Núcleo Comum Gestão Empresarial A Evolução do Pensamento Administrativo Prof. Me. Achiles Batista Ferreira Junior INTRODUÇÃO Vamos iniciar nossos estudos em Gestão Empresarial procurando entender a evolução do pensamento administrativo e da própria disciplina Administração desde a Antiguidade até a era da globalização. PROBLEMATIZAÇÃO Vamos recordar o grande fato histórico que foi a Revolução Industrial e analisar os problemas que levaram à criação de uma teoria científica que transformou a Administração em ciência. Que impactos as contribuições dos estudiosos deixaram na vida em sociedade ao longo dos anos? E, ainda, quais são os desafios das empresas hoje e como elas podem se utilizar das técnicas mais básicas, como também os mais modernos mecanismos administrativos, que tiveram origem nas primeiras teorias de pensadores como Frederick Taylor e Henry Fayol, considerados os pais da Administração? A EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO “Acredita-se que um profissional eficaz precise conhecer o passado, para compreender o presente e planejar o futuro.” Essa frase é o sentido deste primeiro tema. Você irá conhecer os principais teóricos, os conceitos, o histórico das empresas, enfim, a evolução do pensamento administrativo. Os profissionais, gestores atuantes ou não no mercado, devem reconhecer não é à toa que Taylor e Fayol são considerados os pais da Administração. Eles transformaram o modo de pensar, agir e planejar as organizações no início do século XX. Por meio de técnicas que, hoje, parecem simples, eles revolucionaram o cotidiano das indústrias na sua época, transformando a Administração de Empresas em uma ciência. Por isso ela é considerada recente – somente em 1903, quando Taylor criou o “Estudo dos Tempos e Movimentos”, começou-se a considerar um estudo do trabalho nas organizações, coisa que, até os dias atuais, falta em grande parte das 2 Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo organizações. Há a necessidade de tratar dos problemas organizacionais com a devida importância, trazendo a realidade cotidiana dos mais diversos tipos de organização e também dos conceitos científicos. Assista ao vídeo que mostra as diferenças entre as teorias de Taylor e de Fayol.” <http://www.youtube.com/watch?v=WQWrItnxHAQ> HISTÓRICO DA ADMINISTRAÇÃO Percebemos que grandes revoluções são fatos que ocorrem em todas as civilizações, alterando significativamente os rumos da história. A Revolução Industrial não causou apenas impacto em seu meio, mas em toda a vida em sociedade. Foi gerada pela criação da máquina a vapor, em meados de 1776, cujo criador, James Watt, contribuiu sobremaneira para a evolução da sociedade industrial da sua época. Até então, os produtos eram confeccionados de forma artesanal, rústica e sem muita sofisticação; com a revolução, foi possível produzir em larga escala, com padronização e maior qualidade. Segundo Maximiano (2000), com a Revolução Industrial, as primeiras fábricas modernas começaram a colocar em prática vários conceitos que, nos séculos seguintes, tornaram-se universais. O invento da máquina a vapor trouxe uma nova forma de gerenciar negócios, com a possibilidade de produção em larga escala e com o crescimento das indústrias da época, gerando muita riqueza, empregando muitas pessoas, proporcionando o crescimento das cidades e das regiões, incentivando o comércio exterior, a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos, além da competitividade e da elaboração de estratégias de diferenciação de mercado. Você consegue perceber o quanto a Revolução Industrial impactou nosso cotidiano e como suas consequências ainda estão muito presentes na sociedade atual? Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo 3 É possível demonstrar que uma revolução é algo muito maior do que uma evolução. A revolução é reinventar formas de se fazer a mesma coisa, agregando mais valor e transpondo paradigmas tidos como insuperáveis (dogmas). A Revolução Industrial, por exemplo, trouxe impactos sociais jamais imaginados e a estrutura social da época mudou repentinamente: surgiram novas relações de poder, novos interesses comerciais e, com isso, a soberania de grandes indústrias da época e de seus donos – chamados de “novos coronéis”. Houve mudanças de ordem econômica, política, social, ambiental e cultural, as quais se refletem até hoje, demonstrando que o capitalismo neoliberal é ambíguo, ou seja, traz benefícios e também muitos outros tipos de transtornos irreversíveis à sociedade. A possiblidade de trabalho em grandes indústrias seduziu jovens que viviam no campo, levando-os a deixar a sua vida com a família para buscar o “eldorado” industrial. Esse foi o primeiro impacto negativo da industrialização: o êxodo rural. Atualmente, a possibilidade de carteira assinada e os direitos trabalhistas continuam seduzindo as pessoas que saem de suas regiões para seguir em busca de trabalho e sucesso − o que nem sempre ocorre, devido à baixa qualificação de mão de obra e à substituição desta pelas máquinas. Esse processo foi iniciado na Inglaterra e logo as regiões desenvolvidas aderiram ao sistema – tecnologia que beneficiou tanto as indústrias quanto o transporte por meio da navegação a vapor e dos trens nas linhas de ferro, os quais foram implementados pela necessidade de escoar os altos volumes de produção para mercados até então não explorados. Podemos concluir, então, que a Revolução Industrial provocou a substituição dos produtos fabricados em oficinas de forma artesanal e não padronizada por produtos resultantes de grandes linhas de fabricação em série e em larga escala – sinônimo de progresso para esse período histórico. 4 Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo As Fases das Empresas Para Chiavenato (2004), podemos dividir a história das empresas em fases: Fase artesanal − é o período desde a Antiguidade até a criação da máquina a vapor, em 1776. Compreende a fabricação de produtos em pequenos estabelecimentos, de forma artesanal e sem padronização; não há grande evolução durante todo o período por falta de tecnologia capaz de transformar os meios de produção. Fase da transição do artesanato à industrialização − é o período de adaptação das oficinas para a nova tecnologia da máquina a vapor. A produção das pequenas indústrias aumenta consideravelmente e começam a surgir as grandes indústrias da época. Em um primeiro momento dessa fase (1780 a 1860), o material básico da indústria é o ferro e a fonte de energia é o carvão. Por meio da tecnologia da máquina a vapor, surgem as locomotivas a vapor e a navegação sofre um grande incremento. Fase do desenvolvimento industrial – considerado a “Segunda Revolução Industrial”, o período vai de 1860 a 1914, data da Primeira Guerra Mundial. O ferro é substituído pelo aço como material básico da indústria e as principais fontes de energia passam a ser a eletricidade e o petróleo e seus derivados. Nesse período, aparecem os motores à explosão e os motores elétricos, dando impulso ao surgimento dos primeiros fabricantes de automóveis. Grandes evoluções acontecem em toda a sociedade e a complexidade das empresas aumenta ainda mais, assim como os problemas que as impedem de crescer cada vez mais. Foi quando surgiu o estudo de Taylor – “Estudo dos Tempos e Movimentos” –, que, como vimos, transformou a Administração em uma ciência. Fase do gigantismo industrial − essa fase está situada entre as duas grandes guerras mundiais, quando as indústrias mantiveram o seu poder na sociedade como grandes geradoras de emprego e riqueza. Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo 5 Fase moderna − fase compreendida do final da Segunda Guerra Mundial até o início da globalização. É a fase em que grandes potências econômicas mundiais se destacaram e se distanciaram dos países que não detinham o conhecimento da tecnologia. Há a criação de novas matérias-primas e de novos meios de energia. Fase da globalização − é o período da história das empresas que estamos vivenciando. Começou após a década de 1980, quando a globalização da economia, a homogeneização dos espaços, costumes, culturas, línguas e hábitos de consumo se intensificaram. É o período em que a informação é o grande diferencial das organizações, capaz de lhes trazer uma vantagem competitiva ou a exclusão do mercado. Qual é a relevância de conhecer o histórico da Administração de Empresas? É pela necessidade de conhecer como a evolução ocorreu nessa área e para percebermos que nem todas as ferramentas administrativas são revolucionárias, elas vão sendo criadas e melhoradas com o passar dos tempos. É importante perceber que tudo o que aplicamos atualmente nas empresas é resultado de tentativa e erro de visionários de outras épocas. Assim como ocorreram inovações na história das empresas, também devemos aderir às novidades e trazer resultados positivos para as organizações em que trabalhamos. PRINCIPAIS TEÓRICOS DA ADMINISTRAÇÃO As criações dos teóricos da Administração estão presentes em nosso cotidiano de trabalho e, muitas vezes, não conhecemos a sua origem. É inegável que as empresas foram sempre, de alguma forma, administradas, ou seja, sempre existiu o gerenciamento; porém baseado em improvisos ou técnicas sem fundamentos, as quais não trouxeram os resultados de que as indústrias necessitavam. 6 Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo Escolas clássicas Frederick Taylor publicou o livro “Administração de oficinas”, no qual apresentou uma técnica que dizia que todas as organizações que a implantassem obteriam maior produtividade, sendo esse o primeiro passo para tornar a Administração uma atividade científica (CHIAVENATO, 2003). Ele percebeu, então, que os maiores problemas que assolavam as indústrias da época consistiam na inconstância da produtividade por parte dos operários, já que eles trabalhavam o mínimo para manter o seu emprego, pois não havia mecanismos de mensuração de produção por indivíduo. Isso ficou conhecido como “vadiagem dos operários”. Entenda melhor o que foi a “vadiagem dos operários” no site a seguir: <http://www.administradores.com.br/artigos/administracao-e-negocios/aobra-de-taylor-suas-constatacoes-e-propostas/10905/> Da mesma forma, a gerência desconhecia os processos de produção, já que cada grupo de operários fazia o mesmo trabalho da forma que aprendera, não respeitando o processo padrão de produção. A falta de padronização causava prejuízos para a indústria e se caracterizou como um dos problemas que fizeram com que Taylor criasse a sua ferramenta científica. Essa era a técnica “Estudo dos Tempos e Movimentos” (motion time study), que consistia em eliminar os movimentos desnecessários dos empregados e estipular o tempo padrão de produção para ter a produtividade aumentada invariavelmente para as empresas que a implantavam. Taylor decompôs o trabalho dos operários em pequenas tarefas – que é a menor unidade do trabalho –, estudou se havia movimentos ou esforços desnecessários e estudou a sua razão e finalidade. Em seguida, cronometrou o tempo gasto por cada operário para realizar a mesma tarefa para, enfim, estipular um tempo padrão de produção. Essa técnica, aliada ao pagamento por produtividade, faria com que cada empregado, com o passar do tempo, tivesse incentivo para produzir mais e, assim, as metas de produção aumentariam. Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo 7 Entenda melhor o “Estudo dos Tempos e Movimentos” – o chamado “taylorismo” – no site a seguir: <http://www.infoescola.com/administracao_/taylorismo/> O francês Henry Fayol, por sua vez, criou, em 1916, a “Teoria Clássica da Administração”, a qual ampliou o foco da teoria científica, abordando não só as tarefas, mas a estrutura da organização como meio de atingir a eficiência organizacional. Entende-se por estrutura todo o organograma formado por cargos ligados por linhas formais de comunicação, distintos em uma escala hierárquica bem-definida, com autoridades lineares direcionando as equipes de trabalho, ou seja, a teoria clássica enfatizava que a eficiência da organização só se daria pelo trabalho de todos os elementos que compõem a organização, por meio de uma autoridade centralizada, que partia do topo para as bases. A grande contribuição de Fayol para a Administração foi a criação do processo administrativo formado por: Planejamento Organização Coordenação Comando Controle Esse processo foi, posteriormente, redimensionado por Peter Drucker, o pai da Administração moderna. Em seu livro “Administração geral e industrial”, o autor expõe que todas as organizações, independentemente do porte, área de atuação ou estilo administrativo, são compostas por seis funções básicas: I. Técnica − é o objetivo maior de cada organização e está relacionada com a produção de bens ou a prestação de serviços da empresa, função da qual decorrem as demais; II. Comercial − decorrente da anterior, significa comercializar o produto ou serviço da organização e está ligada a compra e venda; III. Financeira − decorrente da comercial, está relacionada com o fluxo financeiro da organização; 8 Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo IV. Segurança − é a função que se relaciona com a proteção e a preservação de matérias-primas e recursos físicos, patrimoniais e pessoas; V. Contábil − é a função que se relaciona com os registros, balanços, inventários, custos e estatísticas da organização; VI. Administrativa − não é a função primordial da organização, porém é responsável pela sincronização das cinco funções anteriores. Outra contribuição de Fayol foram os seus 14 princípios básicos, que regem a teoria em questão: Divisão do trabalho; Autoridade; Disciplina; Unidade de comando; Unidade de direção; Subordinação do interesse individual ao interesse coletivo; Remuneração; Centralização ou descentralização; Cadeia escalar; Ordem; Equidade; Estabilidade de pessoal; Iniciativa; Espírito de equipe. Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo 9 A Escola Clássica da Administração (composta pelas teorias científica e clássica) teve a contribuição de Henry Ford – o criador da linha de produção móvel – que, com suas inovações de ordem administrativa em sua indústria, juntamente com Taylor e Fayol, contribuiu significativamente para o desenvolvimento das ferramentas administrativas para as organizações modernas. Escolas comportamentais Teoria das Relações Humanas A Teoria das Relações Humanas surgiu da necessidade de humanizar os processos de trabalho. Em uma sociedade industrial, com poucos órgãos reguladores das relações de trabalho, a indústria passou a ter grande poder sobre as pessoas e sobre a sociedade, na qual a despersonalização do trabalho era fato gerador de grande conflito. A teoria enfatizava o bom relacionamento da empresa com as pessoas e os grupos informais existentes ao redor dela e objetivava a melhoria da produtividade para a organização, porém o meio para se alcançar esse objetivo era a motivação. Motivação é o processo de induzir uma pessoa, ou um grupo de pessoas, a atingir os objetivos determinados pela empresa e, sob o ponto de vista administrativo, é sinônimo de indução. Essa descoberta se deu quando Elton Mayo realizou um estudo chamado “Experiência de Hawthorne”, por meio do qual descobriu que, se a empresa oferece um ambiente de trabalho amistoso, sem pressão e com recompensas materiais e simbólicas, as pessoas invariavelmente produzem mais. Seu estudo objetivava analisar as condições físicas de trabalho e a produtividade dos operários. Ele descobriu que o que mais afetava o rendimento deles era o efeito psicológico, o qual tentou eliminar ou isolar; contudo, isso não foi possível e, então, a forma mais eficaz, para ele, seria induzir o comportamento das pessoas por meio da motivação. 10 Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo Essa teoria não teve o sucesso esperado, já que a sociedade industrial não estava preparada para implementar uma ferramenta administrativa tão contrária ao paradigma dominante da época. Em 1954, Abraham Maslow apresentou uma Teoria da Motivação Humana, a qual escalona as necessidades do ser humano, separando-as em primárias e secundárias. Essa teoria ficou conhecida como a “Hierarquia das Necessidades de Maslow” ou “Pirâmide de Maslow”, composta por necessidades primárias (fisiológicas e de segurança) e secundárias (sociais, de autoestima e autorrealização), sendo que cada uma é pré-requisito para a necessidade subsequente, da mesma forma que, quando qualquer uma das necessidades não está razoavelmente satisfeita, a necessidade anterior volta a dominar o comportamento do ser humano. Saiba mais sobre Maslow e sua teoria acessando o site a seguir: <http://www.infoescola.com/biografias/abraham-maslow/> Já a “Teoria dos Dois Fatores”, de Herzberg está relacionada com a Pirâmide de Maslow ao afirmar que, para estar satisfeito, todo ser humano precisa de fatores higiênicos (salário, benefícios, condições de trabalho) e de fatores motivacionais (satisfação pessoal, prazer no trabalho); diz, ainda, que os fatores higiênicos se correlacionam com as necessidades primárias de Maslow e os motivacionais, com os secundários. A escola comportamental contribuiu significativamente para a administração moderna das empresas ao passo que, atualmente, estas procuram formas de maximizar seus lucros por meio das pessoas: fazendo com que o ambiente de trabalho seja prazeroso e dê possibilidade às pessoas de compatibilizar seus objetivos pessoais com os objetivos da empresa. Escola burocrática O sociólogo alemão Max Weber contribuiu para a ciência da Administração ao criar o “Modelo Burocrático de Organização”, no qual Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo 11 enfatizava a estrutura (processos) da organização como meio para alcançar a eficiência organizacional. É importante destacar que a burocracia de Weber significava impor normas e procedimentos previamente estabelecidos e que deveriam ser rigidamente seguidos para que os resultados da empresa fossem alcançados. Algumas características da burocracia são amplamente discutidas em nosso cotidiano, e o seu cumprimento tem significado pejorativo no meio organizacional. Esse significado negativo, porém, deve-se às disfunções da burocracia, que são bastante percebidas ao nos depararmos com situações difíceis de serem resolvidas ou quando se exigem normas e regras extremamente rígidas para que determinado procedimento aconteça dentro de uma organização. Os conceitos de poder e autoridade são discutidos por Weber e esse é um dos temas mais discutidos pelos executivos nas empresas modernas. Diversos autores da atualidade que discutem as formas de aplicação de poder e de autoridade referenciam Max Weber em suas obras. Já a teoria subsequente – a Estruturalista – se baseou nos conceitos primários da burocracia, ampliando o seu foco e, além da ênfase na estrutura, também focava nas pessoas e no ambiente no qual a empresa desenvolvia os negócios. Essa teoria é mais democrática e humana e seus conceitos são aplicados amplamente nos dias de hoje. Entenda melhor essa teoria no site a seguir: <http://www.portaladm.adm.br/Tga/tga93.htm> Escolas contemporâneas Como exemplo de escola contemporânea, podemos incluir a “Teoria Neoclássica”, que teve Peter Drucker (o grande guru da Administração moderna) como um de seus criadores. Essa teoria é uma revisitação aos conceitos da Teoria Clássica, porém com as devidas atualizações, conforme a 12 Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo realidade organizacional da época em que foi criada (década de 1950 do século XX). Segundo Lacombe (2009), “administrar é o ato de trabalhar com e por meio de pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros.” As funções da administração são: organizar, planejar, liderar e controlar. A Teoria Neoclássica teve uma grande aceitação no meio empresarial por ser eclética e altamente adaptável à realidade organizacional de pequenas, médias e grandes empresas, além de setores primários, secundários ou terciários da economia. Entretanto, sua maior contribuição foi no sentido de discutir a necessidade de descentralização da autoridade aos níveis mais baixos da organização, como meio de alcançar maior eficiência. Entenda melhor a Teoria Neoclássica a partir do site a seguir: <http://www.administradores.com.br/artigos/administracao-enegocios/teoria-neoclassica/29753/> Ainda na perspectiva contemporânea, podemos citar as teorias sistêmicas e contingenciais como grande contribuição para a gestão e empresariamento de organizações modernas. Espera-se que a cooperação entre todas as unidades de negócio de uma organização sejam executadas de forma balanceada, sincronizada e integrada. Essas teorias preveem a ênfase no ambiente externo das organizações e demonstram que as empresas são sistemas abertos, que possuem alta interação com os elementos à sua volta, impactando e sendo impactados por suas ações. São consideradas variáveis ambientais: Economia; Tecnologia; Cultura; Condições sociais, naturais, demográficas; Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo 13 Concorrentes, clientes, fornecedores, funcionários, acionistas e órgãos reguladores que também exercem influência sobre a organização. Atualmente, avaliar as influências desses elementos é um mecanismo imprescindível à elaboração de estratégias de uma empresa ou à sua gestão operacional. É válido lembrar que a Gestão Empresarial abrange basicamente três níveis dentro das organizações: Estratégico Tático Operacional A administração estratégica é referente aos altos executivos de uma organização – os responsáveis pela administração geral – e possuem características diferentes de aplicação e visão, podendo, inclusive, serem presidentes de conselho, CEOs, vice-presidentes etc. A administração tática é traduzir os objetivos gerais e os planos desenvolvidos pelos altos executivos em objetivos e metas mais específicas; são frequentemente chamados de “gerentes de nível médio” ou “operacional de baixa gerência”. E, por fim, a administração operacional diz respeito à baixa gerência. Acabamos aqui esta parte da disciplina. Agora procure relacionar as o estilo das escolas de Administração que estudamos com o da empresa em que você trabalha e verifique que todas as inovações existentes hoje em dia são resultados das teorias-base que transformaram a Administração em ciência. Reflita sobre os diferentes cenários que vivenciamos ao longo de 100 anos no que diz respeito à Gestão Empresarial. Perceba que, nos próximos 100 anos, certamente viveremos novas transformações nas maneiras de gerir uma organização. 14 Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo SÍNTESE Nesta aula, estudamos a evolução histórica da Administração desde a Revolução Industrial até a era da globalização, passando pela transformação da Administração em uma ciência até a invenção da linha de produção móvel e o gigantismo das organizações no século XX. Percebemos que a humanização do ambiente de trabalho se fez necessário ao longo dos anos e que, para isso, foram criadas teorias como a Teoria das Relações Humanas, a Pirâmide de Maslow e a Teoria dos Dois Fatores, de Herzberg. Na atualidade, precisamos perceber a alta influência de algumas organizações sobre outras e, portanto, estudar as escolas contemporâneas a fim de que possamos vislumbrar como nós, futuros gestores de empresas, vamos agir no desenvolvimento da nossa profissão e na tomada de decisão dentro da empresa em que trabalhamos. Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo 15 EXERCÍCIOS 1. Nesta aula, vimos que a Gestão Empresarial abrange basicamente três níveis dentro das organizações. Assinale a alternativa que indica a qual dos três níveis a definição a seguir se refere. “São os altos executivos de uma organização, responsáveis por sua administração geral. Possuem características diferentes de aplicação e visão. Podem ser presidentes de conselho, CEOs, vice-presidentes etc.” a. Administração passiva. b. Administração estratégica. c. Administração matricial. d. Administração operacional. 2. Segundo Lacombe (2009), administrar é o ato de trabalhar com e por meio de pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros. Diante dessa afirmação, assinale a alternativa que indica as funções da administração: a. Controlar, planejar, visualizar, vender. b. Planejar, organizar, liderar, vender. c. Controlar, liderar, formatar, distribuir. d. Organizar, planejar, liderar, controlar. 3. Espera-se que a cooperação entre todas as unidades de negócio de uma organização sejam executadas de forma __________________________. Assinale a alternativa que completa corretamente a sentença anterior: a. Habilidosa e irresponsável. 16 Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo b. Balanceada, sincronizada e integrada. c. Rápida e extremamente rigorosa. d. Eficiente e hierárquica. 4. São responsáveis por traduzir os objetivos gerais e os planos desenvolvidos pelos altos executivos em objetivos e metas mais específicas e são frequentemente chamados de “gerentes de nível médio”. Esse conceito refere-se aos: a. Administradores estratégicos. b. Administradores táticos. c. Administradores operacionais. d. Administradores do conhecimento. 5. A escola clássica da Administração teve a contribuição de Henry Ford, o criador da linha de produção móvel, que, com suas inovações de ordem administrativas, juntamente com Taylor e Fayol, contribuiu significativamente para o desenvolvimento das ferramentas administrativas nas organizações modernas. Com isso, podemos afirmar que a referida escola clássica em destaque é composta de: a. Teorias Científica e Clássica. b. Teorias de Maslow e de Pitágoras. c. Teorias Científicas – industrial e comercial. d. Teorias Clássicas – tácita e estratégica. Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo 17 Gabarito comentado: Questão 1 A alternativa correta é a “B”. a. A administração passiva é um tipo de estratégia para se administrar um fundo de investimento, em que o administrador do fundo investe em ações, buscando replicar a carteira de um índice previamente definido. Dessa forma, o retorno do fundo corresponderá aproximadamente ao retorno do índice escolhido. A diferença desta para a administração ativa é que, na passiva, há a réplica da carteira do índice. b. A administração estratégica são os altos executivos de uma organização, responsáveis por uma administração geral. Possuem características diferentes de aplicação e visão e podem ser presidentes de conselho, CEOs, vice-presidentes etc. c. A administração matricial corresponde ao processo de divisão da estrutura organizacional em departamentos e recebe o nome de “departamentalização”; surge como parte integral do processo de delegação do poder e a respectiva autoridade. d. A administração operacional diz respeito à baixa gerência. Questão 2 A alternativa correta é a “D”. Ao se discutir a Gestão Empresarial e suas peculiaridades na atualidade, faz-se necessária a compreensão do que é a Administração e quais são os seus pilares práticos. Vamos entender individualmente cada um desses termos: Planejar – definir o futuro da empresa, principalmente suas metas, como serão alcançadas e quais são seus propósitos e objetivos, como uma 18 Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo ferramenta que as pessoas e as organizações podem usar para administrar suas relações com o futuro. Organizar – se fosse possível sequenciar, diríamos que, depois de traçadas as metas organizacionais, é necessário que as atividades sejam adequadas às pessoas e aos recursos da organização, ou seja, definir o que deve ser feito, por quem, como, a quem a pessoa deve se reportar e o que é preciso para a realização dessa tarefa. Liderar – envolve influenciar as pessoas a trabalhar por um objetivo comum, com metas traçadas e responsabilidades bem-definidas; é preciso uma competência essencial de influenciar pessoas de forma a alcançar os objetivos planejados. Controlar – com devido planejamento, organização e liderança, é preciso que haja um acompanhamento das atividades da organização, a fim de garantir a execução do trabalho e a correção de possíveis desvios dos objetivos. (disponível em: <http://gestormoderno.blogspot.com.br/2012/03/ entendendo-gestao-planejamento.html>) Questão 3 A alternativa correta é a “B”. A execução da análise de negócios foca na compreensão de como a organização funciona e alcança seus propósitos e na definição de quais capacidades devem ser adquiridas para que ela possa prover produtos e serviços que atendam seus clientes. Esse trabalho envolve o apoio à definição e à compreensão das metas organizacionais, ou seja, a compreensão de como essas metas estão ligadas aos objetivos específicos, à determinação dos cursos de ação necessários para alcançar as metas e os objetivos e, por fim, à definição de como as diversas unidades organizacionais e partes interessadas dentro e fora daquela organização interagem. Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo 19 Questão 4 A alternativa correta é a “B”. a. Incorreta. A administração estratégica é referente aos altos executivos de uma organização – os responsáveis pela administração geral – e possuem características diferentes de aplicação e visão, podendo, inclusive, serem presidentes de conselho, CEOs, vice-presidentes etc. b. Correta. A administração tática é traduzir os objetivos gerais e os planos desenvolvidos pelos altos executivos em objetivos e metas mais específicas; são frequentemente chamados de “gerentes de nível médio” ou “operacional de baixa gerência”. c. Incorreta. A administração operacional diz respeito à baixa gerência. d. Incorreta. Questão 5 A alternativa correta é a “A”. Paralelamente aos estudos de Taylor, o engenheiro francês Henry Fayol defendia princípios semelhantes na Europa. Fayol relacionou 14 princípios básicos que podem ser estudados de forma complementar aos de Taylor. 20 Núcleo Comum | Gestão Empresarial | A Evolução do Pensamento Administrativo REFERÊNCIAS ARAÚJO, L. C. G. de. Teoria Geral da Administração: aplicação e resultados nas empresas brasileiras. São Paulo: Atlas, 2004. CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração: uma visão abrangente da modera administração das organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. DIAS, R. Introdução à Administração: da competitividade à sustentabilidade. Campinas, SP: Alínea, 2003. FERREIRA, A. B. Jr.; RIEPING, M. ITREND´S: análise e tendência de mercados. Curitiba: Intersaberes, 2014. KAPLAN, R.; NORTON, D. Mapas Estratégicos: Balanced Scorecard – convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração. São Paulo: Atlas, 2006. NOGUEIRA, A. J. F. M. Teoria Geral da Administração para o século XXI. São Paulo: Ática, 2007. RIBEIRO, A. L. Teorias da Administração. São Paulo: Saraiva, 2003. SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. São Paulo: Best Seller, 2006. 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