JOGOS MATEMÁTICOS: DESENVOLVENDO O RACIOCÍNIO LÓGICO
SILVESTRI, Ana Elisa Klein1; MORAES; Maria Christina Schettert² ; OLIVEIRA, Maria Theresa Soares Schettert
de³
Palavras- chave: Lúdico. Pensar. Matemática motivadora.
Introdução
A matemática é formada por um corpo de conhecimentos cultural e socialmente construídos
e desenvolvidos ao longo da história da humanidade. Seguindo esse ponto de vista, a educação
matemática pode ser concebida como formadora de conceitos num processo de solução de
problemas. O aluno reinventa o conhecimento matemático existente a partir de situações
motivadoras e em contato com os outros.
O jogar faz parte da vida das crianças. Jogando pode-se passar da imaginação para a
abstração, testando hipóteses, refletindo e criando processos para resolver os problemas advindos
da situação.
É no jogo e pelo jogo que a criança é capaz de atribuir aos objetos mediante sua
ação lúdica, significados diferentes; desenvolver a sua capacidade de abstração e
começar a agir independentemente daquilo que vê, operando com os significados
diferentes da simples percepção dos objetos. (GRANDO, 2004; p.19)
Ao jogar o aluno tem a oportunidade de (re)significar um conceito matemático com o
auxílio do concreto, representado pelos elementos constituinte do jogo. Vygotsky (1991) afirma
que o jogo pode criar uma zona de desenvolvimento proximal, pois através dele a criança elabora
habilidades e conhecimentos socialmente existentes e os internaliza.
A Matemática existe no pensamento humano e, por isso, depende de muita
imaginação para definir suas regularidades e conceitos. Torna-se necessário aos
processos pedagógicos considerar a importância de se ampliar a experiência das
crianças a fim de proporcionar-lhes momentos de atividade criadora.
(GRANDO, 2004; p.21)
1
Bolsista do Projeto. E-mail [email protected]
² Professora Coordenadora do Projeto e Pesquisadora Integrante do Grupo de Pesquisa em Estudos Humanos
e Pedagógicos da UNICRUZ. E-mail [email protected]
³ Professora Colaboradora do Projeto da UNICRUZ. E-mail [email protected]
Destaca-se, assim, a importância de se explorar a imaginação no favorecimento da
abstração. Ao seguir as regras do jogo o aluno cria estratégias, faz previsões e estuda as
possibilidades permitidas pelas jogadas, o que permite o desenvolvimento do raciocínio lógico.
Ao jogar, a criança sente-se impelida a superar seus limites, procurar vencer e assim
envolve-se na ação adquirindo confiança de arriscar, buscando a construção de sua autonomia.
Durante o jogo, ocorre um processo de socialização entre os participantes do processo. Os
adversários muitas vezes se ajudam, esclarecem dúvidas, favorecendo uma reflexão sobre o seu
próprio pensar e esse é outro fator a ser valorizado.
O ato de jogar e de resolver problemas podem estar intimamente ligados, no momento em
que ambos determinam a necessidade de análise, interpretação, elaboração de estratégias e por
fim uma comprovação. A criação e a construção de conceitos ocorrem por meio “de uma ação
comum estabelecida a partir da discussão matemática entre os alunos e entre o professor e os
alunos.” (GRANDO, 2004; p.29).
O jogar por jogar não é útil no processo de ensino-aprendizagem, é preciso que ocorra uma
intervenção pedagógica estruturada, com objetivos educacionais definidos e adequados ao nível
dos envolvidos. Ao despertar a competição o jogo gera situações-problemas nas quais o aluno
precisa interpretar, estabelecer relações, testar hipóteses, resolver desafios e raciocinar
logicamente.
O trabalho com jogos nas aulas de matemática, quando bem planejado e
orientado, auxilia o desenvolvimento de habilidades como observação, análise,
levantamento de hipóteses, busca de suposições, reflexão, tomada de decisão,
argumentação e organização, as quais estão estreitamente relacionadas ao assim
chamado raciocínio lógico. (SMOLE, 2007; p.9)
Dessa forma os professores alcançam o objetivo de favorecer a análise do jogo e através
dela desencadear reflexão e a apreensão dos conceitos matemáticos envolvidos no processo. Para
que a matemática possa vir a se transformar em uma construção prazerosa de conhecimento os
professores precisam concentrar seus esforços em:
[...] desenvolver o raciocínio lógico e não apenas a cópia ou repetição exaustiva
de exercícios-padrão; estimular o pensamento independente e não apenas a
capacidade mnemônica; desenvolver a criatividade e não apenas transmitir
conhecimentos prontos e acabados; desenvolver a capacidade de manejar
situações reais e resolver diferentes tipos de problemas e não continuar naquela
“mesmice” que vivemos quando éramos alunos/as. (LARA, 2003; p. 19)
Na era da informação não é mais admissível alunos somente executores de regras, o grande
valor na formação do cidadão é a construção do pensamento independente e o desenvolvimento
do raciocínio.
Metodologia
A investigação da influência do uso regular de jogos matemáticos no desenvolvimento do
raciocínio lógico e da capacidade de resolver problemas de alunos da educação básica, requer
pesquisar o cotidiano escolar exigindo um trabalho de compreensão das relações teórico-práticas
desenvolvidas no fazer pedagógico docente. Esta pesquisa tem seu enfoque na pesquisa-ação, com
abordagem qualitativa, buscando articular a teoria e a prática, por meio do diálogo com e entre os
sujeitos da pesquisa e os pesquisadores.
Os sujeitos da pesquisa são os alunos de uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental. O
processo investigativo está se desenvolvendo nos seguintes momentos:
1) Aplicação de um pré-teste, aos alunos, com problemas nos quais seja necessário o uso da
lógica.
2) Aplicação de jogos matemático, uma vez por semana, aos alunos do 6º ano do ensino
fundamental escolhidos, em momentos previamente determinados juntamente com o professor da
turma.
3) Acompanhamento do trabalho dos alunos nas aulas de matemática, observando as atividades
realizadas nos cadernos.
4) Aplicação de um pós-teste, aos alunos, com problemas nos quais o uso da lógica e da estratégia
de resolução de problemas se façam necessários.
5) Análise das informações coletadas utilizando a análise de conteúdo, que segundo Laville &
Dionne (1996), consiste em demonstrar a estrutura e os elementos do conteúdo para esclarecer
suas diferentes características e assim extrair suas significações.
8) Socialização dos dados coletados e analisados com o professor da turma e o supervisor da
escola.
Resultados e discussões
Na aplicação do pré-teste, com dez (10) problemas nos quais era necessário o uso da
lógica, a maioria dos alunos apresentou dificuldades, sendo que 63% dos alunos erraram todas as
respostas, 33% acertaram uma(1) questão e 4% acertaram duas(2) questões.
Há uma excelente receptividade quando da aplicação de jogos matemáticos aos alunos e
percebe-se de antemão o crescimento cognitivo em relação ao raciocínio. Está sendo trabalhado
semanalmente diversos jogos: jogos boole – série laranja e vermelha, jogo de xadrez, jogos de
lógica, problemas de lógica, tangram, atividades de cálculo mental, sudoku, atividades de
memória visual, além de jogos envolvendo o conteúdo anual.
O trabalho dos alunos, nas aulas de matemática, continua sendo acompanhado. Observa-se
as atividades realizadas nos cadernos e sempre que possível são realizadas atividades que
desenvolvam o raciocínio lógico matemático.
Conclusão
O projeto continua em andamento. Desenvolve-se um processo de aplicação e análise das
atividades realizadas. Sendo a turma bastante participativa e estando sempre envolvida nas
atividades propostas a expectativa é de superação dos objetivos propostos, comprovando a
eficiência dos jogos matemáticos no desenvolvimento do raciocínio lógico matemático.
Referências
GRANDO, Regina Célia. O jogo e a Matemática no contexto da sala de aula. São Paulo:
Paulus, 2004. Coleção Pedagogia e Educação.
LARA, Isabel Cristina Machado de. Jogando com a Matemática de 5ª a 8ª série. 1.ed – São
Paulo: Rêspel, 2003.
LAVILLE, C. & DIONNE, J.. A construção do saber. Manual de Metodologia da Pesquisa
em Ciências Humanas. Porto Alegre: ArtMed; Belo Horizonte: Editora URMG, 1996.
SMOLE, Kátia Stocco; DINIZ, Maria Ignez; Milani, Estela. Jogos de matemática de 1º a 5º
ano. Porto Alegre: Artmed, 2007.
VYGOTSKY, L. S.. A formação social da mente. São Paulo: Martins fontes, 1991.
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jogos matemáticos- desenvolvendo o raciocínio lógico