Aula 2
Fundamentos de Custos
Conceito Geral de Custos
Prof. João Carlos Bragança
Idéia geral
 Produção de Doce de Abóbora — Qual o custo desse doce?
•
Valores pagos pelos ingredientes:




8 Kg de abóbora
1,5 Kg de açúcar
150 g de coco ralado
6 g de cravo-da-índia
Total
— $10,40
— $ 2,25
— $ 3,25
— $ 0,51
— $ 16,41
• Outros gastos de fabricação:
 Cozinha, gás, energia elétrica, fogão, mesa, panela, colher, faca,
água, cinco recipientes de matéria plástica (capacidade de 1 Kg cada,
sendo $ 1,00 cada unidade) e quatro horas de trabalho.
2
Idéia geral
•
Elementos que contribuíram para fabricação do doce (e compõem o
custo):



Materiais (MAT) — ingredientes e recipientes
Mão-de-obra (MO) — horas trabalhadas
Gastos gerais de fabricação (GGF) — aluguel, gás, energia
elétrica, depreciação de móveis e utensílios (fogão, mesa,
panela, colher e faca).
 ∑ (MAT, MO, GGF) = custo de fabricação dos 5 kg de doce.
•
O custo pode ser dividido em duas partes (observando o produto):
 Custos diretos: elementos cujos valores e quantidades são
facilmente identificáveis;
 Custos indiretos: elementos cujos valores e quantidades não
podem ser facilmente identificáveis  critérios de estimação ou
arbitragem.
3
Idéia geral
•
Exemplo de rateio para o cálculo dos custos indiretos:
 Aluguel:
Base de rateio = área ocupada e horas trabalhadas
Aluguel = $ 660
Área que a cozinha ocupa em relação ao imóvel total = 10%
Teremos: 10% de $660 = $66 (aluguel mensal da cozinha).
Considerando:
 tempo de fabricação do doce
 Turno diário
 Dias úteis do mês
= 4 horas
= 8 horas
= 22 dias

Teremos: $66/22dias = $ 3 por dia

Valor do aluguel: $ 1,50 por meio dia de trabalho.
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Idéia geral
 Gás:
Base de rateio = horas trabalhadas
Suponhamos que:
 Valor do botijão de gás de 13 Kg = $ 26,00
 Consumo total do gás = 130 horas (uma boca acesa)

Teremos: 26/130 = $ 0,20 por hora de gás consumido
 Para fazer o doce, uma boca ficou acesa 2,5 horas

Custo do gás consumido: $2,5 horas x $ 0,20 = $ 0,50
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Idéia geral
 Energia elétrica:
Base de rateio = área de iluminação e horas trabalhadas
Considerando que:
 A energia seja utilizada apenas para a iluminação do
imóvel
 A cozinha ocupa 10% e toda a área que recebe
iluminação na casa
 Gasto com energia do mês = $ 110

Teremos:
 10% de $ 110 = $ 11 por mês.
 $11/22 dias úteis = $0,50 por dia
 Meio dia será igual a $ 0,25
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Idéia geral
 Depreciação de Móveis e Utensílios (bens de uso):
Base de rateio = horas trabalhadas
Considerando que:
 A cota mensal de depreciação dos móveis e dos utensílios
(fogão, mesa, panela, colher e faca*) utilizados na cozinha
= $ 9,68
 Os bens foram utilizados durante um turno de 8 horas,
durante 22 dias por mês

Teremos:
 $ 9,68/22 dias = $ 0,44 por dia
 Meio dia de depreciação será igual a: $0,22
(*) geralmente não são depreciados (sendo considerados despesas no
período em que são adquiridos).
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Idéia geral
•
Relação de custo-benefício para o rateio dos custos indiretos:
 O cálculo do rateio, que apresenta pouco valor quando comparado
com o custo total do produto, algumas vezes é negligenciado.
 Seu cálculo torna-se tão oneroso para empresa que é preferível
buscar outras formas mais racionais par atribuir certos custos
indiretos aos produtos.
 Por exemplo: água, pano de prato, toalha papel e detergente foram
negligenciados no exercício por apresentar valores inexpressivos.
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Idéia geral
 Mão-de-obra (direta): é aquela identificada em relação a cada
produto fabricado.
Base de rateio = horas trabalhadas
Considerando que:

 O salário mensal de uma confeiteira é de $ 880
Teremos:
 $ 880/22 dias úteis = $ 40 por dia
 Meio dia de trabalho corresponde a $ 20
9
Idéia geral
•
Observações:
 Quanto mais simples o processo de fabricação, menos sofisticados
serão os cálculos para se chegar aos custos dos produtos fabricados.
 Alguns fatores que tornam os cálculos mais engenhosos:
 Produção diversificada (doce de abóbora, cocada, pé-de-moleque).
 Cozinha maior  mais fogões, utensílios, empregados (com
atribuições distintas - compra e venda - além da produção) e
supervisores.
 Questões norteadoras:
 Como conhecer o custo de cada produto?
 Que critério utilizar para ratear os custos indiretos de fabricação?
 Existe uma forma de padronização dos custos?
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Idéia geral
 Cálculo do custo de fabricação dos 5 Kg de doce de abóbora:
11
Idéia geral
 Cálculo do custo de fabricação dos 5 Kg de doce de abóbora:
12
Terminologia
•
A contabilidade de custos tem terminologia própria. Por exemplo:
 Materiais, mão-de-obra, gastos gerais de fabricação, custos diretos,
custos indiretos, rateio, bases de rateio etc.
13
Contabilidade Financeira, de Custos e Gerencial
•
Modalidades:
•
Contabilidade de Custos ou Industrial: cuida do registro e controle
dos eventos que ocorrem na área de produção da empresa industrial.
•
Contabilidade Geral ou Financeira: contabilidade no sentido mais
amplo. Considerada como ciência social que tem por objeto o
patrimônio de todas as entidades (públicas ou privadas);
•
Ramos da Contabilidade:

•
bancária, comercial, de condomínio, de custos ou industrial,
imobiliária, hospitalar, agrícola etc. (operações típicas  cabe
a contabilidade geral cuidar das demais operações comuns a
cada ramo)
Contabilidade Gerencial: auxilia a administração nas tomadas de
decisões de planejamento e controle.
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Contabilidade de Custos ou Industrial
 Surgiu com o advento das empresas industriais a partir do século
XVIII.
 Necessária para atribuir custos aos estoques de produtos fabricados
pelas empresas industriais.
 Na sociedade mercantil, a contabilidade financeira dava conta dos
registros.
 Com a industrialização, a tarefa de atribuir custos aos estoques de
bens à venda ficou mais complexa, pois além do valor pago aos
fornecedores de matérias-primas, tornou-se necessário incluir ainda
no custo dos estoques de produtos fabricados pela empresa os
valores gastos com mão-de-obra e os gastos gerais de fabricação
incorridos para transformar matérias-primas em produtos.
 A CC tornou-se um importante instrumento de controle e atribuição de
custos aos produtos.
 A atribuição do preço de venda aos produtos tinham por fundamento
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somente o custo de fabricação.
Contabilidade Gerencial
 Surgiu na década de 1950, pela necessidade do aprimoramento das
funções da contabilidade de custos.
 Seu objetivo principal é auxiliar a administração nas tomadas de
decisões de planejamento e controle, visando maior produtividade
dos recursos disponíveis, reduzindo custos e aperfeiçoando a
qualidade dos produtos fabricados, melhorando a competitividade 
resultados satisfatórios.
16
Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
1. Princípio do Registro pelo Valor Original
 Todos os elementos componentes do patrimônio, sejam eles
representativos de bens, direitos, obrigações, ou, aqueles
responsáveis pelas variações patrimoniais (despesas e receitas),
devem ser registrados na contabilidade pelos valores originais
constantes dos documentos que comprovam os efetivos ingressos
desses elementos, como notas fiscais, recibos etc.
• Modalidades de valoração:
 Valor original (histórico).
 Valor de reposição (consulta à fornecedores).
 Preço de venda (valor original + lucro bruto).
• A legislação brasileira não permite aplicação de correção monetária
 valor de registro do estoque é dado pelo original.
17
Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
•
Princípio do Registro pelo Valor Original
•
Conforme consta do parágrafo único do artigo 7º da Resolução CFC
n. 750/1993, também resulta que:


A avaliação dos componentes patrimoniais terá por base os
valores de entrada, considerando-se como tais os resultantes
do consenso com os agentes externos ou da imposição destes;
Uma vez integrados no patrimônio, o bem, o direito ou a
obrigação não poderão ter alterados seus valores intrínsecos,
admitindo-se tão somente sua decomposição em elementos
e/ou agregação, parcial ou integral, a outros elementos
patrimoniais;
18
Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
•
Princípio do Registro pelo Valor Original



O valor original será mantido enquanto o componente
permanecer como parte do patrimônio, inclusive quando da
saída deste;
Segundo Ribeiro (2009), os princípios da ATUALIZAÇÃO
MONETÁRIA e do REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL são
compatíveis entre si e complementares, dado que o primeiro
apenas atualiza e mantém atualizado o valor de entrada;
O uso da moeda do País na tradução do valor dos
componentes
patrimoniais
constitui
imperativo
de
homogeneização quantitativa destes.
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Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
2. Princípio da Competência



Princípio da Confrontação entre Despesas e Receitas.
Tem preocupação com o resultado, ao fixar o momento em que
cada receita e despesa deve integrar o resultado de um
período.
As receitas e despesas devem ser incluídas na apuração do
resultado do período em que ocorrerem, sempre
simultaneamente
quando
se
correlacionarem,
independentemente de recebimento ou pagamento (artigo 9º
da Resolução CFC n. 750/1993).
20
Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
•
Princípio da Competência
•
Devem integrar a apuração do resultado do período por se considerar
realizadas, as receitas:




Nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o
pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo
Quando da extinção, parcial ou total, de um passivo (dívidas e
obrigações), qualquer que seja o motivo, sem o
desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou
maior;
Pela geração natural de novos ativos, independentemente de
intervenção de terceiros;
No recebimento efetivo de doações e subvenções.
21
Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
•
Princípio da Competência
•
Devem integrar a apuração do resultado do período por se considerar
incorridas, as despesas:



Quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por
transferência de sua propriedade para terceiro;
Quando houver diminuição ou extinção do valor econômico de
um ativo;
Quando ocorrer o surgimento de um passivo sem o
correspondente ativo.
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Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
•
Princípio da Competência
•
A principal receita de uma empresa industrial decorre da venda de
produtos por ela fabricados.
•
Para fabricar produtos, a empresa incorre em gastos que podem ser
classificados como:
 Custos - quando incorridos na área de produção
 Despesas - quando incorridos nas áreas comercial, administrativa e
financeira.
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Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
•
Princípio da Competência
•
Na apuração do resultado final de um período, são cotejadas, de um
lado, tanto as receitas derivadas da venda de produtos como as
demais receitas auferidas pela empresa no período e, de outro lado,
os custos e as despesas incorridos para a geração das respectivas
receitas.
•
Em relação aos custos, só integram o resultado aqueles utilizados na
geração das receitas do período, uma vez que os custos incorridos
no período, porém integrantes dos produtos não vendidos,
permanecerão compondo os estoques de produtos acabados.
•
Já as despesas incorridas no período, algumas podem ser
identificadas com determinadas receitas, como ocorre, p. ex., com as
comissões, com os tributos sobre vendas etc, ao passo que outras
contribuem com a geração de receitas de forma global, não
correspondendo especificamente à venda de determinado produto ou
lote de produtos.
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Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
•
Princípio da Competência
•
Ao fabricar de produtos no período, a empresa incorre em gastos que
integrarão os custos dos produtos fabricados. Estes poderão ser
totalmente vendidos até o final do período ou permanecerem em
parte em estoque.
•
Os custos incorridos na fabricação dos produtos que permanecem
em estoque, por não terem gerado receitas no período, não poderão
ser abatidos do montante das receitas realizadas no período para fins
de apuração do resultado.
•
A mesma lógica vale para os custos que concorreram para a
fabricação de parte do processo produtivo, ou seja, dos bens que no
final do período de apuração dos resultados se encontram em fase de
apuração: eles, também, não devem integrar o montante dos custos
que serão considerados na apuração do resultado.
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Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
3. Princípio da Prudência


Determina a adoção do menor valor para os componentes do
ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se
apresentem alternativas igualmente válidas para a
quantificação das mutações patrimoniais que alterem o
patrimônio líquido (caput do art. 10 da Resolução CFC n.
750/93).
Convenção contábil do conservadorismo (hipótese que resulte
no menor patrimônio líquido*)
(*) diferença entre ativo (soma de bens e direitos) e passivo (soma de
dívidas e obrigações)
26
Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
4. Convenção da Materialidade
Enunciado: “O contador deverá, sempre avaliar a influência e
materialidade da informação evidenciada ou negada para o
usuário à luz da relação custo-benefício, levando em conta
aspectos internos do sistema contábil [...]” (Estrutura
Conceitual Básica da Contabilidade – Ipecafi).
 Convenção muito utilizada em Contabilidade de Custos em
situações em que deve imperar o subjetivismo nas decisões a
serem tomadas.

27
Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
•
Convenção da Materialidade
•
Exemplos (1):

Há certos gastos com materiais diretos aplicados no processo
de fabricação que, por razões de materialidade, devem ser
tratados juntamente com custos indiretos:
 Nas indústrias de móveis de madeira, os cálculos dos gastos
com pregos, colas, parafusos, fechos, dobradiças e vernizes embora esses materiais integrem os produtos fabricados,
caracterizando a condição de custos diretos -, pelo pequeno
valor que representam em relação ao custo total, ficam tão
onerosos que é preferível classificá-los entre os custos
indiretos.
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Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
•
Convenção da Materialidade
•
Exemplos (2):

Na elaboração de inventários de materiais, há ocasiões em
que o tempo despendido para contagem de certos itens se
torna tão oneroso para empresa que é preferível estimar
quantidade e valores:
 Nas indústrias de aeronaves, em que os custos de pequenos
materiais se tornam irrisórios em relação ao custo total dos
materiais aplicados na fabricação.
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Princípios e convenções contábeis aplicados a custos
5. Convenção da consistência
Enunciado: “A Contabilidade de uma entidade deverá ser
mantida de forma tal que os usuários das demonstrações
contábeis tenham possibilidade de delinear a tendência da
mesma com o menor grau de dificuldade possível [...]”
(Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade – Ipecafi).
 Convenção, também, muito utilizada em Contabilidade de
Custos.
 Os procedimentos de apuração devem ser consistentes e
estáveis.
 Essa atitude permitirá melhor gestão da empresa industrial
uma vez que possibilita a comparação dos resultados
apurados entre períodos distintos.

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Princípios e convenções contábeis aplicados a custos Princípio da