Andréa de Fátima Almeida Silva Abrindo olhares para o ato de aprender numa visão psicopedagógica MONOGRAFIA Programa de Pós-Graduação em Psicopedagogia Rio de Janeiro junho de 2003 Andréa de Fátima Almeida Silva Abrindo olhares para o ato de aprender numa visão psicopedagógica Monografia Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Psicopedagoga pelo Programa de Pós-Graduação em Psicopedagogia, da Universidade Candido Mendes (UCAM). Orientador: Luiz Cláudio Lopes Alves Dr. Co-orientador: Pedro Paulo Almeida Silva M.Sc. Rio de Janeiro junho de 2003 “... há um tempo de plantar com as mãos, mas há um tempo de plantar as mãos...” Do livro Bar Do Juan de Antônio Callado Agradecimentos Aos orientadores Professor Doutor Luiz Cláudio Lopes Alves e Mestre em Ciências Pedro Paulo Almeida Silva, pelo apoio, orientação e confiança depositados. A UCAM pelo ambiente favorável no desenvolvimento deste trabalho. À secretaria da Pós-Graduação, pelo permanente apoio. Aos parentes que de uma forma ou outra participaram do processo de motivação. Aos meus filhos e esposo, pelo permanente apoio e compreensão. Aos professores pelos ensinamentos e aos funcionários pelo desprendido suporte. Para não correr riscos de omissão, reiteramos os agradecimentos a todos os especialistas e colaboradores que de forma direta ou indireta colaboraram para o desenvolvimento do presente trabalho. Resumo A presente monografia intitulada “Abrindo olhares para o ato de aprender numa visão psicopedagógica” foi desenvolvida com o propósito de contribuir com os educadores de forma a obterem uma reflexão maior a respeito de sua prática e teoria aplicada às questões relacionadas à aprendizagem, ressaltando as contribuições da psicopedagogia. Tendo como metodologia uma pesquisa bibliográfica, na qual procurou-se identificar como o psicopedagogo possui um importantíssimo papel para transformar a história que poderia ser de fracasso em verdadeiro sucesso. Palavras-chave: 1. Psicopedagogia. 2. Aprendizagem. 3. Professor. 4. Aluno. 5. Auto-estima. 6. Ensino. 6. Educação. Sumário Introdução ............................................................................................ 5 Capítulo 1 – Somos eternos aprendizes............................................ 7 1.1 Definição de aprendizagem ............................................................. 7 1.2 As diferentes percepções sobre a aprendizagem............................ 8 1.3 Ensino e aprendizagem ................................................................... 11 1.4 Aspectos que interferem na aprendizagem ..................................... 14 Capítulo 2 – A importância da auto-estima na aprendizagem......... 16 2.1 Conhecendo a auto-estima.............................................................. 16 2.2 auto-estima e aprendizagem ........................................................... 19 2.3 auto-estima na prática pedagógica.................................................. 21 2.4 Vencer juntos: relação professor-aluno ........................................... 24 Capítulo 3 – Um olhar psicopedagógico sobre o ato de aprender . 27 Capítulo 4 – Conclusões e recomendações...................................... 30 Referências bibliográfica .................................................................... 32 Anexos .................................................................................................. 33 Introdução O processo de aprendizagem é importante para o ser humano, uma vez que pertencemos a uma espécie que nascer é ingressar em um mundo onde é indispensável aprender. A aprendizagem é uma atividade humana que teve sobre si, vários olhares, fazendo com que fosse concebido de formas diferenciadas. O ser humano tem em si a curiosidade pelo conhecer, com isto apareceram correntes teóricas que tentavam descobrir como aprendemos. A aprendizagem é uma mudança no comportamento resultante de uma experiência que desenvolve a percepção, atenção, a memória e a imaginação. Nascemos com uma capacidade intensa de aprender, que não dever ser estagnada, mas sim, ampliada durante toda nossa vida. Nesse contexto, percebemos que aprendemos desde muito cedo e já somos capazes de expressar nossas emoções nas formas estabelecidas pela cultura que estamos inseridos, o que nos faz seres culturais. As primeiras relações da criança com a família formam a matriz de aprendizagem, que se desenvolve no interior da relação. A escola, então, será um entre muitos outros ambientes possíveis para adquirir conhecimento, mas é preciso que ela também propicie oportunidades para os educandos. Ela deve refletir sua realidade unindo teoria e prática, tendo objetivos e metas claras, para que através da coerência contribua com seus alunos, buscando variadas formas de leva-lo a uma aprendizagem significativa. As dificuldades de aprendizagem, durante muito tempo, estiveram voltadas para o aluno, sendo ele o “culpado” por seu fracasso, quando na verdade a sua dificuldade está relacionada a diferentes fatores que interferem diretamente em sua aprendizagem. Em minha prática pedagógica percebo que um dos fatores que interferem na aprendizagem é a auto-estima que deve ser estimulada, trabalhada e enfatizada, pois exerce um importante papel para uma boa aprendizagem modificando histórias que poderiam ter como fim o fracasso. O psicopedagogo atua justamente sobre as dificuldades, voltando-se para o “não aprender” e neste processo deve trabalhar a auto-estima como a principal forma de mudar o quadro em que a criança se encontra. Acredito que com a família, com a instituição, com o corpo-docente, os funcionários etc. é o caminho para estabelecer a ponte entre a criança e o saber. Desenvolver um trabalho em conjunto visando analisar o processo de construção do conhecimento, tentando identificar o que facilita e o que dificulta a aprendizagem observando quem aprende e quem ensina, eis o grande desafio. A análise do tema escolhido fez-se por intermédio de pesquisa bibliográfica na qual buscou-se subsídios de vários teóricos onde pudesse via capítulos (desenvolvidos) definir aprendizagem e lançar novos olhares pela psicopedagogia reconhecendo que esse olhar deve ser voltado ao ato de aprender. Capítulo 1 Somos eternos aprendizes 1.1 Definição de aprendizagem O homem ao longo do tempo, veio tendo determinadas angústias (i) De onde viemos?; (ii) O que é a morte?; (iii) Por que sentimos? e (iv) Como aprendemos?. Percebe-se então, que a aprendizagem também é uma das questões fundamentais para o ser humano desde a antigüidade. Eis o questionamento “O que é aprender?”. Segundo Fernadez (2001), aprender é (i) apropriar-se da linguagem; (ii) historiarse, recordar o passado para despertar ao futuro e (iii) deixar-se surpreender-se pelo já conhecido. Aprender é reconhecer-se e admitir-se. Crer e criar. Arriscar-se e fazer sonhos textos visíveis e possíveis. “Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores etc.. A partir de seu contato com a realidade, meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se diferencia dos fatores inatos (a capacidade de digestão), que já nasce com o indivíduo e dos processos de maturação do organismo independentes da informação do ambiente (e.g.: a maturação sexual) (OLIVEIRA, 1995)”. Se a aprendizagem for uma experiência bem sucedida, o aluno constrói uma representação de si mesmo como alguém capaz de aprender. Se, ao contrário, for experiência mal sucedida, o ato de aprender tenderá a ser uma ameaça ao desinteresse, pois os aspectos emocionais interferem na aprendizagem. Para Visca (1991), a aprendizagem não está restrita à escola, pois não é só na escola que se aprende. A aprendizagem opera na interação com as instituições educativas mediadoras da sociedade, órgãos especializados para transmitir os conhecimentos, atitudes e destrezas que a sociedade estima necessária para a sobrevivência, capazes de manter uma relação equilibrada entre a identidade e a mudança. A aprendizagem é a apreensão instrumental da realidade. Percebe-se que as dificuldades de aprendizagem estão diretamente relacionadas à carência de 8 “experiência de aprendizagem mediadora”, à qual acarreta fundamentalmente performance cognitiva deficitária além de baixa modificabilidade cognitiva. Com isso, o resultado da estimulação do ambiente que se expressa diante de uma situação problema, sob forma de mudança de comportamento, é uma função da experiência. O sujeito aprende na procura ativa para compreender o mundo e resolver as interrogações que este mundo provoca Ferrero (1985). Portanto a aprendizagem ocorre quando o comportamento é modificado pelo resultado de uma experiência (ibid). 1.2 As diferentes percepções sobre aprendizagem O modo de responder as questões fundamentais do homem diferem-se ao longo dos tempos, pois em cada época as questões foram obtendo um tipo de resposta dependendo do contexto histórico. Na Antigüidade Clássica, antes dos filósofos, a cerca de 1000 a 1500 a.C., o modo que o ser humano respondia a esta questão, como a todas as outras era por intermédio da construção dos mitos, que eram histórias da tradição oral, passada de pai pra filho. A aprendizagem ou o impulso dela era observada no mito da Caixa de Pandora, que expressa o dito que não poderia ser aberta e quando isso ocorre saem todas as desgraças do mundo, a última a sair foi a esperança, pois, no mundo grego quem espera não faz. Esse mito se relaciona com aprendizagem por que para eles existe uma característica importante a punição da curiosidade. Percebe-se que algo do senso comum lidava com a aprendizagem no mito. O conhecimento era algo assustador e ameaçador, pode-se observar isso em outras histórias, mas de cunho de religioso, como a de Adão e Eva, que “provaram” da árvore do conhecimento e foram expulsos do paraíso. Com os filósofos, a resposta ganha uma visão muito mais ampla e diferenciada. Para Platão, o homem nasce com idéias que são permanentes e perfeitas. As coisas conhecidas são imperfeitas e no confronto das idéias perfeitas com as imperfeitas é que ocorre a aprendizagem, ou seja, o homem nasce com uma estrutura ideativa, racional. 9 Já Aristóteles (discípulo de Platão), seguiu uma linha de pensamento diferente, para ele o ser humano aprende a partir das experiências, o ser nasce com uma mente e esta é como uma folha em branco, sem capacidade prévia, a aprendizagem se dá por intermédio de experiência acumulada. Tempos depois, seguindo a linha dos filósofos, a cerca de 1500 d.C., Descartes (herdeiro de Platão), inventou a seguinte frase: “Penso logo existo”1, ou seja, o que nos define são nossas idéias, nascemos capazes de interpretar fatos, coisas (e.g.: a caixa de Pandora: pensar sobre a caixa faz dele um ser, por isso ele é). Logo, a aprendizagem é interpretar o mundo, fazendo uso da razão, da racionalidade, interpretar, refletir e aprender. N idade média, entendia-se aprender como fixar na memória ou conhecer. Aprendiam-se apenas informações do professor que ditava regras, explicava e o aluno assimilava apenas ouvindo, copiando e decorando o que era exposto. Dentro do campo da psicologia, tomemos duas concepções sobre a aprendizagem. A Gestalt2 que é uma escola da teoria da aprendizagem contemporânea na Alemanha e teve como fundadores Max Wertheimer, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka. Nessa concepção a aprendizagem é desenvolver insights –que é uma conquista de quem aprende, é aquela sensação que invade o indivíduo quando ele acha a solução de um problema, uma solução que uma pessoa aponta para um campo problema-, mas estes podem conter falhas –ou as leis da percepção– são leis ou princípios que irão determinar a forma de como o indivíduo percebe os objetos, as coisas em si, como organismos do nosso mundo perceptivo. Logo, a aprendizagem ocorre por intermédio da percepção, pelo indivíduo, de um todo global, ou seja, ela vê o indivíduo como um todo e estuda o estímulo, o meio ambiental, a percepção e a sensação do movimento, ou seja, o homem é produto da interação do seu interior e dos estímulos do ambiente3. O Behaviorismo que foi inspirado em Pavlov e teve como maior expoente Skinner, acredita que aprender é condicionar estímulos e respostas, onde o conhecimento só pode ser concluído por intermédio de perguntas, tarefas ou problemas que se é capaz de resolver e é 1 Traduzindo corretamente, temos: “Penso logo sou”. Significa representação modelo (forma geral). 3 Pensamento de Platão. 2 10 mensurado. O meio físico é que agem sobre o indivíduo, onde o homem é produto das condições ambientais, as quais ele reage passivamente4. Jean Piaget, que teve sua obra difundida pelo mundo e continua a inspirar, ainda hoje, diferentes trabalhos em áreas variadas. Esse psicólogo suíço estudo dentre várias coisas, o desenvolvimento da inteligência, do nascimento à maturidade do ser humano, analisando a evolução do raciocínio, para ele o homem não tem comportamento inato, como também suas atitudes são resultado de condicionamentos. O homem, na verdade, apresenta um comportamento construído por ele próprio ao interagir com o meio que vive. Ele criou modelo epsitemlógico com base na interação sujeito-objeto, onde o conhecimento está nesta interação, ou seja, depende da ação simultânea do sujeito e objeto um sobre o outro. O homem aprende quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando desequilíbrio, resultam em assimilação 5 ou, acomodação6 é alcançado. O indivíduo constrói e reconstrói continuamente as estruturas, que o torna mais apto ao equilíbrio, estas construções seguem um padrão denominado de estágios de desenvolvimento. Para ele o desenvolvimento processa a aprendizagem. Já Vygostky, atribui enorme importância à dimensão social, que fornece instrumentos e símbolos que mediam a relação do indivíduo com o mundo. A aprendizagem é considerada assim, um aspecto necessário e fundamental para o processo de desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Logo, o desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado que realiza um determinado grupo social na interação com os outros, ou seja, depende da interação do ser humano com o meio físico (e.g.: meninas lobas). O desenvolvimento está intimamente relacionado com o contexto social histórico, em que está inserido e se processa de forma dinâmica e dialética, por intermédio de rupturas e desequilíbrios provocados de contínuas reorganizações. 4 Pensamento Aristotélico. Processo cognitivo de colocar, classificar novos elementos em esquemas existentes. 6 Modificação de um esquema ou de uma estrutura em função das particularidades do objeto a ser assimilado 5 11 Nesta perspectiva é o aprendizado que possibilita e movimenta o processo de desenvolvimento: “o aprender pressupõe uma natureza social específica e um processo por intermédio do qual as crianças penetram na vida intelectual daqueles que as cercam” (VYGOSTKY, 1984 p.99). A aprendizagem é um aspecto necessário e universal, uma espécie de garantia do desenvolvimento das características psicológicas especificamente humanas e culturalmente organizadas. Para ele se inicia antes de ingressar na vida escolar, e a aprendizagem gera o desenvolvimento. Após esta visão sintética, com relação a visão de como acontece a aprendizagem, fica claro que foi construída uma espécie de base, uma estrutura com ramificações, com duas vertentes que se refletem até nossos dias atuais, oscilando entre o já existente ou tabula rasa. 1.3 Ensino e aprendizagem Após a análise e o reconhecimento sobre as percepções que existiam a respeito da aprendizagem preciso traçar a relação entre ensino e aprendizagem. Para muitos a aprendizagem esta para o ensino assim como ouvir para escutar e ler para escrever, mas é uma visão errônea da realidade, pois a aprendizagem não é simplesmente contrapartida do ensino. O conceito de ensino envolve uma situação triádica, isto é, de três componentes, quais sejam, aquele que ensina, aquele a quem se ensina, e aquilo que se ensina. Na prática, está muito arraigada a idéia de que ensinar e aprender são a mesma coisa, mas a de convir que pode ocorrer ensino sem aprendizagem como também pode haver aprendizagem sem ensino. Ensinar e aprender são processos diferentes que envolvem sujeitos também diferentes (e.g.: um educador e um educando). Ensinar e aprender, por envolver processos e sujeitos diferentes, supõe também métodos diferentes – os mecanismos e estratégias que o educador desenvolve determinado conteúdo, são, na grande maioria, diferentes daqueles que o estudante utiliza para aprender, o que este mesmo educador ensinou. As primeiras relações da criança com a família formam a matriz de aprendizagem, que se desenvolve no interior da relação. A escola, então, será um entre muitos 12 outros ambientes em que se é possível aprender, adquirir conhecimento, mas é preciso que ela também propicie oportunidades para que os educandos a gerar o conhecimento. No sistema educativo é muito comum o ensinar sem aprendizagem efetiva, pois se todo o ensino torna-se automaticamente em aprendizagem todos os educandos seriam gênios. O problema é que os professores ensinam, mas os alunos nem sempre aprendem. Criando-se um grande desperdício entre a informação que se ensina e a informação que é efetivamente registrada, processada e aprendida. Claro que uma margem razoável de desperdício de informação é inevitável em todo processo educativo. Falta de motivação, de interesse, de atenção, de concentração, de compreensão etc., impedem que o conhecimento seja registrado e fixado. Por outro lado, existem mecanismos naturais de seleção -nem tudo interessa a todos, nem da mesma maneira, motivo pelo qual cada um seleciona e prioriza a informação que recebe-. Por assumir que ensinar equivale a aprender e tem se centrado tradicionalmente no ponto de vista do ensino, tirando a partir daí conclusões sobre a aprendizagem. A pedagogia esteve por muito tempo centrada mais nos métodos de ensino do que nos métodos de aprendizagem, como se fosse algo único. Hoje, vem buscando fixar sua atenção na aprendizagem, ou seja, no ponto de vista do aluno. Esse fato marca uma mudança radical na pedagogia. O objetivo final da dissertação é a aprendizagem e é a partir dela que se avalia o aluno, o professor e o sistema. O que importa é que os alunos aprendam. Nessa perspectiva, o bom professor não é o que ensina muitas coisas, mas sim aquele que consegue que seus alunos aprendam efetivamente aquilo que ensina. É importante que na escola se tenha noção da real importância da troca, para que a aprendizagem seja um processo interativo entre quem ensina e quem aprende, onde, o sujeito da ação seja nós e não eu e você. As pessoas envolvidas nesse processo ensino-aprendizagem –educador e educando precisam comunicar suas idéias, não havendo mais espaço para o monólogo, mas sim para o diálogo, a troca é um fator primordial-. Onde se finda a visão do professor (o detentor de todos os saberes”, para que floresça a oportunidade dos momentos de troca, para que ele e seu educando cresçam, pois na medida que isto ocorre ele estará desenvolvendo 13 seu papel enquanto educador do novo século, que busca aprender a conhecer, perceber e interagir com o outro, conduzindo o seu educando a aprender a aprender. “As pessoas tem a capacidade de ensinar, transmitindo cultura e valores que a sociedade têm acumulado. Aprendemos e ensinamos porque precisamos resolver problemas reais, as experiências aprender e ensinar é prazerosa que não percebemos esses processos (DEVAL, in Demo)”. Encontramos a aprendizagem em todas as ocasiões de nossa vida de maneira significativa, e ela ocorre de formas múltiplas em diferentes instâncias. Aprendemos ao interagir e não só por meios formais. Nascemos para aprender e aprenderemos a morrer. A aprendizagem é uma mudança no comportamento resultante de uma experiência que desenvolve a percepção, atenção, a memória e a imaginação, nascemos com uma capacidade imensa de aprender, que não deve ser estagnada, mas sim, ampliada durante toda nossa vida. É de suma importância que ocorra a participação de dois aspectos nesse processo: (i) a atribuição de significados7 e (ii) sentido8. Por tudo que foi mencionado, percebe-se que a escola precisa de uma “reengenharia”, desvinculando a pseudo-idéia de que o primordial é o ensino, não incluindo a aprendizagem nesse processo. Com o rompimento com o velho paradigma, não estaremos estigmatizando nossos educandos ao “não aprender” e ao “fracasso escolar”, pois é necessário um vínculo entre aprendizagem informal9 e formal10. Segundo Demo (2000) aprender é conquistar autonomia em um mundo bombardeado de idéias, propostas, o que aprendemos nos dá segurança de sermos homens cultos. Devemos aprender a ver o mundo com seu próprio entender, para que possamos caminhar segundo aquilo que conhecemos e que escolhemos. A 7 Idéias e conceitos que tem sobre o mundo, que é socialmente construído, ocorre de fora pra dentro. Valor e importância que é atribuído a quem aprende, ocorre de dentro para fora. 9 Onde é correlacionado significados e sentidos do dia-a-dia. 10 Na maioria das vezes e em diversas situações lhe é tolido essa liberdade, pois geralmente espera respostas e pensamentos homogêneos. 8 14 aprendizagem também tem o sentido de habilidade de pesquisa, no sentido de sermos homens questionadores, buscar o novo ver além das linhas, compreender as entrelinhas, sem subestimar o outro. E por fim, o que ele chama de “saga da reconstrução permanente”, aprender não é incorporar mecanicamente, não é reproduzir. O conhecimento nos é transmitido, mas precisa ser reelaborado e ser incorporado por nós, só assim gera autonomia e liberdade. Observemos este trecho do texto de Artur da Távola: “... eu educo os valoras que recebi ontem para as pessoas que são o amanhã. Os valores de ontem, os conheço. Os de hoje percebo alguns. Dos de amanhã não sei. Se só uso os de ontem, não educo, condiciono. Se só uso os de hoje, complico. Se só uso os de amanhã, não educo faço experiências à custa da criança. Se usar os três, sofro, mas educo”. Ele nos mostra que aprendemos conceitos e valores passados e, nós educadores, os repassamos e que o novo sempre está batendo as portas e que a aprendizagem não é estática, mas dinâmica. Devemos repassar e não ensinar a reproduzir, tolhendo a arte humana de aprender a aprender e a reconstruir. È ressaltada a importância da história para o homem, descordando do pensamento de Hegel que afirma “que a história nos ensina é que os homens nunca aprenderam nada com ela”. Se somos “construídos” também por nosso grupo, nossa cultura que está inserida na história não devemos nos abster dela e sempre estarmos prontos para o que há de vir. Em suma, devemos não somente aprender, mas sim objetivando a transformação para que possamos aprender a interagir com o mundo e com os outros e sempre quebrando paradigmas. 1.4 Aspectos que interferem na aprendizagem No processo de ensino existem vários aspectos que interferem na concretização da aprendizagem. Nestes aspectos podem se referir a aspectos externos como um método que seja inadequado naquele momento ou problema intrínseco. 15 Por muito tempo culpou-se unicamente o aluno por apresentar dificuldades de aprendizagem, contribuindo diretamente para o fracasso escolar. Para Fernández (2001), o problema de aprendizagem, quando se instala, deixa o sujeito sem palavras para relatar seu drama. Os transtornos de aprendizagem em relação a outros padecimentos psíquicos apresentam uma particular especificidade. Eles têm certo caráter de urgência, pois quando se trata de crianças, se a inteligência está ferida, pode ocorrer que os efeitos dessa dor sejam permanentes. Tal urgência também se relaciona ao que nossa sociedade reclama cada vez mais, o êxito profissional, associando-o de modo lamentável à realização da pessoa como tal. É na escola, na universidade e na atividade de trabalho, no espaço público onde se “põe à prova” a capacidade intelectual das pessoas. Paín (2000), chama de problemas de aprendizagem a todos os distúrbios psicopedagógicos que interferem diretamente na aprendizagem. Considera que para fazer o diagnóstico de um problema de aprendizagem devem ser investigados os seguintes fatores: (i) orgânicos e constitucionais; (ii) específicos, localizados principalmente na área perceptivo-motora (visão, audição e coordenação motora); (iii) ambientais, representados pelo lar, escola e comunidade com um todo e (iv) psicógenos que compreendem os emocionais e intelectuais. Esses fatores atrapalham o desenvolvimento de uma boa aprendizagem dificultando a vida escolar do aluno, podendo assim nascer no aluno sensações como de “incapacidade”, revolta, tristeza, por conseguinte sua auto-estima diminuir, passando a considerar-se um fracassado. Por isso é importante que o professor estimule em seus alunos a sua auto-estima para que esta não atrapalhe o seu processo. Segundo Branden (1998) uma pessoa com alta auto-estima percebe as “derrotas” como algo exterior a ele e logo busca a vitória. Outra com baixa auto-estima identifica-se com a sua própria “derrota” e logo julga-se fracassado. Capítulo 2 A importância da auto-estima na aprendizagem Percebe-se que vários aspectos influenciam direta ou indiretamente na aprendizagem. Neste capítulo foi abordado, primeiramente o que é auto-estima paras que depois se possa compreender melhor a sua influência na aprendizagem. 2.1 Conhecendo a auto-estima “Auto-estima é a disposição para experimentar a si mesmo como alguém competente para lidar com os desafios básicos da vida e ser merecedor da felicidade” (BRANDEN, 1994). Branden (1994) também diz que a auto-estima -é a vivência de sermos apropriados à vida e às exigências que ele coloca- Mais especificamente, autoestima é: (i) a confiança em nossa capacidade de pensar e enfrentar os desafios básicos da vida e (ii) a confiança em nosso direito de ser feliz, a sensação de que temos valor, de que somos merecedores, de que temos o direito de expressar nossas necessidade e desejos e de desfrutar de nossos esforços. Para o professor de psicologia Lopes (2002) ela é o conjunto de crenças que temos sobre nós mesmos e aceitamos como verdade, nossa capacidade e o que podemos fazer. Nela está inclusa a confiança para pensarmos e enfrentarmos os desafios da vida, nossa vontade de crescer e sermos felizes, a integridade pessoal, a sensação de sermos merecedores, dignos, qualificados para expressarmos nossas necessidades e desejos e desfrutarmos os resultados de nossos esforços. Inclui também a forma como cuidamos de nós mesmos, de nossa saúde e de nossos relacionamentos, como administramos nossa vida e superamos as inibições, o comodismo, a alienação e como investimos em nosso crescimento como pessoa. De acordo com a professora de psicologia Haro (2002) a auto-estima é a soma integrada de dois aspectos, que são os pilares básicos da auto-estima saudável, ou melhor, que representam sua essência que são a auto-eficiência11 e auto-respeito12. 11 Significa confiança no funcionamento de nossa mente, em nossa capacidade de pensar, nos processos por meio dos quais refletimos, escolhemos e decidimos. É a confiança em nossa capacidade de entender os fatos da realidade que estão dentro da nossa esfera de interesses e necessidades. É uma autoconfiança cognitiva. 17 Auto-estima não é compatível com egoísmo, por que ter auto-amos, de autorespeito, querer aquilo que é bom para si mesmo, jamais será uma atitude de egoísmo que pressupõe uma falsa auto-estima possuindo assim, uma atitude egoísta e egocêntrica. A prática da auto-estima produz um sentimento de satisfação, de completude, de prazer interior (HARO, 2002). Uma auto-estima elevada possui como conseqüência uma auto-estima também elevada (amor e estima aos outros). Ela quer o melhor para si, mas não em detrimento dos outros, mas que os outros também tenham melhor. Conforme Lopes (2002), 80% das pessoas tem auto-estima lesada, sendo que algumas pessoas são mais afetadas que outras. Se considerar-se os possíveis efeitos emocionais e psicológicos, percebemos a importância de se investir no aumento e manutenção da auto-estima positiva, e isto deve ser considerado também na escola. Baseada em Lopes e Haro pode-se afirmar que a auto-estima pode ser dividida em fatores o que a faz ser multi-fatorial. Possui dez fatores principais: (i) família; (ii) saúde; (iii) finanças; (iv) trabalho; (v) amizades; (vi) espiritualidade; (vii) lazer; (viii) amor; (ix) alegria e (x) reconhecimento pessoal. Acrescenta-se a esses fatores a importância da auto-estima na escola -que muitas vezes pode provir da baixa auto-estima de alguns desses fatores- como um fator essencial na aprendizagem e no desenvolvimento da criança no ambiente escolar. Várias situações descrevem a baixa auto-estima, não só características físicas como psicológicas. Naturalmente, a identificação de um ou dois itens, por si só, não configuram uma auto-estima baixa. Entretanto, quando a pessoa identifica muitos itens ao mesmo tempo, e quando são muito freqüentes, isto nos revela uma baixa auto-estima. A primeira característica da baixa auto-estima é justamente a pessoa achar que a auto-estima não é importante. Este é o primeiro sinal. 12 Significa: a) ter certeza de nossos valores, b) uma atitude afirmativa diante de nosso direito de viver e ser feliz, c) a sensação de conforto ao reafirmar de maneira apropriada os nossos pensamentos, as nossas vontades, as nossas necessidades e d) o sentimento de que a alegria é nosso direito natural por termos sido criados e existimos no mundo. 18 “Alguns aspectos que demonstram baixa auto-estima emocional e psicológica: impaciência, nervosismo, tensão e stress constantes. Evitar falar do que sente, ignorar os sentimentos, racionalização excessiva, mania de justificar tudo. Dificuldade de compartilhar, atitude de julgar, rotular os outros e desqualificar seus sentimentos”. “Tem medo de perder, compulsão exagerada de poupar ou até de gastar muito. Consumir compulsivamente, gastar sem critério. Atitudes de apego e materialismo. Não investem no seu próprio crescimento. Arrogância e agressividade julgarem-se melhor que os outros. Atitudes de prepotência e de “donos da verdade”. Atitude de “ser sempre do contra”. Timidez, ingenuidade, submissão, sentir-se menor do que os outros”. “Dificuldade de criar e defender o seu espaço. Atitudes autodestrutivas como fumar, beber e drogarse, compulsão à bebida, comida e automedicação. Embaraço por vergonha culpa e remorso. Se magoar e se ressentir com facilidade (suscetibilidade excessiva), necessidade de aprovação externa. Ensimesmamento, a pessoa olha para o próprio umbigo. Isolados, evitam ou têm dificuldades de relacionar-se. Tem atitudes hostis à pessoas desconhecidas. Resistem a fazer novas amizades. Dificuldades de vínculo com as pessoas. Desinteresse e indiferença em relação aos outros”. “Autosabotagem não assumem responsabilidade pelo que sentem, diz ou faz. Ansiedade, vacilação e insegurança. Acomodação, estagnação, “normose”, mediocridade, mesquinhez. Rigidez, excessivo apego às regras. Fromalismo excessivo sem bom senso, atitude debochada, excessiva crítica em relação a si e aos outros. Atitudes hostis e agressivas, falar de forma grosseira e frondosa, inveja, orgulho, dificuldade para perdoar, pedir perdão e agradecer. Pensamento dispersivo e desligamento da realidade. Intenção de causar danos e prejudicar os outros. Postura de vítima ou de herói, pessimismo, negativismo, propensão à depressão. Falta de metas e sentido de vida, atitudes contrárias à vida, à saúde, à alegria, e ao amor”. A baixa auto-estima provém da insegurança tanto em relação a nossa competência quanto ao nosso auto-respeito. 19 Segundo Branden (2000) o medo é conseqüência de uma auto-estima baixa e se apresenta de muitas formas, como medo da realidade, da verdade sobre nós e sobre os outros, de ser descoberto, de se expor, da humilhação do fracasso, da responsabilidade do sucesso. “Você desenvolve a auto-estima não somente fazendo coisas boas, mas também fazendo bem as coisas. Reconheça e aceite os pontos em que você brilha e partilhe esse brilho com o universo” (KATAFIASZ, 1996). O racionalismo, o realismo, a intuição, a criatividade, a independência, a flexibilidade, a capacidade para enfrentar mudanças, a disponibilidade para admitir e corrigir erros e a benevolência e cooperação (própria aceitação, sentimento de ser amado e respeitado...) são fatores que se relacionam com a autoestima saudável. Existem comportamentos que demonstram uma auto-estima saudável, conforme afirma CETEB (2001) –interesse em entender coisas e fatos, avalia e identifica o que é real sem se auto-enganar, criatividade em diversas situações, independência de pensamento e ação, facilidade de admitir erros e corrigi-los, flexibilidade frente às situações enxergando novos caminhos e opções de ação, procura entender e colaborar com o outro evitando julga-lo. 2.2 Auto-estima e aprendizagem Percebe-se que a auto-estima é uma poderosa necessidade humana, que contribui de maneira essencial para o processo e nossa evolução na vida. A relação entre auto-estima e aprendizagem é um assunto em evidência, pois a atenção à autoestima tem contribuído para transformar histórias de fracasso em histórias de sucesso. O ser humano necessita de equilibrar-se em sua vida as emoções, sentimentos e o seu cotidiano. Então se deve levar em conta quando lida-se com educandos os dois componentes essenciais da auto-estima como mencionado anteriormente (auto-eficiência e auto-respeito). 20 “... mas os seres humanos pensam: Posso confiar na minha cabeça? Sou competente para pensar? Sou adequado? Sou suficiente? Sou boa pessoa? Tenho integridade, isto é, há congruência entre meus ideais e a minha vida prática? Sou merecedor de respeito amor, de sucesso, de felicidade?...” (BRANDEN, 2000). Muitos educadores desconhecem que os aspectos de amor e sustentação, são fundamentais para que qualquer aprendizagem se realize. A inteligência se constrói em um espaço relacional onde o sujeito, constitui-se inteligente em um vínculo com os outros onde ética, estética e pensamentos entrelaçam-se e condicionam-se. Segundo Branden (2000) o ser humano precisa da auto-estima que é resultante de dois fatos básicos e intrínsecos à nossa espécie: (i) somos dependentes do uso apropriado de nossa consciência para sobrevivermos e dominarmos o meio, ou seja, nossa vida e nosso bem-estar dependem de nossa capacidade de pensar e (ii) isto citado, não é automático na regulamentação de sua atividade que interfere num elemento crucial de escolha, portanto, de responsabilidade. “São necessários processos de pensamento e de conexão racional, até mesmo para saber quando abandonar os esforços conscientes na solução de problemas e entregar a tarefa para o subconsciente, quando permitir que pare o pensamento consciente, quando dar uma atenção mais próxima a sentimentos ou à intuição (às percepções e integrações subconscientes)” (BRADEN, 2000). Pensar, aprender é uma necessidade humana sempre há algo novo a aprender, como sempre ouvimos dizer “ninguém sabe e nem conhece tudo”, como também ninguém desconhece tudo. A nossa mente funciona um pouco diferente de nossos órgãos como cita Branden (2000, p.43) “a mente não injeta conhecimento da mesma forma que o coração bombeia sangue, quando conforme necessário”. O pensar não é automático temos uma escolha, podemos enfocar mais ou menos nossa consciência, ou seja, podemos escolher, por exemplo, se o assunto for política não se preocupar, buscar ampliar os conhecimentos sobre o assunto ou até mesmo, de certa forma, evita-lo. 21 Vivemos em mundo informatizado onde as barreiras encontram-se cada vez mais reduzidas. Com isso, a cada momento surgem novas informações em um tempo muito rápido. Precisamos de autonomia e de acreditar em nós mesmos, como pensar e aprender também fazem parte de uma escolha individual a humana, “quanto maior for o número de escolhas e decisões consciente que precisamos tomar, mais urgente será nossa necessidade de auto-estima” (BRANDEN, 2000). A auto-estima é confiar na própria mente, por conseguinte em nós mesmos, na nossa capacidade de pensar, compreender e de aprender quando nos deparamos com obstáculos a nossa tendência é perseverarmos o que nos ajuda a persistir e nos encaminha a uma proporção maior ao sucesso. Todavia, quando não temos confiança em nós mesmos desconfiamos do outro (que convivemos, com quem aprendemos) e a tendência ao nos depararmos com as barreiras qual a vida nos oferece para o nosso crescimento é desistir, é abdicar de crescer no confronto cotidiano para alcançarmos o sucesso. Logo, fracassamos mais do que temos êxito, reforçando em nós uma auto-avaliação negativa que nos deprime e cada vez mais eximi em nós a nossa autoconfiança, ou seja, a nossa auto-estima. Confiar em si é buscar metas desafiadoras e inovadoras e na busca de objetivos mais desafiadores aumentando nossa auto-estima. Na baixa auto-estima tendemos a estagnar nos conformando em satisfazer-se com o já conhecido e não exigente por que esse exige menos de nós. Na escola isso será crucial e essencial tanto para o professor como para o aluno. 2.3 Auto-estima na prática pedagógica Percebemos que a auto-estima deve ser estimulada e desenvolvida pela família e pela escola. Mas, o professor deve propiciar o desenvolvimento da auto-estima. O CETEB (2001) traz procedimentos e questionamentos que podem nos ajudar a nortear a atuação do professor: Rever sua concepção de educação – como afirmar Freire pensar a favor de quem repensando seu discurso e analisando a coerência entre ele e a prática e pensar a favor de quem e de que educo, contra que e contra quem educo, para quem e que educo, por que e por quem educo, para que além de mostrar o problema, buscar e 22 instigar a busca por possíveis soluções. Pensar que tipo de cidadão desejo formar, propiciar a revisão crítica dos conteúdos, o incentivo a autonomia de ação e de pensamento. Desenvolver a própria auto-estima – primeiro o professor deve desenvolver sua própria auto-estima para depois estimula-la em seu aluno. Quando o professor possui uma auto-estima bem desenvolvida compreenderá mais facilmente seu aluno, confiando nele, acreditando no seu potencial em uma troca que favorece a ambos. Entretanto, quando o professor possuidor de uma baixa auto-estima tende a ser intolerante, autoritário, desrespeitoso, valorizando mais erros do que acertos. Acreditar que o aluno é potencialmente capaz – as crianças tendem a vivenciar as expectativas do professor sejam elas positivas ou negativas. Quando o professor acredita na capacidade de aprender, de fazer algo, quando o professor transmitir confiança aos seus alunos, eles serão capazes de enfrentar todos os obstáculos possuindo assim grande chance de êxito. Propiciar um ambiente estimulador em sala de aula – ter na sala de aula um local onde os alunos são levados a sério, tratando-os com justiça, onde cada um seja incentivado a se auto-apreciarem e acolhidos com atenção, onde a disciplina ocorrerá como resultado da compreensão de sua importância e do conhecimento das conseqüências. São relacionados a seguir vinte segredos para construir a auto-estima na sala de aula: Professor trate seus alunos com respeito, descubra o potencial existente em cada um, assim você estará salvando uma vida; Estimule nos alunos atitudes e habilidades para que eles possam inovar, criar e agir de modo pessoalmente responsável, que saibam se autogerenciar, que conservem sua individualidade e ao mesmo tempo, trabalhem com eficiência em equipe, que confiem em seus poderes e em sua capacidade de construir; Ensine a criança a pensar, reconhecer discursos lógicos, ser criativa e a aprender; Professores com baixa auto-estima são tipicamente infelizes e professores infelizes utilizam métodos destrutivos e humilhantes para manter o controle da 23 classe. Cuidado! Pois, as crianças vêem no professor o seu referencial e com ele aprendem o comportamento do adulto; Tenha uma profunda confiança no potencial da pessoa com a qual está lidando; Professores com boa auto-estima estão aptos a nutrir a auto-estima de outra pessoa, proporcionando uma experiência de aceitação e respeito; Um dos maiores presentes que um professor pode dar a um aluno é negar-se a aceitar seu autoconceito negativo; O professor deve transmitir aos alunos suas experiências positivas com relação a eles. A criança sente-se nutrida, apoiada e inspirada; Esteja sempre atento ao modo como trata a criança, dispensando-lhe cortesia, respeito e atenção. Assim você estará criando um ambiente favorável à autoestima; O professor deverá ter a mesma atitude em relação a todos os alunos, a criança precisa saber que na classe prevalece a justiça. Ajude a criança a sentir-se visível, procurando ressaltar seus pontos fortes, incentivando a auto-apreciação; Descubra o que há de melhor na criança para torna-la consciente de seus valores e aprecia-los; Procure dar atenção especial às crianças tímidas, quietas, procurando trazer essa criança “para fora”, interrogando-a, fazendo com que fale, diga sua opinião, permitindo que ela experimente sua competência social; Mantenha a disciplina na sala de aula por intermédio de regras que, para serem respeitadas, precisam ser explicadas de forma que cativem as crianças e sejam compreendidas por elas, nunca impostas; O professor deverá ensinar às crianças um respeito racional pelos sentimentos dos colegas e criar um ambiente no qual essa aceitação seja sentida por todos. Crianças que se sentem aceitas têm facilidade de se aceitarem; Para o professor conseguir incentivar nos alunos a auto-estima precisa estar pronto para aceitar os sentimentos deles, buscando compreende-los sem se deixar dominar; 24 Cultive relações interpessoais positivas, competentes e bem-sucedidas; Professores eficientes sabem que a pessoa só aprende construindo sobre os pontos fortes e não sufocando as fraquezas. Com isso, constroem a competência, dando aos alunos tarefas condizentes com o nível de habilidade de cada um; Ajude o aluno a passar de uma atitude de “aluno obediente” para a de “aluno responsável”, capaz de questionar e se necessário desafiar; Se o objetivo é construir a auto-estima naqueles que foram confiados a seus cuidados, ele deve começar trabalhando consigo mesmo. (autor desconhecido). 2.4 Vencer juntos: relação professor-aluno Na escola uma alta auto-estima é importantíssima, pois a todo momento o aluno é confrontado com o novo, o que exige uma capacidade maior de confiança em si mesmo, nas suas potencialidades para aprender e aprender a aprender. A criança que teve trabalhado no âmbito familiar a exaltação do seu potencial de aprendiz, como um ser capaz. Ao se deparar com a experiência escolar achará interessante, empreendedor, desafiador o ato de estar constantemente aprendendo tendo contato com o novo. Já a criança que possui auto-estima baixa terá dificuldades, pois como vimos anteriormente com Paín (1992) existem barreiras que atrapalham a aprendizagem e em sua classificação ela cita os fatores psicógenos ao qual está incluso a auto-estima devido ao fato de estar ligada aos processos mentais que impulsionam o ser humano a aprender. Essas dificuldades encontradas pela criança que tem morosidade em aprender influenciarão diretamente no seu sucesso escolar. E, cabe ao professor alimentar a sua autoestima e de seus alunos, mas e parceria com a família. Creio, com base em minha experiência como educadora, que o maior presente que podemos ganhar e ver a vitória de nossos alunos e é isto que nos alimenta, que nos impulsiona na busca do ser mais da completude do homem como alguém não só pensante, profissional e compartilhador de seus conhecimentos, mas essencialmente e primordialmente um ser que ama constituído de sentimentos que alimentam a sua alma e acrescenta diretamente a sua essência. Educar é uma tarefa brilhante é um presente de troca de parceria com o outro, o qual faz parte de mim quando percebo que neste mundo todos estamos 25 interligados e fazemos parte de um todo que se chama universo. Por isso, que o professor deve trabalhar a confiança em si e no seu potencial com um ser capaz de fazer a diferença na história de seu aluno, daquela escola e do mundo. Se retiver o professor para o que foi ressaltado das conseqüências da baixa ou alta auto-estima na vida de forma ampla percebe-se duas possíveis reações de um professor ao se deparar com um aluno com problemas de aprendizagem e/ou com baixa auto-estima: Se o professor tem auto-estima alta – ele tomará aquele aluno como um desafio de crescimento, traçará objetivos e metas desafiadoras como obter juntamente com seu aluno o sucesso será perseverante e hábil pesquisar -como ressslta Freire (2000), que o professor é e deve ser pesquisador- buscando meios de mudar tal situação. “As palavras dos outros introduzem sua própria expressividade, seu tom valorativo, que assimilamos, reestruturamos e modificamos” (BARTK in BRANDEN, 1992 p.34). Se o professor possui auto-estima baixa – abdicará do desfio simplesmente rotulando, estigmatizando para se eximir da culpa dizendo muito facilmente “ele é um desinteressado” desistindo de ser um pesquisador, o alguém que faltava para fazer e ser a diferença para aquele aluno o impulsionando a uma auto-avaliação negativa de si e do outro. E, como conseqüência da decisão tomada por ele tem para o seu currículo da vida a expressão de fracasso marcando em si uma certa impossibilidade de fazer a diferença, o que é equivocada e tem como preço à baixa auto-estima do professor. Como intitulado este tópico vencer juntos, ou seja, vencemos com outro. O professor deve ser seguro, competente com ambição positiva elevadas, desperta no outro a paixão pelo conhecimento fazendo a diferença e vencendo com seus alunos. Esses professores deixam marcas e rastros fortes e ternos na vida de seus compartilhadores de vitórias. O segundo caso trata-se de uma pesquisa desenvolvida dez anos depois e que encontrou resultados bem semelhantes. Feita por Covington (1989), confirmou os achados anteriores: o aumento no nível da auto-estima alavancou positivamente nas notas escolares, acontecendo o inverso quando o nível da auto-estima decresceu. E, mais -e talvez o mais importante-, que o tutoramento da 26 aprendizagem mediante instrução direta pôde melhorar a aprendizagem, refletindo-se no desempenho escolar e no aumento da auto-estima do aluno. Esses resultados mostraram que, mediante um acompanhamento direto das atividades do aluno, é possível modificar o autoconceito e que este tem, realmente, estreita relação com o desempenho escolar. “Para aquele psicanalista, o fato de a criança saber que o que ela faz dá prazer a seus pais faz com que ela se sinta importante por se auto-reconhecer como a fonte de prazer. Essa aprovação funciona como incentivo para a formação de um eu diferenciado dos demais. A importante substituição do sentimento das crianças de que o que elas fazem dá prazer, pelo pensamento de que ela, em si próprias, que dão prazer, ocorre nos primeiros anos de vida” (Móyses, 2001, p.128). Na ausência de uma auto-estima positiva, nosso crescimento psicológico fica interditado. A auto-estima positiva funciona com se, na realidade, fosse o sistema imunológico da consciência. Fornece resistência, força e capacidade de regeneração. Quando é baixa a auto-estima, nossa resistência, diante da vida e suas adversidades diminui. Ficamos aos pedaços diante de vicissitudes que uma percepção mais forte de si mesmo poderia superar. Nesse caso, tendemos a ser mais influenciados pelo desejo de evitar a dor do que de vivenciar o prazer. Fatores negativos têm sobre mais poder do que os positivos. Capítulo 3 Um olhar psicopedagógico sobre o ato de aprender “... barreiras existem para todos, mas alguns requerem ajuda e apoio para seu enfrentamento e superação, o que não nos autoriza a rotulá-los como alunos co defeitos...” (CARVALHO, 2000). Percebe-se claramente a relação entre a aprendizagem e a psicopedagogia já que esta estuda o ato de aprender e ensinar, não só considerando os aspectos externos, mas também os intrínsecos, esses aspectos são vistos como um conjunto, logo a psicopedagogia visa estudar a construção da aprendizagem em toda sua complexidade de seus múltiplos fatores envolvidos no processo, integrando outros campos do saber para que melhor compreenda o processo humano de aprender, cuidando e trabalhando do mundo psíquico individual e/ou grupal e os processos educativos. Conforme Fernández (1991, p.47) na psicopedagogia observamos e aprendemos que para aprender necessitamos do ensinante e do aprendente e um vínculo entre ambos. Assim podemos dizer que o ser humano para aprender põe em jogo seu organismo individual herdado, seu corpo construído espetacularmente, sua inteligência autoconstruída interacionalmente e a arquitetura do desejo que é sempre do desejo de outro. Figura 1: Processo de aprendizado 28 A psicopedagogia busca metodologias para ajudar a atender as ciranças que possuem dificuldades de aprendizagem promovendo de várias formas o desaparecimento do sintoma. A psicopedagogia tem uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar, propondo uma visão abrangente para procurar saídas, para responder às queixas escolares, analisando-a e percebendo-a em diferente perspectiva como a da sociedade, da escola e a do aluno, considerando ainda vários aspectos importantes que o indivíduo é um ser histórico, biológico, social e desejante etc.. E, somente efetua a aprendizagem quando consegue isso em sua vida. Para Scoz (1992) a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades numa ação profissional, deve englobar vários campos do conhecimento integrando-o e sintetizando-o. Ela cada vez mais tem se voltado para uma ação preventiva, ou seja, ao invés de trabalhar os efeitos ataca diretamente as causas que podem ser dentre outras, advindas de sua família ou de uma inadequada pedagogia da instituição que ele se encontra. Algumas vezes ouvimos frases depreciativas e pensamos o que elas podem causar na vida de uma criança: (i) qualquer idiota faria melhor do que isso, seu...; (ii) você é burro mesmo, hein! Não sabe fazer nada; (iii) seja rápido, seu paminha...; (iv) nós somos pobres, filho; (v) só vou gostar de você se...; (vi) por que você não é como seu irmão?; (vii) você só me faz sofrer...e (viiii) está sonhando alto demais, enxergue-se. O psicopedagogo deve levar em consideração as marcas que estão no interior do aprendente e isto requer um processo de investigação. Logo, o psicopedagogo, antes de tudo, é um pesquisador que busca hipóteses, analisa-as, busca alternativas para que seu trabalho obtenha bons resultados. Seu objeto de estudo é o processo de aprendizagem e algo interessante que ela não é estudado somente na vertente do aprender, mas também o seu reverso o não aprender. Seu objeto de estudo é o ser humano que não é um ser estagnado, mas sim mutável, pois estamos sempre em processo de transformação, aprendendo e nos desenvolvendo sempre. O ser humano é o ser das possibilidades em um vasto sentido. 29 Conforme Frenández (2001), dependendo de cada situação, pois cada caso é um caso, no trabalho do psicopedagogo será possível optar como tratamento: (i) individual e familiar psicopedagógico; (ii) grupo de tratamento psicopedagógico de crianças; (iii) grupo de orientação paralelo das mães; (iv) oficinas de arte, arteterapia, recreação com objetivos terapêuticos etc e (v) entrevistas familiares psicopedagógicas etc.. Para o psicopedagogo o processo de intervenção deve ser antes de tudo um processo de parceria junto ao professor, possibilitando uma aprendizagem muito importante e enriquecedora, principalmente quando o professor é pesquisador que contribui com diferentes olhares para a mesma questão. Freire (1991 in Mendes, 1994), afirma que por intermédio da fala do educador, no ensinar, no intervir, no devolver e no caminhar, que se expressa o seu desejo de ensinar, que ele lê compreende, também, por intermédio de seu olhar. A criança qua não é olhada não pode sentir o desejo de aprender, pois não sente o desejo do professor em ensinar. O desejo de um tem que ser o desejo do outro. O psicopedagogo deve levar em consideração a importância da auto-estima na aprendizagem, pois se o aluno convive em um ambiente onde só ouve “elogios negativos”, como ele manterá sua auto-estima suficientemente alta para aprender? Aumentar a auto-estima é mais do que eliminar os elementos negativos, requer um nível mais alto de consciência a respeito de como a pessoa funciona e responsabilidade pessoal e integridade maiores, a disposição de atravessar o medo e confrontar conflitos e realidades incompatíveis. Exige que se aprenda a enfrentar e dominar, em vez de afastar-se e evitar. Capítulo 4 Conclusões e recomendações Encontra-se aprendizagem em todas as ocasiões de nossa vida de maneira significativa, e ela ocorre de formas múltiplas em diferentes instâncias. Aprendese ao interagir e não só por meios formais. Nasce-se para aprender a aprender a morrer. A psicopedagogia não possui como foco somente o como aprender, mas também o não aprender, para que por intermédio desse possa descobrir os entraves que dificultam a aprendizagem. Trabalhando de maneira preventiva com as pessoas que são responsáveis pelos alunos. O trabalho do psicopedagogo não se restringe só a família, ma também a escola para que possa buscar juntos meios para desenvolver um bom trabalho que melhore a forma de prender de seus discentes, tendo em vista o sucesso escolar e a satisfação de todos. No decorrer do presente trabalho percebe-se a importância da alta auto-estima, como impulsionadora da aprendizagem ajudando a criança a romper com diversas barreiras, acreditando em seu potencial, como um ser criativo capaz e imutável. Com a alta auto-estima se vai longe, vivemos em uma sociedade individualista voltada mais para as questões do ter do que do ser, descobriu-se fórmulas, curas, outros planetas, criam-se bombas, navega-se em um espaço virtual, conhece-se tantas coisas, mas não se conhece o principal e primordial a si mesmo. Precisa-se amar e aprofundar-se em si mesmo, conhecer e explorar toda a beleza que há dentro de si, fazendo-se com confie em si, nos outros e no mundo. Em si como alunos/professores e em professores/alunos, em sua capacidade de aprender e de romper com os paradigmas, alçando novos horizontes. A auto-estima é muito significativa e importante, se o professor se sente desestimulado com baixa auto-estima, ele passa isso para seus alunos e o processo não transcorre satisfatoriamente e vice-versa. Por intermédio da pesquisa realizada foi possível perceber que as escolas, os educadores, a família deve estimular cada vez mais a auto-estima dos alunos para 31 que a aprendizagem aconteça, recomenda-se ainda que se preocupem mais com o “não aprender”, pois todos são capazes de aprender. Não esquecer que o homem é um eterno aprendiz e que ele é capaz, que vai conseguir. Estimule-o a cada crescimento, sorria, vibre e chore com ele. Referências bibliográficas BRANDEN, N., O poder da auto-estima. São Paulo: Saraiva, 9a. Edição, 2000. BRANDEN, N., Auto-estima: como aprender a gostar de si mesmo. São Paulo: Saraiva, 1998. CARVALHO, R. E., Removendo barreiras para aprendizagem – educação inclusiva. Porto alegre: Mediação, 2000. DEMO, P., Conhecer e aprender: sabedoria dos limites e desafios. São Paulo: Saraiva, 2000. FERNÁNDEZ, A., O saber em jogo. Porto Alegre: Artmed, 2001a. FERNÁNDEZ, A., A inteligência aprisionada – abordagem psicopegagógica clínica da criança e sua família. Porto alegre: Artmed, 2001b. FERNÁNDEZ, A., Os idiomas do aprendente – análise das modalidades ensinantes co famílias, escolas e meios de comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2001c. FERRERO, E., Reflexão sobre a alfabetização. São Paulo: Cortez, 24a. edição, 1995. FREIRE, P., Pedagogia da autonomia –saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 14a. Edição, 2000. HARO, G. C. de, O que é auto-estima, 2002. KATAFIASZ, K., Terapia da auto-estima. Ilustrações ALLEY, R. W., São Paulo: Paulus, 2a. Edição, 1996. LEIF, J. e DELAY, J., Psicologia e educação – tomo primeiro: a criança. Paris, França: Fernand Nathan: Brasileira, 2000. LOPES, W., Auto-estima, 2002. MENEZES, I. B., Psicopedagogia do escolar – educar para a vida. Rio de Janeiro: Vozes, 1996. MOYSÉS, L., A auto-estima se constrói passo-a-passo. Campinas, SP: Papirus, 2001. Oliveira, M. K. de, Aprendizado e desenvolvimento – um processo sócio-histórico. São Paulo: Saraiva, 1995. PAÍN, S., Diagnóstico e tratamentos dos problemas de aprendizagem. Porto alegre: Artmed, 4a. Edição, 1992. SCOZ, B., Psicopedagogia e realidade escolar – o problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis, RJ: Vozes, 4a. Edição, 1992. TÁVOLA, A., A quem educa. Rio de Janeiro: O Dia, 2002. VISCA, J. Psicopedagogia – novas contribuições. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991. APÊNDICE A COMPROVANTES DE EVENTOS SOCIAIS O presente apêndice dispõe os comprovantes de comparecimento a eventos sócio-culturais exigidos pelo programa de Pós-Graduação da UCAM. 34 Apêndice A – Comprovantes de comparecimento em eventos sócioculturais