2 | QUINTA-FEIRA, 22 de outubro de 2015
CORREIO DO POVO
OPINIÃO
U
m levantamento realizado pela
Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Sondagem Industrial, divulgada nesta quartafeira, mostra que o setor está demandando uma série de melhorias que possam
servir para alavancar a produção e, assim, superar as atuais adversidades econômicas. Uma delas está na concessão
de crédito, que, segundo o levantamento,
vem obtendo números negativos a cada
mês. Os dados referentes ao último levantamento mostram 29,9 pontos para obten-
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EDITORIAL
Cenário a melhorar na indústria
ção de empréstimos por parte das pessoas jurídicas. A escala é de zero a cem
e, quanto menor o número, maior é o efeito negativo referenciado. Em relação à
margem de lucro, o índice foi de 38,9 pontos, e, quanto à elevada carga tributária,
ficou em 44,9% das respostas, vindo a seguir a demanda interna insuficiente, com
42,2%, e o alto custo da energia elétrica,
que cravou um percentual de 29,4%.
Um quesito considerado positivo foi o
otimismo em relação às vendas externas,
com 50,2 pontos, e melhorou a intenção
de investimentos, de 39,2 para 40,7 pontos. A questão do câmbio subiu de 8˚ para 4˚ no ranking das preocupações.
Esse panorama merece ser visto, analisado e revisto pelas autoridades da
área econômica dos governos federal e
estaduais. Nenhuma economia pode pretender ser forte, competitiva e produtiva
sem uma indústria funcionando a pleno
vapor, com aportes de recursos em inovação, mão de obra e com capital de giro
para auscultar novos negócios. Questões
como a alta tributação inibem investimentos, quando, na verdade, a arrecadação
poderia ser maior e melhor se facilitasse
a efetivação desses empreendimentos.
DO LEITOR
CHARGE
Renato Panattieri
Tacho
Santa Casa
JUREMIR MACHADO DA SILVA
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No dia 19 de outubro de 1803
foi fundada a nossa Santa Casa
de Misericórdia de Porto Alegre
(Irmandade de Santa Casa de Misericórdia), portanto completou
212 anos, ou seja, mais de dois
séculos. Obrigado por tudo o que
tem feito para o nosso povo. Seremos eternamente gratos pelo
carinho e desprendimento profissional e humano.
Sergio Almeida, Porto Alegre
Vergonha
Ser original
E
ra uma vez um lugar chamado Palomas. Era um lugar estranho,
flexível, modulável, variável. Podia ser uma cidade, um país ou
até um planeta. Para alguns, era a República Popular de Palomas.
Para outros, Estados Unidos de Palomas. Contava-se que o colombiano
Gabriel García Márquez havia se inspirado em Palomas, onde teria morado e trabalhado como peão na Estância do Candoca, para conceber a
sua Macondo. É certo que José Hernandez conhecia bem Palomas e é
possível que tenha criado Martin Fierro à imagem e semelhança de
Emerenciano, gaúcho espanholado de muitas histórias e poucas certezas. Discos voadores foram vistos em Palomas nalguma época. Os extraterrestres fizeram uma grande descoberta: havia água no lugar.
Não se sabe, no entanto, quando Palomas passou a ser um lugar original, o mais original da galáxia. Em algum momento, Palomas virou o
país do oposto, lema inscrito na bandeira nacional como o contrário do
entendido pelos estrangeiros. Bastava uma coisa parecer razoável em
certo sentido para, imediatamente, ser invertida. Se um sujeito era corrupto, tendo contas secretas, por exemplo, na Suíça, em vez de punição,
recebia uma homenagem. Se um partido se dedicava a defender a ética,
em vez de combater os atos ilícitos de todos, combatia apenas os dos
seus adversários políticos. Se havia uma seca e a população sofria com
falta de água nas torneiras por causa da imprevidência do governador,
este, em vez de ser criticado pelos especialistas ou punido pelos eleitores, era reeleito e recebia um prêmio pela gestão dos recursos hídricos.
Palomas fez história assim.
A população palomense dividiu-se em dois campos: o do estancieiro
e o dos sem estância. Depois, subdividiu-se em dois potreiros: o dos
que falavam “presidente” e o dos que diziam “presidenta”. Para saber a
que campo alguém pertencia, bastava fazer a pergunta: “Quem governa
o país?”. Dependendo da resposta, punição ou recompensa. A palavra
“presidenta” foi objeto de muitas disputas. Uns diziam que era um estupro da língua palomense. Outros, que era legítima e constava em dicionários. Em Palomas, dicionários viviam em grande concorrência comercial. Aquele que incorporasse mais rapidamente palavras em uso, em
ascensão ou resgatadas de um passado obscuro, ganhavam certas clientelas. Um deles registrou “menas”. Outro, mais esportivo, legitimou “treinabilidade” e o “oportunizar”.
O grande momento de Palomas foi na guerra contra a corrupção.
Assim: elegeu-se um partido conhecido como campeão da ética. Por ser
do país do oposto, instalado no poder, ele se tornou o partido da bandalheira. A oposição, conhecida pela sua elasticidade moral, obviamente
fez o movimento contrário, tornando-se uma fortaleza da honestidade.
Para mediar o conflito, recorreu-se a um fiel da balança, conhecido como ‘’balança, mas jamais cai’’, o PMDB (Partido Me Dando Bem), que
apoiara a oposição, quando ela era situação, obviamente, e fazia parte
da situação, que antes era oposição, sendo cúmplice dos donos do poder nos seus piores momentos. Originalíssimo.
Estamos assistindo aos espectros da vergonha que agoniza a
passos largos no país, ou seja, a
falta de dignidade, de brio, de honra de algumas pessoas. Mas há os
que fazem da vergonha uma constante, um orgulho desse dote estocado na herança ancestral, que
não se perde nos andares do pensamento e que desejam que a seriedade, a justiça e a vergonha na
cara prevaleçam em todos os momentos e decisões da vida. É a
tentativa de salvar o respeito e a
honestidade do ser, do ter e do fazer. É preciso ter consciência na
interação com o mundo.
Nety M. H. Carrion, Porto Alegre
Solidariedade
É hora de esquecer, por algum
tempo, os problemas crônicos
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VICE-PRESIDENTE
Cleber Nascimento Dias
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Prevenção
Está certo. Este ano foi absolutamente atípico com o excesso de
precipitações. Choveu muito, mas
deixou a descoberto várias questões sobre o que poderia ser feito
para prevenir alagamentos, evitar
o assoreamento dos rios, os desmatamentos, as queimadas, etc. A
prefeitura iniciou a colocação de
geradores em sete casas de bombas para prevenir possíveis quedas de energia durante os temporais. Uma ação que poderia ter sido feita em anos anteriores. Se todas as administrações, a partir
dos municípios, dos estados e do
país se preocupassem com os problemas da população, inclusive
com os ribeirinhos e os sem-teto,
os problemas seriam menores.
Lauder Santarrosa, Porto Alegre
ARTIGO
Vilson Antonio Romero
Pela valorização dos auditores fiscais da RFB
P
or um lado a sociedade demanda mais transparência e eficiência no gasto público, mas por outro tem
subestimado a necessidade de uma administração
tributária sólida, com resultados mais eficazes.
Apesar de o Brasil dispor, nas três esferas de
governo, de estruturas de combate à elisão e à sonegação
dos recursos públicos, pouca importância tem sido dada a
esses setores, em especial na União.
Claramente, é preciso combater os desvios do dinheiro
público de forma mais competente, mas também exigir dos
entes públicos um efetivo retorno à sociedade, com mais e
melhores serviços públicos e programas sociais.
Vejam a situação dos auditores fiscais da Receita Federal.
São eles as autoridades administrativas e tributárias que podem contribuir diretamente e de forma decisiva para a construção de um modelo tributário verdadeiramente funcional,
que atenda ao que a população necessita, sem penalizá-la.
Em 2014, os auditores lavraram R$ 150 bilhões em autos de infração, numa média de autuação per capita de R$
53 milhões. Só de produtos falsificados, adulterados ou que
não recolheram os devidos tributos, retiraram de circula-
ção R$ 1,8 bilhão em 2014.
Na luta contra a corrupção, os auditores fiscais também
têm mostrado competência agindo ao lado da Polícia Federal e do Ministério Público, em operações conjuntas que, só
no ano passado, resultaram na descoberta de R$ 9 bilhões
em fraudes.
O papel social do auditor também é relevante ao atuar
decisivamente na coleta das contribuições para a Seguridade Social. Os recursos para os programas de saúde, previdência e assistência social ultrapassaram R$ 686 bilhões,
quase 60% da receita administrada pela Receita Federal.
Porém todo esse trabalho dos auditores fiscais da Receita Federal contra a sonegação e a corrupção, em favor da
inteligência fiscal e em defesa da justiça social não tem recebido o justo reconhecimento. A classe trabalha com efetivo aquém do necessário e, no ranking das administrações
tributárias, ocupa a 27ª posição em termos de remuneração
na lista que abrange os auditores estaduais e municipais.
Ou seja, os auditores da Receita Federal, responsáveis por
70% de toda a arrecadação nacional, ganham menos que
fiscais de 26 estados e municípios.
jornalista e auditor fiscal
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CEP 90019-900, ou pelo e-mail [email protected]. Por razões de clareza ou espaço, as cartas poderão ser publicadas resumidamente.
FUNDADO EM 1˚ DE OUTUBRO DE 1895
PRESIDENTE
Reinaldo Gilli
que temos na cidade para prestarmos ajuda a todos os atingidos pelas cheias. Precisamos esquecer
do trânsito às vezes caótico para
prestarmos auxílio, mesmo que
não tenhamos dinheiro, por exemplo, ou algum objeto ou roupas
que possamos doar. Neste caso
basta sermos voluntários. Ajudem, auxiliem, pois até uma palavra de conforto ameniza quem está sem moradia.
Martha S. Tanieri, Porto Alegre
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PDF: Correio do Povo 22/10/2015