formalização por meio de métodos sistemáticos. Nonaka e Takeuchi (1997, p.7-8) indicam ainda que o conhecimento tácito possui duas dimensões: O conhecimento tácito pode ser segmentado em duas dimensões. A primeira é a dimensão técnica, que abrange um tipo de capacidade informal e difícil de definir ou habilidades capturadas no termo “Know-how”... ao mesmo tempo o conhecimento tácito contém uma importante dimensão cognitiva. Consiste em esquemas, modelos mentais, crenças e percepções tão arraigadas que os tomamos como certos... a dimensão cognitiva reflete nossa imagem da realidade (o que é) e nossa visão do futuro (o que deveria ser). Para Nonaka e Takeuchi (1997), a criação do conhecimento é uma interação contínua e dinâmica entre os dois conhecimentos, tácito e explícito, e as organizações precisam aprender a converter o conhecimento tácito em conhecimento explícito, objetivando promover a inovação e o desenvolvimento na organização. Para tanto, os autores apresentam quatro maneiras de conversão, denominada de Técnica SECI (Socialização, Externalização, Combinação e Internalização)2. a) Socialização – converte conhecimento tácito em tácito. Adquirese o conhecimento tácito partilhando experiências (treinamento); b) Exteriorização ou externalização – converte conhecimento tácito em explícito. O conhecimento tácito é traduzido em conceitos explícitos por meio da utilização de metáforas, analogias e modelos; 2 Como afirma Faria (2004, vol.2), os teóricos da administração gerencialista parecem gostar de siglas que se podem facilmente decorar (POSDCORB, 5S ou SECI) como palavras mágicas. 39 c) Combinação – converte conhecimento explícito em explícito. Constrói-se conhecimento explícito reunindo conhecimentos explícitos. Os indivíduos trocam e combinam seus conhecimentos em conversas; d) Internalização – converte o conhecimento explícito em conhecimento tácito. Está relacionada ao aprender fazendo. As experiências adquiridas são internalizadas pelos indivíduos na forma de modelos mentais ou know-how técnico compartilhado. As quatro maneiras de conversão do conhecimento se retroalimentam em uma espiral contínua de construção do conhecimento organizacional conforme figura a seguir: FIGURA 01 - ESPIRAL DO CONHECIMENTO FONTE: Nonaka e Takeuchi (1997, p.80) Os autores explicam a espiral do conhecimento da seguinte maneira: Em primeiro lugar, o modo da socialização normalmente começa desenvolvendo um “campo” de interação. Esse campo facilita o compartilhamento das experiências e modelos mentais dos membros. Segundo, o modo de externalização é provocado pelo “diálogo ou pela reflexão coletiva” significativos, nos quais o emprego de uma metáfora ou analogia significativa ajuda os membros da equipe a articularem o conhecimento tácito oculto que, de outra forma, é difícil de ser comunicado. Terceiro, o modo de combinação é provocado pela colocação do conhecimento recém-criado e do conhecimento já existente proveniente de outras seções da organização em uma “rede”, cristalizando-os assim em um 40 novo produto, serviço ou sistema gerencial. Por fim, o “aprender fazendo” provoca a internalização (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p.80). Ainda de acordo com os autores, essas quatro maneiras de conversão do conhecimento geram conteúdos de conhecimentos diferentes e esses conteúdos do conhecimento interagem entre si na espiral de criação do conhecimento: a) Socialização – conhecimento compartilhado, como modelos mentais ou habilidades técnicas compartilhadas; b) Externalização – conhecimento conceitual, os novos conceitos; c) Combinação – conhecimento sistêmico, como por exemplo, tecnologia de novos componentes; d) Internalização – conhecimento operacional, como uso de novos produtos, gerenciamento de projeto. FIGURA 02 - CONTEÚDO DO CONHECIMENTO CRIADO PELOS QUATRO MODOS Conhecimento tácito em conhecimento explícito Conhecimento Tácito (Socialização) Conhecimento Compartilhado (Externalização) Conhecimento Conceitual (Internalização) Conhecimento Operacional (Combinação) Conhecimento Sistêmico do Conhecimento Explícito FONTE: Adaptado Nonaka e Takeuchi (1997, p.81) Para Zabot e Silva (2002), é durante a conversão que o conhecimento organizacional é criado. Para autores como Nonaka e Takeuchi (1997) e Choo (2003), dentre as quatro maneiras de conversão do conhecimento, a externalização ou exteriorização é a chave para a criação do conhecimento, pois cria conceitos novos e explícitos a partir do conhecimento tácito. Até o momento abordou-se a criação do conhecimento sob a ótica do que Nonaka e Takeuchi (1997) chamam de dimensão epistemológica. Trata-se, agora, de examinar a dimensão ontológica. Essa dimensão anuncia que a base da criação é o conhecimento tácito dos indivíduos que a compõem, pois a organização não pode criar conhecimento sozinha. 41 Para Nonaka e Takeuchi (1997), a organização tem de mobilizar o conhecimento tácito que se encontra no nível individual. Esse conhecimento, quando mobilizado, deve ser ampliado “organizacionalmente” através das quatro maneiras de conversão e cristalizado em níveis ontológicos superiores (seções, departamentos, divisões e organizações). Este processo também é apresentado em forma de espiral. FIGURA 03 - ESPIRAL DE CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL FONTE: Nonaka e Takeuchi (1997, p.82) 2.2.3 Condições Capacitadoras da Criação do Conhecimento Para que o conhecimento seja criado, a organização deve fornecer condições capacitadoras para um contexto apropriado facilitador das atividades em grupo e para a criação e acúmulo de conhecimento em nível individual. Nonaka e Takeuchi (1997), apresentam cinco condições, a saber: a) Intenção: é definida como a aspiração da organização em relação às suas metas, assumindo estratégias para alcançar a intenção. Sendo o elemento mais crítico da estratégia a conceitualização sobre o tipo de conhecimento que deve ser desenvolvido e sua operacionalização em um sistema gerencial de implementação. A intenção propicia o julgamento do 42 conhecimento percebido ou criado, bem como do valor da informação, sendo expressa por padrões organizacionais ou visões. Para criar conhecimento, as organizações precisam e devem estimular o compromisso dos funcionários, formulando uma intenção organizacional. b) Autonomia: cada funcionário age de forma autônoma conforme a situação. A empresa permite essa autonomia e aumenta a possibilidade da automotivação dos funcionários para criação de novos conhecimentos. c) Flutuação e caos criativo: estimula a interação entre a organização e o ambiente externo. A flutuação, quando inserida na organização, provoca “colapsos” de rotinas, hábitos ou estruturas cognitivas. Diante deste cenário os indivíduos têm a oportunidade de refletir e questionar suas atitudes, estimulando assim a criação de conhecimento. d) Redundância: refere-se à existência de informações que transcendem as exigências operacionais dos membros da organização. O compartilhamento de informações redundantes promove o compartilhamento de conhecimento tácito, pois consegue sentir o que os outros estão tentando expressar, acelerando assim, o processo de criação do conhecimento. Porém, a redundância também pode aumentar o volume de informações a serem processadas, ocasionando sobrecarga ou aumento do custo de criação de conhecimento. Diante disso, se faz necessário manter um certo equilíbrio entre a criação do conhecimento e o processamento de informações. Uma das formas de lidar com esse problema é esclarecer onde as informações podem ser localizadas e onde o conhecimento encontra-se armazenado. e) Variedade de requisitos: a organização deve possuir uma variedade de requisitos que pode ser aprimorada através da combinação de informações de uma maneira flexível e rápida, 43 permitindo-a assim o enfrentamento dos desafios impostos pelo ambiente dinâmico e mutável. Além das condições capacitadoras, Nonaka e Takeuchi (1997) argumentam que o processo de criação do conhecimento passa por um modelo de cinco fases, começando com o compartilhamento do conhecimento tácito, semelhante à socialização. A segunda fase refere-se à criação de conceitos, no qual após o compartilhamento do conhecimento tácito, esse se converte em explícito, semelhante à externalização. Na terceira fase, verifica-se a viabilidade e a justificação do novo conceito. Na quarta fase, após analisada a viabilidade e aceita, os conceitos são convertidos em um arquétipo (protótipo no caso de produto). E a última fase refere-se à difusão interativa desse conhecimento criado às demais áreas da organização ou até mesmo ao seu ambiente externo. A teoria da criação do conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997), portanto, está centrado nas espirais do conhecimento, sendo indicadas duas dimensões, conforme já mencionado. A dimensão epistemológica que converte o conhecimento tácito em explicito e novamente em tácito e a dimensão ontológica, que aborda o conhecimento criado a partir do nível individual e transformado em conhecimento em níveis superiores, para depois retornar ao nível individual em um novo ciclo. De acordo com Faria (2011a) convém observar o esforço de Nonaka e Takeuchi (1997) em transformar um tema complexo como o do conhecimento em um conjunto de regras operacionais manualizadas, em uma sequência de procedimentos instrucionais ao alcance de qualquer gestor disposto a administrar o conhecimento com se este fosse um estoque de ativos com possibilidades de gerar maiores rendimentos. Das abordagens gerencialistas pode-se extrair o óbvio: para a concretização da criação do conhecimento o ser humano é a peça chave, pois dentro dos modos de conversão, a externalização é considerada a de mais difícil alcance pelo fato de converter o conhecimento tácito, o conhecimento que está na mente das pessoas em conhecimento explícito, aquele que estará disponível a todos. Para se conseguir todos os modos de conversão é necessário que a organização proporcione um ambiente favorável para esse processo, o que Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001), denominaram de “contexto capacitante”. 44 Porém de acordo com os artigos utilizados para elaboração desse estudo, percebe-se que algumas empresas utilizadas como caso empírico de pesquisas não proporcionam o “contexto capacitante” ou então este fato não é mencionado. Portanto, o óbvio parece ser mais uma lógica formal do que uma prática empírica. Isso poderá ser visto mais de perto no capítulo 3, no que se refere à análise dos artigos. 2.3 A TEORIA DA GESTÃO DO CONHECIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES Este tópico trata dos principais conceitos referentes à Gestão do Conhecimento, apresentando definições, características, importância e suas variáveis. Apresenta também as mudanças que estão ocorrendo na competição intercapitais, obrigando as empresas adotarem uma postura diferenciada no que tange ao “capital intelectual dos funcionários” e a importância da “administração do conhecimento no contexto organizacional”, segundo seus ideólogos. 2.3.1 Mudanças e Gestão do Conhecimento De acordo com Faria (2011a), a sociedade encontra-se em um processo histórico de mudanças permanentes, o que interfere relativamente no cotidiano das pessoas e das organizações. São mudanças na economia, nas tecnologias, na política, na cultura, nos campos jurídico e ideológico. Portanto, trata-se de um processo contido no próprio desenvolvimento das forças produtivas e não, como desejam os ideólogos do capital, no mercado. As mudanças organizacionais entendidas como alterações efetuadas pela administração na situação, processo ou ambiente de trabalho, são condicionadas pelas relações sociais e de produção. Assim, a concepção dos teóricos gerencialistas sobre esta relação dinâmica da sociedade tende a ser centrada na capacidade de resposta da organização ao ambiente, em uma espécie de ilha organizacional que coloca a empresa no centro do mundo cercada de meio ambiente por todos os lados. A empresa lidaria com o mundo na forma de uma adaptação semi-autônoma, graças aos gestores. De fato, Choo (2003) afirma que a sobrevivência da empresa depende de sua habilidade em processar informações sobre o meio ambiente e tornar essas informações em conhecimento que permitam que a organização consiga se adaptar às mudanças. As mudanças que acontecem no ambiente proporcionam informações significativas e as empresas devem coletar, interpretar e disseminar essas informações objetivando reduzir as incertezas. 45 Daft e Weick (1984), afirmam que algumas organizações assumem uma “postura ativa”, ou seja, “monitoram o ambiente” constantemente em busca de informações e respostas. Mas existem as organizações que assumem uma “postura passiva” que “aceitam as informações” que o ambiente lhes fornece. Esse monitoramento pode ser considerado uma maneira da empresa antever às mudanças que podem surgir e utilizar uma das suas principais ferramentas estratégicas, o conhecimento para sua sobrevivência. Vê-se assim, como o conhecimento entra nesta relação, ou seja, como recurso. Para Prahalad e Hamel (2000), nesta mesma linha do conhecimento como recurso estratégico, as organizações devem monitorar seus ambientes para buscar informações que possibilitem uma interpretação do que possa vir ser o portfólio de conhecimento que a organização necessita. Esta concepção é explícita em autores como Davenport e Prusak (1998), quando afirmam que as empresas que conseguem sobreviver neste mercado em constante mudança, dinâmico, são as que têm o conhecimento como principal recurso estratégico. O resumo desta ideologia é que em uma economia onde a única certeza é a incerteza, ou seja, que sempre haverá mudanças, apenas o conhecimento é considerado fonte segura de vantagem competitiva. Daí seguem as argumentações. Para os gerencialistas e ideólogos, os mercados mudam, novas tecnologias surgem a todo momento e proliferam sistematicamente, a concorrência se multiplica e os produtos se tornam obsoletos de um dia para outro. As empresas que conseguem sobreviver a todas essas mudanças são aquelas que criam novos conhecimentos, os disseminam por toda a organização e incorporam às novas tecnologias. Essas empresas são chamadas pelos teóricos da gestão de “empresas criadoras de conhecimento” ou de “organizações do conhecimento”. Daí deduz que épocas de incerteza obrigam as empresas a buscar cada vez mais o conhecimento dos indivíduos na organização. A teoria gerencialista reconhece que nas empresas de um século atrás, todo o conhecimento se concentrava nas pessoas que ocupavam posições no topo da hierarquia. Os demais membros eram apenas mão-de-obra, que na maioria das vezes executavam as mesmas tarefas, conforme as instruções recebidas. Assim era o modelo taylorista-fordista. Para tais teóricos do capital, nas organizações atuais, inseridas nesse novo século e nesse novo contexto, o conhecimento se situa na empresa como um todo, não simplesmente no topo, mas também na base. Todos os 46 membros têm sua responsabilidade na execução das atividades, pois são dotados de conhecimentos. As empresas têm que reconhecer esses conhecimentos existentes para saber aproveitá-los. A “descoberta” destes teóricos pode ser atribuída à ignorância filosófica e científica de Taylor, Ford e demais representantes da Organização Científica do Trabalho (FARIA, 2004). Drucker (2000) afirma que na “nova economia”, o conhecimento não é apenas mais um recurso, ao lado dos tradicionais fatores de produção como trabalho, capital e terra, mas o único recurso de importância. É muito mais que apenas um recurso, é o que o torna singular na nova sociedade. Toffler (1990) concorda com Drucker quando afirma que o conhecimento é a fonte de poder de mais alta qualidade e a chave para a futura mudança do poder. Ele acredita que o conhecimento é o substituto de outros recursos. Esses autores entendem que o futuro pertence às pessoas que detêm o conhecimento. Para Drucker (2000), o mundo está vivendo uma era que ele intitulou de “sociedade baseada no conhecimento”, tendo o trabalhador do conhecimento como o maior ativo. O “trabalhador do conhecimento”3 é aquele que sabe alocar o conhecimento para uso produtivo, da mesma forma que os capitalistas sabiam alocar o capital para esse mesmo fim. O conhecimento é o único recurso econômico da sociedade do conhecimento. A construção e a utilização do conhecimento são desafios para as empresas. Conhecimentos e experiências se encontram dispersos nas organizações, basta que elas sejam capazes de localizá-los. Essa mudança, ou seja, a transição de sociedade industrial para uma sociedade em que o conhecimento é o principal fator de riqueza, também foi mencionada por Crawford (1994) aponta algumas características dessa mudança, a saber: a) crescente automação do trabalho; b) aumento da “indústria de serviços”, incluindo saúde, educação e tecnologia (softwares); 3 c) maior quantidade de pequenas e medias empresas; d) o envelhecimento da população; Faria (2009, p.53) chama o “trabalhador do conhecimento” de “cognitariado”. 47 e) ênfase em pesquisa e educação. É neste cenário que cresce em importância a questão da GC, antes restrita aos grupos de ciência e tecnologia e profissionais de pesquisa e desenvolvimento. (FLEURY; OLIVEIRA, 2001). 2.3.2 Conceitos de Gestão do Conhecimento Muitos pesquisadores tentaram definir a GC. Alvarenga Neto e Souza (2003) mencionam que talvez para melhor ilustrar a GC é preciso utilizar seus conceitos complementares, como Capital Intelectual e Inteligência Competitiva. Além desses conceitos, A GC tem sido tradicionalmente associada aos conceitos de criatividade, inovação e compartilhamento, e engloba conceitos oriundos de teorias da gestão empresarial da chamada era neoclássica da administração como endomarketing, qualidade total, reengenharia, downsizing e de estratégias como comércio eletrônico e as Learning Organizations. (ALVARENGA NETO; SOUZA, 2003, p.5). A proposta dos autores para compreensão da GC é expressa por três pilares: (i) o modelo proposto por Choo (1998), (ii) a ideia do contexto capacitante sugerida por Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) e (iii) a metáfora do guarda-chuva. O modelo de Choo (1998) sugere que as organizações do conhecimento atuam em três arenas, construção de sentido, criação do conhecimento e tomada de decisão. Para Choo (1998), na etapa de construção de sentido o objetivo a curto prazo é o de permitir aos membros da organização construção do entendimento sobre a empresa, isto é, o que ela é e o que faz. O objetivo de longo prazo é que a empresa se adapte e se mantenha prosperando no ambiente dinâmico. QUADRO 02 - ETAPA DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDO Necessidade de informação Busca de informação - Quais são as novas - Análise ambiental tendências? - Sistema de informações - Quais são as - Pesquisas competências dos concorrentes? - Os que os clientes valorizam? FONTE: Adaptado de Alvarenga Neto e Souza (2003) - Uso da informação Redução de incerteza Construção de conhecimento compartilhado Processo decisório A segunda etapa, a da criação do conhecimento, refere-se à criação, aquisição, organização e processamento da informação pelas organizações com o 48 intuito de gerar novo conhecimento por meio da aprendizagem organizacional. Esse novo conhecimento auxilia a organização a desenvolver novas habilidades e capacidades. Choo (1998) apresenta uma analogia entre os modelos de criação de conhecimento. QUADRO 03 - ETAPA DA CRIAÇÃO DE CONHECIMENTO Processo de conhecimento Fases de conversão do (Wikstrom & Normann) conhecimento (Nonaka e Takeuchi) - Processos gerativos: - Partilhar o conhecimento geram novos tácito conhecimentos - Criar conceitos Processos produtivos: operacionalizam novos conhecimentos - Processos representativos: difundem e transferem novos conhecimentos FONTE: Choo (1998) - - Justificar conceitos Construir um arquétipo - Disseminar o conhecimento Atividades de construção do conhecimento (Leonard-Barton) - Solução compartilhada de problemas - Experimentação e prototipagem - Implementação e integração de novos processos e ferramentas - Importação do conhecimento O pilar de Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001), indica que “a gestão no contexto capacitante significa a promoção de atividades criadoras de conhecimento em nível organizacional.” E a metáfora do guarda-chuva apresenta vários temas que se inter-relacionam, como gestão estratégica da informação, gestão do capital intelectual, aprendizagem organizacional, inteligência competitiva, dentre outros. Alvarenga Neto (2005) apresenta a proposta integrativa da GC, no qual estão inseridos a metáfora do “guarda chuva conceitual da GC” e o modelo de Choo (1998). A metáfora do guarda-chuva conceitual da GC pressupõe que debaixo do mesmo, vários temas, idéias, abordagens e ferramentas gerenciais são contemplados, destacando o capital intelectual, aprendizagem organizacional e inteligência competitiva. Para os autores Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) qualquer atividade desenvolvida em organizações da chamada “era da informação” se relacionam à GC e necessitam de um contexto capacitante para sua inter-relação. A inter-relação desses vários temas é que possibilita e efetiva GC. O feedback do modelo se dá pela classificação dos temas inseridos no guarda-chuva de Choo (1998), tendo o contexto capacitante a “ponte” entre a estratégia e a ação. 49 FIGURA 04 - PROPOSTA DE MAPEAMENTO CONCEITUAL INTEGRATIVA DA GC FONTE: Alvarenga Neto (2007) Angeloni (2002), afirma que a GC é um processo moderno e sistemático, articulado e intencional, apoiado na geração, codificação, disseminação e apropriação de conhecimentos e habilidades, com o propósito de atingir a excelência organizacional. Para Angeloni (2002), as empresas estão preocupadas em descobrir como alcançar resultado por meio da GC contida na experiência, conhecimento e habilidades de seus membros. Cabe à GC integrar esses conhecimentos em torno dos objetivos organizacionais. Esse processo envolve criar novos conhecimentos, mas também melhor utilizar os que já foram disseminados dentro da organização. Segundo Leonard-Barton (1998), para a empresa gerir conhecimento é necessário primeiramente entender as aptidões estratégicas da empresa, isto é, deve identificar as competências que não podem ser facilmente imitadas, constituindo sua vantagem competitiva. Baseando-se nisso, Malhotra (1998) citado por Tomael (2005), propõe uma definição da GC que move o pensamento dos executivos por meio de uma visão estratégica sistemática, que provê aspectos de adaptação, sobrevivência e competência organizacional, incluindo processos organizacionais que procuram 50 combinar sinergicamente a capacidade de processar dados e informações empregando a tecnologia da informação aliada à aptidão criativa e inovadora dos seres humanos. A gestão do conhecimento está centrada no envolvimento das pessoas com os processos organizacionais, na distribuição da informação e na troca de experiências. É uma forma de se relacionar e incentivar a busca e a troca de competências, gerindo pessoas para o compartilhamento, mediante a união de esforços e a crença de que, com o compartilhamento, se ganha mais do que se perde (TOMAEL, 2005, p.62). Shin, Holden e Schimidt (2001) citado por Tomael (2005), entendem que a tarefa da GC é identificar e facilitar a utilização do conhecimento tácito que é profícuo quanto se torna explícito. Moreira (2005), afirma que “o foco da GC é o conhecimento possuído pelos indivíduos atuantes nas organizações e expresso pelas ações dos mesmos e pelos resultados dessas ações.” Moreira (2005) apresenta alguns conceitos de GC: QUADRO 04 - REVISÃO DOS CONCEITOS DE GC PRESENTES NA LITERATURA Autores Conceitos Processo de criação, organização e transferência do conhecimento àqueles que dele necessitam para agir. Maria das Graças Murici (2001) Gerenciamento dos fluxos do conhecimento. Ferramenta utilizada para auxiliar as organizações a atingirem seus objetivos. Thomas Davenport & Laurence Prusak Processo de captura, distribuição e utilização do conhecimento. (1998) Gilbert Probst, Steffen Raub & Kai Gerenciamento da identificação, aquisição, desenvolvimento, Romhardt (2002) partilha/distribuição, utilização e retenção do conhecimento. Organização e sistematização dos processos de captação, geração/criação, análise tradução, transformação, modelização, E-Consulting Corp. (2004) armazenagem, disseminação, implantação e gerência da informação e sua transformação em conhecimento. Processo de estímulo à conversão do conhecimento. A GC deve Maria Antonieta Rosatto (2003) estar alinhada à estratégia da organização. A GC deve ser apoiada pela alta gerência e a ela prestar contas. GC visa à geração de conhecimentos novos a partir da explicitação daqueles tácitos já existentes, incorporados aos Rosa Maria Quadros Nehmy (2001) processos de trabalho dos indivíduos. GC formada por sete dimensões: 1) definição dos conhecimentos prioritários à organização; 2) busca da inovação, experimentação e aprendizagem contínuos; 3) estrutura José Claudio Cyrineu Terra (1999) organizacional; 4)política de administração de recursos humanos; 5) entendimento de como as novas tecnologias da informação e comunicação afetam o conhecimento; 6) mensuração de resultados e 7) aprendizagem com o ambiente. Karl-Erik Sveiby (1998) Arte de criar valor a partir dos ativos intangíveis. FONTE: Adaptado de Moreira (2005) Diante do exposto, verifica-se que o principal objetivo da GC é o de criar, armazenar, disseminar e utilizar o conhecimento para atingir os objetivos da 51 organização. Segundo os diversos autores mencionados, a GC tem como principal foco o indivíduo e o grupo, pois o conhecimento e sua produção pertencem aos mesmos, ou seja, a GC pode ser entendida como gestão com foco no conhecimento, sendo este considerado como um recurso estratégico e de fator de competitividade. Verifica-se, ainda, que dentro do campo da GC, um dos grandes desafios das organizações é o de fazer com que o conhecimento, principalmente o conhecimento pertencente ao ser humano, denominado pelos autores conhecimento tácito, seja compartilhado conhecimentos. dentro da organização objetivando a criação de novos 52 3 A PRODUÇÃO ACADÊMICA EM GESTÃO DO CONHECIMENTO NO BRASIL: 2000 A 2010 Este capítulo apresenta os resultados obtidos na coleta e análise dos resultados. A coleta de dados realizou-se por meio de um levantamento sobre as produções acadêmica publicadas nas principais revistas (RAC, RAE e RAP) e congressos na área de administração (ANPAD) no período de 2000 a 2010, que abordaram o tema Gestão do Conhecimento. O objetivo deste levantamento foi o de identificar e avaliar as expressões conceituais sobre o tema. O quadro a seguir apresenta a quantidade de artigos que abordaram sobre os temas GC, conhecimento e conhecimento tácito que foram publicados nos eventos e em seus respectivos anos. QUADRO 05 - QUANTIDADE DE ARTIGOS PUBLICADOS NOS EVENTOS E REVISTAS DA ANPAD Evento Ano Quantidade de artigos ENADI 2007 11 ENADI 2009 4 ENANPAD 2001 2 ENANPAD 2002 3 ENANPAD 2006 7 ENANPAD 2007 12 ENANPAD 2008 9 ENAPAD 2009 7 ENAPAD 2010 3 ENPGR 2007 1 RAC 2003 1 RAC 2004 1 RAC 2006 1 RAC 2009 1 ERA 2002 1 ERA 2003 1 ERA 2004 1 ERA 2005 1 RAP 2008 1 TOTAL 68 FONTE: A autora (2011) Conforme mencionado anteriormente, foi realizada uma pesquisa ao site da ANPAD (www.anpad.org.br) com o intuito de verificar e extrair artigos, bem como 53 outros periódicos, visando fazer um levantamento de todos os tipos de publicações que foram feitas no período de 2000 a 2010 que abordassem os temas objetos de estudo desta dissertação. Em respostas a essa pesquisa foram encontrados 91 (noventa e um) artigos. Após a leitura dos resumos e palavras-chave, extraiu-se 68 que possuem embasamentos teórico e metodológico para darem suporte à pesquisa. Todos os 68 artigos foram então, estudados detalhadamente. Vale ressaltar que a partir de 2006 houve um aumento significativo de artigos publicados nos encontros da ANPAD, o que não ocorre em relação aos artigos publicados nas revistas. O quadro a seguir apresenta os autores mais citados nos artigos principalmente no que tange à GC e ao conhecimento como um todo. QUADRO 06 - AUTORES MAIS UTILIZADOS COMO REFERÊNCIAS NOS ARTIGOS Autores Quantidade de artigos Nonaka e Takeuchi 46 Davenport e Prusak 34 Terra 19 Sveiby 11 Polanyi 10 Stewart 8 Peter Drucker 8 Choo 7 Leonard-Barton 6 Vonkrogh, Ichijo e Nonaka 6 Grant 6 Gold, Malhotra e Seagars 5 Santos et AL 5 Bucowitz e Williams 4 Alvarenga Neto 4 McCampbell et AL 4 Fleury e Oliveira Jr. 4 Argyris FONTE: A autora (2011) 4 Para essa análise, utilizou-se como critério a apresentação dos autores mais referenciados. Estão apresentados no quadro acima os autores que foram citados em quatro ou mais artigos, pois por se tratar de temas que possuem várias ramificações, foram utilizados diversos outros autores que embora tenham sido 54 utilizados pelos autores dos artigos, não têm “expressividade” para a análise deste estudo. Como pode ser verificado, os autores Nonaka e Takeuchi foram os mais citados nos artigos, seguidos de Davenport e Prusak, Terra, Sveiby e Polanyi. Porém, neste momento, evidenciou-se uma situação intrigante, pois como indicado no inicio deste estudo, as obras do autor Polanyi serviram de alicerce teórico para os demais autores, entretanto o mesmo foi citado em menor proporção que estes. Para melhor entendimento, o quadro a seguir apresenta a utilização principalmente do autor Michael Polanyi pelos autores mais citados. QUADRO 07 - UTILIZAÇÃO DE AUTORES EM OBRAS Obras Autores Polanyi Nonaka e Davenport Takeuchi e Prusak Terra Sveiby Nonaka e Takeuchi x - - - Davenport e Prusak x X - - - Terra x X x - x Sveiby FONTE: A autora (2011) x X - - - Diante do exposto, confirma-se que os autores mais citados utilizaram o trabalho de Polanyi para a construção de suas obras. Porém, se analisados os dois quadros anteriores concomitantemente, verifica-se que os autores dos artigos apropriaram do conhecimento de Polanyi por “intermediários”, ou seja, absteram-se da origem dos conceitos (conhecimentos tácito e explícito) e os “enxergaram” pelas lentes dos autores mais citados. Conforme observa Faria (2011a) trata-se do “efeito apud”, ou seja, são atribuídos a um autor idéias que na realidade pertencem a outro autor. Todos os autores mencionados no quadro 7 abordaram a GC em si, bem como o conhecimento, criação e disseminação do conhecimento. O quadro a seguir apresenta uma melhor dimensão da abordagem dos temas de acordo com os autores. 55 QUADRO 08 - AUTORES E ABORDAGENS DOS TEMAS GC Criação do conhecimento Alvarenga Neto X X Argyris X Bucowitz e Williams X Choo X Davenport e Prusak X Fleury e Oliveira Jr. X Gold, Malhotra e Seagars X Grant X Leonard-Barton X McCampbell et AL X Nonaka e Takeuchi X Peter Drucker X Autores Conhecimento (tácito/explícito) X X X X X X X X Polanyi X Santos et AL X Stewart X X Sveiby X X Terra X X Vonkrogh, Ichijo e Nonaka X Wiig FONTE: A autora (2011) X X X De acordo com o quadro anterior, verifica-se que três conjuntos de autores abordaram todos os temas deste estudo. Considera-se então, que vale mencionar os principais conceitos que os mesmos utilizam em seus trabalhos sobre os temas abordados neste estudo, ressaltando que estes foram extraídos dos artigos analisados. 56 QUADRO 09 - PRINCIPAIS ABORDAGENS E CONCEITOS SOBRE GC Gestão do Conhecimento Autor Artigo (conceito) A propriedade “Modo ou sistema usado para capturar, Peter intelectual como analisar, interpretar, organizar, mapear, e Drucker elemento da Gestão difundir a informação, para que ela seja útil e (1998) do Conhecimento: o esteja disponível como conhecimento.” que compartilhar A propriedade “Processo sistemático de identificação, intelectual como Santos et al criação, renovação e aplicação dos elemento da Gestão conhecimentos que são estratégicos na vida (2005) do Conhecimento: o de uma organização.” que compartilhar “Capacidade das empresas em utilizarem e combinarem as várias fontes e tipos de A propriedade conhecimento organizacional para intelectual como Terra desenvolverem competências específicas e elemento da Gestão capacidade inovadora, que se traduzem (2000) do Conhecimento: o permanentemente, em novos produtos, que compartilhar processos, sistemas gerenciais e liderança de mercado.” “É a arte de criar valor alavancando os ativos Gestão do intangíveis. Para conseguir isso, é preciso ser conhecimento: o Sveiby capaz de visualizar a empresa apenas em conhecimento como (1998) termos de conhecimento e fluxos de fonte de vantagem conhecimento.” competitiva. Portais corporativos: Bukowitz e “Processo pelo qual a organização gera uma ferramenta para Williams gestão do riqueza a partir de seu conhecimento ou conhecimento sobre capital intelectual.” (2002) clientes “É o esforço para aumentar a eficiência dos Uma avalição de mercados do conhecimento. O conhecimento Davenport e soluções de software não se torna um ativo corporativo valioso nas Prusak organizações enquanto este não estiver de CRM sob a ótica acessível e quanto maior o grau de sua da gestão do (1998) conhecimento. acessibilidade, maior o valor deste para as organizações.” “Constitui-se pela contínua redefinição da Diferenças na gestão proposta organizacional e de como fazer as do conhecimento coisas da organização, de forma a minimizar o entre os níveis McCampbell tempo de resposta aos participantes da gerencial e corporação, com a utilização do conhecimento et al operacional: aspectos criado quando da execução da ação do (1999) de criação, conversão negócio. [...] refere-se a uma ação estratégica utilização e proteção de criação de processos que identificam, do conhecimento. capturam e alavancam o conhecimento.” “É algo metafórico, que faz alusão à promoção de um ambiente rico em troca de saberes e de atividades criadoras de conhecimento, este ambiente é denominado de contexto capacitante. “Conjunto de atividades voltadas para a promoção do conhecimento organizacional, possibilitando que as organizações e seus colaboradores possam sempre se utilizar das melhores informações e dos melhores conhecimentos disponíveis, com vistas ao alcance dos objetivos organizacionais e maximização da competitividade. FONTE: A autora (2011) Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) O papel de um centro de informações no processo de gestão do conhecimento de uma escola de negócios – um estudo de caso. Alvarenga Neto (2005) O papel de um centro de informações no processo de gestão do conhecimento de uma escola de negócios – um estudo de caso. Autores do artigo - Isamir Machado de Carvalho - Viviane Muniz Veras - Isamir Machado de Carvalho - Viviane Muniz Veras - Isamir Machado de Carvalho - Viviane Muniz Veras - Ricardo Lanna Campos - Francisco Vidal Barbosa - Iraja Noble Junior Cristiane Drebes Pedron - Laura Aguiar Ferreira - Leonardo Lemos S. Santos. - Marcia Zampieri Grohmann - Gilmar Luiz Colombelli - Maria B. A. S. Alves - Jorge T. R. Neves - Maria B. A. S. Alves - Jorge T. R. Neves 57 QUADRO 10 - PRINCIPAIS ABORDAGENS E CONCEITOS SOBRE CONHECIMENTO Conhecimento (conceito) Autor Artigo - Conhecimento tácito é aquele que está na mente das pessoas, possuindo forte ligação com a experiência de cada indivíduo, difícil de ser compartilhado e dependente da história de vida de cada um, de seus valores e modelos mentais. Nonaka e Takeuchi (1997) Gestão da criação de conhecimento na indústria criativa de software. - Autores do artigo Marcos A. Gaspar Denis Donaire Maria C. M. Silva Carolina F. M. Maia Eduardo Vilas Boas. “Conhecimento explícito é aquele que pode ser codificado em algo formal, estruturado e sistemático, sendo facilmente comunicado, compartilhado e acessível a outras pessoas. Conhecimento tácito, altamente pessoal e difícil de formalizar, é baseado nas ações e experiências de um indivíduo, ou seja, criado aqui e agora em um contexto prático e específico.” Nonaka e Takeuchi (1997) Fatores relevantes à transferência de conhecimento tácito em organizações: um estudo exploratório. - Luiz Antonio Joia - Bernardo Noronha Lemos. “Todo conhecimento tem um componente tácito e explícito, e de que este grau varia ao longo de continuum. [...] Conhecimento tácito é algo pessoal, uma habilidade ou destreza para se fazer algo ou solucionar um problema, a qual é baseada, em parte na própria experiência e aprendizado. Polanyi apud Grant (2007) Fatores relevantes à transferência de conhecimento tácito em organizações: um estudo exploratório. - Luiz Antonio Joia - Bernardo Noronha Lemos. “Conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores, informação contextual, insight experimentado, o qual proporciona uma estrutura para avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Ele tem origem e é aplicado na mente dos conhecedores. Nas organizações, o conhecimento costuma estar embutido não só em documentos ou repositórios, mas também em rotinas, processos, práticas e normas organizacionais.” Davenport e Prusak (1996) A gestão do conhecimento sob uma perspectiva teórica e de aplicação: o caso da Andrade Gutierrez - João Francisco de Toledo - Sérgio Feliciano Crispim Stewart (1998) Avaliação da gestão do conhecimento em entidades filantrópicas: proposta para uma organização hospitalar. - Romualdo Douglas Colauto - Ilse Maria Beuren “O conhecimento é mais valioso e poderoso do que os recursos naturais, grandes indústrias ou polpudas contas bancárias.” FONTE: A autora (2011) QUADRO 11 - PRINCIPAIS ABORDAGENS E CONCEITOS SOBRE CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO Criação do conhecimento Autor Artigo Autores do artigo - Rodrigo A. S. dos Santos - Roberto Carlos S. Pacheco - Neri dos Santos - Rudimar A. Rocha - Cristiano J. C. A. Cunha. - Rivadávia C. D. Alvarenga Neto “O processo de formação do conhecimento é uma espiral de intenções entre o conhecimento explícito e tácito. [...] A interação entre dois tipos de conhecimento resulta na formação de novo conhecimento.” Nonaka e Takeuchi (1995) Aproximando a engenharia do conhecimento e a gestão do conhecimento: a utilização de novos conceitos no desenvolvimento de sistemas. “Ampliação do conhecimento criado pelos indivíduos, se satisfeitas as condições contextuais que devem ser propiciadas pela organização. Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) Da gênese à revelação – a gestão do conhecimento no contexto organizacional brasileiro: um estudo de caso no centro de tecnologia de Canavieira. FONTE: A autora (2011) 58 Como se pode facilmente deduzir dos quadros 9, 10 e 11, embora a matriz conceitual tenha origem em Polanyi, este foi citado apenas uma única vez e ainda na forma de “apud”. Poder-se-ia especular que o fato de Polanyi não ser citado deve-se ao fato de que seus trabalhos não estão disponíveis em português. Contudo este fato não justifica a ausência de citação. Esta situação confirma a indicação de Faria (2011a) de que se trata de um procedimento chamado de “efeito apud”. Dos trabalhos citados pelos autores dos artigos, listados nos quadros 9,10 e 11, todo “beberam na fonte” de Polanyi, mas acabaram levando o mérito da produção do conceito como se eles fossem seus proponentes originais. A falta de reconhecimento da proposição original é um problema grave na área acadêmica. Nota-se, também, que os autores dos artigos abordaram os temas relacionando-os aprendizagem a outros, tais organizacional, como proteção do conhecimento, intercâmbio de conhecimento, cluster, competências, dinâmicas industriais, inovação, desenvolvimento de novos produtos, propriedade intelectual, capital intelectual, mapa do conhecimento, TI, frameworks, gestão de pessoas, internacionalização entre outros. Outro aspecto de elevada importância para este estudo é verificar se os conhecimentos tácito e explícito foram reconhecidos e trabalhados nas teorias sobre GC abordadas nos artigos. Os quadros a seguir apresentam o resultado do levantamento. QUADRO 12 - ANÁLISE DO CONHECIMENTO TÁCITO NA GC Conhecimento Reconhece e Reconhece e não Não reconhece e Tácito na trabalha trabalha trabalha GC 20 31 Não reconhece e não trabalha 17 FONTE: A autora (2011) QUADRO 13 - ANÁLISE DO CONHECIMENTO EXPLÍCITO NA GC Conhecimento Reconhece e Reconhece e não Não reconhece e Explícito na trabalha trabalha trabalha GC 28 31 Não reconhece e não trabalha 9 FONTE: A autora (2011) Diante destes quadros, verifica-se que os conceitos das dimensões tácitas e explícitas do conhecimento são reconhecidas na maior parte das obras. Porém, quando se analisa as duas dimensões separadamente (quadros 12 e 13), nota-se que o conceito de conhecimento tácito é trabalhado em 27% e o de conhecimento explícito em 42% dos artigos analisados. Os dados indicam que entre os artigos de autores que estudam o tema da GC, 73% não trabalham com a dimensão do 59 conhecimento tácito, sendo que dentre estes 35% sequer a reconhecem. Isto permite sugerir que o tema da GC é estudado fundamentalmente de forma unidimensional, especialmente no aspecto do conhecimento disponível. Portanto, ainda que a proposta da GC seja a de transformar o conhecimento em recurso estratégico para a competitividade através de seu controle e apropriação, os estudos sobre o mesmo, ao valorizarem a dimensão explícita, indicam que ainda se está longe desta meta. Há, portanto um bom espaço de autonomia para os empregados das empresas. Essa análise confirma a hipótese formulada para este estudo, as pesquisas sobre GC estão voltadas predominantemente para o conhecimento explícito, e ainda que o tácito seja mencionado em diversas obras, o mesmo não é trabalhado. Dentre os autores apresentados verifica-se que Nonaka e Takeuchi são os mais referenciados na literatura, seus estudos foram alicerçados em Polanyi para a classificação da tipologia do conhecimento: conhecimento tácito e conhecimento explícito. O explícito que pode ser expresso em palavras, números, é formal e por isso mais fácil de ser comunicado ou compartilhado; o tácito, que é difícil de ser comunicado, transmitido e compartilhado, é altamente pessoal. Nonaka e Takeuchi, a partir da tipologia do conhecimento, elaboraram o que entitulam “conversão do conhecimento” e “criação do conhecimento”. Eles mencionam que as possíveis interações do conhecimento tácito com o explícito podem ser realizadas por meio dos quatro modos de conversão: socialização, externalização, internalização e combinação. Davenport e Prusak também tiveram uma quantidade significativa de citações na literatura. Eles mencionam que o tema conhecimento não é novidade, pois este já possuía sua valorização antes mesmo das primeiras menções à terminologia GC. Porém, para eles a temática do gerenciamento do conhecimento é algo inovador e necessário para as organizações, tendo a GC, a geração, codificação e transferência do conhecimento como um conjunto de atividades vinculadas. Davenport e Prusak afirmam que a noção da importância do conhecimento nas organizações, que corresponde a um ativo intangível, irá propiciar a elaboração de metas estratégicas mais amplas, tendo como exemplo o resultado das organizações que utilizaram do conhecimento no seu processo de aprendizagem organizacional. 60 Outro autor que teve sua importância destacada foi Sveiby que direciona seu estudo da GC para o conhecimento do ser humano, que ele chama de ativo intangível. Seu objetivo é a valorização desse ativo na organização. Já Terra vincula a GC com competência e capacidade inovadora. Os demais autores analisados agregam algumas abordagens e informações sobre o tema, mas nada que acrescente ao essencial da análise que se encontra em Polanyi, Nonaka e Takeuchi, Davenport e Prusak, Sveiby e Terra. Embora se fale muito em GC, alguns autores como Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001), afirmam que não se gerencia o conhecimento, apenas capacita-se para o conhecimento. Como observa Faria (2011a), o gerenciamento da capacitação do conhecimento é a forma mais aguda de controle e seleção do que deve ser conhecido pelos trabalhadores em benefício da organização. Esta observação aparentemente singela de Von Krogh, Ichijo e Nonaka (2001) é bastante reveladora da prática da dominação nas organizações. Essa abordagem da gestão da capacitação é também mencionada por Alvarenga Neto (2005, 152), que conclui que não se gerencia o conhecimento, apenas se promove ou se estimula o conhecimento através da criação de um contexto organizacional favorável”. E complementa que “a gestão do conhecimento assume o significado de uma gestão de e para o conhecimento. Em ambos os casos, como se pode notar, o projeto da organização é o que prevalece. Na leitura da literatura acadêmica, três autores chamaram atenção devido à critica que fazem à GC. Os primeiros, Ajamal e Koskinen (2008) 4 apud Macau, Muranot e Nakagawa (2009, p. 2) entendem que: Na transferência de conhecimento sobre uma perspectiva de cultura organizacional, onde a gestão do conhecimento é freqüentemente insuficiente. [...] O conhecimento criado num projeto é posteriormente omitido ou perdido, fruto muito mais de fatores culturais do que de negligências tecnológicas. Outra crítica à GC foi feita por Stacey (2001) citado por CASTRO; OLIVEIRA JR. (2008, p.4), que afirma que a GC é “inconcebível”. No seu ponto de vista: 4 AJMAL, M. M.; KOSKINEN, K. U. Knowledge transfer in project based organizations: an organizational culture perspective. Project Managemente Journal, March, 2008. 61 O conhecimento emerge numa conversação entre humanos, não é uma coisa em si. É um processo contínuo de entendimento, em que este só surge se houver interação. Não é possível, por isto, controlar o saber, nem geri-lo. [...] É impossível transformar conhecimento tácito em conhecimento explícito. [...] A discussão sobre gestão do conhecimento é um modismo. Já Vasconcelos (2001), observa que para se gerir conhecimento seria imprescindível antes a gestão da ignorância, ou seja, antes de gerenciar o conhecimento seria salutar a gestão do que não se sabe (ignorância). Ainda que esta observação pareça interessante, o mesmo decorre ou de um sofismo ou de uma concepção equivocada, segundo o qual há uma certeza de que se sabe o que se acredita que se sabe e que, portanto, a ignorância (não saber) é um vazio a ser preenchido de forma bancária, como criticava Paulo Freire, por um saber gerenciável. 62 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta pesquisa teve como objetivo principal estudar como a Gestão do Conhecimento é concebida nos estudos acadêmicos brasileiros, no que se refere ao conhecimento tácito e explícito. De acordo com as obras consultadas, entende-se que o conhecimento é criado por indivíduos de maneira coletiva5. A organização não consegue criar conhecimento sem indivíduos. Para tanto, deve motivá-los, apoiá-los e proporcionar condições para a criação do conhecimento. E nesse contexto surge a GC. A GC pode ser considerada, nestas obras, como uma busca de equilíbrio entre a utilização das experiências adquiridas e a exploração de novos conhecimentos. Essa busca pode ser proporcionada através criação de uma ambiente que favoreça a comunicação e as condições necessárias à criação, transferência e compartilhamento do conhecimento. Segundo os diversos autores aqui estudados, pode-se afirmar que a GC permeia as relações dentro da organização (interligando a GC a outros temas como TI, cluster, aprendizagem organizacional, etc.), corroborando a certeza de que o conhecimento é o principal recurso da organização e também um expressivo potencializador de outros recursos (novos conhecimentos, novos produtos). Para Faria (2011 a) “estas concepções gerencialistas dos ideólogos do capital conseguem transformar algo que é da condição humana em um simples recurso estratégico para a competitividade empresarial. A reificação desumanizadora, com anos de ciência, não é senão a reafirmação do poder e do controle do capital sobre os processos e a organização do trabalho.” Esta pesquisa também indicou que ainda existem muitas lacunas a serem discutidas no que ser refere à GC do ponto de vista da própria GC. Verifica-se que são diversos os autores que abordam o assunto, porém nota-se que a GC encontrase ainda em processo de construção. Isso pode ser confirmado pela quantidade ainda incipiente de obras publicadas sobre o tema, tendo acontecido uma maior 5 A rigor, a criação é coletiva, social e histórica. Contudo, esta não é a interpretação dos autores da área de estudos organizacionais, especialmente os de concepção gerencialista. 63 frequência a partir de 2006 nas publicações do ENANPAD, seguida de certa redução em 2010 no mesmo encontro. Outro dado que permite essa afirmação encontra-se nas referências utilizadas nas publicações, isto é, em quase todos os artigos verificase o predomínio dos mesmos autores, salvo os que abordaram um estudo de caso de alguma empresa de ramo de atuação definido em que foram inseridos alguns outros autores com abordagens específicas. Alguns dos artigos pesquisados não tratam do tema GC propriamente dito, mas correlacionam-no com outras áreas de pesquisa. Verificou-se que em um universo de 68 (sessenta e oito artigos) apenas 7 (sete) tratavam do tema de maneira teórica. Os demais trataram do tema por meio de pesquisas empíricas, principalmente utilizando-se de estudo de caso. Um fato importante e necessário de ser mencionado, é que durante o período de estudo dos artigos constatou-se que muito se fala que compartilhamento, conversão, transferência e criação do conhecimento podem ser conseguidos por meio de um ambiente favorável. Porém não se explicita como alcançar efetivamente tal ambiente, especialmente quando se afirma que o conhecimento principal de uma organização é o tácito, ou seja, o que pertence ao ser humano, que está alojada na mente das pessoas. Se esse conhecimento está na mente das pessoas, seria apenas um contexto capacitante suficiente para torná-lo explícito? Entende-se aqui, como sugere Faria (2011a), que “a explicitação do conhecimento tácito requer muito mais do que um contexto capacitante, pois este processo é bem mais complexo e profundo do que está contido na lógica da capacitação”. Os argumentos que subsidiam os trabalhos estudados possuem, de fato, uma fonte componente operacional. Torna-se necessário mencionar que em muitas obras, tanto o conhecimento tácito como o conhecimento explícito foram citados, mas não explorados, ou mesmo trabalhados. Ainda que tenham sido citados na fundamentação teórica, não foram explorados no estudo de caso. Para a elaboração desta pesquisa, foi determinado qual seria o objetivo principal, mediante o qual, foram traçados os instrumentos teóricos e metodológicos para sua construção. Porém, no decorrer do trabalho, um fato se tornou de extrema relevância. Como citado anteriormente, as obras do autor Michael Polanyi são de 64 significativa importância, pois serviram de embasamento teórico para diversos autores que foram citados no corpo deste trabalho, bem como nos artigos pesquisados. Porém, durante a leitura e análise desses artigos verificou-se que Polanyi não foi utilizado para a elaboração dos mesmos na proporção da importância de suas obras, ou seja, os autores dos artigos utilizaram-se de outros autores que tiverem a construção de suas obras embasadas pelas obras de Polanyi, sem se preocuparem em recorrer à origem. Assim sendo, apropriaram-se do conhecimento de Polanyi por meio de “intermediários”. De acordo com Faria (2011a), este processo pode ser chamado de “efeito apud”, em que a transcrição de conceitos atribuídos a um autor, de fato pertence a outro autor no qual aquele se baseou. O “efeito apud” decorre da superficialidade no trato dos conceitos de leituras através de “intermediários” sem que se vá à fonte original e de consultas apressadas a “textos populares”, enfim decorre de uma absoluta ausência da historicização e da problematização conceitual. Este estudo, portanto, buscou apresentar o estado da arte sobre os estudos de GC principalmente no que tange ao conhecimento tácito e conhecimento explícito nos artigos acadêmicos brasileiras nos últimos dez anos. Acredita-se que esta pesquisa contribuirá de alguma forma para a compreensão sobre com vêm sendo realizados esses estudos no Brasil. Se esta pesquisa conseguiu mostrar como se encontra a produção acadêmica sobre GC levando-se em conta as dimensões tácita e explícita e quais as limitações que a mesma apresenta, então o objetivo proposto foi atingido. 65 REFERÊNCIAS ALVARENGA NETO, R. C. D. A gestão do conhecimento no contexto organizacional brasileiro: um estudo de caso no centro de tecnologia canavieira (CTC). In: Encontro da ANPAD, 31., Rio de Janeiro, 2007. Anais...Rio de Janeiro, 2007. ______. Gestão do conhecimento em organizações: proposta de mapeamento conceitual integrativo. 400 p. 2005. Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005. ALVARENGA NETO, R. C. D.; SOUZA, R. R. A construção do conceito de gestão do conhecimento: práticas organizacionais, garantias literárias e o fenômeno social. In: Encontro da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento, São Paulo, 2003. Anais.... São Paulo, 2003. ANGELONI, M. T. 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Autoria: Ricardo Lanna Campos e Francisco Vidal Barbosa - Gestão do conhecimento: um estudo comparativo Brasil x Estados Unidos Autoria: Wagner Bronze Damiani - Gestão do conhecimento para o processo de inovação: o caso de uma empresa brasileira Autoria: Adelaide Maria Coelho Baêta, Angela Melo Martins, Flavia Maria Coelho Baêta - Avaliação da gestão do conhecimento em entidades filantrópicas: proposta para uma organização hospitalar. Autoria: Romualdo Douglas Colauto, Ilse Maria Beuren - Estudo dos métodos e posicionamento epistemológico na pesquisa de aprendizagem organizacional, competência e gestão do conhecimento. Autoria: Claudia Simone Antonello - Indicadores para o processo de gestão do conhecimento: a visão de especialistas. Autoria: Vanessa Goldoni, Mirian Oliveira - O conhecimento organizacional em equipes virtuais: um estudo de caso na equipe de Help Desk da Copel. Autoria: Sergio Augusto Mota, Joazir Nunes Fonseca - Avaliando o processo de gestão do conhecimento em uma empresa do setor bancário. Autoria: Rodrigo Pinto Leis, Marco V. Zimmer, Lilia Maria Vargas - Gestão do conhecimento na administração pública: estagio de implantação, nível de formalização e resultados das iniciativas do governo federal brasileiro. Autoria: Carlos Olavo Quandt, José Claudio Cyrineu Terra, Fábio Ferreira Batista 72 - Intersecções necessárias entre a gestão estratégica, a gestão do conhecimento e o desenvolvimento organizacional. Autoria: Isabel Cristina dos Santos, Marcio da Silveira Luz - As práticas e ferramentas da gestão do conhecimento auxiliam na gestão da interação universidade-empresa? Fundamentando e apresentando a hipótese. Autoria: Reinaldo Cherumbi Neto - Existe gestão do conhecimento no planejamento de demanda? Um estudo multicasos. Autoria: Andre Eduardo Miranda dos Santos, Silvio Popadiuk - Mapeamento da produção acadêmica em gestão do conhecimento no âmbito do Enanpad: uma análise de 2000 a 2006 Autoria: Jane Lucia Silva Santos, Leonardo Leocadio Coelho de Souza, Gergorio Jean Varvakis Rados, Francisco Antonio Pereira Fialho - Gestão do conhecimento e da informação: revisão da produção cientifica do período de 2000-2005 Autoria: Daniela Giareta Durante, Silvia Augusta Shissi Maurer - A gestão do conhecimento sob uma perspectiva teórica e de aplicação: o caso da Andrade Gutierrez Autoria: João Francisco de Toledo, Sergio Feliciano Crispim - Análise do processo de gestão do conhecimento em uma indústria metal-mecânica: diferenças entre os níveis tático e operacional Autoria: Marcia Zampieri Grohmann, Gilmar Luiz Colombelli - Análise da participação da intranet na criação de conhecimento à luz do modelo 4I; Autoria: Elano Dantas Rodrigues, Érico Veras Marques - O papel de um centro de informações no processo de gestão do conhecimento de uma escola de negócios – um estudo de caso Autoria: Maria Bernadette Amancio de Sá Alves, Jorge Tadeu de Ramos Neves 73 - Da gênese à revelação – a gestão do conhecimento no contexto organizacional brasileiro: em estudo de caso no centro de tecnologia canavieira (CTC) Autoria: Rivadavia Correa Drummond de Alvarenga Neto - Compartilhamento do conhecimento: um estudo sobre os fatores facilitadores Autoria: Gustavo Buoro, Fabio Lotti Oliva, Silvio Aparecido dos Santos - Reflexões teórico-metodológicas para a proposição de um modelo de mapeamento do conhecimento Autoria: Paulo Sergio Altman Ferreira - Gestão do conhecimento organizacional no nível técnico-gerencial de uma empresa: um estudo do Serpro-Recife Autoria: Rezilda Rodrigues Oliveira, Bartolomeu de Figueiredo Alves Filho - Fatores estratégicos para a gestão do conhecimento em uma empresa desenvolvedora de software Autoria: Antonio Furlanetto, Mirian Oliveira - A gestão por competências como precursora da gestão do conhecimento: survey em médias e grandes organizações Autoria: Rodrigo Baroni de Carvalho, Marta Araujo Tavares Ferreira, Zelia Kilimnik - Resultado do levantamento de tendências em gestão do conhecimento no Brasil Autoria: Jaqueline Santos Barradas, Luiz Alberto Nascimento Campos Filho - Criação e difusão do conhecimento no cluster de elastômeros do Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul Autoria: Janine Pohlmann Strauch, Luis Carlos Zucatto - A propriedade intelectual como elemento da gestão do conhecimento: o que compartilhar? Autoria: Isamir Machado de Carvalho, Viviane Muniz Veras 74 - Mapas de conhecimento: em busca de um instrumento de aplicação nas organizações para operacionalização da gestão do conhecimento Autoria: Paulo Sergio Altman Ferreira, Fátima Bayma de Oliveira - Gestão do conhecimento em arranjos produtivos locais estudo de caso do pólo brasileiro de cosméticos de Diadema Autoria: Zacarias Gonçalves de Oliveira Junior, Dagmar Silva Pinto de Castro - Gestão da criação do conhecimento na indústria criativa de software Autoria: Marcos Antonio Gaspar, Denis Donaire, Maria Conceição Melo Silva, Carolina de Fátima Marques Maia, Eduardo Vilas Boas - Contribuição da gestão do conhecimento para a aprendizagem organizacional sob uma abordagem institucional: apontamentos de um estudo de caso em uma indústria vinícola do Rio Grande do Sul Autoria: Samir Adamoglu de Oliveira, Sandra Leandro Pereira - Práticas gerenciais como instrumento de gestão do conhecimento: um estudo de caso comparativo entre empresas certificadas e empresas não certificadas do segmento de rochas ornamentais no Estado do Espírito Santo Autoria: Ivana Emerick de Barros Soares, Ricardo Daher Oliveira, Idália Antunes Cangussu Rezende - Transmissão de conhecimento numa firma de consultoria Autoria: Renata Mitiko Muramoto, Thomas Kiyoshi Longo Nakagawa, Flavio Romero Macau - Análise da criação de conhecimento em clusters industriais: um estudo de caso no setor de biotecnologia Autoria: Dalton Chaves Vilela Junior, Lilia Maria Vargas - A criação de conhecimento em diferentes dimensões no contexto de um cluster industrial: um estudo de caso Autoria: Dalton Chaves Vilela Junior, Corinne Grenier, Lilia Maria Vargas 75 - Análise de modelos de estágios de gestão do conhecimento: o caso de organizações em Portugal e no Brasil Autoria: Mirian Oliveira - Fatores relevantes à transferência de conhecimento tácito em organizações: um estudo exploratório Autoria: Luiz Antonio Joia, Bernardo Noronha Lemos - Espiral do conhecimento em frameworks de gestão do conhecimento: o caso de duas organizações em Portugal Autoria: Mirian Oliveira, Grace Vieira Beeker, Cristiane Drebes Pedron, Felipe Silveira Dalligna - Gestão do conhecimento em multinacionais: o ambiente organizacional como instrumento disseminador Autoria: Julio Araujo Carneiro da Cunha, César Akira Yokomizo, Gustavo de Almeida Capellini - Gestão do conhecimento: orientação para o mercado, inovatividade e resultados organizacionais: um estudo em empresas instaladas no Brasil Autoria: Alex Antonio Ferraresi, Silvio Aparecido dos Santos, José Roberto Frega, Heitor José Pereira - O processo de gestão do conhecimento em redes interorganizacionais: um estudo com empresas juniores de Minas Gerais Autoria: Fernanda Tavares Silva, Moisés Habib Bechelane Maia, Wellington Tavares, Nathália de Fátima Joaquim - Gestão do conhecimento nas escolas técnicas profissionalizantes: as escolas ensinam, mas como será que aprendem? Autoria: Gilmar Luiz Colombelli, Adriana Porto, Graziela Dias de Oliveira - Estado-da-arte sobre a produção cientifica brasileira em gestão do conhecimento: um estudo em periódicos nacionais e nos anais do Enanpad no período de 1997 a 2006 Autoria: Marcos V. Zimmer, Rodrigo Pinto Leis 76 - Investigação sobre gestão do conhecimento, aprendizagem e tecnologia da informação na base Scielo Autoria: Wagner Igarashi, Deisy Cristina Correa Igarashi, Jose Leomar Todesco - Portais corporativos: uma ferramenta para a gestão do conhecimento sobre clientes Autoria: Iraja Noble Junior, Cristiane Drebes Pedron - Aproximando a engenharia do conhecimento e a gestão do conhecimento: a utilização de novos conceitos no desenvolvimento de sistemas Autoria: Rodrigo Antonio Silveira dos Santos, Roberto Carlos dos Santos Pacheco, Neri dos Santos, Rudimar Antunes da Rocha, Cristiano José Castro de Almeida Cunha - Uma avaliação de soluções de software de CRM sob a ótica da gestão do conhecimento Autoria: Laura Aguiar Ferreira, Leonardo Lemos da Silveira Santos - Aspectos críticos ao processo de gestão do conhecimento a partir da decomposição e análise de competências individuais e organizacionais Autoria: Jose Osvaldo de Sordi, Marcia Carvalho de Azevedo - Indicadores para a avaliação da gestão do conhecimento em empresas de desenvolvimento de software Autoria: Vanessa Goldoni, Mirian Oliveira - Diferenças na gestão do conhecimento entre os níveis gerencial e operacional: aspectos de criação, conversão, utilização e proteção do conhecimento Autoria: Marcia Zampieri Grohmann, Gilmar Luiz Colombelli - Percepção dos gerentes acerca do modelo de gestão do conhecimento adotado pelo Serpro Autoria: Maria de Lourdes Fatima Peregrino Maia Alves, Rezilda Rodrigues Oliveira - Avaliação do nexo causal entre a gestão do conhecimento e a certificação ISSO 9001:2000, o porte a localização das empresas 77 Autoria: Juselli de Castro Nazaré, Nadir Salvador, Ricardo Daher Oliveira, Antonio Paula Nascimento, Tania Eliete Alves Oliveira Telles - Atributos para avaliação da qualidade da informação em sistemas de gestão do conhecimento Autoria: Ana Lucia Batista Trindade, Mirian Oliveira - Aspectos críticos da gestão do conhecimento (das pessoas) para a gestão de pessoas Autoria: Adriadne Scalfoni Rigo, Nelson Alves de Souza Filho, Denise Clementino de Souza - Criação de conhecimento nas redes de cooperação interorganizacional Autoria: Alsones Balestrin, Lilia Maria Vargas, Pierre Fayard - Gestão do conhecimento e formação capacidade em bancos Autoria: Ricardo Uhry, Sergio Bulgacov - Gestão do conhecimento e das competências gerenciais: um estudo de caso na indústria automobilística Autoria: Adriane Vieira, Fernando Coutinho Garcia - Gestão do conhecimento usando data mining: estudo de caso na Universidade Federal de Lavras Autoria: Olinda Nogueira Paes Cardoso, Rosa Teresa Moreira Machado - Valores organizacionais e criação do conhecimento organizacional inovador Autoria: Lilian Aparecida Pasquini Miguel, Maria Luisa Mendes Teixeira - Um modelo para o compartilhamento de conhecimento no trabalho Autoria: Helena Correa Tonet, Maria das Graças Torres da Paz - Proposta para avaliação da gestão do conhecimento em entidade filantrópica: o caso de uma organização hospitalar Autoria: Romualdo Douglas Colauto, Ilse Maria Beuren 78 - Conhecimento, inovação e competência em organizações financeiras: uma análise sob o ponto de vista de gestores de bancos Autoria: Marcel Ginotti Pires, Reynaldo Cavalheiro Marcondes - Evidências empíricas do impacto das capacidades organizacionais de conhecimento no desempenho organizacional das redes interorganizacionais Autoria: Rodrigo Pinto Leis, Lilia Maria Vargas, Walter Baets - A gestão do conhecimento: conectando estratégia e valor para a empresa Autoria: William Sampaio Francini - Proposta de uma perspectiva baseada na gestão do conhecimento para avaliação da ferramenta de business process management system (BPMS) Autoria: Alessandro Marcus Afonso de Oliveira, Rodrigo Baroni de Carvalho, George Leal Jamil, Juliana Amaral Baroni de Carvalho - Sociedade da informação e gestão do conhecimento: o caso Serpro Autoria: Claudio Bezerra Leopoldino, Julio Cesar Andrade de Abreu, Daniel Reis Armond de Melo - A gestão do conhecimento nos programas de logística reversa da USP e UFSCAR Autoria: Leandro Martines Piassi, Edson Martins de Aguiar, Liliane de Queiroz Antonio - Gestão do conhecimento em instituições de ensino superior privado: um estudo no curso de Psicologia do Unipê Autoria: Tereza Evâny de Lima Renor Ferreira, Marcio Reinaldo de Lucena Ferreira