VIII Jornada em Dependência da UNICAP/ABEAD
Práticas Efetivas
“Tratamento”
do Uso
Problemático de Drogas na
Infância e na Adolescência na
Rede Pública de Saúde
Recife, 2008
Introdução
Declaro não estar recebendo financiamento de qualquer indústria.
Ana Cecilia Petta Roselli Marques
O Adolescente e o contexto
VULNERABILIDADE
BIOLÓGICA
VULNERABILIDADE
PSÍQUICA
“ANGÚSTIA
EXISTENCIAL”
SEM POLÍTICAS
PÚBLICAS ADEQUADAS
Adolescente
e Drogas
ACESSO
FÁCIL
FALTA
INFORMAÇÃO
VULNERABILIDADE
SÓCIO-CULTURAL
FAMÍLIA SEM
NORMAS, PERMISSIVA
AMBIVALENTE
PREÇO
BAIXO
SOCIEDADE
PERMISSIVA
SEM NORMAS E SEM
ÉTICA COLETIVA
PROPAGANDA
SEM RESTRIÇÃO
E PERVERSA
O Impacto do uso de Drogas na Infância e na Adolescência
Violência
Depressão
Pânico
Suicídio
Alterações cognitivas/acadêmicas
e do desenvolvimento biológico,
psicológico e social
Acidentes
DSTs
AIDS
Drogas
Distúrbio do
apetite
Desnutrição
Outras doenças
Transtorno
de conduta
Gravidez
indesejada
Abuso e
dependência
WHO, 2001
Por que o adolescente usa drogas?
• A curiosidade e os aspectos
normativos: falta maturidade
• Os Modelos e a Pressão Social: os
pais e o grupo de iguais
• Os Mitos
• O Mercado: o poder da indústria, da
propaganda e da mídia
• Expectativa de benefício e
do efeito da droga per se: o “prazer”
• Falta informação
RAZÕES:
CURIOSIDADE
INSERÇÃO
SOCIAL
ESQUECER
PROBLEMAS
DAR CORAGEM
PARA PAQUERAR
UNESCO, 2002
“Tratamento” dos Adolescentes usuários de drogas na Rede Pública
•
Prevalência
•
Fatores de Risco
•
Avaliação Inicial
•
Critérios Diagnósticos
•
Tratamento
•
Resultados e ajustes
Idade do primeiro entre estudantes brasileiros
Cocaína
14,4 ± 2,0*
Maconha
13,9 ± 1,8*
Crack
13,8 ± 2,2*
Ansiolíticos
13,5 ± 2,1*
Anticolinérgicos
13,4 ± 2,4*
Anfetamínicos
13,4 ± 2,2*
Solventes
13,1 ± 2,2*
Tabaco
12,8 ± 2,1*
Álcool
12,5 ± 2,1*
CEBRID, 2004
Estudantes Brasileiros e Álcool
• Uso na vida é de 65,2%
• Entre as drogas estudadas, o álcool teve a menor
média de idade de primeiro uso
• Na faixa etária de 10 a 12 anos, 41,2% dos
estudantes da rede pública já tinham feito uso de
álcool
• Uso freqüente (6 ou mais dias no mês) é de
11,7%
• Uso pesado (20 ou mais dias no mês) é de 6,7%
CEBRID, 2004
“Carreira” do usuário de BA
Quanto mais precoce a experimentação, piores serão as
conseqüências e maior o risco de desenvolvimento
de abuso e dependência de álcool
Pitkanen, Lyyra et al. 2005
“O uso de álcool começa na adolescência, atinge o pico
máximo no jovem adulto, aos 20 anos, quando
começa a declinar!”
Windle et al., 2005
No Brasil este declínio não tem sido observado e são
consumidos 9 litros per capita de álcool por ano, um
dos maiores consumos no mundo
Andrade et al., 2007 OMS, 2004
Adolescentes e Álcool
O hábito de beber tornou-se parte da cultura do jovem
ocidental, sendo a total abstinência ao longo da
adolescência uma exceção
(Chassin, Fora et al. 2004)
Álcool é a droga de escolha entre crianças e
adolescentes
(World Health Organization, 2004)
O consumo entre os adolescentes tem aumentado nas
últimas décadas
(Andersen, Due et al. 2003)
Onde o álcool é consumido ?
50%
experimentam
entre 10 e 12 anos
entre 12 a 17
as meninas se
equiparam aos
meninos
100%
90%
80%
CEBRID, 2004
71,0%
70%
60%
58,0%
50%
39,0%
38,0%
40%
22,5%
22,2%
30%
15,5%
20%
5,9%
10%
5,7%
4,0%
0%
em casa
em festinhas
casa de amigos
Homens
bar ou rua
sozinho
Mulheres
Pesquisa realizada em 1986, pela Escola Paulista de Medicina, com 3114
estudantes de primeiro grau, com idades variando entre 9 e 18 anos, da cidade
de São Paulo.
Percepção Social entre estudantes brasileiros
Viram alguém bêbado
Viram alguém sob efeito de drogas
Viram alguém vendendo drogas
Viram alguém procurando traficantes
Procuraram pessoalmente alguém para comprar
Consideram risco grave:
beber até 2x por semana
beber diariamente
61%
39%
23%
22%
1,5%
30%
94%
5% dos adolescente já recebeu tratamento
CEBRID, 2004
Violência
Interpessoal
Em 32% dos domicílios
em São Paulo:
53% dos autores haviam
usado álcool
e 10% drogas (cocaína)
Atos violentos entre jovens
adultos e adolescentes:
80% alcoolizados
CEBRID, 2005
Padrão dos Adolescentes
Binge drinking é beber 5 ou mais doses por ocasião
e tem sido o padrão predominante entre os
adolescentes
(Kuntsche, Rehm et al. 2004)
Nos EUA, a estimativa é de que aproximadamente
90% do álcool consumido pelos adolescentes e 50%
do álcool consumido pelos adultos ocorre por meio
de episódios de abuso
(Brewer and Swahn 2005)
Freqüência de consumo-gênero
Meninos e meninas consomem bebidas alcoólicas
com freqüências semelhantes;
Cerca de dois terços de adolescentes de ambos os
sexos são abstinentes;
Por outro lado, quase 35% dos adolescentes
menores de idade consomem bebidas alcoólicas ao
menos uma vez ao ano;
O fato de que 24% dos adolescentes bebem pelo
menos uma vez ao mês merece atenção.
Quantidade Usual de Consumo
gênero
- Diferentemente da relação de freqüência, há
diferenças entre meninos e meninas no que diz
respeito à quantidade de álcool ingerida
habitualmente. Quase 1/3 dos meninos consumiu 5
doses ou mais no último ano, contrastando com
11% para as meninas.
- A média de início do consumo é abaixo dos 14 anos;
- Meninos e meninas bebem de maneira mais parecida
do que homens e mulheres;
- Dos adolescentes que bebem, grande parte tende a
consumir grandes quantidades (o uso em binge não é
exceção);
- As bebidas mais consumidas são cerveja e vinho
(destilado não é incomum);
- A exposição à propaganda de bebidas alcoólicas é
massiva entre adolescentes e contrasta com a
exposição a programas de prevenção.
Adolescentes antes do tratamento
•
•
•
•
•
Raramente buscam ajuda por conta própria
Não relacionam seus problemas com o uso de drogas
Minimizam ou negam os problemas
Resistem, assim como seus familiares
As experiências dos adolescentes usuários são diferentes quanto:
 Manifestações comportamentais
 Manter a motivação
 Outros fatores associados
•
Condições no pré-tratamento:
•
nível de prejuízo no funcionamento global
•
situações de risco e tipo de droga utilizada
•
grupos especiais necessitam intervenções especiais
disponibilidade de recursos: grau de suporte familiar e social
•
Acompanhamento
Individual Intrínseco
• Fisiológicos
– Predisposição genética
– Sensibilidade pelo Álcool
– Ambiente Prenatal
• Problemas cognitivos: dificuldades acadêmicas e repetência
• “Temperamento”
– Transtorno de Humor
– Irritabilidade
– Imaturo
– Fobia social
– Agressivo
– Impulsivo
– Opta por viver situações de risco
Individual Desadaptado
•
•
•
•
•
•
•
•
Falta de controle
Baixa auto-estima
Falta de habilidades sociais
Falta de interação social
Auto eficácia para lidar com o álcool
Problemas comportamentais precoces e
persistentes
Baixo apêgo com a escola, sociedade e religião
Metas curtas e gratificação
Individual Precoce
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Pouco interesse em sucesso
Atitudes positivas quanto aos problemas de
conduta
Alienação e rebeldia
Atitudes favoráveis quanto ao uso
Início precoce
Crença que o uso é normal
Expectativas com o uso do álcool
Comorbidades
Problemas psiquiátricos
Falta de Resiliência
Social/Interpessoal e Conflitos
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Atitudes positivas familiares quanto ao uso
Manejo familiar pobre
Monitorização Parental limitada
Conflitos familiares
Rejeição pelos grupos na infância
Baixo apego com a família
Faz parte de grupo de usuários
Avaliação negativa pelos pais
Pais separados
Sem manejo dos riscos
Contexto/Cultural Acessível
•
Leis e normas favoráveis ao uso (ou ambivalentes)
Acesso fácil
Privação econômica grave
•
Vizinhança desorganizada
•
Falta manejo das situações de risco
•
•
Diferentes tipos de tratamento
DE ACORDO
COM OS
RECURSOS
FUNANCEIROS
RESIDENCIAL
CUIDADOS
COM
CRIANÇAS
CLÍNICO
Aconselhamento
Individual/grupal
Avaliação
inicial
Diagnóstico e
planejamento
Baseados na
Abstinência
Farmacoterapia
Auto-ajuda
(AA/NA)
FAMILIAR
AIDS / riscos
relacionados á
contaminação
por HIV
SAÚDE
MENTAL
Monitoramento
na Urina
VOCACIONAL
Manejo de
Caso
Cuidados
contínuos
EDUCACIONAL
JUSTIÇA
Etheridge, Hubbard, Anderson, Craddock, & Flynn, 1997
Tipos de Usuários
Abstêmio
Experimentador
Usuário Recreacional
Usuário Regular
Abusador
Usuário Dependente
A Intoxicação e o Dano
PADRÕES DE CONSUMO
EFEITOS
TÓXICOS
VOLUME CONSUMIDO
INTOXICAÇÃO
AGUDA
DEPENDÊNCIA
DOENÇA
CRÔNICA
ACIDENTES
TRAUMAS
DOENÇA AGUDA
PROBLEMAS
SOCIAIS
AGUDOS
PROBLEMAS
SOCIAIS
CRÔNICOS
Abordagens Psicossociais
Aplicado por equipe multidisciplinar
Definir claramente as etapas e papéis que mudam a cada fase
Incluir a família e a seguir os demais grupos sociais, se necessário
Eliciar motivação continuamente
TERAPIA COMPORTAMENTAL (Azrin et al., 1994)
TERAPIA COMPORTAMENTAL-COGNITIVA (Kaminer et al., 1998; 2002)
MANEJO DE CONTINGÊNCIA (Corby et al., 2000)
MODELO MINESSOTA DOS 12 PASSOS (Winters, 2000)
INTERVENÇÃO MOTIVACIONAL BREVE(Monti, 1999)
TERAPIAS FAMILIARES SISTÊMICAS (MST de Henggeler et al., 1996; FFT de Liddle
& Dakof, 1995; MDFT de Waldron et al., 2001)
TERAPIAS COMBINADAS
A) Psicossociais integradas (CYT study; Dennis et al., 2002)
B) Farmacoterapia e intervenções psicossociais (comorbidades)
Outras Abordagens
•
•
•
•
Programa de Mudança Pessoal Guiada
Construção de Habilidades Comportamentais Cognitivas
Programa de pós-cuidado Assertivo
Modelo de Tratamento Comunitário
Estado da Arte
Abuso de Drogas é
um comportamento evitável
Dependência de Drogas é
uma doença tratável
Conclusões
• Os problemas decorrentes do consumo de drogas vem
aumentando.
• O uso de álcool e o tabaco devem ser considerados
prioridades e demandar mais recursos para
implementar medidas de saúde pública do que as
drogas ilícitas.
• Políticas Públicas devem contemplar a prevenção.
• Mais atenção deve ser direcionada às evidências
epidemiológicas e às pesquisas em neurociências e
sobre a efetividade dos tratamentos e aos modelos de
prevenção.
• Intervenções Breve são preconizadas.
• A Comunidade/Família são considerados determinantes
muito relevantes e parte integrante de qualquer
projeto.
Como fazer no Brasil e no SUS?
POLÍTICAS PÚBLICAS AJUSTADAS A CADA
Região/Estado/Município
PROMOÇÃO E PREVENÇÃO PRECOCE E DE ACORDO COM A
FAIXA ETÁRIA = MENSAGENS CLARAS DE NÃO USO
EFETIVAR O CONTROLE SOCIAL POR MEIO DO
CUMPRIMENTO DAS LEIS = MENSAGENS CLARAS DE NÃO
USO
TRATAMENTOS BASEADOS EM EVIDÊNCIAS E AJUSTADAS
À REALIDADE DE CADA LOCAL (MÚLTIPLOS RECURSOS E
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR)
Obrigada!
Ana Cecilia Petta Roselli Marques
Médica Psiquiatra
Doutora em Ciências pela UNIFESP
Coordenadora do TRATFUMO/UNIAD
Coordenadora do Depto de Dependências da ABP
Membro do Conselho Consultivo da ABEAD
[email protected]
www.uniad.org.br
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Jornada ABEAD 2008 - “Tratamento” do Uso Problemático