A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMO METODOLOGIA DE ENSINO DA GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA: uma proposta utilizando software GeoGebra 1 Marcel Bertoni 2 Valdeni Soliani Franco RESUMO Este artigo descreve experiências, reflexões e uma análise que foi feita por meio de contribuições que incorporam situações de aprendizagem e interações realizadas com alunos do 9° ano de uma escola em uma cidade ao norte do estado do Paraná. Como inovação das práticas metodológicas tradicionais, utilizou-se a construção do conhecimento, por meio da resolução de problemas como metodologia de ensino da geometria Euclidiana Plana juntamente com o software GeoGebra. A pergunta que tínhamos era: a possibilidade de construir os conceitos matemáticos, por meio do ambiente dinâmico e interativo, pode contribuir para que o aluno supere suas dificuldades, a falta de motivação, ou pelo menos as minimize? A experiência mostrou que essa articulação proporcionou percepções diversificadas das tradicionais e serviu para estimular, facilitar, construir novas formas de representar, de explorar, de conjecturar resultados e principalmente despertar a atenção e as capacidades cognitivas dos participantes, que mostraram interesse pelas atividades, que consideramos de essencial importância para o ensino e aprendizagem dessa disciplina. Além desses resultados obtidos com os alunos, destacou-se a importância da socialização da metodologia com demais professores da rede de ensino do GTR (Grupo de trabalho em rede), com possibilidades da democratização da mesma, que oportunizou a cada um dos participantes meios de inovação quanto às práticas metodológicas no ensino da matemática. PALAVRAS-CHAVE: Educação Matemática; GeoGebra; Resolução de Problemas; Educação Básica. 1 INTRODUÇÃO 1 Professor do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, licenciado, em Ciências Habilitação em Matemática pela FAFIPA, Paranavaí Pr. 2 Professor do Departamento de Matemática e do Programa de Pós-graduação em Educação Para a Ciência e a Matemática, da Universidade Estadual de Maringá. As inovações nas escolas buscando torná-las mais compatíveis com a realidade da sociedade contemporânea, além da atualização de currículos e da transformação de praxes pedagógicas, são relevantes considerar a inserção de tecnologias como agentes transformadores do processo de ensino e de aprendizagem da matemática, já que, em geral, são ambientes familiares e agradáveis para nossos alunos. Vinculados ao ensino, esses ambientes tornam-se ferramentas auxiliadoras e estimuladoras no processo de aprendizagem. Este artigo pretende estimular algumas reflexões acerca da utilização das mídias digitais, tais como os softwares dinâmicos, e de como essa tecnologia pode estar articulada a algumas abordagens dadas à resolução de problemas em sala de aula, com conteúdos da geometria Euclidiana Plana. As características de abordagens do ambiente dinâmico e interativo com flexibilidade a resolução de problemas, e as considerações sobre as diversas experiências citadas por vários autores, como Amorim (2003), Penteado (1999), Hendres (2005), Borba (1999), Allevato (2005), Polya (1945), Dante (2003), entre outros, são entendidas como contribuições que incorporam situações de aprendizagem, interação e oportunidades de ensino e de aprendizagem. A inovação das práticas metodológicas tradicionais conjectura que a construção do conhecimento de conteúdos da geometria provoca no aluno o conceito prático, mediante a visualização e a manipulação de objetos geométricos, mobilizando e envolvendo o aluno para o conhecimento matemático em sala de aula, sendo essas fontes essenciais para que o aluno conheça o espaço onde vive como base para a sua formação. Essa articulação, tecnologias computacionais, resolução de problemas e geometria pode contribuir para que o aluno supere suas dificuldades? Atenue a falta de motivação? O ensino de matemática pode melhorar por meio da articulação dessas tendências? Essas eram nossas perguntas antes da implementação. Apesar de a prática dominante tradicional nos processos de ensino e de aprendizagem ainda privilegiar a “transmissão” de conhecimento, por meio de aulas expositivas, giz, quadro-negro, livro didático etc., há hoje um assentimento por parte daqueles que estudam a educação, de que é necessário renovar essa prática por uma que esteja mais de acordo com o modelo que insere o aluno como ser histórico e crítico. São propostas de novas práticas metodológicas as concepções críticas de aprendizagens, o uso de ferramentas tecnológicas, tais como internet, televisão, computadores, softwares, calculadoras, vídeos etc., uma vez que é perceptível a presença destas nas relações e meios sociais. Mesmo porque estamos inseridos numa sociedade informatizada regida por transformações em alta velocidade, sendo hoje as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) uma necessidade em todas as áreas do conhecimento, mercado de trabalho, pesquisas etc. A Matemática como área do conhecimento não é diferente, internet, softwares, calculadoras, vídeos etc., são relevantes nos estudos da geometria, álgebra, aritmética etc., são meios pedagógicos, ferramentas inovadoras que podem contribuir para que os alunos se sintam estimulados, motivados a explorarem os conteúdos desenvolvidos. Isso enriquece o contexto da aprendizagem, já que existem atitudes passivas, certa resistência, e até mesmo repulsa por parte de alguns alunos em relação a essa disciplina. Atividades que estimulem os alunos a pensar, investigar e conjecturar são experiências que os alunos podem vivenciar como desafiadoras e inovadoras das práticas metodológicas usualmente tradicionais e mecânicas. A resolução de problemas como objeto central de trabalho da sala de aula permite que os alunos compreendam como se constrói o conhecimento matemático e sintam prazer com pensamento crítico e reflexivo, como uma metodologia que pode contribuir para reduzir os problemas relacionados ao processo de ensino e de aprendizagem. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 APORTES TEÓRICOS 2.1.1 GEOGEBRA GeoGebra é um programa livre de geometria dinâmica criada por Markus Hohenwarter para ser utilizado em ambientes de sala de aula. Seu criador iniciou o projeto em 2001 na University of Salzburg e continuado o desenvolvimento na Flórida Atlantic University. O GeoGebra é escrito em Java e assim está disponível em múltiplas plataformas. O ambiente dinâmico e interativo também entendido como o ambiente do computador formado pelos softwares que possibilitam trabalhar com a geometria explorando, principalmente, o movimento e a manipulação, e no qual os usuários desses softwares podem mover dinamicamente partes e, quando necessário, o todo da figura construída. Isso faz com que eles sejam estimulados a explorar a geometria de forma a ver a Matemática não como uma coleção de regras formais e acabadas em si mesmas, mas como uma ciência dinâmica e passível de manipulação (AMORIM, 2003). Por meio das ferramentas do GeoGebra é possível realizar construções utilizando pontos, vetores, segmentos, retas, ângulos, polígonos, círculos, oferece comandos para encontrar raízes e pontos extremos de uma função, entre outras funções. Uma das grandes vantagens da utilização dos softwares dinâmicos é a possibilidade de alterar todos os objetos construídos a qualquer momento que desejar, sem perder os nexos das construções, permitindo ao aluno construir e manipular, dinamicamente com movimentos as figuras construídas e fazer análise criando assim, condições para que o conhecimento possa ser construído. Deste modo, o programa reúne as ferramentas tradicionais de geometria, com outras mais adequadas à álgebra e ao cálculo. Tem a primazia didática de apresentar, ao mesmo tempo, duas representações diferentes de um mesmo objeto que interage dinamicamente entre si: sua representação geométrica e algébrica. Os computadores e softwares harmonizam-se de um poderoso ambiente de aprendizagem, no qual é possível trabalhar com uma perspectiva que possibilita a construção de conhecimentos relacionados a conteúdos específicos da Educação Matemática. Para Vygotski (1994, p.73), “o uso de meios artificiais – a transição para a atividade mediada – muda, fundamentalmente todas as operações psicológicas, assim como o uso de instrumentos amplia de forma ilimitada a gama de atividades em cujo interior as novas funções psicológicas podem operar”. São ferramentas computacionais, que reincidem sobre ensino da matemática e proporcionam maior interatividade e atitudes para se buscar uma solução, ou seja, a atitude do aluno se encontra mais descentralizada por conta das ações com ambientes dinâmicos e interativos. As interações numa lacuna no qual se tem a presença de alunos e, que se pode definir o conhecimento, nesse contexto a máquina midiática é vista como ferramenta que media tal construção. Dessa forma, a inserção desses recursos tecnológicos por meio de sua facilidade de uso, possibilita práticas docentes diferenciadas. “É fato também que a informática, cada vez mais, toma conta do ambiente de sala de aula, por isso o uso do computador no ensino de Matemática é uma necessidade atual e deve, cada vez mais, ligar-se à rotina didática dos professores e à escola em geral” (HENDRES, 2005, p.26). O trabalho com computador provoca mudanças na dinâmica da aula, exigindo por parte do professor novos conhecimentos e ações, principalmente no panorama pedagógico (PENTEADO, 1999, p.309). “A tecnologia deve servir para enriquecer o ambiente educacional, propiciando a construção de conhecimentos por meio de uma construção ativa e crítica e criativa por parte dos alunos e professores” (BRASIL. 1997.p.140). Segundo os autores dos parágrafos acima o uso do computador como ferramenta pedagógica impõe certa demanda de ações e formação por parte dos professores que geram oportunidade de tornar o ensino mais cativante, gerando uma aprendizagem agradável, especificamente no campo da matemática, onde se percebe, historicamente, certo marasmo por parte dos alunos. Existe uma conexão de uso entre os softwares e as mídias tradicionais televisão, vídeos, dvd, aparelhos de som, mp3 etc., que tanto a mídia computacional quanto a tradicional, os alunos adquirem as competências manipulativas do instrumento com facilidade, porque as mídias fazem parte do cotidiano dos alunos, são métodos para diversão, informação, pesquisas, comunicação etc. Assim, a escola busca cada vez mais interagir com essa metodologia de ensino e aprendizagem, disponibilizando ajuda e auxílio aos professores, para que melhor eduquem e ensine os alunos ligados à cultura dessa nova geração. Dentre estudos, é possível encontrar literaturas esclarecendo que a utilização adequada do computador nas aulas de Matemática ajuda a compor um cenário mais favorável e motivador ao seu ensino e aprendizagem. No contexto da Educação Matemática, os ambientes de aprendizagem gerados por aplicativos informáticos podem dinamizar os conteúdos curriculares e potencializar o processo de ensino e da aprendizagem voltados à “Experimentação Matemática”, com possibilidades do surgimento de novos conceitos e novas teorias matemáticas a fim de torná-lo um aliado importante na construção do conhecimento. (Borba, 1999). É importante salientar que o uso do software em si, não comprova nenhum dos teoremas, pois a matemática, enquanto ciência utiliza-se do método dedutivo, no entanto a utilização dos softwares é de grande valia, pois, quando bem utilizada, facilita o conhecimento exposto por parte do educando. O uso da informática, em particular de softwares, não é o desfecho para os impasses do ensino de matemática, porém deve ser visto como aliado dos professores, pois de fato é uma importante ferramenta mediadora em oposição das aulas tradicionais. 2.1.2 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS Ao ter como primazia a construção do conhecimento pelo produzir e pensar, a função da resolução de problemas é essencial para incentivar o aluno na construção de novos conceitos e resultado advindos. Segundo Polya (1957), “um problema é uma questão para qual o aluno não dispõe de um método que permita a sua resolução”. Segundo Onuchic (1999), problema: “[...] é tudo aquilo que não se sabe fazer, mas que está interessado em resolver” (p.215). “Trata-se de uma metodologia pela qual o estudante tem oportunidade de aplicar conhecimentos matemáticos adquiridos em novas situações, de modo a resolver a questão proposta” (DANTE, 2003). Adquirir conhecimentos matemáticos por meio de resolução de problemas é desenvolver maneiras de pensar, praxe de persistência e curiosidade, bem como autonomia em situações não familiares, é o centro do trabalho na matemática, a criança constrói e vê significado no aprendizado, valorizando o uso social e cotidiano da matemática. “Uma grande descoberta resolve um grande problema. Mas há sempre alguma descoberta na resolução de qualquer problema. Este pode ser modesto, mas se desafiar a curiosidade e se puserem em jogo as faculdades inventivas, quem o resolver pelos seus próprios meios experimentará o prazer e o triunfo da descoberta” (PÓLYA, HOW TO SOLVE IT, 1945). Assim, em síntese a resolução de problemas significa envolver-se em uma tarefa cujo método de solução não conhecido no imediato, mas deseja solucioná-lo. Para encontrar uma solução, os alunos devem empregar seus cognoscere e por meio desses procedimentos, eles poderão construir e despertar o gosto pelo raciocínio ou adquirir novos conhecimentos matemáticos. Os alunos deveriam ter oportunidades rotineiramente para construir, tentar e solucionar problemas que requerem uma quantidade significativa de empenho, e deveriam então, ser estimulados a refletir, pensar em seus conhecimentos, descobertas. “Uma metodologia de ensino, onde um problema é ponto de partida e orientação para a aprendizagem, e a construção do conhecimento far-se-á através de sua resolução, professores e alunos, unidos, desenvolvem esse trabalho e a aprendizagem se realiza de modo colaborativo em sala de aula” (ALLEVATO; ONUCHIC, 2007; ONUCHIC; ALLEVATO, 2005). Nessa concepção, entende-se que a ascensão do desenvolvimento humano é um processo sócio histórico, construído nas inter-relações estabelecidas entre o sujeito e seu contexto e que a constituição do conhecimento se dá pela mediação de outros sujeitos. Nesse sentido, o professor faz parte deste processo de ensinar e aprender. É papel de o docente promover o desenvolvimento e mediar o conhecimento dos alunos por meio de sua interferência na “zona proximal” (ZDP) consiste na “distância entre o nível de desenvolvimento real da criança, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com os companheiros mais capazes” (VYGOTSKY 1998). Importantes estudos já foram e estão sendo desenvolvidos buscando compreender as implicações e formas de práticas da resolução de problemas no ensino de Matemática, que deve valorizar a aquisição de formas dinâmicas de conhecimento. A metodologia adotada neste trabalho consiste em buscar estratégias de ação visando contribuir para capacidade dos alunos em compreender a linguagem matemática, juntando duas das tendências: Resolução de Problemas e Uso de Mídias Tecnológicas. Considerando a integração das Mídias com a Resolução de Problemas, o uso do computador é como um instrumento de apoio à descoberta de conceitos e à resolução de problemas, e o uso da capacidade de resolução de problemas apresentados pelos computadores é uma forma de ampliar as abordagens tradicionais de resolução e programar novas estratégias de interação e simulação, podendo potencializar e enriquecer os resultados almejados no cotidiano da sala de aula. 2.1.3 GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA A Geometria proporciona um campo de conhecimentos por contribuição de vários povos, fundamental para a percepção do mundo e participação ativa do homem na sociedade, pois facilita observar, perceber, descrever, representar de forma organizada, o mundo quanto aos conceitos de ponto, reta, plano, ângulos, polígonos e circunferências. A geometria incentiva o homem a observar, perceber semelhanças, diferenças e reconhecer a harmonia na construção de conceitos geométricos, possibilitando a contextualização dos conteúdos, raciocínio visual e está presente no dia-a-dia, no contexto físico e diversas áreas do conhecimento . Sobre a importância da Geometria diz que esta tem função essencial na formação dos indivíduos, pois possibilita uma interpretação mais completa do mundo, uma comunicação mais abrangente de idéias e uma visão mais equilibrada da Matemática, porém é pouco estudada nas escolas de Educação Básica LORENZATO (1995). A construção do saber geométrico Euclidiano tem sido de grande afronta para os educadores, não somente pela quantidade de conceitos envolvidos, mas pela relutância de torná-los claros e coesos para o aluno, bem como, aplicáveis à resolução de problemas. A geometria Euclidiana sistematizada em os elementos tem uma importância extraordinária na história da Matemática, contribui nos programas e propostas no ensino geométrico da educação básica brasileira, porém com toda essa gama de vertentes, lamentável que a geometria está em plano secundário nas escolas. No entanto, certos professores têm como pretexto para não colocar em prática estas ações, a falta de tempo ou a exigência de preparar um material vasto para um resultado lento demais quando se leva em conta o período disponível para se ministrar conteúdos geométricos nos 8° e 9° anos do Ensino Fundamental. A geometria é mencionada, programada nos últimos capítulos dos livros didáticos, privilegiando a álgebra. Estes problemas, talvez a falta de conhecimento consistente e pedagogicamente bem fundamentados, planejados por parte dos professores e a aprendizagem falha ou insuficiente por parte dos alunos que chegam ao ensino médio, fizeram propor este trabalho como estratégia para enriquecer, estimular o ensino da Geometria Euclidiana Plana. O estudo da Geometria Euclidiana Plana objetivando a resolução de problemas juntamente com softwares exige do professor grande habilidade pedagógica que envolve o conhecimento sobre o que expor, que conteúdos apresentar aos estudantes, em que sequência expor os conteúdos selecionados, como expor para tornar significativa aprendizagem de cada um destes conteúdos expostos. A Geometria Euclidiana, denominada assim pela literatura matemática por estar sistematizada e fundamentada nos postulados de Euclides. O ramo da Matemática conhecido como geometria tem suas origens no antigo Egito e na Babilônia. Naquela época, o conhecimento geométrico era composto por regra práticas advindas de experimentações. O caráter lógicodedutivo da geometria iniciou-se muito tempo depois, na Antiga Grécia, com Tales de Mileto (624-547 a.C.) e Pitágoras (569-475 a. C.). Mas a obra sobre Geometria, mais famosa e citada até hoje é Elementos, cujo autor foi um professor da biblioteca de Alexandria chamado Euclides (325-265 a.C.) (GERÔNIMO; BARROS; FRANCO, 2010, p.11, introdução). Em Elementos, a geometria apresenta-se como um sistema axiomático, lógico e deduzido, por axiomas e postulados a partir de afirmações evidentes por si mesmas (axiomas) e intuitivas não demonstradas (postulados), atualmente usa-se indistintamente os termos, como proposições admitidas sem demonstrações. A contribuição de Euclides para o conhecimento matemático inicia com definições fundamentais, porém existem as noções primitivas, como Reta, Plano e Ponto que devem ser aceitas sem definições, que são objetos básicos da geometria Euclidiana. A partir desses conceitos, realiza-se uma sistematização geométrica através dos cinco axiomas ou postulados que constituem o fundamento de toda a sua obra. A Geometria Euclidiana Plana faz parte do currículo de ensino fundamental, tem o espaço como referência, hoje dentre várias funções, além de familiarizar o aluno com linguagem formal da matemática, a geometria euclidiana desenvolve a capacidade de redigir demonstrações de resultados teóricos, estratégias como construções geométricas utilizando régua, compasso, planificação, dobraduras, facilita a visualização de objetos geométricos e a interpretação de resultados. Além disso, a Geometria possibilita o reconhecimento e a aplicabilidade desses mesmos resultados, tanto em situações abstratas de teorias matemáticas quanto em resolução de problemas da vida real; favorece a aquisição de um sólido conhecimento de teoremas, inclusive dos próprios resultados consagrados por Euclides; e ainda, produz uma postura crítica durante a utilização da geometria em problemas diários. São modelos adequados de se expor e estudar a Geometria Euclidiana, acentuando conceitos imediatos, definidos ou construtivos. 3 METODOLOGIA A metodologia empregada nessa pesquisa teve como objetivo desenvolver algumas reflexões acerca da utilização de uma das mídias digitais, a saber, o software GeoGebra, e de como essa tecnologia como ferramenta estimuladora pode estar associada a alguns enfrentamentos dados à resolução de problema em sala de aula. De acordo com as Diretrizes Curriculares de matemática (SEED, 2008), os conteúdos propostos devem ser abordados por meio de tendências metodológicas da Educação Matemática que fundamentam a prática docente. Sendo assim, a metodologia trabalha a ideia de que os recursos tecnológicos são essenciais e importantes no desenvolvimento de habilidades em aulas de Matemática e do ponto de vista pedagógico eles despertam o interesse do professor e do aluno. A experiência foi implementada no ensino de geometria, com alunos do 9° ano em uma cidade ao norte do estado do Paraná no ano de 2011. Para a implementação, foi feito inicialmente uma fundamentação teórica, para em seguida trabalhar atividades de ambientação e atividades envolvendo resolução de problemas com flexibilidade ao ambiente interativo dinâmico GeoGebra, sendo a escolha por este devido ao fato de o mesmo ser distribuído de forma livre e trabalhar simultaneamente com álgebra e geometria, além disso, pode ser utilizado na plataforma Linux instalado em nossas escolas e está disponível entre aos aplicativos do Paraná Digital, condição fundamental para a viabilização da implementação na escola. As estratégias de ação possibilitaram troca de experiências com colegas professores do GTR (Grupo de trabalho em rede), podendo vir a ser incorporada às práticas pedagógicas das diversas escolas da rede, recebendo críticas e contribuições dos professores do grupo de trabalho, oportunizando a cada um dos participantes: leitura, reflexão e diálogo a fim de que pudessem ampliar seus conhecimentos, renovar seus conceitos, partilhar experiências, inovar práticas pedagógicas e ter consciência de que é necessário adotar metodologias diferenciadas e inovadoras em oposição ao tradicional, fazer dessa ferramenta uma rotina de nossas aulas. A contribuição dos participantes do GTR foi significativa, uma vez que muitos apresentaram sugestões que enriqueceram o trabalho do professor PDE. 3.1 AÇÕES E ANÁLISE No decorrer da implementação ocorreram diversos problemas, tais como: os computadores do Paraná Digital às vezes travavam e ficavam muito lento quando se usava grande número de computadores ao mesmo tempo, com instabilidades do provedor, ausência de projetor na sala de informática para que os alunos pudessem acompanhar melhor as imagens das atividades desenvolvidas, reuniões do Conselho Escolar que os professores realizavam na sala de informática, agendamentos antecipados de outros professores na mesma data, aulas em contraturno para desenvolver outros conteúdos previstos no plano de ação, grande maioria dos alunos não vinham porque os pais não podiam trazê-los porque iam trabalhar, não acordavam pela manhã para ir à escola, outros projetos desenvolvidos como: Cultura Afro-descendente jardinagem do pátio do colégio, além da semana cultural e provas bimestrais que alongou durante todo mês de novembro. As atividades dos encontros foram divididas em três momentos: Primeiro momento: acolhida aos alunos que se agruparam em duplas, dado o número de equipamentos, ambientando-os a sala de informática; apresentação dos objetivos pretendidos para cada aula; Segundo momento: acesso ao Software GeoGebra para realização das atividades de ambientação e resolução de problemas. Terceiro momento: análise dos resultados. Apesar de todos os problemas elencados anteriormente, as atividades foram desenvolvidas pelos alunos participantes da pesquisa. Atividades tais como: exploração das ferramentas e conceitos geométricos como: ponto, reta, semi-reta, segmento de reta, retas paralelas, perpendiculares, ângulo, bissetriz, baricentro, circuncentro, construção de polígonos, círculos, áreas e perímetro, semelhança de triângulos, que foram as atividades de ambientação. Todos os conceitos foram explorados, discutidos e considerações apresentadas a partir de construções no GeoGebra. Foi motivador e surpreendente o interesse, entusiasmo, familiarização e competência com que alguns manipulavam o software, talvez pela equivalência entre outros softwares e as mídias tradicionais, televisão, DVD, sites de relacionamento etc. Na penúltima etapa o objetivo foi desenvolver as atividades com resolução de problemas envolvendo resultados e conceitos geométricos, partir de construções geométricas com flexibilidade ao ambiente interativo dinâmico GeoGebra, de forma organizada e planejada, conforme previsto na unidade didática. Tentou-se mostrar a importância da geometria, por meio do desenvolvimento da visualização e do raciocínio geométrico, objetivos que surgiram da dificuldade observada que os alunos dos 9° anos anteriores e alunos do ensino médio tinham para desenvolver e resolver certos problemas. Diante do tempo destinado à implementação e a opção pelo GeoGebra foram trabalhados especificamente os conteúdos: Semelhança de Triângulos, Regiões Poligonais e suas áreas, unidades curriculares do 9° do ensino fundamental. Articulados aos objetivos gerais, os objetivos específicos na qual se pretendia que os alunos: Compreendessem e utilizassem o conceito de semelhança de triângulos para resolver situações-problema por meio do ambiente GeoGebra. Reconhecessem se dois polígonos são semelhantes e enunciem os critérios de semelhança. Reconhecessem e determinassem a razão de semelhança das áreas de dois triângulos semelhantes. Determinassem, por meio de construções no ambiente do GeoGebra, as fórmulas das áreas dos polígonos, para aplicar nas situações do contexto do dia-a-dia. Utilizassem as potencialidades do GeoGebra na compreensão de figuras semelhantes. A seguir destacamos algumas atividades envolvendo semelhança de triângulos da apostila de apoio da unidade didática do professor PDE, e análise do envolvimento dos alunos com o software GeoGebra no desenvolvimento das atividades. Atividade12: Crie um triângulo ABC (BC base). Calcule os pontos médios D e E dos lados AC e AB, respectivamente. Trace o segmento DE. Considere os triângulos ABC e ADE. Observe que o ângulo  é comum aos dois triângulos. Calcule as medidas dos ângulos A E e A C. Por que elas são iguais? Calcule as medidas dos ângulos AÊD e AĈB. Por que elas são iguais? Há uma correspondência entre os vértices dos dois triângulos? Vejamos a proporcionalidade dos lados correspondentes? Calcule as medidas dos lados AB, AC, BC, AE, AD e ED. Escreva no campo de entrada para calcular os seguintes quocientes: AB/AD, AC/AE e BC/ED. Q1= distânciaAB/distânciaAD e clique Enter Q2= distânciaAC/distânciaAE Q3= distânciaBC/distânciaED Qual a relação do segmento DE que liga os dois pontos médios dos lados AB e AC ao terceiro lado. Movimente os vértices do triângulo ABC. Observe os quocientes ”razões” expressos na coluna algébrica. As medidas dos lados correspondentes dos triângulos ABC e ADE formam uma proporção? Qual a relação entre os triângulos ABC e ADE? Figura da atividade 12 - apostila da unidade didática Prof. PDE No desenvolvimento da atividade 12 percebeu-se o envolvimento e interesse das duplas na construção, quando movimentaram os vértices da figura observaram que os vínculos da construção eram o mesmo. Questionou-se se o segmento DE é paralelo a BC? O que garante isso? Quando mediram os ângulos verificaram a congruência entre os ângulos correspondentes e observaram que DE é paralelo a BC, pediu-se novamente que movimentassem os vértices e perceberam que os vínculos “congruência entre os ângulos correspondentes” continuavam. Quando se pediu para selecionar arredondamento para “0” ou “’1” casas decimais, perceberam com facilidade a relação do segmento DE ao terceiro lado “metade”. Por último foram questionados se as medidas dos lados correspondentes dos triângulos ABC e ADE determinam uma proporção? Digitaram no campo de entrada as razões entre as medidas correspondentes dos lados de acordo com a apostila e logo alguns perguntaram o que é uma proporção? Contudo algumas duplas com espírito de interatividade e cooperatividade começaram o observar a igualdade entre as razões e logo foram supondo que seria a igualdade entre as razões, e um aluno percebeu como o tema era semelhança, disse que os triângulos eram semelhantes. Observou-se que algumas duplas tinham mais rapidez no desenvolvimento das atividades por terem algum prévio conhecimento das mídias, o que facilitou o trabalho e o interesse por ser uma aula diferenciada do tradicionalismo, o que motivou interesse e participação dos alunos. Atividade13: Abra um arquivo novo. Crie um triângulo ABC. Marque um ponto P externo ao triângulo ABC. Trace uma reta r paralela ao lado BC que passe por P e que intercepte o triângulo. Determine respectivamente os pontos D e E da interseção de r com os lados AB e AC. Com a ferramenta Distância, Comprimento ou Perímetro, calcule as medidas dos segmentos AD, AB, AE, AC, BC e DE. Use o campo de entrada e crie objetos numéricos que calculem as razões AB/AD, AC/AE e BC/DE. Digite no campo de entrada: R1= distânciaAB/distânciaAD R2=distânciaAC/distânciaAE R3=distânciaBC/distânciaDE Movimente os vértices do triângulo e a reta R. O que acontece com as razões? Conjecture o teorema fundamental da semelhança de triângulos. Figura da atividade 13 - apostila da unidade didática Prof. PDE No momento de conjecturar observou-se bastante dificuldade, mas mesmo assim, surpreenderam com espírito de cooperatividade e mediação do professor quando 2 duplas conseguiram perceber com movimentos da figura a proporção das razões na janela algébrica e começaram a supor a proporcionalidade das razões entre os lados e o teorema fundamental da semelhança, lógico com debate, auxílio e questionamentos do professor. Atividade17: Abra um arquivo novo. Com a ferramenta Polígono, crie um triângulo ABC qualquer numa região central da área de desenho. Marque um ponto P interior ao polígono. Tome a ferramenta Seletor, clique na parte superior da área de desenho. Aparecerá uma janela com vários campos que o configuram. Altere nome para n, intervalo min.: 1.2 e máx:5 e Aplicar Escolha a ferramenta Ampliar ou Reduzir Objetos dados Centro e Fator de Homotetia, clique sobre o polígono, depois clique sobre o ponto P e na janela que aparecerá para a escolha do fator de homotetia escreva n. Assim, será criado um triângulo A’B’C’ obtido do primeiro por uma homotetia de centro P e fator n. Deslize o seletor com mouse e observe a posição e forma do novo triângulo. Com a ferramenta Distância, Comprimento ou Perímetro, calcule as medidas dos segmentos AB, A’B’ CB, C’B’, AC e A’C’. (clique em dois pontos extremos do segmento). Use o campo de entrada e crie objetos numéricos que calculem as razões AB/A’B’, CB/C’B’ e AC/A’C’. Para isso digite no campo de entrada: k1= distânciaAB/distânciaA’B’ k2=distânciaCB/distânciaC’B’ k3=distânciaAC/distânciaA’C’ Movimente o seletor e os vértices do triângulo ABC. Observe as razões na coluna algébrica. Porque elas são iguais? Qual a relação das razões das medidas dos lados dos triângulos ABC e A’B’C’. A partir dos resultados obtidos, conjecture uma condição para que dois triângulos sejam semelhantes. Figura da atividade 17 - apostila da unidade didática Prof. PDE Observou-se um gasto de tempo por ser uma atividade longa, dificuldade dos alunos em conjecturar novamente. Assim que acabou a construção, deveriam observar alguma relação de semelhança entre as figuras “triângulos”, contudo notouse interesse, motivação e interatividade entre os alunos, quando alguns alunos verificaram na coluna algébrica que através da manipulação do movimento do seletor, que as medidas dos lados correspondentes dos “triângulos” eram proporcionais, nesse momento pediu-se aos alunos que alterassem o valor mínimo do seletor para “0” e o movimentassem e questionava-se qual seria a relação da razão de proporcionalidade entre os lados correspondentes a fim de concluírem que se tratava de ampliações ou reduções; com espírito desafiador diante dos alunos indagava-se qual relação da razão do perímetro de dois triângulos semelhantes e a razão de dois lados correspondentes. No momento da conclusão tiveram dificuldades em concluir qual a condição de semelhança. Concluindo, o que chamou a atenção foi à motivação e interesse dos alunos diante do software, percebendo que mesmo com dificuldades nas conjecturas, construíam um conhecimento com significados, uma aprendizagem dinâmica, manipulativa e visual. ·. Atividades21: Seja ABC um triângulo retângulo com ângulo reto em C e seja CD a altura em relação a AB. Então ΔACD~ΔABC~ΔCBD. Verifique a veracidade da afirmação. Figura da atividade 21 - apostila da unidade didática Prof. PDE A atividade 21 foi realizada no período de contraturno com presença de poucos alunos. Após a construção assistiu-se certa dificuldade nos casos de semelhança  (ângulo-ângulo) e LLL (lados proporcionais), pois não conseguiam fazer a relação de correspondência dos ângulos congruentes e lados proporcionais, pela composição da figura sentiram dificuldades, não conseguiam responder com convicção, às vezes respostas ao acaso. Após esse momento pediu-se que medissem cada ângulo indicado na figura e movimentassem os vértices, o que facilitou a visualização e conjectura do caso AA, porém o caso LLL os alunos não conseguiam estabelecer relação de proporcionalidade das medidas dos lados, não perceberam que quando os ângulos são congruentes os lados são proporcionais. A partir das experiências realizadas foi aplicada aos alunos uma avaliação escrita (abaixo) de três questões relativas ao conteúdo semelhança de triângulos e os resultados estão no gráfico (abaixo): 1) Calcule o valor das incógnitas x e y nos casos de semelhança de triângulos da figura a seguir: 2) Na figura abaixo está representada a fachada de um prédio. Os segmentos de reta AB e CD são perpendiculares a BE e os segmentos de reta AB e CD são paralelos. a) Justifique se o triângulo ABE e CDE são semelhantes. b) Determine a razão de semelhança do triângulo ABE para o triângulo CDE. c) Determine a altura do prédio. 3) Dada o triângulo retângulo ABC da figura, h é altura relativa à base BC. Verifique e justifique os casos de semelhança entre os triângulos: a) Δ ABC e Δ ACD b) Δ ABC e Δ ABD c) Δ ACD e Δ ABD ANÁLISE DOS RESULTADOS Questão 1: Com a primeira questão pretendia-se que através da observação dados dois triângulos retângulos semelhantes, onde faltavam algumas das medidas de lados x e y, os alunos calculassem essas medidas, usando a propriedade fundamental da semelhança de triângulos. Constatou-se que os alunos sabiam quais eram os elementos correspondentes, mas, no entanto demonstraram certa dificuldade nos cálculos, mas a maioria dos alunos acertou pelo menos uma das incógnitas pedidas, conforme o gráfico, portanto os objetivos propostos foram positivos. Questão 2: Pretendia-se que os alunos através da observação da figura dada aplicassem os conhecimentos de triângulos semelhantes, justificassem o caso de semelhança, determinassem a razão de semelhança entre os triângulos e a distância pedida. Observou-se que os alunos não tinham se apropriado do conhecimento dos casos de semelhança, mesmo porque uma questão idêntica foi realizada como uma das atividades no período de contraturno, mas a maioria tinha faltado e em particular o aluno não compreendeu que em triângulos semelhantes os ângulos correspondentes são congruentes (caso: AA) e o que pode ser diretamente proporcional é a medida do comprimento dos lados correspondentes. Outro problema pode ter sido a composição da figura, o que pode ter dificultado a visualização da questão. Mas com resultados positivos a maioria “17” alunos acertou o item c. Questão 3: Dado um triângulo retângulo ABC, sendo h a altura relativa à base BC, foi pedido que verificassem e justificassem os casos de semelhança entre os ∆ ABC e ∆ACD, ∆ABC e ABD e ∆ACD e ∆ABD. Observou-se como na questão acima os alunos não tinham se apropriado do conhecimento dos casos de semelhança, novamente pelos mesmos problemas citados na questão acima, não conseguiram verificar os ângulos correspondentes congruentes (caso: AA) nos ∆ABC e ∆ACD e ∆ABC e ABD, sendo os ângulos congruentes deveriam ter observado a proporcionalidade da medida dos lados nos Δ ACD e Δ ABD, caso LLL. Conforme ilustra gráfico, apenas 3 alunos acertaram o item a e 1 o item b. Acreditamos que se tivéssemos um maior número de aulas com certeza as atividades poderia ser revisado o que poderia melhorar a aprendizagem dos alunos. Por se tratar de uma nova metodologia para os alunos e também para o professor, acarretou uma deficiente gestão de tempo, isto é, como os alunos demoravam muito tempo nas construções, porque as atividades eram longas, todas com passo-apasso, principalmente na parte inicial, escasseava-se o tempo para a resolução e discussão das atividades de uma forma significativa, tempo que pode ser um obstáculo, pois para se ter sucesso na promoção da autonomia é importante que os alunos tenham tempo, assim como os professores para se familiarizarem com essa nova ferramenta de trabalho. Ao final da implementação elaborou-se um questionário buscando aprimorar a opinião dos alunos que possibilitou uma análise das perspectivas quanto à preferência da nova metodologia: Por meio de métodos Tradicionais ou Ferramentas dinâmicas Softwares “GeoGebra”? A forma escolhida para apresentação e análise dos resultados levantados foi por meio dos gráficos abaixo: Figura 01 Dos alunos do 9°ano vespertino pesquisado, observou-se através do gráfico da figura 01, que 100% dos alunos já acessaram um computador. Figura 02 Ao serem questionados em quais locais possuíam acesso ao computador, observou-se que 39% dos alunos acessam em casa, 33% na escola e 28% nas lan houses, observando que existem alunos que fazem acesso nas três opções. A segunda opção foi alta pelo fato das pesquisas escolares. Figura 03 Através do gráfico da figura 03, reforçado pelo acima, observou-se o fato que os alunos podem obter acesso aos computadores e internet, e através de pesquisas escolares eles demonstram facilidade de acesso no ambiente em que estudam, ou seja, integrar o aprendizado escolar à facilidade de acesso as tecnologias de rede. Figura 4 Observou-se na figura 04 apesar de estarem disponíveis na internet inúmeros softwares matemáticos ou jogos, apenas 7% dos alunos demonstrou que pouco conhece ou não possuem acesso a eles, fato que nós professores da disciplina de matemática devemos repensar, propor e fazer destas ferramentas uma rotina, buscando metodologias midiáticas, uma forma para um aprendizado com significado para os alunos. Observou-se ainda que 31% fazem uso do correio eletrônico ou 32% das redes socais de relacionamento ou 30% editor de textos, claro que a maioria faz uso dessas três ao mesmo tempo. Fato que estes três últimos recursos midiáticos associados às mídias tradicionais como celulares, DVD, televisores, projetores etc., só trazem benefícios ao ensinamento dos softwares, pois a partir do conhecimento dos mesmos o aluno passa a ter uma visão mais aberta, facilitada para aprender as ferramentas do GeoGebra. Figura 05 Nota-se no gráfico da figura 05, que 67% dos alunos concordaram totalmente, 24% parcialmente, apenas 9% dos alunos discordaram parcialmente e nenhum discordou totalmente, conclui-se que a apostila de atividades possibilitou vertentes para uma melhor ambientação e familiarização nas atividades construídas o que proporcionou melhor segurança nas construções. Figura 06 Com base no gráfico da figura 06, a maioria concordou totalmente ou parcialmente e apenas 9% discordaram parcialmente que houve uma facilidade efetiva de manipulação, concluiu-se que já possuíam certo domínio das mídias como já citado acima, o que facilitou a manipulação das ferramentas, mas com o espírito de interatividade e cooperatividade, uns se colocaram a disposição do outro para ajudá-los. Figura 07 Feita uma análise do gráfico da figura 07, 95% dos alunos concordaram totalmente, 5% parcialmente e nenhum discordou, pois se empolgaram se motivaram com dinamismo do software, manipulação, movimentos, visual etc., mas no imediato da interpretação e conjecturas demonstraram dificuldades, o que era esperado por se tratar de uma nova metodologia, pois não são acostumados com essa ferramenta e prática de construção, manipulação, interpretação e conjecturas. Figura 08 O gráfico da figura 08 revelou a análise da figura 07 acima, quando se mostraram motivados pelo dinamismo do GeoGebra, na euforia que seriam somente as construções, mas no imediato da interpretação, exploração e conjecturas apresentaram dificuldades, e observou-se que quase 50% dos alunos tiveram essa problemática tanto na exploração da situação problema quanto na conjectura dos conceitos. Nossos alunos não estão acostumados com nenhuma das duas tendências metodológicas, exploração de situações-problemas e mídias, é focada somente nas aulas expositiva e resolução de exercícios, o que vem se tornando cansativo e apático para eles. Figura 09 Observou-se no gráfico da figura 09 que, 80% dos alunos concordaram totalmente, 20 % parcialmente e nenhum aluno discordou, portanto, concluí-se que a ferramenta é estimuladora, interativa, os alunos gostaram de fazer uma aula diferente, inovadora, pois se sentiram motivados. Figura 10 O gráfico revelou resultados com índice de aceitação satisfatório da proposta metodológica, pois 67% concordaram totalmente e 28% parcialmente e 5% apenas discordaram parcialmente, pois os alunos gostam de desafios inovadores, estimuladores, o que faz o aluno pensar, ser crítico. Segue abaixo alguns comentários e ou sugestões dos alunos no final da implementação: A1: Eu acho que as aulas do GeoGebra ajudaram muito, que até melhorei na prova. A2: Eu gostei muito das aulas do GeoGebra, mas tivemos poucas, não tivemos o suficiente para aprender o bastante. A3: Foi boa a iniciativa do professor, faltaram algumas aulas, mas, no entanto as aulas foram boas e facilitaram bastante. A4: No começo gostei sim, como não houve aulas o suficiente para praticar as atividades, portanto eu não gostei, mas se tivéssemos como terminar seria muito bom, porque no começo gostei muito. A5: Infelizmente faltaram aulas para concluir nossa aprendizagem, mas o trabalho ficou realmente ótimo. A6: Eu gostei muito do GeoGebra, pena que tivemos pouco tempo para poder interpretar as construções. A7: Tivemos uma boa experiência, porque é uma nova maneira de aprender matemática, com todas as dificuldades encontradas pelo professor e nós alunos, faltou tempo e aulas, mas foi boa a aprendizagem, precisamos repetir a experiência no ano que vem. A maior parte dos alunos julgou concordar que o GeoGebra como ferramenta estimuladora e interativa contribuiu para a melhor aprendizagem da matemática frente ao tradicionalismo do dia-a-dia. Nota-se nos comentários que a opinião da maioria pelo pouco tempo e as condições em que realizamos nosso trabalho, perdemos algum tempo nas aulas de apresentação e mesmo nas atividades de ambientação, mas se essa prática se tornar uma rotina dos alunos essa gestão de tempo com apresentação e ambientação é ocupada direto com a resolução das atividades, tempo que pode levar o aluno deixar de ser dependente dos colegas e professor para ser autônomo e criativo o que todos nós professores almejamos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo, por meio da articulação de duas das tendências metodológicas da Educação Matemática proposta nas Diretrizes Curriculares, à Resolução de Problemas e Mídias (aqui representada pelo software GeoGebra) proporcionou um trabalho com possibilidades, percepções diversificadas das tradicionais para melhorar o complexo processo de ensinar e aprender Matemática. Isso permitiu fazer algumas reflexões diante da necessidade da inovação de estratégias metodológicas de uma forma dinâmica proporcionando novos olhares para o ensino da matemática, uma vez que estamos inseridos numa sociedade regida por transformações e competitividade em todas as áreas do conhecimento que exige cidadãos autônomos e críticos, imprescindível para a formação e integração dos jovens na vida profissional ativa. São contribuições que tentam fragmentar as mesmices tradicionais da sala de aula, estabelecidas como facilitadora do ensino e aprendizagem. Nesse sentido, este artigo trás experiências que permitem aos alunos uma aprendizagem dinâmica, manipulativa e visual, não inerte, com espírito colaborativo e interativo. Apesar de se mostrarem empenhados ao longo da experiência, não se assistiu autonomia, visto que buscavam constantemente apoio do professor, mas acreditamos que a autonomia poderá estar presente num breve futuro com a perseverança dessa metodologia, ou seja, que essas estratégias passem a ser rotineira para alunos e professores. Quanto à organização, gestão do tempo das atividades pode-se concluir que houve uma pouquidade de tempo com os problemas citados anteriormente, tempo que professores e alunos com práxis constantes podem trazer autonomia e mais rapidez, obtendo-se uma melhor compreensão de conceitos e resultados da matemática. Apesar de aparentemente a experiência não ter conduzido às conclusões desejadas e que este tipo de metodologia de ensino pareça não trazer em curto tempo amplos progressos, acreditamos que os grandes efeitos das inovações metodológicas midiáticas são muitas vezes visíveis em médio e longo prazo. No imediato, a maioria das oportunidades não é alcançada pelas suas competências, pois não foi uma apropriação avinda da memorização, foi uma aprendizagem baseada em construções, manipulações, no visual, elaborando conjecturas, realizando discussões, ou seja, uma aprendizagem que constrói significados. Logo a proposta metodológica de ensino descrita neste artigo apresenta-se como um desafio, pois exige mudança na postura do professor, sendo acessível por meio de cursos de formação continuada. A principal contribuição do artigo é mostrar que é possível fazer com que o aluno deixe de ser passivo, apático – comum nas metodologias tradicionais – para ser ativo, participativo, interativo, provocando transformações no processo de ensino e aprendizagem da Educação Matemática. REFERÊNCIAS AMORIM, J. A. A educação matemática, a internet e a exclusão digital no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Educação Matemática, São Paulo, n. 14, p. 58-66, ago. 2003. D’AMBRÓSIO, U., BARROS, J. P. D. Computadores, escola e sociedade. São Paulo: Scipione, 1988. DANTE, L. R. Didática da Resolução de Problemas de Matemática. São Paulo: Editora Ática, 2003. GERÔNIMO, João Roberto, OLIVEIRA, Rui Marcos de, FRANCO, Valdeni Soliani. Geometria Euclidiana Plana: um estudo com Software GeoGebra. Maringá: Eduem, 2010. HENDRES, Cláudia Assis, KAIBER, Carmen Teresa. A utilização da informática como recurso didático nas aulas de Matemática. Acta Sientiae Revista de Ciências Naturais. 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