OSTEOGÊNESE IMPERFEITA Paulo Roberto Vilela Mendes Vinícius Riella Orientador: Paulo R. Margotto HRAS/ ESCS-DF www.paulomargotto.com.br Osteogênese Imperfeita Caso Clínico RN de M.L.F.C, 3º gemelar, nascido em 07/01/2007 no HRAS, de parto cesáreo, com IG de 29 sem e 1 dia. Bolsa rota no ato, evidenciando LA acastanhado. Peso: 1065g; Est: 37cm ; PC: 27 cm Apgar: 4 - 8 . Necessitou de reanimação na sala de parto. Classificação: AIG + muito baixo peso Obs.: Realizado 1 dose de betametasona ( 12mg) no préparto. Necessitou de assistência ventilatória no pós-parto (Ventilação, CPAPnasal, Hood) Submetido a antibioticoterapia por 1 mês ( Ampicilina, gentamicina, cefepime, amicacina, vancomicina, meropenem) Feito surfactante pulmonar ( 2 dose- survanta) Osteogênese Imperfeita Dados obstétricos da mãe: Idade: 28 anos G 6; P 4 (C 0); A 1; TS A +; Sorologias: não reagentes (VDRL, HIV, toxo, rubéola, hepatites A e B) Realizou 6 consultas pré-natal Osteogênese Imperfeita Evolução Paciente evoluiu com melhora clínica, sendo transferido para o Alojamento Conjunto Com 59 dias de vida foi evidenciado fratura de úmero, durante o manuseio pela enfermagem. Feito Rx em 07/03 que mostrou fratura médiodiafisária de úmero E e fratura em consolidação de clavícula E. Realizada imobilização de membro superior E na ocasião. Com 63 dias observou-se dor e diminuição da mobilização do MID. Osteogênese Imperfeita Evolução Com 64 ddv foi realizado Rx de ossos longos que mostrou múltiplas fraturas em diversos estágios de evolução, incluindo fraturas em alça de balde em metáfises distais de fêmures, diáfise média da tíbia D, diáfise distal de úmero e clavícula E. Rx de coluna total com osteopenia difusa porém com corpos vertebrais de formas e dimensões mantidas. TC de crânio – Fratura desalinhada occipital à Direita Fratura de Úmero Esquerdo Fratura em Consolidação em Clavícula Esquerda Fratura de Tíbia Direita Tórax em Conta de Rosário Osteogênese Imperfeita Pesquisa de doença metabólica óssea: Data 17/01 23/01 03/02 07/03 23/03 Cálcio (mg%) 9,0 10 9,5 10 Fósforo (mg%) 5,0 3,3 4,9 4,6 7,0 Fosfatase alcalina 977 1528 3407 1363 1054 •Dosagem de PTH: 32,8 pg/ml (VR: 12 a 72) Osteogênese Imperfeita Exame Físico (parecer da genética): Sutura sagital disjunta, fontanelas anterior e posterior amplas. Fendas palpebrais discretamente obliquas para cima, escleras azuladas, raiz nasal baixa e narinas antevertidas. MSE e MID com talas. Restante do exame normal. Esclera Azul-Acinzentada Osteogênese Imperfeita Lista de Problemas: Doença da Membrana Hialina. Displasia Broncopulmonar. Sepse Tardia. Doença Metabólica Óssea. Osteogênese Imperfeita. Osteogênese Imperfeita Introdução Desordem generalizada do tecido conjuntivo. Fragilidade do sistema esquelético e susceptibilidade a fraturas de ossos longos e compressão vertebral por traumas leves ou moderados. Principal causa genética de osteoporose. Osteogênese Imperfeita Etiologia e Epidemiologia Desordem autossômica dominante. Pode ocorrer por mutações esporádicas ou herança autossômica recessiva. Pais podem apresentar mosaicismo. Defeito estrutural ou quantitativo do colágeno tipo I. Detectada na infância em 1 em 20000. Osteogênese Imperfeita Patogênese Colágeno é um heterotrimero (2 cadeias alfa1 e uma alfa2) sintetizado como pró-colágeno. Seqüências Gly-X-Y formam uma hélice. Mutações levam a alteração estrutural do colágeno tipo I, com aumento dos tipo III e V. Os defeitos estruturais podem ser: 1. 2. Substituição da glicina por outros aminoácidos (85%). Defeito na ligação de um único exon (12%). *Gly, glicina; X, prolina e Y, hidroxiprolina. Osteogênese Imperfeita Manifestações Clínicas Tríade Clássica: fragilidade óssea, escleras azuis e surdez precoce. Fragilidade óssea pode variar de leve a extremamente grave. Baixa estatura, deformidades ósseas e cifoescoliose (Insf. Respiratória) Osteopenia, redução da densidade óssea. Dentinogênese imperfeita (defeito na dentina) Otoesclerose levando a surdez precoce Características associadas: instabilidade articular, pele fina e fibrose fácil, insuf.aórtica, incompetência mitral, fragilidade dos grandes vasos sangüíneos. Osteogênese Imperfeita Classificação de Sillence Tipo Fragilidade Óssea Escleras Azuis Dentição Anormal Perda Auditiva Herança* I Leve Presente - na IA + na IB + na maioria AD II Extrema Presente + em algumas Desconhecida AR ou E III Grave Azulada ao Nascimento + em algumas Alta Incidência AR IV Variável Presente - na IVA + na IVB Alta Incidência AD * AD, autossômico dominante; AR, autossômico recessivo; E, esporádico. Osteogênese Imperfeita Diagnóstico Em geral através de critérios clínicos e radiológicos. No período neonatal pode ser diferenciado da hipofosfatemia pelos níveis normais ou elevados de fosfatase alcalina. Técnicas moleculares podem identificar mutação no colágeno (Sequenciamento do gene do colágeno tipo I). Confirmado pelo estudo bioquímico do colágeno – Cultura de fibroblastos de biópsia de pele ou osso (crista ilíaca). Osteogênese Imperfeita Tratamento Não existe cura. Foco é minimizar as fraturas e maximizar a função. Fisioterapia precoce (fortalecimento muscular com exercícios isotônicos, estabilização das articulações e condicionamento aeróbico). Bifosfonato EV (pamidronato:inibe a atividade osteoclástica, ou seja diminui a reabsorção óssea) mostrou beneficio e melhora da qualidade de vida, porém ainda em estudo (dose: 9mg/kg/ano/). Uso intra-hospitalar, devido a complicações, como hipocalcemia, crise convulsiva, rush cutâneo Osteogênese Imperfeita Bibliografia: Behrman: Nelson Textbook of Pediatrics, 17th ed. Marini J. C., Osteogenesis Imperfecta Managing Brittle Bones, N Engl J Med 1998; 339:986-987, Oct 1, 1998. Harrison: Tratado de Medicina Interna, 15ª ed. Santili C. et al, Avaliação Clínica, Radiográfica e Laboratorial de Pacientes com Osteogênese Imperfeita, Rev Assoc Med Bras 2005; 51(4): 214-20. Osteogênese Imperfeita Ddo Paulo Roberto OBRIGADO! Ddo Vinícius Riella